A história por trás da espada

O nascimento selvagem de Teresa


Logo após o longo diálogo de Teresa e Irene, a primeira para, pausa, paira no ar meio desconcertada, diante de seus olhos uma série de flashbacks trazem de volta algumas lembranças.

Era fim de Tarde e duas garotinhas loiras vestidas de branco estavam animadas junto a um homem vestido todo de preto no meio de uma floresta. Ele logo as abandona sozinhas, e elas começam a duelar uma conta a outra de punhos nus.

Teresa:- Fátima! Você está ficando cada vez mais forte...

Fátima:- E você cada vez mais ágil...

Teresa:- Gosto tanto de você...

Fátima:- Acho que é porque somos as duas mais novas, você mais nova do que eu, todas as outras são bem mais velhas...

Elas param de duelar um pouco para tomar um ar. Ambas meio ofegantes continuam a conversar.

Teresa:- Parecem que elas não gostam de nós.

Fátima:- Eu não sei bem o porquê, mas esses dias ouvi um dos caras de preto falando que somos “muito promissoras”, não sei o que isso significa, acho que é algo bom, e as outras têm inveja .

Ambas se entreolham e riem.

Teresa:- logo deve anoitecer...

Fátima:- Vai dizer que tem medo do escuro??

Teresa:- não, né, sua boba! E que de certo mais uma vez vão nos deixar aqui por vários dias nos virando sozinhas...

Fátima:- e não está bom?

Teresa:- Está! Já disse que gosto de estar com você. Mas bem que podíamos fazer algo diferente... que tal saltarmos daqueles montes?

Fátima:- Ah, você, Teresa, sempre com idéias... mas vamos, quero ver quem chega no topo do último primeiro??

Feita a aposta as meninas saem para treinar/brincar. Depois de algum tempo de diversão porém, Fátima cai, e ocorre um deslizamento de pedras que a soterram. Teresa, distraída no ímpeto de chegar ao topo da última montanha logo não percebe a ausência da amiga. Quando chega fica esperando um pouco, mas sem entender a demora começa a se desesperar e grita pelo nome da companheira de brincadeiras. Sem resposta, não demora muito para que desça o monte e passe a procurar pela amiga.

Teresa:- Será que ela resolver se esconder de mim? Vou tentar me esforçar para encontrá-la... às vezes consigo sentir presenças estranhas e reconhecer outras garotas a alguma distância, quem sabe...

Mas por mais que Teresa se esforce não consegue encontrar nada.

Teresa:- Vamos, Teresa! Pense! Pense em Fátima e irá encontrá-la (...) Droga! Estou começando a ficar agitada com pensamentos sobre o que pode ter acontecido... não vou conseguir encontrá-la assim.

Como num surto, Teresa ouve uma voz dizer “relaxe”. Teresa um tanto quanto atônita tem um lapso em todos os seus pensamentos e naquele momento é como conseguisse sentir tudo a seu redor.

Teresa:- Isso ... isso é como aquela sensação estranha de perceber seres e as outras garotas... mas está muito mais forte... consigo sentir algo... Fátima! Fátima está lá!

Teresa sai em disparada e logo chega a uma pilha de pedras e rochas, ela sabe que Fátima está lá embaixo e com sua força começa a remover as pedras, até que chega nela. Ela está muito ferida, com muito sangue escorrendo pela lateral superior de sua cabeça.

Teresa:- Fátima! Fátima! Consegue me ouvir? Você está bem?

Fátima, com muita dificuldade, sopra algumas palavras.

Fátima:- eu... estou... Teresa... você... aqui.... vá... vá... embora...

Quando de repente Fátima começa a gritar de dor , seu corpo começa a emanar uma energia nunca antes vista, e começa a se retorcer e transfigurar.

Teresa:- O que é isso, o que está acontecendo?? Fátima??!

Quando a transformação para, o que quer que Fátima tenha se tornado já não é mais reconhecível, ela não pode ser chamada de ser humano, se não apenas de monstro. Teresa chora.

Teresa:- Fátima!... Fátima...

Fátima:- Venha, Teresa! Vamos brincar...

Teresa:- Fátima, você ainda me reconhece...

Quando Teresa grita e toda a floresta pode ouvir. O que seria parte do corpo de Fátima, um braço provavelmente, penetra o ventre de Teresa.

Fátima:- Vamos brincar... com suas entranhas! (...) Parecem deliciosas...

Teresa então num disparo se desvencilha do monstro e logo está numa das partes superiores de um dos montes.

Teresa:- Aquilo... aquilo não pode ser Fátima! (...) Mas essa energia, essa aura, é a dela... É ela... numa quantidade que nunca vi antes, mas é mesmo ela...

Fátima:- Teresa... Não se esconda... Vamos brincar!

Logo Fátima está próxima de Teresa e ela avança sobre sua amiga, Teresa parece não conseguir fazer muito para evitar os golpes de sua (antiga) amiga.

Teresa:- Desse jeito... eu vou, eu vou morrer! Não quero morrer...

Teresa já está bem ferida e o monstro começa a abrir o que seria sua boca revelando muitos dentes e presas afiadas.

Fátima:- Agora sim... acho que será a parte mais divertida desse jogo...

Teresa já estava se entregando quando de novo ecoa em sua mente aquele “relaxe”.

Teresa:- Acho que o jeito é mesmo relaxar e me entregar...

Quando o monsto estava bem próximo do corpo de Teresa ele já não é mais visível. Teresa reaparece por trás e com um pedaço de pedra em suas mãos esmaga cada membro do corpo mosntruoso de Fátima.

Teresa:- Eu não queria fazer isso, amiga, mas não podia permitir que continuasse.

Fátima parece chorar. Teresa se virava para se retirar dali. Quando Fátima volta a falar.

Fátima:- Teresa... Você não pode me deixar aqui... assim... essa brincadeira precisa acabar... acabe logo... acabe comi...

Antes mesmo de encerrar a frase, Teresa lança com toda a força e pressão que pode exercer a pedra sobre a cabeça monstruosa de Fátima. Teresa enxuga suas lágrimas. Saindo de seu flashback, Teresa leva seu punho fechado direito até seu rosto.

Irene:- Teresa?? Teresa?? (...) Você derrubou uma lágrima...?

Teresa:- Porquê? Por quê aqui?? (...) Aqui... espera...

Teresa começa a reparar o lugar em que ela e Irene estão, junto de Clare, se assemelha muito ao lugar das lembranças de Teresa, quando ela repara melhor, é como se estivessem diante do monolito de pedra que fincou sobre a cabeça (e corpo) de sua antiga amiga.

Teresa:- Aqui foi o começo de tudo... lembrei...

Irene:- Teresa??

Teresa:- Eu lembrei de como comecei a desenvolver o senso de Youki, fiz isso para rastrear uma amiga prestes a morrer... mas ela despertou, tentou me matar, então só quis encontrar uma forma de pará-la sem matá-la... foi aí que usei algo parecido com o que faço hoje, me concentrar nos fluxos para saber cada movimento, cada parte do corpo do oponente e atacr apenas onde me for interessante... não queria matá-la, mas acho que ela mesma passou a recobrar parte da consciência e me pediu... Esta foi a pedra que coloquei sobre minhas memórias.

Irene:- Creio que seja doloroso... sempre é, um pouco, eu acho.

Teresa:- E pensar que elas se parecem tanto...

Teresa olha para Clare.

Fim do cap 6.