Por Jonas

Verônica estava deitada em meu peito, a cada dia a sensação da sua pele contra a minha me deixava mais sedento por ela, e o seu jeito intensificava isso. Eu sentia que podia ser eu mesmo, era como se Verônica fosse a única pessoa do mundo com quem eu não precisasse atuar. Se eu não estivesse cansado pelo dia de terapia com o pajé, pela entrevista intensa que dera a ela, terminando de contar os detalhes dolorosos do meu passado, e pelos momentos íntimos, agitados e maravilhosos que havíamos acabado de compartilhar, era bem capaz que tentasse algo mais vigoroso novamente, pois vontade eu tinha. Mas eu não era de ferro, e estava cansado para valer.

De qualquer forma, era delicioso ficar abraçado a Verônica. Só sentindo a sua pele, seu perfume, e aproveitando o momento... Percebi que ela sorriu travessa, um sorriso belíssimo e gostoso que me fez rir junto. Depois esticou o braço e começou a brincar com o meu cabelo. Ela gostava muito disso. No início até que não me agradava pois ela o bagunçava para valer, e eu sempre fora muito vaidoso para ficar despenteado. Mas agora eu adorava aquela sensação.

Já havia passado alguns dias desde que nós chegamos em Brasília. Dias incríveis e libertadores por sinal. Como prometera a Verônica, eu lhe dera informações exclusivas. Ainda guardava muitos segredos, alguns detalhes e temas que eu não podia falar. Mas havia lhe confessado várias coisas, talvez tivesse contado demais, nunca tinha me aberto tanto com outra pessoa assim, mostrara minhas diversas imperfeições, até mesmo os detalhes sórdidos de coisas que me fizeram, que eu fiz no passado, e incrivelmente me sentia bem por desabafar.

Falei muito sobre a minha família do passado... Nesse dia, havia lhe contado de quando descobri que minha mãe estava tendo um caso com um delegado, o chefe do meu pai, com quem aliás, eu tinha um esquema de contrabando para conseguir as peças para produzir o Bro. Através da Dona Gláucia Beatriz, o meu pai soubera do meu envolvimento no esquema, discutiu comigo e saiu chateado para trabalhar. Nessa mesma noite, ele morreu ao entrar numa favela. Minha mãe fizera muitas coisas ruins para mim, mas nada ganhava daquilo, por causa dela, o homem que eu mais admirava no mundo, o meu pai, morreu extremamente decepcionado comigo. Claro que usando minhas habilidades, eu me vinguei de ambos.

Eu nunca havia contado para ninguém sobre isso antes. Ainda escondia muitas coisas daquela época, menti sobre certos aspectos, mesmo Verônica perguntando sobre o meu sócio, LED, e o paradeiro da sua esposa, Sandra. Eu menti sobre o nome dela, não contei que ela fora minha amante e que ele fora preso acusado do contrabando que somente eu era culpado, morrendo na cadeia. Isso poderia me trazer problemas demais, já que mesmo sendo uma mulher incrível, para o bem ou o mal, Verônica continuava sendo uma jornalista. Ela fora compreensiva com o contrabando, mas conhecendo o seu caráter, sabia que ela não seria compreensiva com todo o resto.

Toda aquela conversa ainda me afetava, e resolvi parar de pensar nela e nos demais problemas para não estragar a minha noite... Estar com Verônica era extraordinário, era como se tivéssemos um mundo particular, e não queria que nada atrapalhasse isso. Beijei o ombro daquela linda mulher, que estremeceu em meus braços e perguntei sobre um aspecto da vida dela que me causava muita curiosidade:

– Verônica, como são as coisas com seu ex-marido?

– Ex-marido? - ela riu – Que ex-marido, Jonas? Eu nunca fui casada!

– Como pode uma mulher impressionante como você não ter se casado. Os homens desse mundo não ...

– Simplesmente não aconteceu. Mas sabe de uma coisa? Pode ser para muitas mulheres, mas casamento nunca foi um sonho meu. Em um relacionamento, acho a convivência, os momentos , o companheirismo muito mais significativos do que uma festa e um documento.

– Você é mesmo uma mulher singular – ri impressionado – Mas e o pai do Vicente?

– Ahh, ele? Bem, era um cafajeste que sumiu depois que soube que eu estava grávida.

– Ele nem quis conhecer o filho?

– Não, e olha que era rico, usou o dinheiro da família para desaparecer. Nem me ajudar financeiramente, o canalha fez. Mas foi melhor assim, consegui criar o Vicente longe da influência negativa dele, e meu filho se tornou um menino incrível e cheio de caráter.

– Se tornou mesmo, tudo porque você é um mulher incrível, uma mãe incrível ... – eu a beijei.

– Que tem uma queda por cafajestes , o fato de eu estar aqui mostra isso... – ela falou após o beijo.

– Verônica, eu, cafajeste? – perguntei brincando me fingindo de ofendido.

– Não tenho ilusões sobre o seu caráter, Jonas Marra. Você é um grande canalha conquistador. Ainda bem que não pode ter filhos, pois senão nesse exato momento, estaria me arriscando a ter outro filho de um cafajeste –ela disse rindo e acariciando o meu rosto – Desculpa, eu falei sem pensar. Que boca grande ... – ela parecia arrependida.

– Não se preocupe. Não fiquei chateado. Esse assunto não me aborrece assim. Eu confesso, sou um grande cafajeste, e o risco de engravidar de mim, Verônica Monteiro, você não corre mesmo. - sorri enquanto acariciava o seu rosto e logo depois a beijei.

– Já que não te ofende, fico muito aliviada com isso, Jonas Marra! –ela riu.

– Ao menos há um consolo. Verônica, eu posso ser um grande filho da mãe... Mas se eu pudesse ter filhos, e soubesse que há um filho meu por aí. Eu não deixaria... Não teria paz se não o conhecesse e convivesse com ele. Então o seu cafajeste anterior deve ser pior do que eu.

Por Megan

Eu andava meio sem rumo pela Marra. Já fazia alguns dias que eu estava chateada com o mundo e principalmente com meus folks, ao mesmo tempo, que me sentia so sad com a doença do meu dad, a possibilidade de ele morrer a qualquer instante e mesmo assim fugir da gente.

Por sua própria vontade, Jonas Marra havia passado os últimos dias em retiro, por causa de uma stupid idea de cura espiritual. Minha mom não se impôs, e continuou sua viagem pela America como se nada acontecesse. Nesse momento delicado, ele deveria estar com a gente, com sua família, eu não entendia! Até mesmo queria lutar com God por dar aquela doença ao meu dad. It was not fair. Ele ainda era jovem!

Havia uma fúria dentro de mim. Não sabia o que fazer. Como os dois estavam longe, não sabia com quem gritar. Assim resolvi ir a Marra. Depois do concurso, me sentia estranhamente em casa por lá. Talvez um passeio pela empresa me trouxesse paz.

Mas após alguns algum tempo, escutei uma voz me chamando e me virei... Só me faltava essa. Eu havia ido para lá pra ficar sozinha, não queria ver ninguém conhecido, muito menos aquele nerdizinho assrole do Davi...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.