A vingança do Espírito

Eu não tentei me matar!


POV'S SADIE

Não era como dividir o corpo com Ísis. Eu sentia tudo, via tudo, mas não me controlava. Vi todos dormindo. Tentei gritar, mas não encontrei a minha boca. Ela percebeu isso.

“Não conseguirá fazer nada.” Ela riu. De repente ela parou. Ela havia sentido algo. Olhou para trás. Não havia nada lá. “Foi só impressão minha” Ela pensava consigo mesma.

– Por quê quer me matar? – Perguntei para mudar o assunto.

“Foi culpa sua eu ter morrido! CULPA SUA!” Ela elevou o tom de voz, se é que eu podia chamar aquilo de voz, pois conversávamos por pensamento.

– Eu... Não me lembro de você... – Falei.

“Ninguém se lembra de mim” Ela falou, mais calma, mas ainda não por completo. E passou a me ignorar desde então.

Eu sabia que era inútil, mas continuei gritando por socorro. Foi quando percebi que ela parou. Estávamos no terraço do hospital.

Foi aí que caiu a ficha. Ela ia me jogar de lá de cima.

"O que eu te fiz? Como você morreu?" Perguntei, tentando parecer calma.

Ela continuou me ignorando, subiu na mureta de proteção e me forçou a olhar lá em baixo. Estávamos no sétimo andar, seria uma queda muito grande.

Então era assim que acabaria. Eu morreria sendo possuída por um espírito do mal que quer me matar. Que jeito bom de morrer! E o pior é que no fim, todos pensarão que eu me matei.

Era o fim de Sadie Kane, eu sabia disso. Então eu apenas relaxei e me preparei para morrer.

POV'S WALT

Acordei com o sol no meu rosto. Me perguntei por que a janela estava aberta, então me lembrei da noite anterior. Sadie estava observando a rua. Saímos e deixamos a janela aberta.

Algo não estava certo. Abri meus olhos e olhei a maca. Ela não estava lá. Ouvi a porta ranger. Me virei e notei que Sadie estava saindo do quarto. O que era estranho, pois ela devia descansar. Resolvi segui-la, quieto. Aquilo não era coisa dela. De repente ela parou, e olhou para trás. Eu me escondi. Queria segui-la, queria ver o que ela iria fazer. Continuei a segui-la até que chegamos ao terraço.

Ela subiu na mureta de proteção.

Foi aí que caiu a ficha. Ela ia pular. Sadie iria se matar.

Sem pensar, saí do meu esconderijo como uma bala. Corri e a puxei. Ela se debateu com todas as suas forças, mas eu não a soltei.

– ME LARGA! ME SOLTA! - Ela gritava com uma voz que não era a dela. - EU QUERO PULAR!!

Eu segurei os ombros dela e a forcei a olhar nos meus olhos. Ela olhou para mim e em seu olhar eu vi puro ódio.

Mas aquela não era a Sadie.

Anúbis havia sentido uma presença. Estava me alertando e me forçando a olhar pelo Duat. Eu não estava olhando para Sadie. Estava olhando para o fantasma de uma mulher. Ela me encarava com ódio puro. Eu a conhecia. As lembranças da guerra contra Apófis me vieram. Jane Hearley era o nome dela. Ela rosnou.

– Eu vou voltar. – Ela falou e de repente ela não estava mais lá. Sadie me olhava raivosa. Depois sua expressão suavizou e ela desmaiou em meus braços.

Aquilo tudo foi muito confuso, e aconteceu tão rápido que não consegui assimilar os fatos. Eu apenas tomei Sadie nos braços e desci os lances de escada.

Quando cheguei perto do quarto onde estávamos, vi Osíris discutindo com o doutor.

– Meu senhor, - O doutor tentava o acalmar. - Nós não sabemos para onde ela foi.

– Eu sei. - Falei. - Ela estava no terraço. - Desviei meus olhos dos outros e olhei para Sadie. - Ela ia pular.

Ouvi exclamações de surpresa e alguns protestos, mas não me importava. Eu só queria olhar aquele rosto. O que estava acontecendo com a minha loirinha?

Ela se aconchegou em meu peito e suspirou, dormindo.

– Devemos a levar pra casa. - Falei.

– Meu garoto, ela precisa ser examinada, e... - O doutor começou, mas logo parou com o olhar que lancei para ele.

– Ela vai para casa. - Falei outra vez.

Todos me olharam confusos. Os respondi com um olhar de "Depois". Eles entenderam.

– Ela vai para casa. - Falou Osíris.

– B-bom, - Gaguejou o doutor. - Se insistem...

Sadie recebeu alta e a levamos para casa. Eu estava confuso com tudo. Mas uma coisa era certa: Sadie não havia tentado se matar.

POV’S CARTER

Como se não bastasse tudo o que estava acontecendo, Walt estava agindo estranhamente. Afinal, por que ele havia insistido em levá-la para casa?

Por mais que isso me intrigasse, eu estava mais preocupado com Sadie. Walt disse que ela ia pular do terraço. Mas por quê?

– Carter, eu vou treinar os iniciados hoje. Apenas... Fique com a Sadie. – Zia me tirou dos meus pensamentos.

Queria poder dizer que eu podia fazer tudo sozinho, mas sabia que não podia. Me sentia um caco. Embora tivesse dormido a noite anterior, tinha olheiras e me sentia cansado. Era muito para assimilar. Me limitei a assentir, e fui até o quarto da minha irmã. Ela dormia profundamente. Seus pulsos ainda estavam enfaixados. Me sentei ao lado dela.

– Eu vou te ajudar – Prometi ao nada. – Só não sei como.

Falei e me deitei ao lado dela, onde acabei dormindo.

E é claro que meu ba não perdeu a chance de dar uma voltinha.

Eu estava em um lugar escuro, e era difícil respirar. Eu ouvia ao longe algo se arrastar.

Foi quando ouvi passos. Me virei na direção do som sabendo que nada podia me ver, estando em forma de ba. Vi uma mulher. Sua aura brilhava, então eu presumi ser uma fantasma. Ela não me era estranha. Mas ignorei isso. Com a luz da aura dela a câmara onde eu estava se iluminou e eu pude finalmente ver.

Era horrível. Haviam sinais de batalha por todos os cantos. Espadas, escudos e uma lança se estendiam no chão. Haviam algumas manchas de sangue nas paredes. Mas o mais assustador estava no chão.

Uma enorme pele de cobra.

Foi aqui que eu soube onde estava. Eu estava na Prisão de Apófis.