Acampamento Sweet Amoris
Genética
Acordei em um lugar completamente diferente. Não estava mais no acampamento. Tentei me mexer, mas não conseguia. Quando meus olhos olharam para cima involuntariamente, a cena a minha frente me deixou enjoada. Não só estava em um lugar diferente como o lugar estava repleto de sangue e de corpos mutilados. Achei que eu fosse desmaiar.
Mas, pelo visto meu corpo não me obedecia mais. Olhei para a janela, e percebi o porquê de não conseguir controlar meu corpo: Não era o meu corpo, e sim o do espírito. Era uma visão. Passos ecoaram pelo lado de fora. E a porta se abriu, tinha a sensação de que a pessoa que vinha não era para me salvar, ou melhor, ao espírito.
Acordei soando e gritando, minhas colegas de alojamento – que agora já considerava amigas – vieram correndo até minha cama assustadas.
— O que foi? – Iris perguntou.
— É só q-que... Eu tive um pesadelo – falei meio atordoada pelo pesadelo ainda.
— Você é do tipo de fae que vê espíritos não é? – perguntou Rosalya meia assustada.
— Hmmm, como você sabe? – Olhei para Iris e a cor da menina tinha sumido.
— A maioria dos faes que vêem espíritos se comunica com eles através de sonhos – Rosa respondeu – e do jeito que você tava assustada... Deduzi.
— Ah, desculpe por acordar vocês.
— Só nos prometa que vai avisar quando tiver algum fantasma por perto – Iris falou olhando para os lados como se tivesse com medo de que o espírito ainda estivesse ali – Promete?
— Hmm, prometo. Mas por que vocês parecem tão assustadas? Vocês são tão estranhas quanto eu.
— Até parece Kelle – Rosalya respondeu – espíritos são coisas perigosas, quer dizer alguns são. Você tem que saber lidar com eles.
— Espera Rosa, eu achei que você fosse fae. Você não vê espíritos? E existem mais de um tipo de espíritos? Ai meu Deus.
— Nem todos os faes vêem espíritos. Na verdade, somente três em dez faes podem ver. Acho melhor você falar com o Dimitry, ele pode te explicar tudo. – falou Iris. Ela parecia apavorada com a idéia de que eu pudesse ver espíritos, mas ela não bebia sangue? Lembrei que eu também. O diretor disse que eu teria que beber raramente. Mas mesmo assim a idéia de beber sangue embrulhava meu estômago. – Se você precisar saber sobre vampiros pode me perguntar, mas agora espíritos...
— O diretor Dimitry não é vampiro? – perguntei.
— Bem, mas ele sabe tudo sobre todas as raças, por isso ele é o diretor – respondeu Rosalya.
— Aaah, okay. Mas eu acho que agora é meio tarde para isso – olhei no relógio eram 3:46 da manhã.
— Não seja boba, Dimitry quase não dorme. E quando ele dorme é quando o Sol está se pondo. Vampiros são noturnos. – Iris me disse.
Mas a idéia de falar para alguém de que eu via espíritos e não me acharem louca, parecia loucura demais. Mas, afinal, parece que aquele acampamento era a loucura em si. O que custava mais um pouco?
********
Toc. Toc. Eram 4:01 e eu batia na porta do diretor. Escutei passos lá dentro, então ele devia estar acordado e vindo abrir.
— Kelle, que surpresa – Dimitry falou. Como se fosse normal uma aluna vim bater na sua porta de madrugada. Para ele talvez fosse, então tudo bem, eu acho. — A que devo a honra?
— Hmmm, eu queria ter perguntar umas coisas. Você sabe sobre faes e vampiros e essas coisas – falei meia sem jeito, na verdade eu queria saber só sobre espíritos, mas como eu devia perguntar isso?
— Ah, claro. Achei que você ia querer saber, entre – Dimitry abriu a porta com um meio sorriso estampado no rosto.
Percebi que tinha alguém lá dentro, então continuei parada no mesmo lugar tentando ver quem era.
— Aaah, Armin já estava de saída. Não é? – Armin? Quem diabos era Armin? Um garoto com cabelos pretos e olhos azuis apareceu na porta e ficou me encarando. Parecia que eu o conhecia de algum lugar, mas não me lembrava de onde.Claro, o garoto que ficou me encarando ontem.
Agora ele me olhava meio impaciente. Percebi que estava tampando a passagem da saída. Fui para o lado imediatamente.
— Ah, hmmm, desculpe – falei com um sorriso sem graça olhando para Armin.
— Tudo bem – falou secamente. Quando ele passou e encostou o ombro no meu braço acidentalmente, um frio subiu até minha espinha. E quando ele já tinha ido embora, o frio continuou no meu braço.
— Não liga, ele é um vampiro. Vampiros são gelados esqueceu? — Aé. Entrei na sala de Dimitry. O espaço era bem pequeno, mas bastante aconchegante. Ele apontou a cadeira para eu sentar.
— Então, o que você queria perguntar? – perguntou Dimitry.
— Eu, queria hmm, perguntar sobre é... Espíritos – soltei a palavra espíritos bem depressa. Era estranho falar em voz alta.
— Ah, sim. O que você quer saber?
— Eu vejo um espírito específico desde os seis anos. E... Ontem ele tentou me mostrar alguma coisa nos meus sonhos. Você acha que ele precisa de ajuda? – perguntei.
— Eu não sei. Você se lembra de um pouco do sonho para me contar? – Lembrava? Sim. Queria falar? Não.
— Eu... Estava no corpo do espírito, eu não era eu. E eu não conseguia controlar nada. Parecia ser uma coisa que já aconteceu, e quando o espírito olhou para cima tinha muito s-sangue e muitos corpos – falei com terror na voz ao lembrar daquela cena horrível. – E no final do sonho, tinha alguém vindo e ele queria me matar, quer dizer, matar o espírito.
— Bem, eu não acho que você possa fazer mais nada pelo espírito, mas se ele veio até você ele deve estar querendo ajuda para atravessar. Possivelmente, o assassino ainda está a solto. Mas, você tem que tomar cuidado, nem todos os espíritos são bons. Alguns vagam por aí em busca de uma alma boa para poderem ir para o céu.
— Ai meu Deus, e como eu sei se ele é bom ou ruim?
— Você deve sentir. Deve tentar se comunicar com ele.
— Mas ele não consegue dizer nada. Ele tenta, mas não consegue.
— Claro que sim, ele já está na terra há muito tempo. Se você diz que ele te acompanha desde os seus seis anos, a energia dele deve estar acabando. Acho que ele só queria te acompanhar.
— Me a-acompanhar? Mas por quê?
— Kelle, eu acredito que esse espírito não é qualquer espírito. O único jeito de um espírito vir se comunicar com você especificamente é se você o pegou sem querer, mas como ele está com você há muito tempo, acredito que ele era próximo a você. E os únicos espíritos que podem se comunicar é os espíritos especiais como nós.
— Você quer dizer que esse espírito é meu parente? E ele é como eu?
— Sim. – respondeu calmamente.
— Mas não existe ninguém como eu na minha família. – respondi desesperada, quase gritando.
— Sim, Kelle. E a única forma de você ter poderes é geneticamente. Se você puxou algum dos seus pais. Você sabe se algum dos seus pais são criaturas como nós?
— NÃO, eles não são. De jeito nenhum. – Disso eu tinha certeza.
— Então como eu suspeitava. Você, querida, é adotada...
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