A garota das fotos
Capítulo 37 - Conselho
Já estava escuro. Eu estava me balançando no parque enquanto observava as criancinhas que estavam ali. Algumas mães acompanhando, outras sentadas conversando apenas observando de longe, e eu ali, ocupando um balanço simplesmente por nada. Eu só não tinha para onde ir. Há duas horas eu estava pensando e pensando sem chegar a uma conclusão do porquê eles não me contaram nada.
_ Você aqui? – alguém perguntou se sentando no balanço do lado.
Meu coração deu um pulo, mas se acalmou ao notar que era apenas o garoto esperto.
_ Eu quem te pergunto, o que está fazendo aqui a uma hora dessas? – perguntei para ele.
_ Vim com o meu irmão. Ele prometeu que viria comigo a um tempão, e só agora ele pôde vir. – Charles respondeu.
_ Ah. – voltei a encarar as outras crianças.
_ O que aconteceu? – ele me perguntou – Você parece triste. Eu não gosto de ver as pessoas tristes. – ele abaixou o rosto para coloca-lo embaixo do meu.
Dei um sorriso fraco para ele.
_ Problemas. – respondi – Mas não é nada que você possa resolver, eu só estou um pouco confusa.
_ E chateada. – ele acrescentou – Eu sou seu amigo não é? – acenei com a cabeça – Então, você pode confiar em mim! Mesmo que eu não possa resolver nada, desabafar ajuda muito.
_ Você não vai querer ouvir. – falei.
_ Experimente me contar. Você sabe que se eu não quiser mais ouvir vou mandar você calar, e eu falo sério. – ele me encarou.
Ficamos um tempinho nos encarando e então eu dei um tapa frustrada em uníssono, em cada uma das minhas pernas.
_ Muito bem. Você se lembra do Sean? – ele fez que sim – Também se lembra de quando eu te disse que gostava muito dele e que se algum dia tivesse a oportunidade tentaria conquista-lo? – ele concordou novamente – Pois é, a oportunidade ficou dançando balé bem na minha cara, e de tão cega que eu estava eu não vi. E agora não sei mais o que vou fazer e estou com raiva do Erick, porque ele é um idiota, e viu a oportunidade e não me disse nada! E também estou com raiva de mim, porque não deveria estar com raiva do meu primo Thomas só porque ele está saindo com uma garota que nunca me fez nada, e mesmo assim eu não consigo gostar dela. E eu me senti um pouco traída da parte de todo mundo, mas sei que isso é errado, só não consigo admitir!
_ Você já admitiu. – Charles falou sorrindo.
_ Mas agora Sean está sabe-se Deus onde, e eu não sei mais o que fazer, sendo que a oportunidade foi embora, mas eu ainda o quero. E muito. E eu não sei o que fazer. – terminei frustrada.
_ Você não está chorando. – ele disse.
_ Eu não costumo chorar muito. – respondi.
_ As garotas choram. – ele observou.
_ E eu também choro, só não estou com vontade. Não dá pra obrigar as lágrimas a descerem. – falei.
_ Eu sou um péssimo conselheiro pra essas coisas. Mas meu irmão pode ajudar. – ele disse sorrindo. – Não é? – ele olhou para trás de mim.
_ Claro que sim. – alguém respondeu se esgueirando ao meu lado.
Levei um susto. Eu nunca poderia imaginar!
_ Vocês são irmãos? – perguntei assustada.
Eles riram.
_ Eu já sabia que ele te conhecia. – Lucas respondeu – Charles fala muito de você e Erick pra mim. Acho que já sei a história toda da sua vida. – ele brincou.
_ O quê? – encarei o garoto esperto.
_ Sem segredos entre irmãos. – ele disse piscando para Lucas.
_ Ryan não concorda com isso. – resmunguei.
Lucas riu se virando para mim.
_ Tudo bem Claire, eu não vou contar pra ninguém. – ele disse – Mas acho que você deveria. Eu ouvi vocês dois conversando aqui agora, e se quer saber o que eu acho, é que você não pode desistir fácil. Sabe de uma coisa, uma pessoa esperta cria mais oportunidades do que encontra. Se você gosta tanto de Sean, talvez devesse criar a sua. No seu lugar eu voltaria para casa, iria dormir, pararia de pensar um pouco e falaria com ele amanhã. Veja como ele está, converse, chame-o para sair, e aí vocês conversam! Eu prometo que se precisar de ajuda, eu vou estar ali sempre que quiser. – Lucas terminou.
_ Qualquer dia desses – comecei – Te pago um sorvete.
Ele riu.
_ Eu vou cobrar. Agora vai pra casa. – ele disse por fim.
Me levantei e dei um abraço em Lucas. Logo em seguida, me abaixei, dei um abraço apertado no garoto esperto e um beijo no rosto.
_ Obrigada. – falei.
E dizendo isso caminhei bem mais tranquila para casa.
Fale com o autor