A nova Geração Brasil

A inauguração da Marra -Parte 1


Por Megan

Eu estava no salão de entrada da Marra Brasil. Ainda faltava algum tempo para meu dad e minha mom fazerem a sua apresentação, me sentia ansiosa, mas para não demonstrar muito e me aquietar, resolvi olhar as pessoas que chegavam.

Uma garota me chamou a atenção, ela estava um tanto acanhada, até parecia perdida. Ficava indo de um lado para outro, e permanecia quase que no mesmo lugar. Tinha um estilo bem nerd, possuía cabelos castanhos channel, usava óculos de grau enormes, uma mochila nas costas (possivelmente havia um notebook lá, eu também havia trazido o meu, mas ele estava guardado) ,uma jaqueta e calças jeans, uma camisa da “Ravenclaw” de Harry Potter. Me lembrava a Velma de Scooby Doo. Eu a conhecia de algum lugar, tentei buscar na minha mente e a memória veio, já tinha visto o perfil dela no Facebook, e resolvi me aproximar:

– Você é a Danusa, não é?

– Sim – ela sorriu inocente, parecia uma garotinha- E você é a Megan, filha...

– Do seu tio!

– Pensei que você não me conhecia... Seu pai não vai gostar de nos ver aqui.

– Vi a sua foto na internet – justifiquei – E não fica com medo do meu dad, na maioria das vezes, ele ladra, mas não morde. Me diz, quem é esse nós? Você veio com mais alguém? – Jonas Marra não queria, mas estava curiosa em conhecer a família dele, que era também era minha.

– Vim com a minha avó... opa, nossa avó... Ela insistiu. Não achei uma boa ideia, mas ... – ela fez uma pausa – Eu só vim, pois ahhh, estava doida para conhecer a Marra!

– Quem não está? Ainda mais se é jovem, e com esse pronunciamento. E o seu irmão, ele não quis vir...

– Ahh, o Danilo ...

Eu sabia que Danusa tinha 18 anos e seu irmão 20. Apesar da nossa diferença de visual, eu patricinha e ela nerd, nos entrosamos com muita facilidade. A minha prima me parecia uma garota muito legal, e fazia parte da minha tribo de verdade. Nós começamos a andar pela Marra e ela me falou sobre a sua família. Com certo ressentimento, contou que o irmão era o filho preferido, sendo bem diferente dela, já que ele era um playboyzinho que não estudava nem trabalhava. Também comentou sobre os pais, eles tinham se separado há alguns anos. A mãe se casara com o amante rico, que possuía envolvimento com a política. Danusa não aguentava o padrasto, que segundo ela era um corrupto, e por isso ainda morava com a avó e o pai. Já Danilo passava a maior parte do tempo na casa da mãe, e só voltava para ser adulado e quando precisava de dinheiro, ele recebia uma mesada da mãe, mas gastava tudo sem controle. Também me confidenciou coisas dela, ela não se sentia muito bem em casa, muitas vezes, achava que era adotada, pois não tinha nada ver com eles, sendo que o pai era um bobalhão e a avó uma picareta (assim eu comecei a entender o motivo do meu dad não falar sobre a família)... Já ela, havia passado no vestibular aos 16 anos, e estava no quarto período de Sistemas de Informação, era louca por tecnologia, e fã do tio, o meu dad, Jonas Marra.

Enquanto conversava com Danusa, percebi que um rapaz acenou em nossa direção. Olhei bem para ele, e era aquele cara bonitinho que ganhara de mim na Tecnow. Eu gelei, não era possível, como Megan Lilly, eu estava tão diferente e ele havia me reconhecido? Por uns instantes pensei em fugir dali, mas percebi que Danusa ergueu o braço e acenou de volta para ele. Era ela que ele estava cumprimentando. Fiquei aliviada e falei após o susto:

– Cute guy, prima! É isso aí!

– Não é isso que você tá pensando, é só o Davi, ele mora no meu prédio.

– Vai me dizer que você nunca deu uns pegas nele?

– Não, nunca. Ele não está a fim de mim, nem eu dele. – ela parecia sincera.

– Really? Ele é bonitinho.

– É, e também é legal. Mas vamos dizer que eu prefiro rapazes um pouco mais velhos.

– Mais velhos? Mas ele já é mais velho que você.

– Mas ainda é muito imaturo, gosto de um pouquinho mais velho, com mais ideias na cabeça, sei lá, uns 24 para cima, o Davi tem 22 e acabou de sair da faculdade.

– Ok.

– Ahh, Megan, eu falando assim até parece que vivo pegando caras por aí – ela confessou.

– Você não tem muito jeito com guys, não é?

– Nem um pouco.

– Se é assim, e você não está afim dele . Vou mostrar como se age com os caras, priminha- falei confiante e fui em direção a Davi.

Tá, eu podia estar brincando com o fogo, já que ele ainda seria capaz de me reconhecer, mas o achava fofo desde a Tecnow, como Ada não deu, mas como Megan Lilly, eu poderia me esfregar nos rapazes e todos achariam normal. Megan era considerada promíscua, mas se divertia. Assim já cheguei abraçando-o por trás, coloquei meu queixo em seu ombro e sussurrei em seu ouvido:

– Oi, Davi!

– Oi – ele sorriu, parecia ter gostado da minha iniciativa, eu estava satisfeita, a isca havia funcionado. - Você sabe o meu nome, mas eu não sei o seu, quem é você? – Davi era bem direto, se desvencilhou de mim, ficando a minha frente, ele não conhecia Megan Lilly e gostei disso, era so boring quando eu paquerava um nerd e ele só queria falar bem do meu dad, das coisas da Marra, com ele podia ser diferente.

Por Davi

– Eu sou Megan... Amiga da Danusa – aquela loira que me abraçara respondeu, tinha a impressão que a conhecia de algum lugar e continuei perguntando.

– Acho que te conheço. Você trabalha na Marra?

– Na verdade, você não me conhece, Davi, só sei o seu nome, pois Danusa me falou. De certa forma, trabalho na Marra, sou estagiária! –ela sorriu, era uma garota muito bonita, estava dando mole para mim e resolvi deixar de ser desconfiado. Quando as coisas caiam do céu assim, era melhor aproveitar.

– Então Megan, uma mulher linda como você, gosta de trabalhar na Marra?

– Adoro. O maior problema é lidar com Jonas Marra...

Ela começou a falar mal do seu chefe e aquilo a tornou mais interessante aos meus olhos. O papo corria bem, e passamos para assuntos mais agradáveis como festas e praia, ela parecia um tanto superficial, mas era muita gata e eu já pensava que aquilo renderia alguma coisa fora da Marra quando Vicente apareceu:

– Davi, você não perde tempo, hein? Já está aí de papo com a filha de Jonas Marra.

– Filha de Jonas? – perguntei irritado.

– É – ela confirmou um pouco sem jeito – Eu sou Megan Lilly Parker Marra.

–Ihh, acho que falei demais. Vou ali para medir a minha língua, ela deve tá muito grande– Vicente, espertinho, saiu pela tangente.

– Então você estava de brincadeira comigo, né? Veio aqui com esse papinho anti- Jonas Marra...Fingindo de empregadinha insatisfeita. Em suma, me enganou. Você é a filha do cara!– falei bravo.

– Te enganei? Claro, tava curtindo uma com a sua cara.- ela disse cruel- Mas em que mundo você vive, Davi, que nunca viu uma foto minha?- ela também estava irritada, e demonstrou toda a sua vaidade.

– Agora eu sou obrigado a reconhecer uma menina que nunca fez nada na vida além de aprontar todas, e ser uma patricinha inútil e mimada! –respondi acima do meu tom, ela havia me chateado pra valer.

– Aí você se traiu. Então já ouviu falar de mim ...

– Ouvi, mas nunca tive interesse em pesquisar nada sobre você, Megan Lilly, tenho mais o que fazer.- esnobei.

– Claro, é bem melhor ficar fazendo downloads ilegais na internet, se masturbar com filmes pornôs ou até mesmo ao ver os peitos das mulheres em “Games of Thrones”, nerdinho.

– Pelo menos nada disso vai estragar a minha saúde da maneira que as bebidas e as drogas que você usa estragam a sua.

– Olha como você é prepotente e hipócrita. Já acha que me conhece e mal conversou comigo! Quer uma prova da sua hipocrisia? Você tá aqui na inauguração da MARRA e aposto que mesmo falando mal da Marra e de Jonas Marra, tem pelo menos um Marra produto.

– Eu, prepotente? – nesse argumento, ela tinha razão, eu tinha um Marra tablet, mas também os tablets da Marra eram os melhores, achei um num preço bom e não resisti – Olha quem tá falando de prepotência, a patricinha que ficou magoada por não ser reconhecida?

Nós estávamos bem alterados, Vicente e Danusa se aproximaram da gente:

– Megan, já estão chamando para a apresentação do seu pai. Acho que é melhor irmos – Danusa falou de maneira delicada e doce, queria acabar com aquela discussão.

– Com certeza, Danusa. Até porquê a companhia aqui está me causando náuseas...

– Tchau, Davi. Tchau, Vicente. – disse Danusa enquanto saía com a prima em direção ao auditório da Marra, a minha vizinha era uma garota legal.

– O que foi aquilo, Davi? – perguntou Vicente assustado com a minha discussão.

– Nada, aquela patricinha mimada é como o pai, prepotente e irritante demais. – normalmente eu era um cara calmo, e havia extrapolado em minha reação, é que eu não estava bem ultimamente e aquela Megan mexeu com meus nervos de uma maneira... respirei fundo, tentava me acalmar e voltei a falar- Vamos para o auditório, Vicente?

– Vamos - ele ainda me parecia espantado, mas me seguiu.