A fuga da Luz

Brilhante decisão


Lux abriu os olhos, e se lembrou que havia entrado no trem diretamente para Piltover, seu coração batia tão rápido que parecia que ia saltar pela boca, a crença de que bolaria um plano brilhante para reencontrar Ezreal era bem grande, mas lembrou que sua mãe teria de apresentá-la para cada rico esnobe que insistia apertar suas bochechas rosadas. Comprar seu vestido e ir para aqueles provadores apertados seria um sacrifício muito maior, e ela não via a hora de acabar tudo para ela conseguir fugir do hotel durante a noite e ver seus amigos.

– Luxanna acordou, finalmente! – Lux ouviu a voz de sua mãe bater em sua cabeça como uma marreta e olhou para ela e seu cachorro irritante no mesmo momento – Acredita que Caitlyn e Vi estarão lá, Garen? – Ela olhou para Garen com uma feição totalmente orgulhosa no rosto, e Lux imaginou as mãozonas de Vi apertando suas bochechas. Seria doloroso.

– Caitlyn? – Garen arregalou os olhos – Aquela xerife de Piltover?

– Exatamente! – A mãe sorriu felicíssima, enquanto Lux tentava os ignorar. Então se lembrou do capítulo da luz, pegou de sua bolsa e voltou a lê-lo, o irmão e a mãe pareceram sumir da atmosfera, só podia ouvir os roncos de seu pai lá do fundo, mas era como o som de pássaros enquanto lia.

Leu uma parte que enfatizou ainda mais seu gosto pela luz, descobriu que a luz pode causar ilusões se usada contra espelhos e outras demasiadas coisas que pode encontrar em todo lugar. E se imaginou na arena de League of Legends, iludindo todos com um espelho e os matando com a primeira espada do irmão.

– Luxanna. Luxanna! LUXAN...! – Lux arregalou os olhos e olhou para a mãe, que a chamava com sua habitual voz irritante de taquara rachada. – Até que enfim, fica aí lendo e não presta atenção em nós! Enfim, nós chegamos na loja de roupas, a mais cara, é claro – O marido a olhou com um visível olhar de desaprovação. – Essas roupas são ótimas, vamos, vamos, seu vestido será o mais belo de todos.

Lux não respondeu, apenas se levantou e seguiu a mãe até o trem, sabendo que não tinham muito tempo, andou o mais rápido possível, e levou um xingão da mãe depois de pisar em seu pé.

A loja era bem iluminada, o que deixou Lux mais confortável ao entrar, a loja realmente era bem cara, o menor preço era $800, e era apenas uma camiseta da seda mais bem feita de Bandle City.

– O vestido mais chamativo que tiverem, por favor – Lux negou com a cabeça, mas a mãe ignorou – É, o mais chamativo. Lerdas.

Lux se sentia irritada quando sua mãe tratava mal os trabalhadores, a sra. Crownguard não tinha muita paciência com as pessoas que demoravam para atendê-la ou simplesmente não entendiam o que ela dizia, gostava de ser bem atendida, e brigava com eles até quando a tratavam bem. Gostava de ser tratada do melhor jeito possível, como se fosse uma rainha.

As vendedoras trouxeram o vestido mais feio que Lux já viu, cheio de penas de ganso e um guaxinim morto na região do pescoço, era bizarro, mas a mãe abriu um sorriso tão grande que parecia querer o vestido para ela mesma.

– Que coisa maravilhosa! – disse a sra. Crownguard em um voz fina – Nunca vi um vestido tão lindo em toda a minha vida! Luxanna, você ficará linda! – Lux segurou a risada o máximo que pôde, mas aquilo cessou ao se imaginar naquele vestido, ou melhor, naquela aberração.

Quando foi provar, aquilo quase nem entrou, sua cintura era um pouco maior do que o vestido, e isso complicou um pouco, as três vendedoras tiveram que puxar ao mesmo tempo, foi constrangedor, mas depois de um tempo deu certo. Quando a mãe viu o preço, Lux pensou que ela ia gritar, mas para ela era como gastar centavos em uma balinha de menta.

Ao sair da loja, o trem estava quase indo embora, mas as duas pularam na porta e conseguiram entrar a tempo de embarcarem, ofegantes de adrenalina, voltaram à cabine com as mãos recheadas de sacolas.

– ... aí a Ashe chegou com aquele arco sinistro e eu consegui desviar das flechas congeladas, mas por pouco, ah, chegaram! – ia dizendo Garen naquele mesmo tom de aventura que Lux detestava, fazendo ela afundar na cama desconfortável. – Continuando, eu consegui jogar minha espada bem na cara dela... – ele riu e o pai também, enquanto a mãe sorria.

Lux olhou pela janela, a civilização utópica de Bandle City desaparecia em escuridão total. Podia apenas ser visto o lago iluminado pela lua enquanto passavam pela ponte; o sono dominava a todos, menos a Lux, que não conseguia parar de pensar na futura estratégia; a luz da cabine se desligou, e todos se deitaram, até Lux. Embora ela não tenha conseguido dormir por um bom tempo.

Todos acordaram ao mesmo tempo durante a segunda parada, eram seis da manhã e o sol se escondia por trás das montanhas. O estômago de Lux fazia um barulho deselegante de pura fome, e Garen a olhava risonho.

– Cala a boca – disse Lux em um bocejo, mal conseguia pensar.

– Vamos comer alguma coisa no refeitório – Ao ouvir o estômago de Lux fazer sons estranhos pela segunda vez, a mãe tirou a venda de dormir dos olhos, seu cabelo estava todo bagunçado, mas em alguns poucos segundos o amarrou em um coque apertado.

Todos se levantaram das camas e foram direto para o refeitório, que estava cheio de guloseimas matinais, pães, geléia, tudo para um café-da-manhã aconchegante. Escolheram uma mesa e encheram seus pratos, quando o trem voltou a andar bruscamente e um dos pães de Lux caiu no chão.

– Cuidado! Jogue no lixo – A mãe colocou a mão no rosto, e Lux catou o pão do chão e o jogou no suposto lixo (o rosto de Garen).

Garen e Lux discutiram durante toda a refeição, e não se falaram durante todo o resto da viagem – se de alguma forma fossem se falar –, enquanto continuavam com o papinho de League of Legends. Lux um dia seria muito melhor que seu irmão, e se destacaria como ninguém. Ser como Katarina ou Akali, ou até melhor, mas que faria parte de lá, ah, faria.