Duas horas haviam se passado após desligar o telefone. Minha amiga Sophia finalmente chegava em casa, encontrando-me no quarto, já pronta como ela havia indicado. Minha mãe, dona Lara, ao perceber minha presença, veio até mim, dando-me um abraço e fazendo piadas descontraídas.

— Amiga, você está um arraso! — ela exclamou, puxando-me para o espelho. — O Lucas vai ficar louco por você.

Insegura, eu respondi:

— Será? Eu ainda estou nervosa.

Sophia, sempre cheia de confiança, interveio:

— Não precisa ficar, amiga. Você é linda, corajosa e merece ser feliz. — E, para enfatizar suas palavras, deu-me um beijo na bochecha. — Agora vamos descer, ele deve estar chegando.

— Tá bom. — concordei, me segurando nela

Descemos as escadas e encontramos minha mãe na sala, assistindo uma novela. Ela sorriu ao nos ver.

— Olá, meninas. Vocês estão muito bonitas.

— Obrigada, dona Lara. — agradeceu Sophia, educada.

— Obrigada, mãe. — agradeci, sem graça.

Minha mãe informou que Lucas já havia ligado e estava a caminho. Ela falou com um brilho nos olhos:

— Ele é um rapaz muito educado e gentil. Eu gosto dele.

— Mãe... — protestei, corando.

— O que foi, filha? — ela perguntou, inocente. — Eu só estou dizendo a verdade.

— Eu sei, mãe, mas... — tentei explicar, mas fomos interrompidas pela campainha.

— Deve ser ele. — minha mãe disse, levantando-se. — Vou atender.

Ela foi até a porta e a abriu. Lá estava Lucas, com um sorriso no rosto, vestindo calça jeans, uma camiseta preta e um casaco cinza. Ele segurava uma caixa de chocolates na mão.

— Olá, dona Lara. Tudo bem? — cumprimentou educado.

— Olá, Lucas. Tudo bem, e você? — respondeu minha mãe, cordial. — Eu trouxe isso para a senhora.

Lucas entregou a caixa de chocolates, surpreendendo e agradando minha mãe.

— Que gentileza, Lucas. Muito obrigada. — agradeceu ela, sorrindo. — Não foi nada, dona Lara. É só um agrado.

Ele olhou para mim e Sophia, sorrindo, e veio até nós.

— Olá, meninas. Vocês estão muito bonitas.

— Olá, Lucas. — cumprimentou Sophia, animada. — Obrigada, você também está muito bonito.

— Oi, Lucas. — cumprimentei, nervosa. — Obrigada, você também.

Ele olhou nos meus olhos, e eu senti um frio na barriga. Ele parecia gostar do que via.

— Eu trouxe um filme para a gente assistir. — anunciou, mostrando um DVD. — É um romance, eu espero que vocês gostem.

— Que legal, Lucas. — Sophia disse, fingindo interesse. — Qual é o nome?

— É "Um amor para recordar". — respondeu, empolgado. — É um dos meus favoritos.

— Ah, eu já vi esse filme. — mentiu Sophia. — É muito bonito.

— Eu nunca vi. — admiti, sincera.

— Então você vai adorar. — afirmou ele, confiante. — É uma história muito emocionante.

— Eu tenho certeza que sim. — disse, sem jeito.

— Bom, vamos para o seu quarto, então? — perguntou, olhando para mim.

— Claro. — concordei, levantando-me e me segurando na Sophia

— Vamos, amiga. — chamou Sophia, guiando-me.

— Divirtam-se, meninas. — desejou minha mãe, piscando para mim.

— Obrigado, dona Lara. — agradeceu Lucas.

— De nada, Lucas. — respondeu ela, gentil.

Subimos as escadas e fomos para o meu quarto. Fechei a porta atrás de mim, e meu coração batia mais forte. Eu ia beijar o Lucas.

Lucas gentilmente me ajuda a subir na cama, e Sophia, compreendendo que precisaria de espaço para a minha perna e também para o meu momento especial, decide ficar do lado de fora do quarto. Lucas, preocupado comigo, pergunta se estou melhor.

— Estou um pouco dolorida, mas vou ficar bem. — respondo, sorrindo para tranquilizá-lo.

Sophia, do lado de fora, brinca:

— Eu já vi esse filme, Lucas. Pode ir cuidar da Ana. Tenho certeza de que ela vai adorar a sua companhia.

Lucas me entrega o DVD enquanto pego meu notebook, e Sophia, batendo na porta, entrega-nos as pipocas antes de sair para fazer companhia à minha mãe. No entanto, minha mãe parece ficar um pouco incomodada com a ideia de Lucas e eu ficarmos sozinhos no quarto. Sophia, notando a preocupação dela, intervém:

— Relaxa, dona Lara. Nada vai acontecer. Somos amigos, como irmãos. Só queremos aproveitar o filme e as pipocas.

Minha mãe, ainda um pouco hesitante, sorri e concorda, parecendo mais tranquila com a explicação de Sophia. O clima fica mais leve, e Lucas e eu começamos a assistir ao filme, curtindo o momento descontraído.

Nós nos sentamos na minha cama e colocamos o DVD no meu notebook. Eu abro a página na web para pesquisar sobre o filme. Eu leio a sinopse e vejo que é uma história de amor entre dois jovens que se conhecem na escola e enfrentam vários desafios juntos. Um deles tem uma doença grave e o outro faz de tudo para realizar os seus sonhos. Eu sinto uma pontada de tristeza e esperança ao mesmo tempo.

— Você já viu esse filme antes? - eu pergunto, curiosa.

— Sim, eu já vi umas três vezes. - ele diz, sorrindo. - Eu gosto muito dele.

— Por quê? - eu pergunto, interessada.

— Porque ele me faz pensar na vida, no amor, na fé. - ele diz, sério. - Ele me mostra que nada é impossível quando a gente ama alguém de verdade.

— Que bonito. - eu digo, admirada.

— Você acredita nisso? - ele pergunta, me olhando.

— Acreditar em quê? - eu pergunto, confusa.

— No amor. - ele diz, simples.

— Eu... eu não sei. - eu digo, hesitante. - Eu nunca me apaixonei de verdade.

— Nem eu. - ele diz, sincero. - Mas eu gostaria de me apaixonar.

— Você gostaria? - eu pergunto, surpresa.

— Sim, eu gostaria. - ele diz, confirmando. - E você?

— Eu também. - eu digo, baixinho.

Ele se aproxima de mim e segura a minha mão. Eu sinto um calor no meu peito e um arrepio na minha espinha. Ele me olha nos olhos e eu vejo um brilho no seu olhar. Ele se inclina e encosta os seus lábios nos meus. Eu fecho os olhos e me entrego ao beijo. Ele é suave, doce, delicado. Ele me beija com carinho, com respeito, com paixão. Eu retribuo o beijo com a mesma intensidade, com a mesma emoção, com a mesma vontade. Nós nos beijamos como se fosse a primeira e a última vez. Nós nos beijamos como se fosse o nosso amor para recordar.

Após o beijo, Lucas afasta-se um pouco, olhando-me nos olhos com um sorriso tímido.

— Isso foi... incrível.

Eu sorrio, ainda sentindo as borboletas no estômago.

— Você também acha?

— Com certeza. Eu não esperava que fosse tão especial.

— Foi especial para mim também.

Ficamos ali, olhando um para o outro, ainda sentindo a intensidade do momento. Sophia bate à porta, interrompendo o silêncio.

— Posso entrar ou vocês estão ocupados demais?

Eu e Lucas rimos, ainda meio atordoados.

— Pode entrar, Sophia.

Sophia entra com um sorriso malicioso.

— Viu, eu sabia que vocês estavam se pegando.

Lucas cora um pouco, e eu apenas dou risada.

— Você é péssima em guardar segredos, Sophia.

— Eu só sou boa em provocar mesmo.

A noite continua com risadas, pipocas, e o filme que, apesar de ter começado, parece ter ficado em segundo plano para a história que estava se desenrolando entre eu e Lucas.

Após o final do filme, Lucas acaricia as minhas bochechas com os dedos e beija a ponta do meu nariz. Sophia estava do nosso lado e começa a zoar.

— E aí, casal? - ela diz, rindo. - Gostaram do filme?

— Eu adorei. - eu digo, sorrindo.

— Eu também. - Lucas diz, me abraçando.

— Que bom, que bom. - Sophia diz, fingindo entusiasmo. - Mas eu tenho uma coisa para falar.

— O que foi? - eu pergunto, curiosa.

— Eu vou embora. - ela diz, se levantando.

— O quê? - eu digo, surpresa.

— É isso mesmo. - ela diz, pegando a sua bolsa. - Eu tenho que ir para casa, minha mãe está me esperando.

— Mas já? - eu digo, decepcionada.

— Sim, já. - ela diz, firme. - Eu já fiquei tempo demais aqui.

— Mas você não pode ficar mais um pouco? - eu digo, implorando.

— Não, eu não posso. - ela diz, negando. - Eu tenho que ir, é sério.

— Tá bom, tá bom. - eu digo, me rendendo. - Mas por que você está tão apressada?

— Porque eu quero deixar vocês dois a sós. - ela diz, piscando para mim.

— O quê? - eu digo, corando.

— Isso mesmo. - ela diz, confirmando. - Eu sei que vocês querem ficar juntinhos, se beijando, se abraçando, se amando...

— Sophia! - eu digo, envergonhada.

— Que foi? - ela diz, inocente. - Eu só estou dizendo a verdade.

— Mas você não precisa ir embora por causa disso. - eu digo, sem graça.

— Claro que eu preciso. - ela diz, decidida. - Eu não quero atrapalhar o clima de vocês.

— Que clima? - eu digo, nervosa.

— O clima de romance, oras. - ela diz, óbvia. - Vocês estão apaixonados, eu posso ver.

— Nós não estamos... - eu tento dizer, mas sou interrompida por Lucas.

— Nós estamos sim. - ele diz, me olhando com amor.

— O quê? - eu digo, surpresa.

— Nós estamos apaixonados. - ele diz, me beijando na boca.

— Awn, que fofo. - Sophia diz, se derretendo. - Eu sabia que vocês se gostavam.

— Você sabia? - eu pergunto, confusa.

— Claro que eu sabia. - ela diz, orgulhosa. - Eu sou a sua melhor amiga, eu sei de tudo.

— E você não me contou? - eu pergunto, indignada.

— Eu não podia. - ela diz, se defendendo. - Eu tinha que deixar vocês se descobrirem sozinhos, precisei só dar o empurrãozinho hoje a noite.

— E você conseguiu. - Lucas diz, agradecido. - Obrigado, Sophia. Você é a melhor.

— De nada, Lucas. - ela diz, sorrindo. - Eu só quero ver vocês felizes.

— Nós somos. - eu digo, feliz.

— Que bom, que bom. - ela diz, satisfeita. - Agora eu vou mesmo embora.

— Tá bom. - eu digo, aceitando.

— Tchau, amiga. - ela diz, me abraçando. - Eu te amo.

— Tchau, amiga. - eu digo, retribuindo. - Eu também te amo.

— Tchau, Lucas. - ela diz, o abraçando. - Seja bom com ela.

— Tchau, Sophia. - ele diz, retribuindo. - Pode deixar.

Ela pega a sua bolsa e sai do meu quarto. Ela fecha a porta atrás de si e nos deixa a sós. Eu olho para o Lucas e ele olha para mim. Nós sorrimos e nos beijamos. Nós estamos apaixonados.

Após Sophia sair, Lucas aperta a minha mão e acaricia as minhas bochechas. Encosto minha cabeça em seu ombro.

— Lucas você está bem? Gostou do beijo? Eu me sai bem? - pergunto com o rosto vermelho de vergonha

— Estou ótimo. Eu adorei seu beijo, você tem um beijo doce. Sabe, eu estava querendo conversar com você sobre uma coisa.

— Sério? O que é?

— Bom, eu...

Ele foi interrompido pelo som da campainha. Era a mãe da Sophia, que tinha vindo buscá-la. Eu ouvi a voz da minha mãe, dona Lara, atendendo a porta. Ela estava assistindo sua novela favorita na sala, mas fez uma pausa para receber a visita.

— Oi, dona Maria. Tudo bem?

— Tudo bem, dona Lara. E a senhora?

— Tudo ótimo. A Sophia está aí?

— Está, sim. Ela já está descendo.

Eu ouvi os passos da Sophia na escada. Ela se aproximou da minha mãe e anunciou que estava indo para casa.

— Tchau, dona Lara. Muito obrigada pelo convite. A senhora é muito gentil.

— Imagina, querida. Foi um prazer ter você aqui. Você é uma ótima companhia.

Minha mãe abraçou a Sophia e deu um beijo na bochecha dela. Ela era muito carinhosa com as minhas amigas. Ela sabia que eu não tinha muitas e que a Sophia era a minha melhor amiga.

— Tchau, Sophia. Volte sempre que quiser. Você é como uma filha para mim.

— Obrigada, dona Lara. A senhora é como uma mãe para mim.

Eu ouvi a voz da mãe da Sophia, que estava esperando no carro.

— Sophia, vamos. Não quero te atrasar.

— Já vou, mãe. Só estou me despedindo.

Sophia se soltou do abraço da minha mãe e correu para a porta. Ela acenou para mim e para o Lucas, que estávamos na janela do meu quarto.

— Tchau, Ana. Tchau, Lucas. Até amanhã.

— Tchau, Sophia. Até amanhã. - nós respondemos em coro.

Minha mãe abriu a porta para a Sophia, que agradeceu mais uma vez e saiu da minha casa, indo em direção ao jardim. Ela entrou no carro da mãe dela, que arrancou e saiu da rua.

Minha mãe fechou a porta e voltou a sentar no sofá. Ela pegou o controle remoto e continuou a assistir a sua novela. Ela adorava as histórias de amor e drama que passavam na TV. Ela não sabia que naquele momento, eu estava vivendo a minha própria história de amor no meu quarto.

Eu e o Lucas nos beijamos com paixão. Foi o nosso primeiro beijo, mas parecia que nós já nos conhecíamos há muito tempo. Eu senti uma explosão de emoções dentro de mim. Eu estava apaixonada por ele e ele por mim.

Nós nos separamos e nos olhamos nos olhos. Ele sorriu e acariciou o meu rosto. Ele me puxou para um abraço e me aconchegou em seu peito. Eu ouvi o seu coração batendo forte. Ele me beijou na testa e sussurrou no meu ouvido:

— Eu te amo, Ana. Você é a garota mais incrível que eu já conheci.

— Eu também te amo, Lucas. Você é o garoto dos meus sonhos.

Nós ficamos abraçados por um tempo, aproveitando aquele momento mágico. Nós não nos importávamos com mais nada. Só com nós dois.

Lá embaixo, na sala, minha mãe estava assistindo a sua novela. Ela estava tão envolvida na trama que nem percebeu a chegada do meu pai, seu Pedro. Ele entrou em casa e deu um beijo na minha mãe. Ela se assustou e olhou para ele.

— Oi, amor. Você chegou cedo hoje.

— Oi, querida. Sim, eu consegui sair mais cedo da loja. Foi um dia bem desafiador.

— O que aconteceu?

— Ah, você não vai acreditar. A MegaGadget está sendo desafiada, aquela loja de eletrônicos que abriu do outro lado da rua, está fazendo uma promoção imperdível. Eles estão vendendo TVs, celulares, notebooks e outros produtos por preços muito baixos. Eles estão atraindo todos os clientes da região.

— Nossa, que absurdo. Eles estão querendo acabar com a sua loja?

— Parece que sim. Eles são muito desleais. Eles estão vendendo produtos de baixa qualidade e sem garantia. Eles estão enganando os consumidores.

— Que horror. E o que você vai fazer?

— Eu vou reagir. Eu vou fazer uma campanha para mostrar que a minha loja é melhor. Que eu vendo produtos de qualidade e com garantia. Que eu tenho um bom atendimento e uma boa assistência técnica. Que eu sou honesto e confiável.

— Isso mesmo, amor. Você tem que defender o seu negócio. Você trabalha duro e merece o sucesso.

— Obrigado, querida. Você é a minha maior incentivadora. Eu te amo.

— Eu também te amo.

Eles se beijaram e se abraçaram. Eles eram um casal feliz e unido. Eles não sabiam que no andar de cima, eu e o Lucas estávamos vivendo o nosso próprio romance.

Meu pai, após beijar a minha mãe, perguntou onde eu estava. Minha mãe disse que eu e o Lucas estávamos lá em cima assistindo filme. Ela disse que a minha amiga Sophia não quis dormir aqui em casa, porque tinha que acordar cedo no dia seguinte.

— Ah, que pena. Eu gosto da Sophia. Ela é uma boa amiga da Ana. - meu pai disse.

— É verdade. Ela é uma menina muito educada e simpática. - minha mãe concordou.

— E o Lucas? Ele é o namorado da Ana? - meu pai perguntou, curioso.

— Não sei, amor. Acho que eles são só amigos. A Ana nunca me falou nada sobre ele. - minha mãe respondeu, inocente.

— Hum, sei. Bom, eu vou subir para ver a minha princesinha. Estou com saudade dela. - meu pai disse, se levantando do sofá.

— Tudo bem, amor. Mas não demore muito. Ela deve estar cansada. - minha mãe disse, voltando a sua atenção para a novela.

Meu pai subiu as escadas e foi em direção ao meu quarto. Ele bateu na porta e entrou de mansinho. Ele me viu e o Lucas abraçados na minha cama. Ele ficou surpreso e um pouco irritado. Ele não esperava ver aquela cena.

— Oi, filha. Oi, Lucas. - ele disse, tentando disfarçar o seu desconforto.

— Oi, pai. Oi, seu Pedro. - nós dissemos, nos soltando rapidamente.

Eu fiquei nervosa e sem graça. Eu não sabia como explicar para o meu pai o que estava acontecendo. Eu não queria que ele soubesse que eu tinha acabado de dar o meu primeiro beijo. Que eu estava apaixonada pelo Lucas. Que eu não era mais a sua princesinha de 13 anos.

— Eu vim ver como vocês estão. Estão gostando do filme? - meu pai perguntou, olhando para a TV.

— Estamos, sim. É um filme muito legal. - eu disse, mentindo. Nós nem estávamos prestando atenção no filme. Nós só estávamos interessados um no outro.

— Que bom. E você, Lucas? Está se sentindo bem aqui em casa? - meu pai perguntou, olhando para o Lucas com um olhar severo.

— Estou, sim. Obrigado pela hospitalidade, seu Pedro. - o Lucas disse, educado. Ele percebeu que o meu pai não estava muito feliz com a nossa proximidade. Ele tentou se mostrar respeitoso e cordial.

— De nada, Lucas. Você é um bom rapaz. Mas eu espero que você saiba que a minha filha é muito especial para mim. Eu quero o melhor para ela. - meu pai disse, dando um recado indireto para o Lucas.

— Eu sei, seu Pedro. Eu também quero o melhor para ela. Eu gosto muito da Ana. Ela é uma garota incrível. - o Lucas disse, olhando para mim com amor.

Eu senti o meu coração derreter. Eu amei a forma como ele me defendeu. Ele não teve medo de dizer o que sentia. Ele mostrou que ele me valorizava.

— Eu sei que você gosta dela, Lucas. Mas eu espero que você seja cuidadoso com ela. Ela é muito nova e inocente. Ela não está preparada para certas coisas. - meu pai disse, insinuando que ele não queria que nós fizéssemos nada além de beijar.

— Eu entendo, seu Pedro. Eu respeito a Ana. Eu não vou fazer nada que ela não queira. - o Lucas disse, me abraçando de leve.

Eu me senti protegida e segura. Eu sabia que ele era sincero. Ele não ia me pressionar ou me machucar. Ele ia me tratar com carinho e respeito.

— Que bom, Lucas. Fico feliz em ouvir isso. Bom, eu vou deixar vocês à vontade. Mas não se esqueçam que já está tarde. Amanhã é dia de aula. - meu pai disse, se despedindo.

— Tudo bem, pai. Obrigada por vir. - eu disse, agradecida.

— Obrigado, seu Pedro. Boa noite. - o Lucas disse, educado.

Meu pai saiu do quarto e fechou a porta. Ele desceu as escadas e voltou para a sala. Ele se sentou ao lado da minha mãe e contou o que tinha visto.

— E aí, amor? Como eles estão? - minha mãe perguntou, curiosa.

— Estão bem. Eles estão assistindo filme. - meu pai disse, omitindo o detalhe do beijo.

— Que bom. Eles se dão bem, né? - minha mãe disse, sorrindo.

— Se dão, sim. Mas eu acho que eles são mais do que amigos. - meu pai disse, sério.

— Como assim? - minha mãe perguntou, surpresa.

— Eu vi eles abraçados na cama. Eles estavam se beijando. - meu pai disse, baixinho.

— O quê? A Ana beijou o Lucas? - minha mãe perguntou, chocada.

— Beijou, sim. Foi o primeiro beijo dela. - meu pai disse, triste.

— Nossa, amor. Eu não acredito. A nossa filha está crescendo. Ela está se apaixonando. - minha mãe disse, emocionada.

— Pois é, querida. Eu também não acredito. Eu não estou preparado para isso. Ela ainda é a minha princesinha. - meu pai disse, saudoso.

— Eu sei, amor. Eu também sinto isso. Mas nós temos que aceitar. Ela não é mais uma criança. Ela é uma adolescente. Ela tem os seus sentimentos. Ela tem o direito de se apaixonar. - minha mãe disse, compreensiva.

— Eu sei, querida. Eu sei. Mas eu não posso deixar de me preocupar. Eu quero protegê-la. Eu quero que ela seja feliz. - meu pai disse, preocupado.

— Eu também, amor. Eu também. Mas nós temos que confiar nela. Ela é uma boa menina. Ela sabe o que faz. E o Lucas parece ser um bom garoto. Ele parece gostar dela de verdade. - minha mãe disse, otimista.

— É, eu espero que sim. Eu espero que ele cuide bem dela. Que ele não a magoe. Que ele a faça feliz. - meu pai disse, esperançoso.

— Eu tenho certeza que sim, amor. Eu tenho certeza que sim. - minha mãe disse, consolando o meu pai.

Eles se abraçaram e se beijaram. Eles se amavam e se apoiavam. Eles eram os melhores pais do mundo. Eles só queriam o meu bem. E eu os amava muito. Assim como eu amava o Lucas. E ele me amava. Nós éramos felizes. Nós éramos apaixonados. Nós éramos jovens. Nós éramos livres.

Enquanto meu pai conversa com a minha mãe, eu continuava no quarto com o meu amigo Lucas.

— E aí, Ana, o que você quer fazer? - ele me pergunta, colocando a mochila no chão.

— Tem algum jogo que você quer jogar? Ou algum filme que você quer ver?

— Ah, eu não sei, Lucas - eu digo, sem ânimo.

— Eu estou tão cansada de ficar nesse quarto. Eu queria sair, me divertir, fazer alguma coisa diferente.

— Eu sei, Ana, eu sei - ele diz, se sentando ao meu lado na cama.

— Mas você tem que ter paciência, logo você vai se recuperar e poder fazer tudo o que você quiser.

— É, eu sei - eu digo, suspirando.

— Mas é tão chato ficar aqui, sem poder fazer nada.

— Você não está sem fazer nada, Ana - ele diz, pegando a minha mão.

— Você está comigo, e eu estou com você. Nós somos amigos, lembra?

— Claro que eu lembro, Lucas - eu digo, olhando nos seus olhos.

— Você é o meu melhor amigo, e eu sou muito grata por você estar aqui comigo.

— Eu também sou muito grato por você, Ana - ele diz, se aproximando de mim.

— Você é a minha melhor amiga, e eu te adoro.

Ele me beija, de repente, e eu fico surpresa. Eu não esperava por isso, mas eu não resisto. Eu retribuo o beijo, sentindo uma emoção nova e forte. Ele me abraça, e eu me aconchego em seus braços. Ele me beija de novo, e eu me entrego ao momento.

Nós nos beijamos por alguns minutos, sem nos importar com mais nada. Até que nós ouvimos a voz do meu pai, vindo da cozinha.

— Ana, Lucas, venham jantar! Eu fiz uma lasanha deliciosa para vocês!

Nós nos afastamos, assustados. Nós nos olhamos, sem saber o que dizer. Nós nos levantamos, e ele pega a sua mochila.

— Ana, eu... - ele começa a falar, mas eu o interrompo.

— Lucas, não precisa dizer nada - eu digo, sorrindo nervosamente.

— Vamos jantar, depois a gente conversa.

— Tá bom, Ana - ele diz, concordando.

— Vamos jantar - ele diz me abraçando e me guiando até a porta do meu quarto.

Eu me seguro nele, e ele me ajuda a andar com a perna engessada. Nós saímos do quarto, e eu vejo os meus pais na sala, sorrindo para nós.

— Oi, filha, oi, Lucas - diz o meu pai, se levantando do sofá.

— Que bom que vocês vieram. A lasanha está pronta, vamos para a cozinha.

— Oi, pai, oi, mãe - eu digo, tentando agir naturalmente.

— Nós já estamos indo - caminhando seguindo o Lucas.

— Oi, senhor Pedro, oi, dona Lara - diz o Lucas, cumprimentando os meus pais. - Obrigado pelo convite, eu adoro a sua lasanha.

— Que isso, Lucas, você é sempre bem-vindo aqui - diz a minha mãe, abraçando ele.

— Você é como um filho para nós.

— Obrigado, dona Lara, você é muito gentil - diz o Lucas, retribuindo o abraço.

Nós seguimos para a cozinha, e eu sinto o meu pai me olhar com curiosidade. Eu ignoro o seu olhar, e me sento à mesa. O Lucas se senta ao meu lado, e eu sinto o seu braço tocar o meu. Eu olho para ele, e ele me olha de volta. Nós sorrimos, sem dizer nada.

Nós jantamos, conversando sobre coisas banais. Os meus pais perguntam sobre a escola, sobre os amigos, sobre os planos para o futuro. O Lucas responde com educação, mas eu percebo que ele está distraído. Eu também estou, pensando no beijo que nós demos. Eu me pergunto o que ele está sentindo, o que ele está pensando, o que ele quer de mim.

Após o jantar, os meus pais nos oferecem sobremesa, mas o Lucas recusa. Ele diz que está cansado, e que precisa descansar. Ele pede para eu mostrar o quarto de hóspedes, onde ele vai dormir. Eu concordo, e me levanto da mesa. Eu me despeço dos meus pais, e agradeço pela comida. Eles dizem que não foi nada, e que esperam que nós durmamos bem.

Eu levo o Lucas até o quarto de hóspedes, que fica no final do corredor. Eu mostro a cama, os cobertores, o banheiro, o armário. Ele agradece, e coloca a sua mochila no chão. Ele me olha, e eu o olho. Nós ficamos em silêncio, sem saber o que fazer.

— Ana, eu... - ele tenta falar, mas eu o interrompo de novo.

— Lucas, não precisa dizer nada - eu repito, sorrindo timidamente. - Boa noite, tá?

— Boa noite, Ana - ele diz, sorrindo também. - Até amanhã.

Eu me aproximo dele, e dou um beijo rápido em sua bochecha. Ele me abraça, e eu sinto o seu cheiro. Ele me solta, e eu me afasto. Eu saio do quarto, e fecho a porta. Eu volto para o meu quarto, sozinha.

Eu volto para o meu quarto, sozinha. Eu me deito na cama, e pego o meu celular. Eu mando uma mensagem para o Lucas, dizendo que eu estou com saudades dele. Ele me responde, dizendo que ele também está com saudades de mim. Ele me diz que ele me ama, e que ele quer me ver de novo. Ele me diz que ele não se arrepende do beijo que nós demos, e que ele quer ficar comigo.

Eu fico feliz, e confusa. Eu também o amo, mas ele é o meu amigo. Nós não podemos ficar juntos, isso é complicado. Mas eu não consigo evitar, eu sinto uma atração por ele. Eu sinto que ele é mais do que um amigo para mim, ele é o meu amor.

Eu não sei o que fazer, eu não sei como lidar com isso. Eu me sinto culpada, e assustada. Eu tenho medo de que os meus pais não aceitem, de que eles não gostem dele, de que eles nos proíbam de nos ver. Eu tenho medo de perder o Lucas, de perder a minha amizade, de perder a mim mesma.

Eu choro, baixinho, abraçando o meu travesseiro. Eu desejo que tudo fosse mais fácil, que o Lucas não fosse o meu amigo, que nós pudéssemos ser namorados. Eu desejo que os meus pais entendessem, que eles nos apoiassem, que eles nos deixassem ser felizes juntos.

Eu ouço uma batida na porta, e me assusto. Eu limpo as minhas lágrimas, e digo para entrar. É a minha mãe, com um sorriso no rosto.

— Oi, filha - ela diz, entrando no quarto. - Posso falar com você?

— Claro, mãe - eu digo, forçando um sorriso. - O que foi?

— Nada demais, filha - ela diz, se sentando na beira da cama. - Eu só queria te dar boa noite, e te dizer que eu te amo muito.

— Eu também te amo, mãe - eu digo, abraçando ela. - Você é a melhor mãe do mundo.

— Você é a melhor filha do mundo, Ana - ela diz, beijando a minha testa. - Você é a minha alegria, a minha luz, o meu orgulho.

— Obrigada, mãe - eu digo, sentindo uma pontada de remorso. - Você é muito boa para mim.

— Não diga isso, filha - ela diz, me olhando nos olhos. - Você merece tudo de bom, você é uma menina linda, inteligente, carinhosa, e corajosa.

— Você acha, mãe? - eu pergunto, baixando o olhar.

— Eu tenho certeza, filha - ela diz, levantando o meu queixo. - Você é especial, Ana, e eu tenho muito orgulho de você.

— Mãe, eu... - eu começo a falar, mas ela me interrompe.

— Shh, filha, não precisa dizer nada - ela diz, sorrindo. - Eu sei que você está passando por um momento difícil, com a sua perna, com a escola, com os seus sentimentos. Mas eu quero que você saiba que eu estou aqui para você, sempre. Você pode contar comigo, para o que precisar.

— Mãe, eu... - eu tento falar de novo, mas ela me interrompe de novo.

— Shh, filha, não se preocupe - ela diz, me abraçando. - Tudo vai ficar bem, você vai ver. Você vai se recuperar, você vai se formar, você vai encontrar o seu amor. Você vai ser feliz, Ana, eu prometo.

— Mãe, eu... - eu desisto de falar, e me calo. Eu não consigo contar a verdade para ela, eu não consigo dizer que eu já encontrei o meu amor, e que ele é o meu amigo.

— Eu te amo, filha - ela diz, me soltando. - Boa noite, durma bem.

— Eu te amo, mãe - eu digo, me sentindo uma mentirosa. - Boa noite, durma bem.

Ela se levanta, e vai até a porta. Ela me olha, e sorri. Ela sai do quarto, e fecha a porta. Eu fico sozinha, de novo. Eu pego o meu celular, e vejo uma nova mensagem do Lucas. Ele me diz que ele está com saudades de mim, e que ele quer me ver de novo. Ele me diz que ele me ama, e que ele quer ficar comigo.

Eu respondo, dizendo que eu também estou com saudades dele, e que eu também quero vê-lo de novo. Eu digo que eu também o amo, e que eu também quero ficar com ele.

Eu minto, para a minha mãe, e para mim mesma. Eu minto, porque eu não sei como enfrentar a situação. Eu minto, porque eu não sei como ficar sem o Lucas. Eu minto, porque eu não sei como ficar com ele.

Eu desligo o celular, e coloco ele na mesa de cabeceira. Eu me cubro com o cobertor, e fecho os olhos. Eu tento dormir, mas eu não consigo. Eu fico pensando no Lucas, no beijo, no que vai acontecer amanhã. Eu fico com medo, e com esperança. Eu fico com dúvida, e com certeza.

Eu ouço outra batida na porta, e me assusto. Eu abro os olhos, e vejo a luz do corredor entrar pela fresta da porta. Eu reconheço a voz da minha mãe, chamando pelo Lucas.

— Lucas, posso entrar? - ela pergunta, com delicadeza.

Eu fico tensa, e me levanto da cama. Eu vou até a porta, e a abro. Eu vejo a minha mãe, parada no corredor, com um sorriso no rosto.

— Oi, mãe - eu digo, disfarçando o nervosismo. - O que foi?

— Oi, filha - ela diz, me olhando com surpresa. - Eu vim falar com o Lucas, ele está aí?

— Não, mãe - eu digo, mentindo de novo. - Ele já foi dormir, no quarto de hóspedes.

— Ah, que pena - ela diz, fazendo uma cara de decepção. - Eu queria dar boa noite para ele, e perguntar se ele está bem, se ele precisa de alguma coisa.

— Ele está bem, mãe - eu digo, tentando tranquilizá-la. - Ele não precisa de nada, ele só está cansado.

— Tem certeza, filha? - ela pergunta, desconfiada. - Ele não pareceu muito animado no jantar, ele estava meio quieto, meio triste.

— É normal, mãe - eu digo, inventando uma desculpa. - Ele está preocupado com a prova de amanhã, ele tem que estudar muito.

— Ah, é isso - ela diz, acreditando em mim. - Eu entendo, ele é um bom aluno, ele se esforça muito.

— É, mãe - eu digo, concordando. - Ele é um bom aluno, ele se esforça muito.

— E ele é um bom amigo, também - ela diz, elogiando ele. - Ele é muito gentil, muito educado, muito carinhoso. Ele é como um filho para mim.

— Eu sei, mãe - eu digo, sentindo uma pontada de ciúme. - Ele é um bom amigo, ele é como um filho para você.

— E ele é como um irmão para você, não é, filha? - ela pergunta, me olhando com ternura.

— É, mãe - eu digo, mentindo mais uma vez. - Ele é como um irmão para mim.

— Que bom, filha - ela diz, sorrindo. - Eu fico feliz que vocês sejam tão amigos, tão unidos, tão felizes.

— É, mãe - eu digo, forçando um sorriso. - Nós somos muito amigos, muito unidos, muito felizes.

— Eu te amo, filha - ela diz, me abraçando. - Boa noite, durma bem.

— Eu te amo, mãe - eu digo, me sentindo uma hipócrita. - Boa noite, durma bem.

Ela me solta, e vai embora. Eu fecho a porta, e volto para a cama. Eu me deito, e pego o meu celular. Eu vejo uma nova mensagem do Lucas. Ele me diz que ele está com saudades de mim, e que ele quer me ver de novo. Ele me diz que ele me ama, e que ele quer ficar comigo.

Eu respondo, dizendo que eu também estou com saudades dele, e que eu também quero vê-lo de novo. Eu digo que eu também o amo, e que eu também quero ficar com ele. Eu minto, para a minha mãe, e para mim mesma. Eu minto, porque eu não sei como viver sem o Lucas. Eu minto, porque eu não sei como viver com ele.