A garota das fotos
Capítulo 21 - Dançar e tirar fotos
Um final de semana cheio de surpresas. Isso eu garanto.
Erick me ligou no sábado de manhã, pediu pra que eu o esperasse na esquina sem falta e rápido. Me pediu para levar dinheiro, e meio receosa eu levei, eu não sabia exatamente pra quê ele queria isso! Mas eu confiava nele e resolvi levar. Então as nove em ponto eu estava de short, uma blusa branca solta, meu all star inseparável, com dinheiro no bolso e o skate na mão. Se eu precisasse correr atrás dele pelo menos eu seria rápida. Nunca se sabe, né?
_ Peraí, praia? – estranhei – Desde quando você vai à praia? Aliás, desde quando nós vamos a praia. Ou melhor ainda! Desde quando Alicia não vai a praia com a gente?
_ Ela já está lá. Pedi Sean pra busca-la enquanto eu buscava você sabe, só pra te preparar emocionalmente. – ele explicou lentamente com gestos pra ver se eu entendia.
_ Para de ser retardado – ele me olhou esperando mais e olhou para o relógio em seu pulso – Me preparar emocionalmente pra quê?
_ Pra Sean ué. A ideia foi dele de passarmos o dia na praia, além do mais foi ele quem quis chamar você. Por mim nem teria chamado. – ele deu ombros e eu sorri.
_ Sério? Ele quem quis me chamar? – sorri mais abertamente ainda.
_ É garotinha sorridente, mas não se anima muito não porque eu e Alicia também vamos estar lá. – ele me encarou.
_ Certo. – mantive a compostura.
_ Ótimo. Eu trouxe meu skate porque imaginei que você estaria com o seu, então... Acho que vai ser bem rápido o caminho até lá. – ele piscou sugestivo.
_ Uma corrida? – sorri maliciosa.
_ Bom, já que você pediu...
E dizendo isso, Erick jogou seu skate no chão e correu a frente.
_ Ei! Isso não vale! – sem perder mais tempo fiz o mesmo.
Com quinze minutos nós já estávamos lá, e olha que esse foi meu recorde até a praia. No final acabei vencendo, até porque Thomas me ensinou a andar e eu ensinei Erick, então a mestre aqui era eu, não ele. Em compensação nós dois estávamos completamente suados, e na hora de andar pela areia tive que tirar meus tênis e leva-los na mão contrária a que eu segurava meu outro precioso.
Sentados na areia apontando e encarando algo no céu, estavam Alicia e Sean. Eles riam e encaravam algo com vontade. Andei até eles olhando para cima, para ver se encontrava aquilo que Sean apontava.
_ Não estou vendo nada. – falei por fim.
Eles se viraram automaticamente, e quando me viram eles sorriram para mim. Mas ao ver o sorriso de Sean, e ele ali me encarando em pleno final de semana me fez corar. De novo. Droga, que vergonha!
_ Tá vendo. – ele apontou pra mim – Eu disse. Ela corou de novo. – ele disse convencido e Erick e Alicia riram.
_ Sabe, se você parasse com isso eu poderia corar menos. Ficar jogando na cara das pessoas não é legal, entende? Ninguém precisa de um outro sendo um espelho e falando seus defeitos. – falei me sentando.
Ele encarou o mar a frente.
_ Eu não acho isso um defeito. Acho bem bonitinho. – ele murmurou.
_ Ãn... Alicia – Erick chamou.
_ O quê? – ela perguntou.
_ Você não estava a fim de me mostrar aquela prancha? – ele disse sugestivamente.
_ Que prancha? – ela o encarou incerta.
_ Aquela, sabe, que o cara estava vendendo ali. – ele olhou pra ela exageradamente sugestivo.
Eu ri disso. Alicia era um pouco sonsa.
_ Na verdade não, eu nem sei surfar! – ela respondeu.
Ok, muito sonsa.
_ Mas quer aprender, vamos logo ver a droga da prancha? – ele perdeu a paciência.
_ Tá bom estressadinho, já tô indo! – ela se levantou e os dois saíram em direção ao nada.
_ Que bobeira. – falei mais para mim mesma.
_ Eles saírem? – Sean sugeriu.
_ Exatamente. – confirmei.
_ Concordo com você. – ele se virou para mim – Você é muito bonita Claire – me assustei com o elogio – Só é um pouco simples. – ouvindo isso eu abaixei a cabeça.
É claro. Eu era simples demais. Amelia era extravagante, explorava sua beleza, se mostrava mais. O completo contrário de mim.
_ Mas eu gosto assim. – ele finalizou. O que me assustou ainda mais.
Ficamos em silêncio. Um silêncio totalmente desconfortável.
_ Eu não sabia que você andava de skate. – ele quebrou o silêncio.
_ Nem eu que você dançava. – retruquei.
_ Ei! – ele me olhou feio – Qual o problema? Dançar não é piada, porque um garoto não poderia?
_ Peraí, peraí, acho que você entendeu errado. Eu não disse isso com deboche, eu acho dançar uma boa, tá legal? Não ligo se você dança ou não, a vida é sua e eu acho que você deve fazer o que gosta independente da opinião dos outros – ele ficou calado – Falo isso por experiência própria.
_ Como assim? – ele se interessou.
_ Tirar fotos. – respondi – Meus pais não aceitaram muito fácil. Eles tinham medo que eu tentasse seguir carreira com isso, porque eles sabiam que eu amo fotos desde pequena, mas essa é uma coisa muito complicada pra trabalho e não dá muito dinheiro. Quando minha tia me deu aquela câmera foi a maior confusão. Eles não queriam aceitar e foi horrível a primeira semana, mas com o tempo foram se acostumando e eu os convenci que não seguiria carreira com aquilo. – expliquei.
_ E você não vai mesmo? – Sean insistiu.
_ Mais ou menos. Vou me formar em algo bom primeiro, uma carreira menos levada para o lado artístico, mas depois disso pretendo fazer como hobbie. – falei.
Ele não respondeu.
_ Eu queria aprender a dançar. – comentei.
_ Então vamos fazer assim. – ele me olhou – Você me ensina a tirar fotos e eu te ensino a dançar.
Pensei bem na ideia.
_ Acho que poderia ser legal. – falei.
_ Isso é um sim? – ele sorriu.
_ Pode apostar que é. – pisquei.
E então ficou combinado. Ele tirava fotos e eu dançava... Num futuro próximo.
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