A fuga da Luz

A dama da luz


Lux e Taric viajavam pelas ruas escuras de Piltover, mal alumiadas pelos postes do lugar. Uns até piscavam em defeito, enquanto outros apresentavam uma luz fraquinha que dava à lua um ar mais sereno que de costume. Conversavam animados durante grande parte do trajeto, buscando encontrar vestígios da localidade de Ezreal. Seria meio fácil. Ezreal costumava marcar os lugares onde passava com flechas cintilantes de energia do seu bracelete cibernético.

– Que legal! Vamos encontrar com o Ez! – Lux se segurou em um dos postes com a mão esquerda, o contornando como quem dança na chuva. Taric assentiu com a cabeça, dando um sorriso torto. Ele ajustou sua gravata-borboleta tosca com a ponta dos dedos, encarando a lua com seus olhos brilhantes como o gelo.

Lux continuou a caminhar, correndo os olhos por cada prédio e estrutura que pudesse captar, simplesmente admirada com a formosura da cidade. Piltover era muito diferente do que estava acostumada a ver em Demacia, onde só se encontra utopia e frescuras como as de sua mãe e aquela maldita Fitz alemã raquítica. Piltover era bem mais legal, cheia de crimes para combater, mesmo que a policial Caitlyn e sua fiel escudeira Vi dessem conta do trabalho.

E, por fim, dada a última flecha de energia cibernética, estava Ez. Ezreal tinha cabelos loiros até o ombro, a sua pele era clara e suas bochechas eram rosadas. Seria considerado o garoto dos sonhos de qualquer garota se não vivesse com o rosto sujo pelas aventuras que vivia. Agora, Lux poderia viver aventuras com ele e Taric – o que ela sempre sonhou.

– Ezreal! – gritou Lux, correndo na direção do amigo. Taric foi tentando acompanhá-la, mas era bem mais lento que Lux. Ezreal se surpreendeu, porque jurava com todas as letras que Lux estava caçoando com a cara dele quando disse que iria fugir do evento dos seus pais e o encontraria.

– Lux? Taric? – disse Ezreal, até espreitando os olhos na direção deles para se dar conta de que não era uma miragem. Seus amigos estavam ali, e ele não podia estar mais contente. Ele ajustou seus óculos Steampunk em cima da cabeça e correu na direção dos amigos para abraçá-los.

Foram muitos abraços, mas foram interrompidos quando Lux pôde ouvir a voz de sua mãe gritando pelo seu nome. E com nome quero dizer o de que Lux tenta esconder. Ela se escondeu em um beco escuro e puxou os amigos junto a ela, resmungando alguns palavrões e cruzando os dedos para que a mãe não a encontre.

– Luxanna! – dizia a mãe com o seu sotaque britânico evidentemente forçado. Atrás dela, estava Garen e seu subalterno pai sem dizer uma palavra. A cachorrinha magricela no colo da sra. Crownguard latia em desespero, muito embora estivesse se fazendo de boazinha. Adorava morder a canela de Lux quando aprontava alguma coisa, o que tirava o trabalho da mãe de dar umas boas palmadas na garota.

Mas algo aconteceu. Foi rápido, mas nem um pouco sutil.

Todos os postes explodiram em luzes tremeluzentes. Um prisma se alojou em cima da cabeça de Lux, e cerca de vinte anomalias de luz se espalharam por toda a praça. A sra. Crownguard deu um grito exasperado, e a cachorrinha se encolheu no colo confortável da mulher. Quando as anomalias explodiram, um som ensurdecedor tomou conta da cidade por poucos segundos. E, depois de um silêncio mútuo, com todos paralisados pelo recente acontecimento, a jovem Lux flutuou até a praça e transpareceu na mais pura luz, com as sete cores do arco-íris a envolvendo. Todos colocaram as mãos na frente do rosto para não se cegarem pelo brilho, sem palavras. Era possível enxergar em meio de tanta luz, uma mulher de cabelos cinzentos e vestes elegantes que contemplava tudo com atenção, nem precisando colocar alguma coisa na frente dos olhos para observar a cena.

Levantando as mãos, a mulher pareceu fazer todo o brilho e as anomalias se cessarem e, calmamente, se colocou na frente de Lux.

– Luxanna Crownguard? – Ela encostou a mão no ombro de Lux, que estava quente e tremia de medo. Ela assentiu com a cabeça. A praça estava totalmente destruída, e logo Caitlyn e Vi surgiram da rua principal, preparadas. Mas quando viram a senhora de cabelos cinzentos falando com Lux, se aproximaram despreocupadas.

– Não se preocupe, Luxanna – Lux estava tão chocada que nem corrigiu a mulher – Isso foi apenas uma manifestação dos seus dons. Parabéns, foi lindo. O seu dom é rico de beleza, de poder, de força. Mas isso pode se tornar algo perigoso se não for controlado de forma correta. Para isso, te convido para a Escola de Magia de Runeterra.

– E-espera, eu não tô entendendo nada! Você pode ser mais clara? – Lux balançou a cabeça, totalmente confusa. Acabara de destruir a praça de Piltover, era responsável por um crime. Sempre sonhou com o contrário, eliminar os crimes, e não os gerar.

– Você é uma maga, Luxanna – continuou a mulher. – Pelo que assisti, seus dons se desenvolveram especialmente para a luz e, com isso, você será de grande ajuda para os exércitos, assim que estudar sobre a magia e aprender a controlá-la.

Lux tentou retomar a pose, limpando a garganta.

– Mas eu não quero estudar, não agora – disse ela, sem certeza do que estava falando, sem querer atirando uma rajada de luz contra a senhora que a fez ficar presa em algo próximo de um campo de força. Ela se desesperou quando Caitlyn apontou sua arma para ela e quando Vi começou a ativar suas luvas de aço.

Ezreal puxou Luz pelo braço e eles correram até o beco. Taric agarrou um grande pedaço de metal largado pelo chão, o usando como escudo para interceptar os tiros de Caitlyn. Vi correu na direção deles, quase os alcançando antes de ser atingida por duas flechas-rede de Ezreal, que a seguraram por tempo suficiente para escaparem. Eram fugitivos. Fugitivos. Era completamente o contrário do que Lux queria, e não estava nada feliz com isso.

E lá estava o trio. Viajando. Vivendo a peripécia que sempre sonharam, mas do lado contrário dos tantos sonhos. Estavam fugindo de Caitlyn e Vi, policiais de Piltover, enquanto sempre sonharam em ajudá-las. Lux se negou a participar da escola de magia, muito embora não tivesse pensado direito a respeito disso. Mas seria tarde demais. Agora estavam perdidos no mundo, eram criminosos.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.