Abelhas

Jovens Imaturos


Passar a noite com a garota dos meus sonhos foi a melhor coisa que já me acontecera em um bom tempo. Eu jamais havia ficado com uma garota que me ouvisse, nenhuma das outras garotas que eu já havia ficado eram assim, muito menos Jade, que não falava muito por ser tímida demais. Eu era um jovem imaturo, e de certa forma ainda sou. Agora nada mais importava, eu realmente sentia algo pela Anna, o que mais eu iria pedir? Não quero mais pensar na minha lista de problemas, não quero pensar no que vai ser da minha vida daqui pra frente. Esse é o melhor verão da minha vida e eu quero curtir ao máximo, ao lado da pessoa que eu mais amo. Demorei a dormir, apenas pensando em tudo que me acontecera naquele dia, eu não me sentia cansado.

Apesar de tudo, acordar depois de uma noite como aquela foi maravilhoso. Fiz o café da manhã para toda a minha família. Esperei que todos acordassem para que fossemos comer juntos. Tive que arrumar cada um dos meus irmãos estávamos nos divertindo muito, até mesmo na mesa. Minha mãe notou que havia algo diferente em mim, e com certeza ela sabia do que se tratava. Depois daquele maravilhoso café da manhã eu resolvi sair com meus irmãos, e deitar naquele banco foi algo totalmente nostálgico. Lá estava eu, sonhando novamente. Fechei os olhos quando notei que alguém estava puxando os meus dedos, era Christie. Segurei-a e a abracei com força. Vi Andy gritando perto de mim, quando virei para ver o que estava acontecendo acabei levando um belo jato de água na cara. Andy havia ligado a mangueira para molhar todos nós. Estava bastante quente, e diferente dos outros dias, eu decidi brincar com todos os meus irmãos. Andy era o mais velho, depois de mim, ele tinha 11 anos. Christie tinha apenas 4, e estava tendo muita dificuldade em correr enquanto brincávamos de quem molhava quem. Minha mãe estava na porta de casa, rindo de tudo e aparentemente orgulhosa com o que estava vendo.

Eu tenho que confessar, eu estava me saindo bem até demais para um primeiro dia sem trabalho. Eu queria muito aproveitar o que tinha a minha volta, e assim fiz. Tive uma manhã maravilhosa com a minha família. Almocei com muita pressa, me perguntava o que Anna estaria fazendo no momento e o que aconteceria se eu desse outro susto nela. Peguei as chaves do carro e saí de casa imediatamente, direto para a fazenda. Parecia haver quase ninguém na pista, então decidi acelerar um pouco, qualquer minuto gasto era muita coisa. Cheguei à fazenda e desci rapidamente do carro, sem mesmo tirar as chaves. Todos estavam olhando para mim, mas não olhei para ninguém, apenas gritei por Anna, e para a minha surpresa – ou não – ela aparecera.

“O que você está fazendo aqui?” – perguntou ela

“Estava pensando, você sabe muito de mim. Por que não te conhecer um pouco mais? Ver o que estava fazendo...”

Ela riu.

“É uma troca, certo? – continuei, rindo sem fôlego por conta da corrida que fiz para chegar até ela.

“Bem, eu acabei o meu turno aqui e estava indo almoçar. Mas com certeza seria maravilhoso passar um tempo com você, Noah.”

“Bem. –continuou ela – naquele dia você estava tão apressado que não tive tempo de te mostrar uma coisa.”

“O que?” – perguntei.

Anna saiu correndo, e eu fui tentar acompanhar. Entramos no meio da plantação de trigo e eu não conseguia a encontrar. Todos os trabalhadores olhavam para mim espantados. Pude ver a mão de Anna há alguns metros de distancia, tentava chamar a minha atenção para algo, e mal pude acreditar no que via.

“Vocês têm uma plantação de morando aqui?” – perguntei surpreso.

“É fantástico, não é?” – respondeu ela com bastante entusiasmo.

“É demais!” – disse enquanto comia um dos morangos.

Ela ria de mim como se eu fosse uma criança mimada.

“Você está louco.” – disse ela ainda rindo de mim.

“Por você!” – respondi.

“É mesmo? E o que você faria para me conquistar?”

“O que fosse preciso.” – respondi.

“Então, pelo visto você vai ter que correr mais um pouco, seu bobo.” – disse ela enquanto me deixava sozinho na plantação de morangos.

“Ei!” – gritei.

Ela estava voltando para a plantação de trigo. Pude notar algumas nuvens se formando no céu. Corri o máximo que pude para me proteger de mais uma chuva de verão. Saí por entre a plantação de trigo a procura de Anna. Ouvi-a me chamando enquanto eu corria para encontrá-la.

“Anna, você não quer que eu te derrube de novo não é?” – gritei enquanto corria.

“Só se eu não te pegar antes!” – respondeu ela.

Tentei ter noção de onde ela estava, apenas seguindo a direção de sua voz.

Ouvi um barulho estranho no chão, Anna havia caído. Ouvi-a gritando por ajuda, e finalmente a encontrei.

Ela estava sentada no chão olhando o joelho.

“Está tudo bem?” – perguntei preocupado

“Está. Mas se isso é o máximo que você pode fazer para me conquistar, eu tenho que dizer que foi devagar, e fraco até demais” - disse ela me encarando.

“Experimente isso” – disse.

Lá estava eu, beijando Anna pela primeira vez. Que estranho, no meio da plantação que eu mais temia, embaixo da chuva. Seus lábios estavam tão vermelhos quanto a sua pele corada, notei que ela estava tão nervosa quanto eu, que me esforçava para não demonstrar nada. Passei a mão pelo seu rosto enquanto ela me beijava, e ela fazia o mesmo comigo, meu cabelo nunca pareceu tão bagunçado quanto agora.

“Acho melhor irmos embora, não podemos ficar gripados nessa chuva” – disse ela.

“Sinceramente.” – respondi ainda sem fôlego – “Eu não ligo nem um pouco.”

Beijar Anna foi sem dúvida a maior sensação que já tive em minha vida, foi a melhor maneira de demonstrar a ela o quanto eu amava a sua presença, não apenas com palavras, mas naquele momento as nossas almas se tocaram.

Eu já disse que estava completamente apaixonado?