A sorte dos irlandeses

Capítulo 4 - Dezaynhando


Abri os olhos bem devagar, olhei em volta tentando identificar o local onde eu me encontrava.

Lembrei-me, que estava em Londres e por um longo minuto, fiquei esticada em minha cama, olhando para o teto e finalmente notando os detalhes do meu quarto.

Era grande, espaçoso, uma janela enorme meio antiga, e que precisava de uma generosa demão de verniz.

No chão um azulejo branco, com alguns desenhos. As paredes eram em um tom de bege meio morto, mas nada que uma tinta não resolvesse.

– Vejamos o que tem pra hoje – animei-me e liguei meu telefone novamente. Sete chamadas do Niall e uma de meus pais. – É Niall ficou preocupado, mas quer saber? Ele que se dane. Vou ligar para meus pais. – Eu falava sozinha em meu quarto.

Liguei duas vezes, porém ninguém atendeu. Eu ligaria mais tarde, as por hora era melhor não insistir.

Levantei, amarrei os cabelos e fui ao banheiro. Escovei os dentes e lavei o rosto. Estiquei a roupa de cama e abri a mala na esperança de finalmente conseguir arrumá-la.

Comecei a dobrar e pendurar as roupas, as guardando no armário. Quando notei já havia terminado.

Aproveitei-me da rapidez e resolvi organizar alguns desenhos que tinha guardado em uma pasta protetora para montar um portfólio e ir à busca de emprego.

Meus croquis estavam todos espalhados pela cama e alguns pelo chão. Não conseguia me decidir qual iria por na pasta, Carmem bateu na porta e pediu para entrar.

– Nossa que lindos. São seus? – Ela perguntou diante da papelada que a cercava.

– São sim. Quero montar um portfólio, mas não consigo decidir quais desenhos coloco. – Sorri gentilmente.

– Posso ajudar?

– Claro! – respondi animada.

Carmem escolheu cerca de quinze desenhos. Os mais exuberantes e originais. Analisei com cautela cada um dos papeis, arrumei na pasta e fui tomar um banho.

– Angelina, posso ficar com um desenho? – Carmem gritou para mim.

– Claro! – Gritei ainda mais alto esperando que ela me ouvisse.

Fiquei cantarolando Turning Tables da Adele, enquanto estava no banho. Finalizei minha turnê no chuveiro e fui ao quarto me aprontar pra sair.

– Aonde vai? – Carmem perguntou me vendo ir a porta com a pasta debaixo dos braços.

– Tentar ganhar meu pão de cada dia – rimos juntas. – Mais tarde eu volto. Prometo que se ficar tarde eu te ligo.

– Tudo bem, vou sair também. – ela respondeu. Eu me despedi e sai.

Eu sai do apartamento, e desci a escadas devagar. A cada degrau eu ficava pensando por onde poderia começar. Londres era uma cidade enorme e a ultima coisa que eu queria era me perder por lá. Meu telefone tocou. Era Niall novamente.

– Você não desiste mesmo né ? – Perguntei ironicamente.

– Bom dia pra você também. Qual o seu problema? – Ele disse bravo e preocupado ao mesmo tempo.

– Se ligou pra me dar bronca por ontem, desiste que eu vou desligar o telefone.

– NÃO DESLIGA! – Ele gritou e eu afastei minha orelha do telefone. – Trevo... Eu só estou preocupado só isso. Você está bem? Conseguiu chegar ao seu apartamento? Onde você está agora? – Ele fazia uma pergunta atrás da outra sem ao menos uma pausa para respirar.

Niall fica calmo! Eu estou bem, cheguei ao apartamento bem rápido. Estou saindo daqui agora e não sei onde estou indo.

– COMO ASSIM NÃO SABE ONDE VAI? – ele gritou novamente.

– Nialler, pare de gritar, eu estou indo atrás de um emprego, um estagio qualquer coisa. Não dá pra sobreviver em Londres com a miséria que eu tenho.

– Me espera paradinha onde você está. – Ele disse serio.

– Você vai vir pra cá agora? Vai demorar muito – Rolei os olhos.

Já mandei não se mexer. Tchau.

Ele desligou o telefone. Não consegui entender muito bem. Do apartamento dele para o meu era cerca de meia hora. Eu não agüentaria ficar durante meia hora imóvel esperando por ele.

Senti uma mão úmida e quente tapar meus olhos.

– Adivinha quem é? – perguntou a voz.

– Damian McGinty! - respondi esperançosa.

– Claro que não Angelina! Você sempre diz isso, mesmo quando tem certeza que não é ele – Niall tirou as mãos de meus olhos.

– Não custa nada sonhar. – Mostrei a língua para ele, nós rimos e ele me abraçou.

– Desculpa por ontem. Eu estava brincando. Não pensei que levaria tão a serio. – Ainda estávamos abraçados.

– Tudo bem. Eu também me alterei. Mas não espere que eu me desculpe. – Sorri e o soltei. – Mas me tire uma duvida. Como chegou aqui tão rápido?

– Eu acordei, me arrumei, tomei café e vim pra cá. Estava impaciente e você não atendia minhas ligações. – ele cruzou os braços. – E que papo é esse de sair por Londres sozinha?

– É Nialler é isso mesmo. Preciso arrumar um emprego. Organizei meus desenhos e vou procurar alguns lugares por ae. – Niall me encarava e eu apenas dei os ombros.

– Pois então eu vou com você. Assim você não se perde. Só temos que passar no meu apartamento rapidinho. A Lou vai levar as roupas pra sessão de autógrafos. Vamos? – Ele perguntou já pegando a pasta de minhas mãos.

– Arghh! Eu tenho outra opção. – O segui em direção em carro e ele negou com a cabeça.

Fomos em silencio durante o trajeto. Niall olhava meus desenhos admirava um por um. Chegamos bem rápido ao apartamento de Niall. Presumo eu que em menos de meia hora. Subimos até a cobertura e entramos no local. Niall me levou até a cozinha.

– Está com fome? Vou comer cereal. Servida? – Ele perguntou pondo minha pasta sobre a bancada e pegando uma caixa de cereais.

– Eba cereal! Golden Flakes?

– Claro! É muito difícil encontrar esse cereal por aqui, mas eu adoro. – Ele sorria.

Niall me serviu. Comemos sem tentar puxar assunto um com o outro. De repente Louis entrou no cômodo.

– BOM DIA POMBINHOS – ele gritou.

– Bom dia sim, pombinhos não. – Respondi.

– Que bom que ainda está viva. Niall achou que alguém tinha se matado no meio do caminho. Ficou HORANDO feito louco.

– CALA A BOCA LOUIS! – Niall gritou com a boca cheia de cereal deixando escorrer um pouco de leite.

– Ui, ele ta estressadinho. – Eu e Louis gargalhamos. – O que é isso? – Disse Louis pegando minha pasta e vendo alguns desenhos. – A Lou esqueceu aqui?

– Não, esses são meus. E quem é Lou? – Perguntei feliz ao ver a reação dele ao ver os desenhos.

– Lou é a nossa estilista. A MÃE DA BABY LUX – ele gritou. – Você desenha bem, faz um desenho meu?

– Ela vai precisar de umas quatro folhas só pra fazer a sua bunda. – Disse Harry chegando e dando uma tapa na bunda de Louis.

– Tem alguém em casa? Meninos? – Disse uma voz de mulher.

– ESTAMOS NA COZINHA! – Harry gritou.

Entrou uma mulher, bonita com uma criança que mais parecia ter sido desenhada, creio eu que era a famosa Baby Lux. Ela deixou Baby Lux no colo de Louis e saiu, logo em seguida voltou com uma arara de roupas.

– Olá meninos – ela disse sorrindo para os meninos. – vejamos gente nova. – referiu-se a mim. – Olá, sou Lou Teasdale.

– Angelina McGinty. – estendi a mão para cumprimentá-la.

– Lou, será que você não está precisando de uma assistente, estagiaria ou algo do tipo não? – Niall perguntou me deixado corada.

– Não sei, preciso ver com calma. Mas para quem seria o cargo? – Ela perguntou mexendo em algumas roupas.

– É pra Angelina! – Louis se intrometeu. – Olha aqui alguns desenhos dela. – Ele entregou minha pasta nas mãos dela e ficou brincando com a Lux.

– Você tem talento! – ela disse olhando meus desenhos. Baixei a cabeça e corei ainda mais. – Vou checar pra ver se te posso por como estagiaria, ajuda? – ela perguntou, ainda olhando meus desenhos.

– AJUDA MUITO! – praticamente gritei, animada com a noticia.

Não acredito nisso. Acho que acabei de quase ser contratada para trabalhar com Lou Teasdale, nada mais nada menos que a estilista da One Direction. Alguém me belisca isso deve ser um sonho maravilhoso. Abracei Niall com força e dei um beijo na bochecha dele. Estava com um sorriso tão grande e meu coração pulsava tão forte que parecia que sairia do meu peito pela boca a qualquer momento.