– Bom, a sua “fome de mim” pode esperar, agora vamos comer que eu estou com fome. – disse me desvencilhando de seus braços em direção à porta.

– Ah... mas tava tão bom daquele jeito Magrela, volta aqui! – ele disse, meio que correndo atrás de mim, enquanto eu “fugia” dele em direção à cozinha.

Almoçamos tranquilamente, depois, aos beijos subimos as escadas em direção ao quarto dele, até que...

– Lucas... – ouvi a mãe dele chamando – faz o favor?

– Tô indo, mãe o que foi? – ele disse colocando a calça que havia tirado – estava antes somente com uma Box preta – e uma blusa larga.

– Ér... é a Julie... – ela disse numa voz tristonha.

Lucas “voou” escada à baixo.

– O que tem ela? – ele perguntou arfante, preocupado, enquanto eu re-colocava minha blusa – estava somente de sutiã da cintura pra cima – e calçava uma sandália, em direção às escadas.

– Nossa! Não precisava ficar preocupado, eu só queria saber se vocês podiam cuidar dela um pouco, estou querendo muito sair... – vi a tensão esvair-se de Lucas.

– Ah!.. Ok... pode ir, eu cuido dela – ele disse, nesse ponto eu já estava do lado dele, segurando sua mão.

– Vocês vão ficar bem? – ela perguntou, preocupada.

– Com certeza! – eu disse confiante.

Ela saiu nos dando tchauzinho dizendo “Se cuidem! Juízo!”. Ok... juízo... pode esperar sentada, aliás, espera deitada, sentada a bunda cansa.

– Então... nossa missão é cuidar da Julie? – perguntei enlaçando Lucas em meus braços.

– Olha, a minha missão é essa, já a sua é ir pra casa fazer o dever de química. – ele disse me beijando.

– Ah... deixa eu ficar com vocês! Eu digo que... que um cachorro comeu meu dever!

– U-hum.... 1º, você não tem cachorro, 2º, essa é a desculpa mais velha e esfarrapada de todos os tempos. Não. Vá pra casa, amanhã a gente se vê! Eu não vou fugir! Agora que eu finalmente tenho você? Nem fudendo. Vai, responsabilidade em 1º lugar, já que você não fez o dever na hora que o professor deu tempo livre...

– Tá bom! – eu bufei – te amo. – disse na ponta dos pés, o beijando – Tchau, Bobão.

–Te amo. Tchau, Magrela.

Fui a pé pra casa, chegando lá...

– Aonde você tava menina? Quase nos matou do coração! – disse minha mãe.

– Não pensa mais nos seus pais? Quer nos deixar loucos? Quer que tenhamos um ataque cardíaco? – disse meu pai

É claaaro que meus pais se preocupam assim comigo. Aham... sei.

– Tava na casa do Lucas, qual a surpresa?

– Mas achamos que você ia votar ontem! O Lucas ligou antes de ontem dizendo que você estava lá! – disse minha mãe.

– Mas eu voltei hoje! A por favor, né? Só passei 2 noites na casa do meu vizinho! Faço isso desde... desde... desde sempre! O que tem de mais eu passar 2 noites na casa do Lucas? Ele não é um delinqüente juvenil! Vocês o conhecem! Nós somos amigos desde os 5 anos de idade!... Nossa relação só... só evoluiu um pouquinho... – disse a última parte num sussurro, mas logo elevei um pouco a voz – mas agora licença, eu quero ver a Melanie...

– Nada disso moça! Venha aqui e se explique! Como assim “evoluiu”? – perguntou meu pai, desconfiado.

– Eu não devo informação à vocês. – disse batendo o pé escada à cima.

– VENHA AQUI AGORA SE NÃO EU CORTO TUA INTERNET JENNIFER! – gritou meu pai, ok, eu não tenho medo dele, só tenho medo dele tirar um dos meus maiores bens. A internet. Voltei batendo o pé, de cara amarrada, fazendo birra.

– QUE É? QUER QUE EU DIGA O QUE? QUE O LUCAS É MEU NAMORADO? OK, O LUCAS É MEU NAMORADO. QUE EU E ELE TRANSAMOS? OK, EU E ELE TRANSAMOS. QUE...

Minha mãe deu um gritinho de horror.

– COMO É QUE É? – perguntou meu pai fazendo cara feia. VISH.

– QUE EU SAIBA PAI, VOCÊ NÃO É SURDO E NEM RETARDADO, SIM EU FIZ SEXO, NÃO EU NÃO SOU MAIS VIRGEM, EU JÁ TENHO 17 ANOS!

– EU NÃO QUERO QUE VOCÊ VEJA AQUELE GAROTO DE NOVO!

– ISSO NÃO VAI MUDAR MEUS SENTIMENTOS POR ELE! E NEM VAI TRAZER MINHA VIRGINDADE DE VOLTA! E EU VOU VOLTAR A VÊ-LO SIM! VOCÊ NÃO PODE ME PROIBIR DE FAZER NADA, VOCÊ SABE QUE NÃO CONSEGUE! – gritei pra ele, já havia subido as escadas e estava no meu quarto, quando terminei de gritar, bati a porta.

Estava com medo. Eu nunca havia falado com meu pai daquela maneira, provavelmente ia ficar de castigo o resto da minha vida...

– Jennifer, eu quero conversar com você. – meu pai disse calmo e autoritário.

– O que você quer? – perguntei impaciente.

– Conversar.

Abri um vãozinho na porta.

– O quê? – perguntei de braços cruzados, batendo o pé.

– Posso entrar? – perguntou gentil

– Não, o que você quer?

– Só... – ele suspirou – Só quero saber se usaram camisinha. – ele disse impaciente.

– Sim, nas duas vezes. – eu disse seca

– Duas? – ele pareceu zangado.

– Sim, de sexta pra sábado e de sábado pra domingo, por quê?

– Nada – ele bufou –, só... divirtam-se então... – ele disse parecendo cansado.

–Tá. – fechei a porta na cara dele e fui pro PC.

Fiquei quase o resto do dia no tumblr escutando Green Day. Escutei diversas músicas, mas parei muito em “Wake me up when september ends”. Às 22:30 eu lembrei do dever de química e fui fazê-lo. Às 23:30 dormi.

TIRIRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM. Foi o primeiro barulho irritante que escutei no dia, às 7:00 horas. Arrumei o material, vesti a roupa – calça, blusa do Green Day, casaco, sapatilha e relógio. – e desci as escadas.

– Bom dia! Dormiu bem? – minha mãe perguntou gentil.

– Bom dia e, sim. E você? – perguntei

– +/-... muitos pensamentos...

– Ok – escutei a buzina do ônibus – já vou indo, tchau mãe!

– Tchau...

Entrei no ônibus e sentei ao lado do – já presente – Lucas.

– Então, você contou pros seus pais? – ele puxou assunto.

– O que?

– Adivinha! – ele fez cara de besta.

– Ah! Sim!

– E....?

– Reagiram bem, à medida do possível.

– Vai ficar de castigo o resto da eternidade?

– Por incrível que pareça, não.

– Uh... seu pai e sua mãe estão te dando liberdade... Andaram fumando?

– Vai cagar! – disse tentando bater nele, mas ele segurou minha mãe e me beijou, o que arrancou muitos vivas do resto do ônibus.

– Olha o casalzinho! – ouvi a segunda coisa irritante do dia, a voz de Johanna.

– Sim, Johanna, somos um casal! Que foi? Ah é, esqueci, você não tem namorado né?! Fazer o quê.....– eu disse e em seguida beijei Lucas. Não sei de onde saiu tanto atrevimento para dizer aquilo...

– UIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII! – ouvi o pessoal gritando para Johanna.

– Hunf! – ela saiu de perto de nós com o nariz empinado.

– HAHAHAHAHAHAHAHAHA’! – o ônibus todo estava rindo dela. PERFEITO.

Dia chato, aulas chatas, recreio e almoço com o Lucas, mais aulas chatas...... No final do dia escolar me lembrei de uma coisa importante. Namorados. Dia dos Namorados. Dia dos Namorados HOJE.

Já sei – pensei – vou passar no cinema e comprar umas entradas para “assistirmos” “A Era do Gelo 4”, depois vou buscá-lo em casa para irmos!

TRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM! – Um som chato, mas agradável. Fim, realmente fim, ESTOU LIVRE! Acabou literalmente o dia escolar, antes de encontrar com Lucas, fui direto ao shopping. Comprei a sessão de 20:00 horas, como ainda eram 16:30 ia dar tempo suficiente pra tudo! – assim eu pensei.

Fui pra casa, tomei banho, e, pela primeira vez na vida, vesti um vestido. Ok, era um vestido preto, mas era rodado e tinha uma espécie de casaquinho. Coloquei uma meia-calça e um all-star preto. E saí de casa, eram 17:50.

Chegando à casa de Lucas, às 18:00 em ponto no meu relógio de pulso ...

– Então você realmente está namorando aquela sem-sal? – escutei aquela voz desagradável do ser chamado Johanna, mas fiquei quieta atrás duma moita, esperando, ouvindo.

– Quê? – perguntou Lucas impressionado de encontrá-la à porta de casa.

– A Jennifer, ela realmente é tua namorada?

– Sim, e eu amo ela de todo coração! – senti uma pontada de felicidade no coração – E eu não te quero aqui, na porta da minha casa dizendo coisas ruins da pessoa que amo! – ele disse já irritado.

– Eu aposto que consegues alguém melhor... – ela provocou.

– Melhor que ela? Impossível, ela é a melhor e mais bonita garota em todo o mundo – os olhos dele se iluminaram – quando estou com ela me sinto no paraíso, é como se eu voasse de tão leve e feliz que me sinto – nesse ponto eu já estava quase chorando de emoção e felicidade. – Mas não devo informação à vo...

Mas a minha felicidade acabou poucos segundos depois. Quando a víbora atacou. Quando Johanna o interrompeu, ficando na ponta dos pés para beijá-lo. Ele ficou surpreso e não se moveu. Eu tinha ficado atrás da moita pois assim eles não me veriam,mas eu dei um gritinho de horror e comecei a correr chorando e soluçando, não olhei pra trás a tempo de ver Lucas empurrando Johanna e vir correndo atrás de mim.

– Jennifer... Jennifer! JENNIFER! JENNIFER! MAGRELA! – ele gritou me chamando de volta, mas eu não voltaria. Corri o máximo e o mais rápido que pude e quase fui atropelada por um carro, mas Lucas chegou a tempo de me empurrar pra calçada, já que eu estava paralisada de medo.

– O que aconteceu Magrela? Você tá bem?

– Me larga! Eu sei me cuidar sozinha... Tô bem. – disse seca após ver sua cara de preocupação.

– Magrela, por que você estava na minha casa? – perguntou.

Controlei o choro e mostrei os tickets de entrada pro cinema e disse:

– Feliz dia dos namorados Lucas, pensei – hic – que poderíamos passá-lo – hic – juntos, assistir um filme comer, – hic – uma pizza... – não agüentei, e, depois de tantos soluços, voltei a chorar.

– Magrela...

– Mas já vi que tem companhia melhor. – o interrompi

– Se você estava lá há tanto tempo quanto imagino, você viu que ela me agarrou, e que eu tentei impedi-la!

– Você ficou parado quando ela te agarrou com os olhos arregalados, só teve reação quando eu gritei e corri!

– Eu fiquei surpreso com o que ela fez!

– Hunf! Mesmo assim! Aposto que gostou quando ela te beijou!

– Tá doida?! Ela não sabe beijar! E tem cheiro de maquiagem! Eu só gosto de beijar você... – ele disse se aproximando, afim de um beijo, mas eu virei o rosto, fazendo com que o beijo saísse em minha bochecha.

– Ainda estou brava com você, vamos ver o filme, talvez eu me acalme. – marcavam 19:00 horas no relógio, ainda dava tempo, o shopping era perto.

Depois do filme Lucas me disse:

– Quero te levar à um lugar.

– Ok.

Eu quase chorei de emoção. Era lindo, bom, um tanto perigoso, era quase numa montanha e estávamos “ligeiramente” na ponta pois havia uma estrada atrás de nós, mas, quando olhávamos para o céu dava quase para contar as estrelas, elas pareciam que iam cair a qualquer momento, de tão próximas que estavam. A estrada a estrada atrás de nós estava vazia, então sentamos e ficamos admirando o céu.

Ficamos ali um bom tempo nos beijando, até que eu vi uma luz branca e saí correndo puxando Lucas, mas...

– Lucas, CUIDADO! – Só deu tempo de ver os faróis. E estava em choque, Lucas havia sido atropelado, bem, ele não, o pé dele. Ele gritou de dor. – Lucas... Lucas! Lucas você consegue andar?

– Magrela, a gente tem que sair daqui! Vamos pro carro! – o carro dele estava um tanto próximo, mas....

Tarde de mais.

POV. Narradora

Eles tinham caído. Um carro. Um carro havia perdido o controle tentando desviar deles numa tentativa brusca e falha, o outro carro que havia atropelado o pé de Lucas e esse carro eram de amigos que voltavam de uma festa, eles estavam completamente bêbados e não conseguiam nem falar direito, quanto mais dirigir.

Antes disso, Jennifer tentava puxar Lucas pra fora da rua em direção ao carro de Lucas, mas ele tinha quebrado quase todos os ossos do pé, e apesar de não demonstrar, sua dor era indescritível, ele não queria fazer Jennifer deixar de alcançar por causa do seu pé, por enquanto, seu pé estava machucado, mas ficar ali poderia custar a vida dos dois. Eles andavam pra fora da rua deixando um rastro de sangue onde o pé dele passava.

– Rápido Lucas! –Jennifer dizia com lágrimas nos olhos.

– To... tentando... difícil – Lucas fazia força para não chorar de dor, mas viu outra luz branca ao longe. – CORRE MAGRELA! – Ele gritou – VAI!

– Não, eu não vou te deixar aqui! Se formos morrer, morreremos juntos, como Romeu & Julieta!

– Isso é burrice, corre!

Tarde de mais. O carro os acertou tão em cheio, primeiro Lucas, que tentou “protegê-la” de nem ele sabia o quê, só queria protegê-la e depois Jennifer, que segurava a mão dele envoltos num abraço eles disseram em uníssono: “Eu te amo”, se beijaram e...

Eles caíram do morro, juntos, Lucas morrera primeiro, alguma parte do carro o atingiu na cabeça fazendo-o perder a consciência e junto veio muito, muito sangue e os fez sair “voando”, ele e Jennifer. O corpo deles fora encontrado no dia seguinte, eles estavam ainda estavam “abraçados”, Jennifer estava deitada sobre o peito dele, eles estavam em cima de algumas pedras um tanto pontudas e muito, muito grandes.

De qualquer modo, eles foram encontrados sorrindo com a face voltada uma para a outra, cobertos numa “piscina” de sangue que saia do corpo de ambos, mas, principalmente da cabeça de Lucas que sofrera um trauma craniano. A face de Jennifer dava a entender que ela se sentira “feliz” por morrer com seu amado.


Os pais de ambos nunca aceitaram a situação. A mãe de Lucas ficou depressiva por um longo tempo, mas se recuperou um pouco por Julie, a pequena Julie não se lembrava bem do irmão, mas sabia que ele tinha sido extremamente carinhoso com ela, pois sua mãe sempre a lembrava disso. A mãe de Jennifer ficou louca e assim permaneceu, ela não aceitava que os últimos momentos com a filha tinham sido uma briga. Ela ainda acreditava que tudo se tratava de um pesadelo e “conversava” com a Jennifer imaginária que sua mente produziu. Melanie a visita todos os dias no manicômio. Apesar de que tinha ficado em choque durante um bom tempo, Melanie não se deixou abater, sabia que sua irmã não ia gostar de vê-la chorando toda vez que se lembrasse dela, não, Jennifer ia querer vê-la sorrindo, e assim ela fez. O pai de Jennifer após tomar muitas doses de whisky por causa da culpa, pensou em se matar, mas lembrou-se de Melanie, ele não poderia fazer isso à ela, além disso, ele começou a pensar assim como ela, ele não iria chorar mais a morte da filha, iria sorrir ao se lembrar de bons momentos com ela. Melanie achou-o semi-consciente em seu escritório, ela estava assustada, achava que ele tinha morrido, mas ele ainda respirava, como ela checou, ela só pensou em uma coisa: chamar uma ambulância, e foi o que fez. Depois disso, o pai dela viu dedicou quase todo seu tempo à ela e eles se tronaram mais próximos do que ele poderia imaginar. Johanna tinha ficado em choque por um tempo, pensando nas atitudes que tivera com Jennifer e se sentiu triste por um mês, depois disse se tornou mais fútil que antes.


Aqui nos despedimos. Este foi o último capítulo da fic. Vimos através dos capítulos o desenrolar da história de Lucas e de Jennifer. Vimos o final da história. E Sim, eu chorei escrevendo esse capítulo. Espero que tenham gostado da história do casal.