A ilha - Livro 1

Capítulo 09 - Na praia


Lá dentro tudo era escuro ao mesmo tempo em que era claro. Era escuro, porém iluminado com luzes coloridas e uma batida alta que incrivelmente não se ouvia de fora. Comecei a caminhar para m canto cheio de sofás com mesas e pessoas aleatórias. Sorri para alguns que acenavam e fui observando o lugar até chegar ao “bar”.

—O que tem para beber¿ - Perguntei alto para poder ouvir minha própria voz.

O cara fez uma lista rápida enquanto dançava com taças na mão. Nada alcóolico. O lugar era incrível! Pedi um energético e paguei saindo de lá para encontrar o pessoal. Vi Heitor dançando sozinho perto das mesas e fui até ele puxando-o pelo braço para o meio da pista.

— Você tem certeza que vai dançar comigo¿ - ele falou alto – vou espantar os caras

— Eu não vim para conhecer nenhum “cara” , Heitor.

— Mas eu vim conhecer garotas...

Bati em seu braço com força, ele estava me dispensando para conhecer outras pessoas. Eu não o culpava, mas eu não queria ficar sozinha. Voltei a caçar com os olhos onde estavam as meninas e vi as cabeças loiras dançando com seus já respectivos pares. Minha ultima esperança era achar Eliana, porque eu não iria atrapalhar Kamila e Fabricio.

— Pietra - ouvi a voz de Kamila atrás de mim como se ela soubesse que havia acabado de pensar nela – vem dançar conosco

Ela realmente estava dançando com Fabricio o que me surpreendeu muito. Toda sem jeito mas incrivelmente confortável fazendo aquilo. Eu sorri e a abracei.

— Você é muito legal sabia¿ - Eu gritei

—Você esta bêbada¿ - ela fez uma cara preocupada

—Claro que não – eu ri – acabamos de chegar! Fora que eu não bebo, e aqui nem vende nada alcóolico.

Ela sorriu aliviada voltando a dançar e eu notei Fabrício sem tirar os olhos dela.

— Se importa se eu me afastar um pouco¿ - falei no ouvido de Kamila vendo a cara dela de não muito contente com a pergunta – prometo voltar depois.

Ela balançou a cabeça afirmativamente e eu sussurrei no ouvido de Fabricio um “não estraga tudo” antes de sair e deixa-los a sós. Comecei a procurar na multidão alguém de cabelo curto mas tinha gente demais e eu não conseguia encontrar Eliana. Avistei uma mesa vazia e sentei no sofá colocando meu copo já vazio em cima dela. Já estava cansada. Comecei a pensar em mil coisas quando tive a ideia de ir a praia. Eu tinha visto que ficava do outro lado da avenida, seria perfeito. Combinava muito mais comigo do que aquele lugar. Levantei olhando em volta se não tinha ninguém por perto me vendo sair. Estavam todos muito ocupados para repararem. Até mesmo Ivo estava ocupado beijando Jemima. Eca.

Segurei a bolsa e fui passando pela multidão em direção ao caminho que eu entrara, passei pelas cortinas negras e abri a porta para a rua na mesma hora que alguém entrava.

— Já vai¿ - Igor falou vendo a identidade de outro alguém – Não gostou¿

— Ah, não é chato – eu ri – eu vim empolgada para a minha primeira vez em uma boate, mas não me sinto confortável.

— E por isso vai embora sozinha deixando a diversão toda para os seus amigos¿

— É... de certa forma – eu olhei para o outro lado da avenida já vendo e sentindo o mar

—Você vai a praia¿ - ele seguiu meu olhar – Você gosta mesmo do mar né¿

—Eu amo! E faz muito tempo que não curto a praia. – fiquei em silencio dois segundos – Bom, eu vou indo.

— Posso aparecer lá daqui a pouco¿

—Claro – eu sorri e continuei caminhando para atravessar a rua – te vejo lá

O mar a noite era incrivelmente mais lindo. As ondas violentas me chamavam e eu não resisti. Olhei em volta e não vi ninguém por perto, então tirei os sapatos, coloquei as joias na bolsa e tirei o vestido. Eu vestia um top e um short de lycra pretos por baixo da roupa então não tinha problema. Escondi tudo num canto escuro e corri pra água gelada. Estava um pouco frio mas estava perfeito. Quanto tempo que eu não nadava...

Havia me esquecido de Igor, que havia combinado com ele ali até que o vi parado na praia me olhando. Acenei envergonhada com a mão e ele tirou os sapatos e camisa correndo só de bermuda pra dentro da água e nadando até mim.

— Você estava mesmo afim de nadar einh¿ - Ele sorriu com a agua batendo um pouco acima o peito, enquanto em mim ela alcançava quase minha boca

— Realmente estava – ri batendo o queixo – ei...- olhei através dele empurrando-o para o lado. Alguém estava na praia nos observando – IVO! – gritei

Ele caminhou até onde estavam as minhas coisas enquanto eu em esforçava para sair da água mas a agua ainda estava em meu peito.

— Lucas vai saber onde você estava – vi o flash do celular dele fotografar a mim e a Igor que vinha do meu lado.

Começou a correr pela praia em direção a não sei o que e eu corri atrás gritando para Igor que tomasse conta das minha coisas. Ivo não corria tanto quanto eu mas eu tinha a desvantagem de estar tremendo de frio. Devemos ter corrido dois minutos até eu alcança-lo já sem frio. Empurrei-o no chão caindo em cima e já tentando puxar o celular de sua mão. Se Lucas visse eu e um cara vestidos daquela forma num lugar onde ele não havia nos deixado, não confiaria mais em mim.

Brigávamos pelo celular rolando na areia, mas além de ele ser mais forte, meu cabelo longo e molhado me atrapalhava.

—Saia de cima de mim – ele gritava – eu na vou te dar

Ivo me empurrou de lado e ficou em pé rapidamente. Eu já cansada permaneci no chão me sentindo arranhada pela areia. Ofegante e o encarava preparada para passar uma rasteira nele.

—Vamos fazer o seguinte – ele começou – eu não mostro e você fica me devendo uma.

—Então apague!

— É claro que não. É a minha garantia.

Bufei passando uma rasteira nele rapidamente e conseguindo pegar o celular de sua mão. Engatinhei antes de me levanta e correr par dentro d’água desbloqueando o celular dele e abrindo a galeria. Vi ele vindo em minha direção rapidamente e eu continuei entrando na agua que já alcançava a minha cintura.

— PARE – gritei – Ou vou joga-lo na agua e vai ser pior do que só apagara foto – eu não arriscava olhar para celular para procurar a foto e apaga-la, ele estava perto e poderia toma-lo de mim facilmente.

— Me devolva esse celular agora! – ele falava extremamente irritado

Continuei caminhando para trás e sentindo a agua já alcançar meus seios levantei mais o braço e cliquei na foto. Ele continuava vindo dessa vez mais rápido.

— EU VOU JOGAR! – Gritei e ele parou – afaste! Eu só vou apagar e te devolvo. Para de infantilidade Ivo! – a agua estava em meu ombro

— Não apague. – Ele pulou em cima de mim e tomou o celular, mas não conseguimos nos equilibrar e afundamos juntos com celular e tudo.