Muitos já devem ter parado de ler esta história. Os poucos que ficaram querem apenas confirmar o belo fim de Rapunzel. Mas , se você, leitor, é um dos poucos que deseja saber como foi o meu fim, ei-lo:

Depois que meu filho e Rapunzel ficaram juntos, eu voltei para a torre. Esperava me sentir feliz por lá. Mas a marca de Rapunzel estava em todos os lugares, sufocando-me. Acabei voltando para a velha casa onde nasci, onde cresci, onde criei Rapunzel, e onde agora estou. As madeiras velhas e abandonadas ao menos me serviriam de consolo.

Deixei que o tempo tomasse conta de mim, como fez e ainda faz com tantos outros. Vi as rugas aparecerem, os cabelos ficarem brancos, as mãos enrugadas. Vi o sono desaparecer e dar lugar à amargura, esta sim sempre presente. Sinto-me cada vez mais cansada e inválida, como todos os outros velhos. Acordo todos os dias e lembro-me da minha história. A casa já está tomada pela poeira e não sinto vontade de limpá-la, não mais. Aquela força de vontade que eu possuía, agora se dissipou por completo.

Não sei se Rapunzel casou com o meu filho, ou se morreu, o que aconteceu com as crianças, que nem sequer sei os nomes. Sinceramente, nem desejo saber. Vivo reclusa na floresta e pretendo ficar até definhar e, assim espero, esquecer.

Mas então talvez me pergunte: se quer esquecer tudo, porque resolvestes contar?

A verdade é que , hoje mesmo, encontrei um vestidinho de Rapunzel no meio das coisas e pensei em escrever isto, colocar tudo para fora em forma de carta. Minha mão está trêmula e escrevo terrivelmente mal, mas se chegastes até aqui, leitor, é porque entendestes a escrita. Não me importo se quiseres espalhar esta história, ou se não acreditar nela, apenas digo a ti que podes fazer com isto o que quiseres.

Vou parar de escrever. Minha mão está doendo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.