Já faz uns dias que conversei com Daniel, e desse tempo pra cá ele melhorou um pouco. Não está mais me seguindo, ou se está eu não percebo. Também está mais falante e carinhoso, é até engraçado ver ele assim, nunca imaginei que ele iria ter esse tipo de cuidado comigo. Bom, ele ainda não aceita o Nicolas e toda vez que alguém começa a entrar no assunto ele sai de perto, não vai ser fácil, mas pelo menos ele está tentando.

Finalmente era sexta-feira, estava voltando da escola acompanhada da Bia.

— Acredita que a coisa importante que o Valtinho queria me mostrar era um filme de terror novo?

Ri. - Esse Valtinho não tem jeito mesmo...

— Pois é, mas ele tem seus dias... E o Nicolas, ele é romântico ou sem noção?

— Huh, acho que meio termo, ele é bem inteligente, gosta de mim, mas não é de demonstrar muito... - dei de ombros. - A coisa mais romântica que ele fez foi se declarar na frente da escola mesmo. - fiquei pensativa, ele sempre diz que me ama, mas poucas vezes demonstrou isso, nunca me deu nada ou me apresentou para os pais. Tampouco me defende dos olhares de seus amigos nerds, mas acho que é por conta do tempo, mal faz um mês que estamos juntos...

— Ele aceitou bem?

— O Daniel?

— Não Julie, o Nicolas... Você desmarcar o encontro para fazer o show.

— Acho que sim, vamos sair no domingo. - dei de ombros.

— Tem alguma coisa errada com o Daniel?

— N-não. - Droga. Ela descobriu? - Por qu-e?

— Você tem falado muito nele, sei lá.

— Não diz bobagens

— Fala sobre ele direto na escola, agora no caminho de casa...

Revirei os olhos. - Já tá tudo pronto pro show hoje? - mudei de assunto.

— Sim! Vamos fazer umas gravações no meio do show para colocar no clipe. O Klaus ajudou os meninos a montarem as coisas hoje de manhã. Agora é só você descansar e se arrumar...

— Será que vai lotar?

— Provavelmente, vi várias pessoas da escola comentando sobre isso. - Bia sorriu orgulhosa. - Tem mais comentários no site, estão crescendo tanto. - suspirou. - Graças a agente maravilhosa de vocês. - disse referindo a si mesma.

Ri. - Muito humilde também.

— Sempre! - rimos juntas e quando me dei conta já estava na frente de casa.

...

— E aí, estão prontos? - Bia estava quase pulando de felicidade.

— Sempre. – Daniel disse confiante, não pude deixar de rir, ele não tem jeito mesmo.

Estávamos esperando o táxi para ir tocar. Confesso que estava muito nervosa, mas me controlava ao máximo para não travar.

— Então gente, vai ter uma câmera no fundo e no canto do palco, a do Valtinho no meio da plateia e a minha na lateral, não encarem elas ok? Quero algo natural para ficar bom no videoclipe. - Bia dava as últimas orientações.

— Bia... Nós usamos máscaras, não faz diferença encararmos ou não. - Martim comenta rindo.

— Vocês adoram cortar meu barato, isso vale só pra você então Julie.

— Pode deixar.

Depois disso comecei a ignorar os comentários da Bia, toda essa falação estava me deixando mais nervosa, e se eu errasse? Ou se os meninos tocarem uma nota errada, não... Eles são muito bons, mas isso pode acontecer e eu errar junto. E se todos vaiarem?

— Julie?

Vai estar cheio, provavelmente a escola toda vai estar lá rindo de mim. Talvez eu dev--. Me assusto quando alguém toca no meu ombro.

— Tá tudo bem? - Daniel pergunta sorrindo de lado, mas percebi o tom real de preocupação na sua voz.

— A-ahaam.

— Tem certeza? - assenti.

Ele sorriu. - Nervosa? – não pude deixar de suspirar.

— Tá tão na cara?

— Não... Só está tremendo – ele fez uma careta.

— Estou bem...

Ele não acreditou muito, mas como o táxi chegou ele não reclamou. Os meninos iriam antes para terminar de arrumar o som e os instrumentos. Martim e Félix estavam entrando no táxi quando o Daniel me puxou para um canto.

— Se até a hora do show você não melhorar me avisa. - ele realmente estava preocupado

— Eu tô bem Daniel, você sabe como sou ansiosa demais pra essas coisas.

— Só não quero ninguém desmaiando no palco.

Ia responder, mas os meninos gritaram pelo meu fantasminha preocupado. Ele bufou, passou a mão pelo meu rosto, sorri e ele retribuiu, mas logo se virou abaixou a máscara e entrou no táxi. Fiquei vendo eles irem em direção à loja do Klaus.

— O que ele queria?

— Huh. - Se eu contasse que Daniel estava preocupado comigo ela desconfiaria de algo... De novo. - E-Ele disse que esqueceu a palheta.

— Só isso?

— U-uhuum.

— Parece que ele disse mais coisas...

— T-ava me explic-ando onde ele deixou ela. - Droga, estou me atrapalhando toda. - Vamos nos arrumar?

Beatriz me olhou torto, mas deixou quieto.

...

Estava no camarim improvisado esperando a hora do show começar. Admito que já estava menos nervosa que antes, mas mesmo assim estava insegura. Olhei pela porta mais uma vez. Esse era nosso maior público, espero não travar.

— Julie, se acalma, vai dar tudo certo. – Martim disse sorrindo.

— Nunca nos apresentamos pra tanta gente assim, sem dúvidas esse é o nosso maior show... – disse justificando meu nervosismo.

— E isso é bom, não é? É nosso sonho Julie, vai, fica feliz! – Daniel tentava me animar. Sorri. Não vou mentir que vendo tudo o que eu sempre quis se realizar me deixava feliz, era realmente um sonho. A banda crescendo, Daniel sendo legal, eu estava namorando o Nicolas... Espera, eu não vi o Nicolas hoje, será que ele não vem? Vou procurar ele.

Já estava saindo pela porta quando Daniel segura meu ombro.

— Tá passando mal?

— Não...E-eu só... esqueci de falar uma coisa pra Bia, já volto.

— Mas o show já vai começar...

— Eu não demoro. – Antes que ele falasse mais alguma coisa sai do camarim fechando a porta atrás de mim.

Assim que olho pro lado da porta, Bia aparece.

— Onde você vai, louca? Já está quase na hora do show.

— Bia, você viu o Nicolas?

— Ele ainda não chegou?

— Não – respondi magoada. – Será que ele ficou bravo porque eu cancelei e não vai querer me ver mais?

— Claro que não. - Bia segurou minhas mãos. – Ele deve ter se atrasado, agora volta lá pra dentro que assim que ele chegar te aviso.

— Manda ele ir falar comigo.

— Ok, agora volta lá. – Ela disse me empurrando de volta ao camarim.

Assim que entrei os meninos já estavam de máscara, Félix brincava com suas baquetas, Martim afinava seu baixo e Daniel estava distraído mexendo no botão de sua fantasia, porém me olhou quando fechei a porta. Acho que se estivesse sem máscara poderia ver um sorriso surgindo... - de alguma forma esse pensamento me deixou feliz.

— Falou com ela?

— Falei sim. – sorri.

— Posso saber o que era?

— Ah...- não poderia falar que era sobre o Nicolas sem deixá-lo chateado, e nesse momento era tudo o que eu não queria. – Sobre o show... Ãhn... o som, sabe? Se já está tudo certo.

— Relaxa, arrumamos isso assim que chegamos, está perfeito. – sorri. – Ainda tá nervosa?

— Um pouco...

— Não esquenta, você é uma cantora maravilhosa, vai se sair bem. – ia retrucar, mas ele continuou para me impedir. – Todos eles estão aqui porque gostaram de você, da sua voz, você nasceu pra isso Julie, não iria fazer feio nem se quisesse. Só prestar atenção. E se travar, conta comigo. – Nesse momento só pude sorrir. Como aquele fantasma que eu achava insuportável poderia ser tão amável a ponto de dizer coisas tão lindas para mim? O abracei bem forte, acho que desde o começo, se não fosse ele eu nunca teria arrumado coragem para cantar em público. Continuaria cantando para sempre baixinho na edícula ou para a Bia. Daniel retribuía o abraço tão forte quanto eu. Espero que um dia eu possa agradecer à altura por tudo que ele tem feito não só por mim, mas pela banda também.

— Cof cof... – Alguém chamou nossa atenção me fazendo soltar do abraço. Assim que me viro vejo Nicolas com uma cara não tão agradável.

— Nicolas! – digo sorrindo, afinal achei que ele não iria vir hoje. Corri para seus braços.

— Oi amor – deu ênfase na palavra. Senti que ele estava um pouco bravo pois não retribuía meu abraço. Me afastei.

— Tá tudo bem? – Ele olhava torto para o Daniel.

— Hum, estou sim, a Bia me mandou aqui, disse que você queria falar comigo. – Ele ainda encarava meu fantasminha. Isso estava me deixando constrangida. Preciso dar um jeito nisso.

— Sim, quero falar com você, vem. – Puxei ele para dentro do banheiro que ficava no canto do camarim, seria a melhor forma de evitar uma confusão.

— Julie, não esquece que o show começa em cinco minutos... – Daniel comenta com um pouco de raiva.

— Eu não vou dem—

— Não está vendo que ela quer falar comigo? – Nicolas me interrompe.

— Não tenho problemas com isso, mas melhor ir rápido, não vai querer ser o culpado do nosso atraso. – Daniel responde grosseiro.

— Acho melhor você começar a cuidar da sua vida. Vamos, amor. – Nicolas começou a me puxar para o banheiro.

— E é o que eu estou fazendo, caso não saiba, essa banda é minha vida, e eu não vou deixar você colocar isso a perder nos atrasando. – Daniel estava mesmo irritado com a presença do Nicolas, droga, não ia deixar ficar esse clima antes do nosso show mais importante.

— Nicolas, o Daniel tem razão, falta poucos minutos, acho melhor eu me preparar para entrar e depois nós conversamos...

— Você vai ficar do lado dele? – Nicolas disse com certo desprezo.

— Não tem lado Nicolas, mas eu realmente preciso me concentrar agora.

— Mas nós não íamos conv—

— Será que você não entende? – Daniel o interrompeu. – Vaza, precisamos nos preparar, depois ela fala com você.

— Eu não estou falando com você. – Nicolas respondeu no mesmo tom. Daniel ia avançar, mas eu fui mais rápida, me coloquei entre os dois.

— Parou os dois! Nicolas, vai, depois do show a gente conversa. – Ele bufou, fuzilou o Daniel, mas saiu.

— Que cara irritante... – Daniel comenta.

— Mas você não perde uma oportunidade mesmo viu? Precisava dessa grosseria toda? – Me virei pra ele com raiva.

— Achei que estava do meu lado. – Comenta chocado, balancei a cabeça em negação.

— Não tem lado Daniel, poxa, custa ser educado?

— Com ele custa, e muito. – Bufei. – Mas dessa vez não fui eu quem começou.

— Não me interessa quem começou, só quero que pare ok? Quando você vai amadurecer?

— Eu não vou ficar calado aguentando as grosserias desse panaca. – Ia responder, mas o Klaus entrou avisando que estava na hora.

— Gente, por favor. Vamos entrar e fingir que nada aconteceu aqui, depois vocês brigam, mas agora não é hora... – Félix fala nervoso. Suspirei.

Martim pegou seu baixo e foi passando pela porta sendo seguido por Félix. Já estava indo atrás deles quando Daniel puxa minha mão.

— Me desculpe, não queria criar essa confusão.

Sorri, afinal, não era todo dia que meu fantasminha orgulhoso se desculpava por suas grosserias. – Está tudo bem, esquece isso. – Ele tocou meu rosto, mas escutei os gritos da plateia então me afastei rapidamente passando pela porta e indo em direção ao palco.

Todo o meu nervosismo foi embora quando vi aquele mar de pessoas. Eles estavam ali para me ver. Ver a banda. Não contive minha alegria e sorri. Assim que pisei no palco e fui em direção ao microfone, travei, mas não de nervosismo, e sim felicidade. Era uma sensação única saber que eles estavam ali por mim, pela minha banda, pela minha voz, que de alguma maneira, os encantou. Daniel cumpriu com sua palavra, pois notou que eu estava parada e anunciou a banda no microfone por mim. Me virei pra ele e sorri emocionada, acho que os meninos perceberam o quanto a loja do Klaus estava lotada. Até a porta tinha muita gente, sem falar na quantidade de pessoas que estavam na rua tentando entrar, isso é incrível. Félix contou o tempo e comecei a cantar.

Durante a primeira música tentei localizar o Nicolas no meio daquela gente toda, mas era impossível. Até olharia pra Bia na esperança dela me mostrar onde ele estava, mas ela tinha uma câmera e a regra era não olhar diretamente para as filmagens. Droga.

Mas não ia deixar o Nicolas tirar minha felicidade, afinal, essa era pra ser a uma das noites mais felizes da minha vida.

...

Quando já estávamos no final do show, no meio da multidão, vi uma rodinha de garotos em um canto, e entre eles estava Nicolas. Sorri aliviada ao perceber que ele não tinha ido embora, comecei a cantar olhando para ele esperando ele se virar parar mim e eu conseguir ver se sua expressão tinha vestígios de raiva. Mas quando ele me olhou, vi algo inesperado, ele me deu um sorriso... Um sorriso diferente... Não era de alegria, ou aprovação era algo... inquieto? Ignorei e continuei cantando. Terminamos o show, agradecemos e saímos do palco com muitos aplausos.

Estava radiante, podia sentir as ondas de vibração e o calor vindo daquelas palmas, sorri satisfeita. Cheguei no camarim ainda em puro êxtase.

— Não acredito que conseguimos! – pulava de alegria enquanto os meninos tiravam as máscaras.

— Vocês viram quantas meninas gritaram meu nome? – Martim comenta com um sorriso bobo no rosto.

— Eu não sei vocês, mas eu só ouvi a plateia cantando as músicas, e não gritando seu nome. – Félix comenta confuso.

— Há-há-há – Martim ri irônico. – Adora cortar meu barato. – Rimos juntos.

— Eu disse que estamos mandando bem. – Daniel diz satisfeito. Eles tiravam as fantasias enquanto me aproximo do meu guitarrista preferido. Assim que os meninos terminaram de arrumar as coisas saíram do camarim, pulo nos braços do Daniel e sussurro um obrigada no seu ouvido. Ele me abraça com força rindo.

— Obrigado? Pelo quê?

— Por me incentivar sempre e não me deixar travar na frente de todos.

— Ah, eu disse que ia estar lá pra te ajudar. – Sorri, e ele retribuiu. Dei um beijo no seu rosto, e senti seu sorriso aumentar, até que a porta é aberta com força me fazendo soltar o Daniel.

— Sempre alguém para atrapalhar...- Daniel murmurou.

— Jú! – Nicolas disse afobado vindo em minha direção.

— Oi Nicolas. – disse assustada. Ele me abraçou com muita força, era um abraço meio desajeitado pois ele não me deu tempo de retribuir e meus braços ficaram colados no meu corpo. – Nicolas, o que foi!? – Ele me abraçou mais forte ainda, o que causou um leve incomodo já que estava me machucando. Consegui tirar meus braços debaixo dos dele e arrumar uma força para afastá-lo. Olhei para os lados assustada e para minha tristeza Daniel já não estava mais lá.

— Nicolas, você tá estranho... Que cheiro é esse? – vou andando para trás me afastando, enquanto ele me olha como se eu fosse um prato cheio de comida e vem em minha direção. – V-ocê... você bebeu?

— Eu te amo Juliana, e ninguém vai nos impedir de ficar juntos, nem o seu guitarrista. – Ele tenta me agarrar, mas eu desvio.

— Ele é só um amigo Nicolas – Digo irritada.

— Acha que eu não vi aquele beijo quando entrei aqui? Amigos não fazem isso! – Enquanto ele gritava fui andando para trás e encosto na parede e um nervoso me invade por saber que não tem como eu fugir desse louco que não parece nada com meu namorado atencioso. Ele se aproxima de mim cambaleando.

— Para. Nicolas! Você t-á m-e assust-ando. – Digo tentando desviar do seu abraço, mas por estar presa pela parede isso se torna impossível.

— Você é só minha Juliana, só MINHA. – ele grita. – Não vou te dividir com guitarrista nenhum.

— Tá, já entendi, eu não estou com ele. – tento me afastar, mas ele me agarra mais forte.

— Por que está fugindo de mim? Quer ir ficar com seu guitarrista?

— De onde você tirou isso Nicolas?

— Eu sei de voc-ês dois, acha q-ue eu nã-o vejo esses sorri-sinhos qu-e você dá pra ele? Não quero namora-da mi-nha dando m-ole pra outros. – ele falava muito rápido e de forma enrolada. Quase não entendia o que ele falava.

— Não estou com o Daniel.

— MENTIROSA! – ele grita e com sua agitação desastrada acaba me acertando um soco. Na hora senti meu rosto latejar e lágrimas começaram a surgir. Assim que viro pra ele de novo seu rosto estava vermelho, não sabia dizer se era de raiva ou apenas o calor do momento, ele suava e se mostrava totalmente alterado.

— Ni-c-olas. – Comecei trêmula, estava um pouco zonza já que quando ele me acertou bati a cabeça na parede – vam-os con-vers-ar depo-is com m-ais calma. – Ele tentou se aproximar mais, mas acabou tropeçando nos próprios pés e se apoiando em mim ao cair, o que fez com que ele acertasse meu queixo. Minhas mãos automaticamente foram pro local. Sinceramente, aquilo doía menos que meu coração naquele momento. Ele estava levantando a mão em minha direção, não sabia se era pra usar como apoio para se levantar ou para me bater, então no desespero comecei a gritar.

— Daniel! Daniel, socorro, aparece por favor! – estava totalmente desesperada. Vi sua mão vindo em minha direção confirmando minha teoria do soco e fechei os olhos esperando o impacto, mas nada aconteceu. Quando abri os olhos de novo Daniel estava socando Nicolas que estava no chão. Foi quando a Bia e os outros fantasmas apareceram. Minha amiga veio em minha direção provavelmente preocupada com meu estado enquanto Félix e Martim tentavam fazer o Daniel parar com a agressão.

Lágrimas grossas invadiam meu rosto, soluçava de tanto nervoso. Acho que com o barulho que estava fazendo acabei chamando a atenção de Daniel que na hora parou e se virou para mim. Seu semblante de raiva passou no mesmo segundo. Ele tentava controlar a respiração que tinha sido desregulada pela adrenalina. Bia estava me ajudando a levantar, e assim que senti minhas pernas pararem de tremer corri na direção do meu fantasminha. Ainda chorava muito e estava tonta, tropecei caindo em seus braços começando a soluçar mais alto. Escutava alguém perguntando o que tinha acontecido enquanto eu abraçava Daniel cada vez mais forte na esperança de que ele não me soltasse mais. Mas ele se afastou um pouco, o suficiente para conseguir me encarar, seu olhar era de pura preocupação.

— Julie, respira, tá tudo bem? O que ele te fez? – Não consegui dizer mais nada, só lembro de abraçá-lo mais forte e ser retribuída com a mesma intensidade. Depois disso apaguei.