Abro os olhos e me surpreendo com a sensação de leveza que invade meu corpo. Parece que uma nuvem de dor se dissipou durante a noite, deixando em seu lugar uma onda de esperança e otimismo. Hoje é o dia em que finalmente poderei sair do quarto e respirar o ar puro do pátio do hospital. Com um sorriso no rosto, chamo minha mãe, Lara, que dorme em uma poltrona ao lado da minha cama.

— Mãe, acorde! Eu quero ir ao pátio! — digo, animada.

Ela abre os olhos e me olha com ternura. Vejo em seu rosto o alívio de me ver melhor, depois de tantos dias de angústia e preocupação.

— Que bom, minha filha! Você está se sentindo bem? — ela perguntou, levantando-se e se aproximando de mim.

— Estou ótima, mãe. A dor na coluna quase sumiu, e a perna engessada não me incomoda tanto. Por favor, me ajude a sair daqui. Eu preciso ver o sol! — imploro, ansiosa.

Ela me abraça e me beija na testa. Sinto seu amor e sua força me envolverem, me dando coragem para enfrentar o desafio de me levantar e caminhar até o pátio.

— Claro, minha querida. Vamos lá. Mas devagar, hein? Não queremos forçar demais. — ela diz, me ajudando a colocar os pés no chão.

Com cuidado, ela me apoia em seu braço e me guia pelo corredor do hospital. Sinto os olhares curiosos dos médicos, enfermeiros e pacientes que nos vêem passar. Alguns me cumprimentam com palavras de incentivo, outros me olham com admiração. Eu me sinto orgulhosa de mim mesma, por ter superado tantas dificuldades e estar cada vez mais perto da recuperação.

Chegamos ao pátio, e eu me deslumbro com a beleza da natureza. O céu está azul e sem nuvens, o sol brilha intensamente, e uma brisa suave sopra em meu rosto. Respiro fundo e sinto o aroma das flores que enfeitam o jardim. É como se eu estivesse renascendo, depois de um longo período de escuridão.

Minha mãe me acomoda em uma cadeira de rodas e se senta ao meu lado. Ela segura minha mão e me olha com carinho. Eu agradeço por ela estar comigo, por ter sido meu porto seguro durante toda essa provação.

— Mãe, eu te amo. Obrigada por tudo. — digo, emocionada.

— Eu também te amo, Ana. Você é a minha guerreira. — ela responde, me abraçando.

Nesse momento, ouço duas vozes familiares se aproximando. São Lucas e Sophia, meus melhores amigos, que vieram me visitar mais uma vez. Eles trazem um buquê de flores coloridas, que combinam com suas roupas alegres e seus sorrisos contagiantes.

— E aí, Ana! Como vai essa força? — Lucas perguntou, me dando um abraço.

— Olá, amiga! Você está linda hoje! — Sophia elogia, me entregando as flores.

— Oi, gente! Que bom que vocês vieram! Estou me sentindo muito bem, obrigada. — respondo, feliz.

— Que bom, Ana! Nós ficamos sabendo que você ia sair do quarto hoje, e viemos te fazer companhia. — Sophia diz, se sentando em um banco ao lado da minha cadeira.

— É isso aí, Ana. Você é uma vencedora! Logo, logo você vai estar de volta à sua vida normal, fazendo tudo o que gosta. — Lucas diz, se sentando no outro lado.

O colorido das flores, combinado com o calor da amizade, cria um momento especial. Conversamos sobre os acontecimentos recentes, rindo das histórias engraçadas e compartilhando pensamentos sobre o futuro. Eles me contam sobre as novidades da escola, os planos para o fim de semana, as fofocas dos colegas. Eu me divirto com suas piadas e suas aventuras, e me sinto parte do grupo novamente.

A enfermeira, ciente da minha breve saída do quarto, faz uma breve visita para garantir que tudo esteja em ordem. Ela verifica meus sinais vitais, confere o gesso da minha perna, e me elogiou pela melhora. Ela nos deixa aproveitar o pátio por um tempo, mas nos avisa que logo teremos que voltar.

O sol se movimenta no céu, e a conversa flui leve e descontraída. Minha perna engessada ainda demanda cuidados, mas a sensação de liberdade ao estar fora do quarto é revitalizante. Sinto que estou recuperando minha alegria de viver, e que tenho muito o que agradecer.

À medida que o tempo passa, agradecemos a visita, e Lucas e Sophia se despedem, prometendo retornar em breve. Eles me dão mais um abraço e me desejem boa sorte. Eu agradeço pela amizade e pelo carinho, e peço que eles me mandem notícias.

Minha mãe, sempre atenta, me ajuda a retornar ao quarto, onde a rotina hospitalar continua, mas agora com o sabor da esperança e da progressiva recuperação. Ela me ajeita na cama, me cobre com um lençol, e me dá um beijo na testa e disse que voltaria logo.

Pouco depois, a porta se abriu, revelando o Sr. Lefèvre, o italiano dono da charmosa loja de doces da cidade. Seu rosto transmitia simpatia, e seus olhos carregavam a expressão de quem se importava profundamente com a comunidade.

— Buongiorno, Ana! Como você está se sentindo? — ele cumprimentou, entrando com uma cesta de vime repleta de doces finamente embalados.

— Olá, Sr. Lefèvre! Estou melhorando aos poucos. Obrigada por vir. — respondi, sorrindo diante da surpresa agradável.

O Sr. Lefèvre escolheu um lugar ao lado da minha cama para acomodar a cesta. Cada doce era uma obra de arte, decorado com detalhes que revelavam o cuidado e a maestria que ele dedicava à sua arte.

— Trouxe alguns dos meus melhores doces para alegrar seu dia, cara Ana. Espero que encontre um pouco de conforto e doçura neles. — ele disse, com um sotaque italiano encantador.

A cesta revelava um verdadeiro festival de cores e sabores. Trufas de chocolate ricamente decoradas, macarons perfeitamente alinhados, e uma variedade de balas e confeitos enchiam o quarto com um aroma irresistível.

— Uau, Sr. Lefèvre, isso é incrível! Não sei nem por onde começar. — exclamei, admirando a exibição tentadora à minha frente.

O Sr. Lefèvre riu calorosamente, indicando a cesta como se fosse um tesouro a ser explorado.

— Não há pressa, querida. Saboreie cada doce no seu próprio tempo. Eles foram feitos com muito carinho. — ele incentivou, escolhendo uma trufa para si mesmo.

Compartilhamos histórias enquanto degustamos os deliciosos doces. O Sr. Lefèvre falou sobre sua paixão pela confeitaria e como cada receita carregava um pedaço da sua herança italiana.
O quarto ganha um aroma delicioso dos doces que adornam a cesta vazia. A visita do Sr. Lefèvre transformou o ambiente, deixando uma sensação de gratidão e conforto no ar.

Sentada na cama, observo a cidade pela janela enquanto degusto mais um dos maravilhosos doces. Cada mordida é uma explosão de sabores, uma paleta de sensações que temporariamente afasta as preocupações e dores que ainda persistem.

O Sr. Lefèvre, com sua gentileza e generosidade, proporcionou um interlúdio encantador em meio à rotina hospitalar. Os traços de sua herança italiana transparecem em cada criação, revelando não apenas habilidade culinária, mas também uma conexão profunda com suas raízes. Ao longo da tarde, as enfermeiras fazem suas visitas regulares, ajustando medicamentos e verificando sinais vitais. A cesta de doces, agora vazia, permanece como uma lembrança visual de um momento especial, um raio de sol em meio à convalescença.

O sol começa a se pôr, atingindo o céu com tons de laranja e rosa. O quarto, agora iluminado pela luz dourada do entardecer, adquire uma atmosfera serena. Minha mãe, Lara, retorna ao quarto, trazendo consigo uma bandeja com uma sopa caseira reconfortante.

— Como foi a visita do Sr. Lefèvre, querida? — ela perguntou, sentando-se ao meu lado.

— Foi maravilhosa, mãe. Os doces são incríveis, e o Sr. Lefèvre é uma pessoa adorável. — Respondo, compartilhando os detalhes do encontro.

Enquanto saboreamos a sopa, falamos sobre o dia, as visitas e os planos para o futuro, sempre com um toque otimista. A noite se instala, e o quarto se transforma em um refúgio aconchegante.

Lara faz uma massagem suave nas minhas costas, aliviando qualquer tensão remanescente. A luz suave do abajur cria uma atmosfera serena, e o som distante dos corredores do hospital se mistura com a quietude noturna.

— Descanse agora, Ana. Amanhã é um novo dia, e tenho certeza de que será ainda melhor. — Lara diz, beijando minha testa.

Agradeço por ter uma mãe tão amorosa e por cada gesto que torna esse desafio mais suportável. Com a promessa de um amanhã cheio de possibilidades, deixo-me envolver pela calma da noite, grata pelos momentos de doçura e apoio que continuam a tecer o fio da minha jornada de recuperação.

— Na vida, cara Ana, há momentos azedos que só o doce pode equilibrar. Espero que esses doces tragam um pouco de luz aos seus dias. — ele expressou, gentilmente.

Conversamos sobre a cidade, a loja de doces, e até mesmo sobre minha jornada de recuperação. O Sr. Lefèvre revelou-se não apenas como um hábil confeiteiro, mas também como um confidente amigável.

Ao se despedir, ele deixou a cesta vazia, testemunha da alegria que seus doces proporcionaram. A doçura do encontro permaneceu no quarto, uma lembrança de como gestos simples podem transformar até mesmo os momentos mais desafiadores em experiências repletas de sabor e calor humano. A luz suave do abajur iluminava o quarto enquanto mergulhava em pensamentos tranquilos, envolta pela serenidade da noite no hospital. Apenas quando o silêncio se intensifica, a porta se abre suavemente, revelando a figura reconfortante do meu pai, Pedro.

— Olá, meu amor. Como você está se sentindo? — ele pergunta, atravessando a porta com um sorriso gentil.

Sinto uma onda de calor ao ver meu pai. Sua presença traz um conforto adicional, um lembrete de que, mesmo em meio às adversidades, a família está unida.

— Oi, papai. Estou melhorando, e hoje foi um dia cheio de surpresas boas. O Sr. Lefèvre trouxe os doces mais incríveis. — Compartilho, animada, enquanto meu pai se acomoda na cadeira ao lado da cama.

Pedro ouve atentamente, seu olhar expressando uma mistura de alívio e preocupação paternal. Ele segura minha mão com ternura, transmitindo um apoio silencioso.

— Fico feliz em ouvir que teve um dia mais alegre. Como está sua dor agora? — ele pergunta, sua preocupação evidente.

— Está mais suportável, pai. Acho que os doces ajudaram a adoçar não só meu paladar, mas também meu ânimo. — Sorriu, apreciando a conexão compartilhada.

Conversamos sobre diversos assuntos, desde as novidades na escola até os planos para o futuro. Meu pai, com sua sabedoria e otimismo, injeta uma dose extra de esperança em nossas palavras.

— Estou pensando em organizar uma reunião com os pais dos agressores na escola. Acho que é importante abordar a situação para evitar que algo assim aconteça novamente. — Pedro comenta, ponderando a situação.

Sinto um misto de admiração e gratidão pelo comprometimento do meu pai em enfrentar os desafios de frente. A iniciativa de abordar o problema de forma proativa reflete a força de seu caráter.

— Pai, obrigada por sempre estar ao meu lado, mesmo nos momentos difíceis. — Expresso, segurando sua mão com carinho.

Ele sorri, transmitindo a certeza de que a família permanece unida, independentemente das circunstâncias. A conversa se estende até que, suavemente, a noite avança.

— É hora de descansar, Ana. Se precisar de algo, estarei aqui. — Pedro diz, levantando-se da cadeira.

Conforme meu pai se despede, sinto-me grata por esse elo valioso na minha vida. A luz do abajur se torna um farol suave na quietude do quarto, marcando a continuidade da minha jornada de superação, agora enriquecida pelos laços familiares e os gestos de solidariedade da comunidade.

A noite cai sobre o quarto, deixando apenas um feixe de luz da lua entrar pela janela. Minha mãe, Lara, está deitada ao meu lado na cama, acariciando meus cabelos. A gente acabou de conversar com meu pai pelo telefone, e ele disse que está orgulhoso de mim e que me ama muito. Foi bom ouvir isso, mas ainda tem uma coisa que eu preciso desabafar com a minha mãe.

— Mãe, eu tenho que te contar uma coisa que rolou a algum tempo, acho que foi na escola... — eu digo, meio sem jeito, tentando lembrar o local e sentindo um aperto no peito.

Lara me olha com carinho, mas também com curiosidade. Ela sabe que eu não sou de esconder nada dela, mas também sabe que eu tenho passado por muita coisa ultimamente.

— O que foi, filha? Pode falar. Eu tô aqui pra te ouvir. — Ela diz, com uma voz doce e tranquila.

O Elijah, aquele menino novo que eu te falei, que virou meu amigo, ele me fez uma pergunta muito estranha. Ele me perguntou se eu era virgem. Eu fiquei chocada, mãe. Não gostei nada disso.

A expressão da Lara muda, e eu vejo uma mistura de surpresa e preocupação nos olhos dela. Ela se senta na cama, me puxando para perto dela, e segura a minha mão com força.

— Isso é muito errado, Ana. Ninguém tem o direito de te fazer uma pergunta dessas, ainda mais na escola. — Ela diz, com uma voz firme e indignada.

— Eu sei, mãe. Eu fiquei sem reação. E, pra piorar, eu fiquei pensando nisso depois. O que ele quis dizer com "ser virgem"? — Eu pergunto, fingindo não saber do que se tratava

Lara suspira, escolhendo as palavras com cuidado.

— Essa é uma pergunta complicada, filha, e cada pessoa pode ter uma ideia diferente. Às vezes, as pessoas usam essa palavra para falar de virtude, de inocência. Mas é importante você entender que ninguém pode invadir a sua intimidade dessa forma.

O quarto fica em silêncio por um instante, e eu tento assimilar as palavras da minha mãe. Ela me apoia, mas eu ainda me sinto incomodada com a situação.

— De qualquer forma, Ana, você é uma pessoa maravilhosa, independente do que os outros possam tentar te rotular. — Lara diz, tentando me passar confiança.

— Obrigada, mãe. Eu só não quero que essas coisas atrapalhem a minha recuperação, a minha vida. — Eu falo, abrindo o meu coração.

Lara me abraça com ternura.

— Não vamos deixar que isso aconteça, minha linda. Nós estamos aqui para te apoiar em todas as situações. E, se for preciso, nós vamos ter uma conversa com a direção da escola.

Lara me solta do abraço e me olha nos olhos. Ela parece decidida a me contar algo importante, algo que talvez ela nunca tenha contado para ninguém.

— Filha, eu quero te falar sobre o amor. O amor é um sentimento muito bonito, mas também muito complexo. O amor pode te fazer feliz, mas também pode te fazer sofrer. O amor pode te dar forças, mas também pode te enfraquecer. O amor pode te unir a alguém, mas também pode te separar. O amor é uma escolha, mas também um destino. — Ela diz, com uma voz suave e profunda.

— Mãe, eu não entendo. O que isso tem a ver com ser virgem? — Eu pergunto, confusa, me fazendo de desentendida.

Lara sorri, com uma expressão de ternura e compreensão.

— Tem tudo a ver, filha. Ser virgem não é apenas uma questão física, é também uma questão emocional. Ser virgem significa se respeitar, se valorizar, se preservar. Ser virgem significa não se deixar levar por outras pessoas, por pressões, por modismos. Ser virgem significa seguir o seu coração, mas também a sua razão. Ser virgem significa saber o que você quer, mas também o que você não quer.

— E como eu sei se eu sou virgem, mãe? — Eu indago, curiosa.

Lara me abraça novamente, com um gesto de proteção e carinho.

— Você é virgem, filha. Você é virgem porque você é honesta, sincera, corajosa. Você é virgem porque você é fiel a si mesma, aos seus princípios, aos seus sonhos. Você é virgem porque você é especial, única, incomparável. Você é virgem porque você é minha filha, e eu te amo mais do que tudo nesse mundo.

— Eu também te amo, mãe. Mas eu ainda tenho dúvidas. O que acontece quando a gente perde a virgindade? — Eu questiono, inquieta.

Lara suspira, com uma expressão de nostalgia e saudade.

— Perder a virgindade é uma decisão pessoal, filha. Não existe uma idade certa, nem um momento certo, nem uma pessoa certa. Perder a virgindade é um ato de entrega, de confiança, de paixão. Perder a virgindade é um risco, uma aventura, uma surpresa. Perder a virgindade é uma experiência, uma lembrança, uma marca.

— E você, mãe? Quando você perdeu a virgindade? — Eu pergunto, intrigada.

Lara sorri, com uma expressão de felicidade e orgulho.

— Eu perdi a virgindade aos 19 anos, filha. Eu perdi a virgindade com o seu pai, Pedro. Ele foi o meu primeiro amor, o meu primeiro namorado, o meu primeiro marido. Ele foi o homem que me fez mulher, que me fez mãe, que me fez feliz. Ele foi o homem que mudou a minha vida, que me deu sentido, que me deu você.

— E como foi, mãe? Como foi perder a virgindade com o papai? — Eu pergunto, fascinada.

Lara me olha com carinho, com uma expressão de cumplicidade e intimidade.

— Foi lindo, filha. Foi lindo porque foi com amor, com respeito e com cuidado. Foi lindo porque foi com desejo, com emoção, com prazer.

Depois de conversar com a minha mãe sobre virgindade, eu fico pensando nas outras meninas da minha idade. Como eles lidariam com uma pergunta tão invasiva e constrangedora? Será que elas também se sentiriam confusas e incomodadas? Será que elas também teriam alguém para desabafar e se aconselhar?

Eu lembro da Angélica, minha cunhada. Ela é divertida, inteligente, descolada. Ela sempre me apoia, me anima, me faz rir. Ela é a única pessoa que sabe de tudo que eu passei, de tudo que eu sofro, de tudo que eu sonho.

Eu pego o meu celular e mando uma mensagem para ela:

— Ei, cunhada. Tudo bem? Preciso falar com você sobre virgindade. Conversei com minha mãe e ficaram algumas dúvidas, não posso ser mais específica com ela. Você pode vir me visitar no hospital?

Ela responde na hora:

— Claro, amiga. Tô indo pra aí. E aliás? Você tá bem?

Eu digo:

— Tô bem, mas aconteceu uma coisa na escola que me deixou chateada. Preciso da sua opinião.

Ela diz:

— Pode contar comigo, amiga. Chego aí em 20 minutos.

Eu espero ansiosa pela chegada da Angélica. Eu quero conversar com ela sobre virgindade. Eu quero saber se ela já perdeu a virgindade com meu irmão Vitor, se ela já transou com alguém além dele, se ela já se apaixonou antes dele. Eu quero saber como ela se sente, como ela se vê, como ela se cuida.

Eu ouço uma batida na porta do quarto. É a Angélica. Ela entra sorrindo, com uma sacola na mão.

— Oi, amiga. Trouxe um presente pra você. — Ela diz, me abraçando.

— Oi, amiga. Que bom que você veio. O que é isso? — Eu pergunto, curiosa.

— Abre e vê. — Ela diz, me entregando a sacola.

Eu abro e vejo um livro. O título é "O Diário de Anne Frank". Eu reconheço o nome. É uma menina que viveu na Segunda Guerra Mundial e escreveu um diário sobre a sua vida escondida dos nazistas.

— Uau, amiga. Que legal. Você sabe que eu adoro ler. — Eu digo, agradecida.

— Eu sei, amiga. E esse livro é muito especial. É a história de uma menina que, assim como você, enfrentou muitas dificuldades, mas nunca perdeu a esperança. Ela também escreveu sobre os seus sentimentos, os seus medos, os seus desejos. Ela também falou sobre virgindade. — Ela diz, com uma expressão séria.

— Sério, amiga? Ela falou sobre virgindade? — Eu pergunto, surpresa.

— Sim, amiga. Ela falou sobre o seu primeiro beijo, o seu primeiro amor, o seu primeiro contato íntimo. Ela falou sobre como ela se sentiu, como ela se entregou, como ela se protegeu. Ela falou sobre como ela era virgem, mesmo tendo vivido uma situação tão difícil. — Ela diz, com uma expressão de admiração.

— Nossa, amiga. Que incrível. Eu quero ler esse livro. — Eu digo, interessada.

— Eu tenho certeza que você vai gostar, amiga. E eu quero que você saiba que eu também te admiro muito. Você é uma menina muito forte, muito corajosa, muito virgem. — Ela diz, com uma expressão de carinho.

— Obrigada, amiga. Você também é muito especial pra mim. Você é a minha melhor amiga, a minha confidente, a minha irmã. — Eu digo, emocionada.

— Eu também te amo, amiga. E eu quero que você saiba que você pode contar comigo pra tudo. Eu tô aqui pra te ouvir, pra te apoiar, pra te aconselhar. — Ela diz, com uma expressão de amizade.

— Eu sei, amiga. E é por isso que eu quero te contar uma coisa que aconteceu na escola. Uma coisa que me deixou muito chateada. — Eu digo, tomando coragem.

— O que foi, amiga? Pode falar. — Ela diz, com uma expressão de atenção.

Eu respiro fundo e conto:

— Elijah, aquele menino novo que eu te falei, que virou meu amigo, ele me fez uma pergunta muito estranha. Ele me perguntou se eu era virgem. Eu fiquei chocada, amiga. Não gostei nada disso.

A expressão da Angélica muda, e eu vejo uma mistura de surpresa e indignação nos olhos dela. Ela diz, com uma voz firme e revoltada:

— O quê? Ele te perguntou isso? Que absurdo, amiga. Que falta de respeito. Que falta de noção. Que falta de tudo.

— Eu sei, amiga. Eu fiquei sem reação. E, pra piorar, eu fiquei pensando nisso depois. O que ele quis dizer com "ser virgem"? — Eu pergunto, confusa.

Angélica me abraça, com um gesto de proteção e solidariedade. Ela diz, com uma voz doce e tranquila:

— Não se preocupe, amiga. Essa pergunta não tem sentido. Ser virgem não é algo que os outros podem definir por você. Ser virgem é algo que só você pode sentir por dentro. Ser virgem é algo que só você pode decidir por si mesma.

— E como eu faço isso, amiga? Como eu sei se eu sou virgem? — Eu pergunto, curiosa.

Angélica me olha nos olhos, com uma expressão de sinceridade e confiança. Ela diz, com uma voz suave e profunda:

— Você é virgem, amiga. Você é virgem porque você é honesta, sincera, corajosa. Você é virgem porque você é fiel a si mesma, aos seus princípios, aos seus sonhos. Você é virgem porque você é especial, única, incomparável. Você é virgem porque você é minha amiga, e eu te amo do jeito que você é.

— Eu também te amo, amiga. Mas eu ainda tenho dúvidas. O que acontece quando a gente perde a virgindade? — Eu pergunto, inquieta.

Sophia suspira. Ela diz, com uma voz suave e profunda:

— Perder a virgindade é uma decisão muito pessoal, amiga. Não existe uma idade certa, nem um momento certo, nem uma pessoa certa. Perder a virgindade é um ato de entrega, de confiança, de paixão. Perder a virgindade é um risco, uma aventura, uma surpresa. Perder a virgindade é uma experiência, uma lembrança, uma marca.

Sim, isso a minha mãe também disse, mas ainda tenho dúvidas - pergunto interessada

— E você, amiga? Quando você perdeu a virgindade? — Eu pergunto, intrigada.

Angélica sorri, com uma expressão de felicidade e orgulho. Ela diz, com uma voz suave e profunda:

— Eu perdi a virgindade aos 16 anos, amiga. Eu perdi a virgindade com o Vitor, o meu namorado que é o seu irmão. Ele foi o meu primeiro amor, o meu primeiro beijo, o meu primeiro homem. Ele foi o homem que me fez mulher, que me fez feliz, que me fez crescer. Ele foi o homem que mudou a minha vida, que me deu sentido, que me deu prazer.

— E como foi, amiga? Como foi perder a virgindade com o Vitor? — Eu pergunto, fascinada.

Angélica me olha com carinho, com uma expressão de cumplicidade e intimidade. Ela diz, com uma voz suave e profunda:

— Foi lindo, amiga. Foi lindo porque foi com amor, com respeito e com cuidado. Foi lindo porque foi com desejo, com emoção, com prazer. Foi lindo porque foi com ele.

A tarde passa, mas a luz da amizade entre nós duas permanece no quarto. Nesse momento, mesmo diante das incertezas e das angústias que me afligem, eu me sinto esclarecida pela conversa sincera com a minha amiga, pronta para viver o que o amanhã me trará.