Essa história não exatamente daquele jeito bobo que foi contado.

''Era uma vez um mexilhão feio, ele era tão feio que todo mundo morreu, acabou.''

Não. A mais por trás dessa história.

A verdadeira história do mexilhão feio.

Num bairro pequeno no interior morava um garoto conhecido como mexilhão feio. Recebeu esse apelido por ser realmente feio.

Tinha pela muito claro que não combinava com seus cabelos castanhos que chegavam aos ombros, era também muito magro e alto para sua idade, olhos negros profundos e tristes que não destacavam suas pequenas olheiras que refletiam bem sua tristeza, o que não era normal para um garoto de quase seis anos .

Um garoto isolado e perturbado.

Tinha apenas seis anos quando viu acontecer. Sua mãe morrendo na frente dos olhos do pobre mexilhão que nada fez. Ela já estava doente a tempo, nenhum medico sabia a cura .

Seu pai, era um homem pobre e risonho, porém era agora só pobre, pois ao sua esposa começar a apresentar sintomas de uma doença desconhecida sua fase se mostrava somente melancólica e cabisbaixa.

Certo dia seu pai deixou a responsabilidade de cuidar de sua mãe enquanto ia para a cidade grande, em busca de uma farmácia para aliviar a dor da esposa.

O que foi um erro, pois em um pouco mais de meia hora de sa partida a jovem moça começou a tossir descontroladamente, a ingênua criança não sabia ao certo oque fazer além de dar umas batidinhas em suas costas. Ela continuava a tossir até que caiu no chão com um estrondo e cerrou os olhos para sempre .

O menino sem saber oque realmente aconteceu se deitou ao lado da mãe esperando ela acordar .

Cerca de 45 minutos depois a porta se abriu com um estrondo revelando um pai alegre, esticando dois frascos de remédio nas mãos.

-Querida consegui os remédios, tive que chorar bastante mais consegui que baixassem um pouco o preço e ...- ele parou de falar ao olhar para o corpo inerte e frio da esposa estirado no chão e um filho deitado ao seu lado, esfregando os olhos sonolento.

-Ah... oi papai, fale baixo acho que a mamãe está muito cansada e ....-foi interrompido por um brusco empurrão que o jogou para o lado, que o fez bater de costas no piso duro .

-Aiii- gemeu ele - doeu pai, porque fez isso ? - reclamava o garoto

-Quieta sua criança burra. Oque aconteceu com ela ? -perguntou sacudindo o corpo da esposa.

-Eu não sei, porque não deixa ela dormir ....-porém foi cortando novamente de forma brusca.

-Ela não vai acordar sua criança estúpida,NUNCA! Sabe porque? Porque ela está MORTA, e por sua causa! Porque não pediu ajuda? O telefone serve pra que? Os vizinhos servem pra que ? Fazerem fofoca? Não para pedir ajuda!- Berrou o pai já enlouquecido.

-Eu não sabia...desculpa...a mamãe não acorda mais?- o menino choramingou

-NÃO ela não volta! E você não fez nada, seu imprestável...-Disse o pai lhe acertando um tapa no rosto da criança- e você pagará por isso ...- concluiu pai puxando a cinta.

Naquele dia o pobre mexilhão apanhou como nunca havia apanhado. Levou chicoteadas do pai até ele se cansar que avia perdido toda sua sanidade.Após a sessão de tortura ao filho o pai se sentou no sofá, puxou um garrafa de whisky e chorou os lamentos da perda da esposa.

No dia seguinte ao ir para a escola de sue bairro, os professores notaram uma grande marca em seu rosto, uma grande linha que vinha de seu queixo até o olho. Automaticamente denunciaram a policia por abuso infantil.

E no mesmo dia seu pai foi levado a cadeia, perdendo assim a guarda do filho, que foi levado ao único orfanato da cidade , que também era uma escola.

O lugar onde o inferno começou .

As crianças sabem ser cruéis quando querem .

A história da mãe do pequeno mexilhão se espalhou com uma agilidade impressionante pela pequena cidadezinha . Isso inclui o orfanato .

-Ei você, esquisito - chamou um garoto sorridente de cabelos castanhos e olhos azuis que aparentava ser apenas alguns anos mais velho que o mexilhão, acompanhado de um grupo de crianças - como está sua mamãe? Deve estar triste com você, afinal a deixou morrer - completou rindo sendo acompanhado pelos demais .

-Não deixei... eu não quis.... eu não sabia ..-choramingava o garoto .

-Queria sim, senão não teria deixado morrer - gargalhou, novamente sendo acompanhado pelos demais que em seguida saíram deixando o garoto encolhido em um canto, despejando suas lagrimas junto com sua tristeza e culpa .

***************************

O pequeno mexilhão lanchava sozinho em um canto afastado do parquinho do orfanato, enquanto assistia as outras crianças brincarem alegremente, pulando de um lado para o outro, ralando os joelhos, porém mesmo assim não deixavam de sorrir, por suas alegrias eram maiores que a dor. Que era o contrario do que o jovem mexilhão sentia .

Ele ao contrario das outras crianças odiava a hora do recreio, por não ter companhia nenhuma. O mexilhão logo descobriria que o ditado que dizia ''antes sozinho do que mal acompanhado '' fazia sentido, pois não demorou muito para uma bola de voleibol o acertar na cabeça com força. Com o susto do impacto deixou seu lanche cair .

- Ora, ora, ora se não é o novato esquisito, não turma ?- zombou o mesmo garoto sorridente que o humilhou da outra vez, que ele descobriu que se chamava Andy.

Seus seguidores apenas riam e concordavam com tudo que ele falava .

O mexilhão apenas abaixou a cabeça e segurou as lagrimas que teimavam a cair .

-A coitadinho dele, o que faremos com ele ? - perguntou Andy, os seguidores deram várias sugestões a té que Andy se contentar com uma .

-Que tal jogarmos ele no lago ? - perguntou uma garota loira

-Perfeito - falou Andy com os olhos brilhando .

E foi oque fizeram . Dois seguidores o seguram com uma força suficiente que deixou os braços do mexilhão marcados, e o guiaram para um laguinho que ficava ao lado do orfanato .

-Parem... por favor – choramingou assustado. Ao ver que seu comentário não os abalou continuou– eu não sei nadar...

-Então trate de aprender – murmurou Andy – meu pai disse que em situações de desespero surpreendemos a nós mesmos. Vamos ver se é verdade.

Dito isso o arremessaram no lago.

O lago era mais profundo e escuro que aparentava o mexilhão se debateu várias vezes e com dificuldade chegou a superfície respirou o mais fundo que pode antes de se sentir seu peso e levar para baixo de novo, e assim se repitiu varias vezes. Cada vez que subia a superfície conseguia escutar as gargalhadas do grupinho de Andy, subindo mais uma vez a superficie conseguiu ouvir uma voz feminina e severa gritando ‘’ mas oque está acontecendo aqui ?’’ porém seu peso o puxou para baixo novamente e não pode ouvir as respostas do grupo, so que dessa vez seu peso parecia maior e o levou mais ao fundo onde, com desespero conseguiu sentir seus pulmões se encherem de água Sua visão escureceu até levarem a inconsciência .

Quando abriu os olhos viu que estava deitado em uma maca. Respirando com dificuldade tentou se lembrar do ocorrido e associar com o lugar que estava. Como chegou ali? Tudo que lembra e estar prestes a morrer afogado em um lago e agora está ali?

-Ah ..você acordou !- disse uma voz doce que o tirou de seus devaneios – Já estava ficando preocupada !

A voz era de uma moça que aparentava ter seus vinte anos com roupa de enfermeira.

-Como cheguei aqui? Onde estou ?– perguntou ainda confuso com o ocorrido .

-A diretora viu quando aquelas crianças o jogaram no lago, aí ela o salvou e o trouxe para cá. Está na enfermaria do orfanato –disse sorridente – Descanse e se precisar de algo me avise – concluiu saindo da enfermaria .

Ainda estava tenso com o que aconteceu, ele quase foi morto pelos amiguinhos de Andy. Oque aconteceu com eles? Aconteceria de novo ? Esse era apenas o segundo dia dele no orfanato !

Foi tirado novamente de seus devaneios pela porta da enfermaria sendo aberta em um estrondo .

-Você vai se arrepender feioso ! Por me fazer ficar de castigo- disse Andy –Está avisado !

[...]

O pequeno mexilhão estava já mais tranquilo, desde a ameaça ficou se perguntando se Andy só estava blefando ou realmente tinha algo planejado. Mas já que se passaram quase duas semanas e nada...

Durante o intervalo daquele mesmo dia, o mexilhão feio estava sentado sozinho em seu canto como sempre, esperando o tempo passar, para voltar a sala de aula o mais rápido possível .

Passou exatos 15 minutos, o que lhe pareceram horas e o sino tocou anunciando o fim do intervalo. Ao inveís de voltar rapidamente para sala como o pretendia, ele continuou sentado observando Andy e sua gangue vindo em sua direção.

-E aí feioso -comprimentou Andy- Viemos cumprir nossa promessa .

O pobre mexilhão olhou para as pouquissímas crianças que caminhavam para fora do ginásio, rindo e se divertindo alheias a todo resto .

Dois seguidores de Andy apertaram seus braços e o arrastaram para um celeiro que ficava a poucos metros do lago . Ao chegarem lá o jogaram no chão ‘’acho que ele precisa de uma lição depois de nós fazer cumprir quela detenção’’ foi o que mexilhão ouviu antes de sentir uma dor muito forte na cabeça .

Um dos seguidores de Andy o havia chutado com força na cabeça, seguido de outro e outro. Quando ele já estava prestes a chegar a inconsciência ele conseguiu ouvir um deles dizer ‘’ em breve vai ver sua mamãe de novo ‘’.

Quando o mexilhão ouviu estas palavras, uma raiva sobrenatural para uma criança o corroeu, dando forças para levantar.Toda a raiva que acumulava-se se manifestou ali e, ignorando a dor levantou e empurrou um deles no chão.

Eles estavam prontos para revidar, mexilhão avistou uma garrafa de vinho vazia. Rapidamente a agarrou e atirou com força sobre o rosto de Andy.

Todos, incluindo mexilhão ,se quando viram uma grande quantidade escorrer pelo rosto de Andy, seguidos por vários gritos .

A garrafa tinha cortado em uma grossa e funda linha diagonal o rosto , a mão de Andy cobria um de seus olhos enquanto gritava .

Seus colegas saíram de um transe e olhar para mexilhão assustados, simplesmente agarram Andy pelos braços e correram com ele para fora do celeiro .

Deixando o mexilhão assustado com oque acabará de fazer, olhando pro sangue de Andy em suas mãos .

[...]

-VOCÊ PODIA TER O CEGADO! NA VERDADE PODERIA TER O MATADO ! –berrava a diretora do orfanato.

-Mas ele começou....- tentou justificar

-NÃO ME INTERESSA QUEM COMEÇOU, VOCÊ O QUASE DEIXA CEGO!-grita enlouquecida

-Mas ...

-EU SÓ NÃO O EXPULSO DESSE LUGAR PORQUE VOCÊ NÃO TEM PARA ONDE IR ! AFINAL NÃO QUEM IRIA QUERER UM TRASTE COMO VOCÊ, AGORA SAÍA DA MINHA SALA-concluí a mulher-MAS SAIBA QUE ESSA CONVERSA AINDA NÃO ACABOU.

-Sim diretora..- diz saindo

[...]

.Mas a situação era melhor sem Andy aqui , seus seguidores, assim como todos no orfanato tinham medo dele.Pelo menos ninguém o perturbava desde o ocorrido .

Andy depois de seis dias na enfermaria do orfanato teve alta . Ele não ficou cego de um olho por pura sorte . Um tio distante de Andy resolveu adota-lo.

Ele diferente de mexilhão ainda tinha membros da família, mesmo depois de seus pais morrem e ele ser mandado para um orfanato, apenas que seus membros da família já terem filhos demais, porém depois da diretora informarem o ocorrido com o sobrinho, acharam melhor tira-lo de lá .

[..]7 anos depois

O pequeno mexilhão agora tinha 13 anos, sua vida não mudou praticamente nada, mesmo depois de tanto tempo a diretora ainda o castiga com trabalhos braçais para a escola .

Porém enquanto limpava os sanitários ouviu uma voz grave atrás dele.

-Depois de tanto tempo, ainda continua o mesmo...

O mexilhão se virou assustado e se deparou com um garoto que aparentava ter entre 15 e 16 anos com uma longo corte em diagonal no rosto .Andy.

-Surpreso? Eu também estou...

-O-oque está fazendo a-aqui-i ?- perguntou assustado

-Meus tios me chutaram para fora, depois de um policial bater na porta mostrando videos com eu e meus amigos assaltando uma loja de bebidas como eu não posso ser preso por ser de menor,o juiz disse que voltando a estudar, poderia me ‘’ajudar’’, então me enviaram pra cá.- disse enfiando a mão no bolso e tirando um estilete.

-Oque vai ...- mexilhão não teve tempo de concluir a frase, pois Andy avançou em direção dele, tentando acerta-lo .

Depois de muito rolarem pelo chão do banheiro Andy conseguiu segura-lo contra um box do banheiro .

‘’Isso é pelo passado’’.

Quando ia acerta-lo com o estilete em um golpe fatal, mexilhão conseguiu empurra-lo com força fazendo o bater a cabeça .

Com ele ainda se recuperando da pancada mexilhão pega a cabeça dele e mergulha em um sanitário, apreciando ele enquanto se debatia e aos poucos perdia a vida ....

Após Andy param de se mexer por completo ele se afasta apreciando o corpo de Andy no chão.

Mexilhão sentia uma sensação entre alivio e prazer no ato que acabar de cometer, mas ele ainda sentia que precisava de mais, queria sentir um alívio que seria apenas realizado se todos aqueles que o fizeram sofrer, tivessem um destino igual. Então caminhou em rumo ao celeiro a procura de gasolina e uma caixa de fósforos...

[...] O pânico rolava entre pessoas que tentavam escapar do orfanato em chamas eram poucas as pessoas que conseguiram sair com vida da catástrofe .

As chamas devoram as paredes da estrutura que corria grande risco de desmoronar a qualquer momento.

Um grupo do corpo de bombeiros tentava acatar o incêndio e o outro entreva no prédio em chamas em busca de sobreviventes .

Mexilhão apenas observava o ocorrido de longe com um sorriso no rosto, que desapareceu imediatamente ao ver um bombeiro retornaram do prédio com um garoto loiro desacordado nos braços que reconheceu ser Frank, o garoto que ajudou a empurrarem no lago. O garoto foi colocado em um ambulância que desapareceu na estrada .

Depois de mais 4 crianças e três adolescentes serem resgatados o prédio desmoronou, junto com a toda a angustia de mexilhão. Quase toda.

[...]

No hospital , o garoto loiro acordou depois de oito horas,e teve apenas três queimaduras graves de verdade, oque foi muita sorte.

Enquanto uma enfermeira trocava novamente seus curativos, c omo fazia de hora em hora o garoto olhou parte de vidro da porta do quarto do hospital, que refletiu uma assustadora imagem de um garoto com saco de tecido, levemente queimado, amarrado na cabeça, com buracos para os olhos .

-AAAAH – gritou o menino chocado

-Oque foi ??- perguntou a enfermeira confusa – Desculpe,eu amarrei a bandagem com força demais ?

O garoto observa de novo a porta, que não refletia mais nada.

-ÃH ...não eu só achei ter visto algo ...- tenta explicar

A enfermeira, um pouco assustada resolve não discutir.

Após todos os curativos serem trocados a enfermeira se despede-se saí do quarto .

Quase imediatamente depois da saída da mesma ele começa a ouvir ruídos vindo da maca ao lado da sua, que estava coberta por uma cortina verde, e que até agora acreditava estar vazia .

-Quem...quem e-está ai ? – pergunta Frank hesitante

A cortina e aberta com brutalidade revelando a mesma figura horripilante que tinha visto na porta .

-AAH...- tenta gritar mas e surpreendido por um travesseiro ser jogado com sua cara e depois ser pressionado contra a sua cabeça,dificultando sua respiração .

Aos poucos seus pulmões começam a apertar pela falta de ar, e ele vai perdendo a consciência.

A última coisa que consegue se ouvir antes de dar seus último suspiro é a frase‘’ isto é pelo passado’’ ser dita por uma voz embaçada pelo saco na cabeça sair com a voz de alguém familiar .

Depois disso o mexilhão nunca mais foi visto .

E esse ´´e o fim da história de :

‘Era uma vez um mexilhão feio, ele era tão feio que todo mundo (ele matou) morreu’’

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.