— Para que buscar poder? – ela perguntou.

— Para acabar com ele! – ele soltou a katana segurando os pulsos da rosada – Ele destruiu minha vida! - ele gritou.

— Você teve a chance de recomeçar – ela falou.

— Droga! – ele falou se afastando.

Ele passava as mãos na cabeça parecendo nervoso.

— Dai – ela falou carinhosa – Volta – ela pediu.

— Mesmo depois de tudo você ainda me quer? - ele perguntou- Você vai se machucar!

— Se você continuar a me afastar, eu irei – ela falou.

Daisuke avançou na direção da rosada que tinha a visão embaçada por causa das lagrimas que se formavam. Ela fechou os olhos esperando o impacto que não veio. Abriu os olhos e viu Sasuke segurando as duas mãos de seu irmão que estavam fechadas em um soco.

— Trouxe um amigo? Pensei que tinha aprendido – o irmão caçoou.

Sakura encarou o irmão triste.

— Fale o quanto quiser, não conseguirei sentir ódio ou raiva, você é meu irmão – ela falou.

— Por que eu matei nossos pais na sua frente por poder, e você continua me querendo ao seu lado?! – ele perguntou.

— Você é minha única família – ela falou abaixando a cabeça – Não importa o que você fez ou se quer me matar. Não me importa se isso lhe trazer felicidade e paz ficarei feliz em ajuda-lo.

— Você é como eles. Procuram paz e felicidade nas coisas mais simples quando podem ter qualquer coisa. Eu pensava ser feliz, mas depois que conheci outra forma de felicidade, eu fico em busca de um poder que ele possui e você o ganhou sem sacrifício – ele tentou ir para cima.

Foi impedido por Sasuke que o empurrou para traz.

— Fique longe! – o mesmo avisou.

— Seu amigo está me irritando – o irmão falou.

Ele foi para cima do moreno que o segurou sem esforço.

— Entendo, é mais um Uchiha para me perturbar.

Os dois começaram a brigar. Sakura olhava os dois. Ela olhou para traz olhando ao redor.

— Sasuke! – ela gritou.

Ele virou e recebeu um soco no rosto. Sasuke olhou entre as arvores, olhou a rosada e assentiu, ele olhou para frente viu o loiro pular em uma arvore rindo.

— Acha mesmo que viria sozinho, sei que não posso contra o Itachi, mas talvez o irmão dele sirva para meus planos.

Sakura colocou a mão nas flechas dando passos até encostar as costas nas do moreno. Os dois olharam ao redor preparados. Sakura atirou várias flechas em vários vultos que corriam entre as arvores e caiam no chão, inconscientes. O irmão aproveitou a distração e sumiu entre as arvores. Sasuke olhou para o loiro e se preparou para ir atrás dele, foi impedido por Sakura que segurou o braço dele e quando ele a encarou ela negou com a cabeça.

Os dois pegaram caminho para a casa afastada que um dia foi um lugar de lembranças felizes por parte da rosada... Sakura estava abraçada a si própria com os olhos fixos no chão. Sasuke olhava a rosada pelo canto do olho enquanto caminhavam.

Ela tinha a mesma história que ele, mas fez uma escolha diferente, ao contrário dele ela não optou por vingança.

Sakura subiu direto para seu quarto. Sasuke a seguiu devagar. Abriu a porta e viu a menina sentada na cama encarando a janela segurando algo no colo. Ele se aproximou.

— Você está bem? – ele perguntou.

— Sasuke se não se importa quero ficar um pouco sozinha – ela falou sem encara-lo.

A voz da rosada era como um sussurro fraco e cansado. Sasuke não saiu, apenas sentou na cama e a abraçou por trás fazendo o que ele precisava quando ficou no estado que ela estava. Ele melhor que ninguém a entendia. Sakura o abraçou enterrando sua cabeça no tórax dele deixando o choro vir, molhando a camisa do moreno que não se importou. Se fosse outra pessoa no lugar do moreno Sakura não demonstraria ser vulnerável, mas quando estava perto dele ela se sentia segura e podia falar ou demonstrar para ele o que ela sentia realmente. Os dois se completavam mesmo não se conhecendo há muito tempo.

O moreno acariciava os fios rosados sentindo o quanto ela precisava de alguém com quem pudesse demonstrar o que verdadeiramente sentia. Depois de um tempo a rosada dormiu, seu rosto estava vermelho. O moreno a ajeitou na cama e observou detalhadamente os traços dela. Notou um pequeno pingente azul pendurado por uma corrente prateada fina no pescoço dela.

Toda a coragem que tinha reunido para deixa-la tinha o abandonado, a rosada desde o primeiro momento tinha conseguido mexer com ele.

Pena, era um sentimento que ele havia pensado não ter mais, porem ao ver os objetivos que o tio tinha para a rosada, ele sentiu pena e queria protegê-la de toda dor que ela sentiria. Ele saiu do quarto e foi ao seu. Havia passado cinco dias desde o dia que chegara ao vilarejo. Ele sentiu que suas forças estavam diminuindo e assim seu dom de rastrear as pessoas, ele já desconfiava desde o momento que procurou a rosada na floresta o que foi mais difícil que o normal...

Logo de manhã Sakura estava na cozinha tomando um chá pensando no dia anterior, nas palavras que seu irmão falou rudemente para ela. Ouviu passos na escada e logo o moreno a sua frente a observando detalhadamente depois sentando a sua frente. Sakura deu a volta na mesa e parou ao seu lado, ele a encarou e ela simplesmente sentou no colo dele.

— Você tem que se alimentar – ela falou.

O moreno entendera, mas se negava a fazer aquilo. Ela percebeu e alcançou algo pontiagudo. Ele segurou seu pulso antes dela fazer algo.

— Não vou lhe machucar – ele falou.

— Ficara vulnerável – ela falou.

— Sabe que não me importo.

Sakura abaixou a cabeça tentando pensar em algo.

— Acho que você deveria...

Ele a interrompeu apertando seu pulso sem perceber, enquanto a encarava profundamente em suas esmeraldas. Ele parou se dando conta do que fazia. Ela se levantou e foi até a sala. Mexeu em um pequeno frigobar, retirou uma garrafa com um liquido dentro, foi à cozinha e pegou um copo servindo o liquido avermelhado dando ao moreno que pegou e bebeu no mesmo instante.

— Não sei por que recusa tanto, fez à vida inteira isso com as pessoas – ela falou colocando a garrafa na geladeira.

Ele suspirou deixando o copo na pia e se aproximou dela.

— Quanto mais convivo com você mais vontade eu tenho, isso pode lhe machucar severamente.

Sakura sentiu o moreno a abraçar forte. Encararam-se por alguns instantes, seus rostos se aproximaram sem comando algum. Foram interrompidos pela porta se abrindo.

— Sakura-sama?! – Hideki entrou procurando a rosada.

Sakura o encarou prevendo problemas por causa do sufixo usado pelo melhor amigo quando ele entrou na cozinha correndo.

— O hospital está cheio de feridos – ele falou ofegante.

Sakura saiu correndo indo em direção ao hospital sendo seguida pelos dois. Chegando lá Sakura olhou para os lados averiguando a gravidade. Todos pararam e olhavam para ela esperando as instruções.

— Separem os casos de acordo com a gravidade – ela falou vendo todos assentirem – Os novatos cuide dos menos graves, os que possuem um conhecimento um pouco maior cuidem dos casos que não são graves, mas também não são básicos e os mais avançados cuidem dos mais graves – ela falou.

Todos começaram a separar os feridos como ela havia instruído. Sakura foi em direção aos mais feridos. Analisou um jovem que estava com diversos cortes fundos. Ela pegou uma agulha já preparada de dentro da bolsa que pegara antes de sair. Ajeitou o braço do jovem e aplicou, os ferimentos começaram a cicatrizar rapidamente não deixando vestígios dos ferimentos que estavam ali.

Fez em várias pessoas gravemente feridas a mesma coisa e após algumas horas o pequeno hospital estava quase vazio. Sakura se escorou na parede cansada. Hideki falava com Sasuke enquanto ajudava outro guerreiro.

A visão de Sakura começou a girar e ela colocou as mãos na cabeça sabendo o que aconteceria. Seu corpo deslizou pela parede até alcançar o chão. Imagens começaram a passar na mente de Sakura, mas não era como as outras vezes as imagens pareciam passar aleatoriamente. Aos poucos ela foi voltando à realidade. Sasuke e Hideki estavam a sua frente a olhando.

— O que foi dessa vez? – Hideki perguntou preocupado com o futuro do vilarejo.

— Eu.... Eu não sei – ela gaguejou confusa – As imagens foram aleatórias.

Ela se levantou e se despediu indo para casa acompanhada pelo moreno. Subiu para seu quarto, ainda confusa. Após um banho demorado jogou-se na cama e fechou os olhos. Concentrou-se e ouviu vozes um pouco afastadas, tentou entender o que diziam, mas foi tirada de seus devaneios com o barulho da porta sendo aberta. Sakura abriu os olhos vendo o moreno se aproximar. Ela sentou na cama dando espaço para ele fazer o mesmo.

— Seu dom é como o do Itachi? – ele perguntou.

— Não Sasuke, seu irmão prevê os movimentos já eu tenho visões do futuro e às vezes do passado – a rosada explicou.

Ele a encarava surpreso era um dom antigo que fora visto poucas vezes. Ela sorriu.

— Rastreamento, não é? – ela perguntou referindo-se ao dom do moreno que assentiu.

— Como sabe? – ele perguntou.

— Pelo jeito que chegou tão perto do acampamento antes de saber sua localização.

Ela respirou fundo para continuar.

— E também quando Itachi vem me visitar ele esconde sua presença e você o sentiu mesmo assim.

— Como começou sua relação com ele?

— Ele me tirou daquele lugar e me trouxe aqui – ela falou vendo ele a encarando esperando ela continuar a falar do irmão.

Ela sorriu mais uma vez, ele se interessava no que o irmão fazia mesmo querendo mata-lo.

— Ele falou que sempre vinha aqui e conheceu minha família por isso me deixou aqui na guarda de meu “irmão”.

— Então seu irmão se afastou há pouco? – ele perguntou a ela que assentiu – Quando ele matou seus pais?

— Na época eu tinha 12 anos – o sorriso dela continuava no rosto dela.

— Não sente raiva ou ódio? –ele perguntou.

— No início, depois eu não consegui mais – ela falou.

— Por quê?

— No final ele é minha família – ela falou abaixando o olhar.