A ilha - Livro 1

Capítulo 01 – A família Masoli


10 dias para a viagem

Eu nasci em uma cidade turística e cheia de praias. Eu amava ir à praia todo final de semana,era uma verdadeira viciada em praia. Geralmente quem mora perto do mar, se acostuma e aquilo acaba virando algo tão normal que até esquecem que tem um oceano inteirinho alí pertinho deles. Mas eu não. Porém, aos sete anos de idade nos mudamos para um lugar muito rico. Cheio de tudo, menos do mar. Éramos uma família normal. Típica.

Minha mãe: Lígia Meira Masoli, advogada, 35 anos, ruiva e muito alegre. Nasceu na mesma cidade que eu nasci, e só se mudou quando viemos para a “cidade dos ricos” como eu costumava chamar.

Meu pai: Lorenzo Contiero Masoli, tinha uma empresa de engenharia chamada Lancelot, 40 anos, italiano, branco e de olhos verdes. Meu pai morou na Itália desde seu nascimento até os 18 anos. Ele falava três línguas diferentes e era muito inteligente.

Minha irmã mais velha: Luna Meira Contiero Masoli, 20 anos e esta terminando o quarto ano da faculdade de engenharia mecatrônica. Ela é na maioria das vezes insuportável. Briga direto com meus pais e comigo. A única pessoa com quem ela é legal é o meu irmãozinho. Nos três somos bem diferentes fisicamente e na personalidade. Luna tem o cabelo loiro igual o do meu pai e tem os olhos cor de mel da minha mãe.

Meu irmão mais novo: Enzo Meira Contiero Masoli, ele tem 10 anos e é o ser humano mais pacífico que eu conheço. Desde pequeno ele ama a natureza e os animais e também não come nada de carne nem que venha do animal. Se ele comer algo e descobrir que aquilo veio de um animal, ele surta. Até pouco tempo ele comia ovo, e não sabia que aquilo vinha da galinha. Enzo tem um sinal em toda a sua cabeça, o que fez seu cabelo nascer totalmente branco. Eu e ele achamos lindo, mas minha irmã insiste em querer pintar. Sorte que ele não deixa.

Quanto a mim, nasci com o cabelo da minha mãe, ruivo alaranjado e tenho uma anomalia chamada heterocromia. É bem rara em humanos em mais rara ainda a minha. Normalmente os olhos ficam azul-castanho ou verde-castanho. Existem três tipos também e o meu é o tipo “completa ", onde um olho é de cada cor e cada olho é da cor de um dos meus pais. Ou seja: um verde e um cor de mel. Tenho 15 anos e me chamo Pietra Meira Contiero Masoli. Meu pai diz que sou gótica, mas eu não sou. Nem roqueira, nem emo, nada disso. Eu não tenho nenhum estilo. Eu apenas gosto muito de preto. Mas não ando com franja no rosto, alargadores gigantes, tatuagens e correntes penduradas nas roupas. Sou normal.

Estudo na melhor escola da cidade e vamos fazer uma viagem de final de ano aonde iremos para o tipo de lugar que mais gosto no mundo: Litoral! Tem uma ilha pequena que pertence ao pai do diretor da escola, e nós iremos para lá. Sou da turma do primeiro ano e meus pais disseram que pagariam a viagem como presente de 15 anos, já que completei não faz nem uma semana. Acho justo. Não pedi festa, pedi a viagem.

Tenho dois amigos e três amigas que estão sempre comigo: Eliana, Greta, Ingrid, Fabricio e Heitor. E eles estarão nessa viagem comigo já que são da mesma turma que eu.

Eliana é a única das meninas que se parece comigo. Ela chama a minha família de família arco-iris por causa dos nossos cabelos: loiro, ruivo e branco. É um pouco grossa às vezes, mas já nos acostumamos a ela.

Greta e Ingrid são praticamente gêmeas. Enquanto Eliana tinge os cabelos de preto carvão todos os meses, elas duas tingem de loiro platinado e as duas têm olhos azuis naturais. Apesar das semelhanças, as duas não tem parentesco nenhum. São muito vaidosas e são mais amigas entre si do que minhas e da Eliana.

Fabricio é o cara mais leal do mundo. Ele é intelectual mas não do tipo nerd esquisito. Ele é do time de futebol da escola e provavelmente o mais popular entre todos. As meninas caem babando em cima dele e de vez em quando ele fica com uma e com outra. Ele é todo musculoso e alto para a sua idade.

Heitor já é o contrario de Fabrício. Engraçado e da em cima de toda menina que olha. Mas nunca nenhuma o quer. Tem o cabelo comprido na altura do ombro e mais liso que o das gêmeas platinados. Só que o dele é natural. Toda semana ele se apaixona por uma garota diferente, mas seu único e verdadeiro amor é seu skate.

09 dias para a viagem

Desde o inicio do ano que a viagem da turma esta sendo organizada e acho que não tem ninguém ali que não esteja animado para ir. Vamos passar um mês na ilha e isso custou tão caro que acho que vou ficar sem pedir presentes até meus 18 anos. Ok! Talvez eu seja um pouco mão de vaca.

Já havia comprado sete biquínis diferentes e pretendia comprar mais quando chegasse lá – eu não sou tão mão de vaca. Eliana e Greta havia combinado de comprar biquínis iguais, mas os que elas compravam eram pequenos demais e eu não curtia daquela forma. Uma mala já estava totalmente pronta. Ela estava repleta de roupas de praia: Biquíni, maiô, regatas, shorts, saídas de banho e tudo o mais. Precisava arrumar mais duas malas e um nécessaire e tudo estaria pronto. Tinha tempo para isso ainda.

— Já estou chegando, tenha calma! – Desliguei o telefone e corri para a garagem para pegar a minha bicicleta. Os meninos me esperavam há alguns minutos no shopping e eu havia me atrasado terminando de arrumar aquela mala.

Tranquei a bicicleta no estacionamento do shopping e corri para dentro para encontra-los na loja de roupa de banho. Corri para o elevador mais próximo e adentrei bruscamente apertando repetidas vezes no botão de quarto andar.

—É assim que as propriedades são destruídas pelos vândalos.

Ouvi atrás de mim uma voz inconfundível e desprezível se manifestar e olhei para trás com cara de nojo.

—Sério Ivo? Sério que você, o ser humano mais vândalo que conheço, vai fazer essa piadinha?

—Porque não faria senhora certinha? - Ele falou passando por mim e descendo no segundo andar.

Ivo era um verdadeiro bostinha. Infelizmente era tão popular quanto Fabricio ou até mais. Não sei por que tanta gente gosta dele. Ele basicamente é um cara que gosta de perturbar a paz e causar a discórdia. Planta ódio aonde vai e bate em qualquer um menor que ele.

—Está 45 minutos atrasada – Ouvi Fabricio antes mesmo que eu chegasse a sua frente.

—Desculpa! – Implorei ofegante.

—Então nos ajude a escolher o que temos que levar.

—Eu levaria apenas a bermuda que estou usando. E sem sunga, é mais confortável sentir a agua...

—Heitor! Quer por favor, calar a boca e me seguir?

Garotos em shopping não são nada práticos como dizem. O Heitor só escolhia coisas que não tinham nada a ver. Queria levar cachecol para uma ilha paradisíaca. E o Fabricio reclamava de tudo e fazia tudo parecer horrível. Cansei de ajuda-los e fui embora depois de rodar duas horas no shopping.

Andar e bicicleta para mim era como substituir a praia. Sei que não tem absolutamente nada a ver, mas é que os dois me faziam bem de forma igual. Os dois me davam a sensação de liberdade. De poder fazer o que quiser. E isso era o incrível da coisa.

Liguei para as meninas assim que cheguei em casa.

—Malas prontas?

—Prontas? - Ingrid praticamente gritou. – Até agora só coloquei bronzeador e biquíni na mala. EU NÃO TENHO ROUPA PARA LEVAR!

— Muito menos eu. – Choramingou Greta fazendo biquinho no Skype.

Eu podia vê-las com as camas reviradas e repletas de roupas enquanto Eliana nem sequer prestava atenção na conversa que ela provavelmente achava idiota.

— Meninas, vocês tem nove dias para comprarem roupas e calçados. Mas eu posso mandar minha lista de coisas conforme for arrumando a mala, para vocês fazerem igual. O que acham?

—SENSACIONAL! –Gritaram juntas