Ela disse com a garganta seca e com o coração disparando. Demônios são articulosos e espertos, sempre detectam nossa maior fraqueza e usam elas contra nós. Leviatã soltou um sorriso amarelo e falou suspirando:

_ Pazuzu, o demônio do vento sudoeste nas antigas mitologias Assírias e Babilônicas.

Nara não conseguia acreditar naquilo e duvidou da sua própria existência. Ao seu lado a besta ria alto e passava a língua por entre os dentes.

_ Mas como isso pode acontecer?

_ Simples, eu vou lhe explicar e não quero que tenha mais dúvida. Os demônios andam perto de nós no mundo físico. Eles vestem a roupagem de humanos e passam a querer sentir emoções e a fazer parte das coisas mundanas. Sua mãe, Kyra, sempre foi uma jovem muito bonita e nós demônios também somos muito elegantes e aconteceu que sua mãe teve um pequeno relacionamento com Pazuzu e então nasceu você. Você é um baalihan, um meio demônio. Os filhos de demônios com humanos são chamados assim.

_ Mas como eu posso ser assim se eu não tenho instintos assassinos e nem sou tão esperta como um demônio? Não consigo entender.

_ Ainda há boatos de que sua mãe seja um anjo. Sendo que se sua mãe for um anjo, então você é um Nefilim. Filhos de anjos com demônios. Agora isso você tem que perguntar á sua mãe por que essa informação dela ser um anjo ou não é meio duvidosa e seu pai não me disse nada.

_ Meu deus!

Nara caiu no chão e tentou relembrar de todos os acontecimentos que lhe aconteceram até alí. Seus pesadelos horrendos durante a noite, o fato de ser tão triste e de possuir um enorme vazio dentro de si, ou no dia quando estava com raiva e fez ao seu redor um redemoinho formado de areia. Sobre o quanto sempre gostou de assuntos que envolvessem demônios, anjos, necromancia, magia, ocultismo . lembrou que sempre ao acordar sentia um cheiro de rosas vermelhas espalhado pela casa e que um dia achara uma pena descançada sobre o travesseiro e sua mãe.

_ Isso não pode acontecer.

Ela pegou suas coisas e saiu correndo.

_ Você não se livrou de mim.

Leviatã disse alto com um grito berrante e assustador que ecoou por toda a rua. Nara corria e chorava ao mesmo tempo. Não sabia o que pensar. Estava engasgada entre seus próprios pensamentos. Ao ver uma pedra ela tropeça e

cai. Era dia e o sol brilhava forte, mas suas cicatrizes estavam escondidas. De repente o dia virou noite e a lua apareceu desbotando o céu. Nara só conseguia olhar para a noite que a cada vez se tornava mais escura. A rua ficou muito escura e mal se podia ver nada. Ela consegue ouvir sussurros vindos em sua direção. As luzes dos postes de eletricidade estouram e ela consegue ouvir um grito fino ecoar pela sua cabeça. Coloca as mãos tampando os ouvidos e começa a chorar e a correr afim de se esconder em vão porque ela nada via. Sentou no chão e sentiu que estava próximo a uma calçada molhada e sentiu que algo puxava seus pés. Ela não conseguia gritar. Algo tampou sua boca e também a sua respiração. Sentiu garras que se enroscavam entre seus cabelos e a arrastavam para a escuridão. Sem ar, fraca e sem esperança, ela fechou os olhos e decidiu se entregar aquilo. De repente, por um minuto não ouviu mais nada. Sentiu sua respiração voltando novamente e não escutou mais os sussurros. Ouviu apenas algumas garras arranhando o chão e ela as escutou se afastando para bem longe. Viu uma luz á sua frente e sentiu cheiro de rosas vermelhas como o aroma de sua mãe. Viu um par de asas brancas flutuando no céu e indo em sua direção. A imagem era tão linda que Nara de imediato sentiu uma enorme paz invadindo o seu peito e queria que aquela sensação nunca mais fosse embora.

_ Nara? Filha de Kyra?

_ Sim, sou eu.

A menina estava atônita e mal podia falar direito porque uma enorme luz a cegava.

_ Sou Simiel, um arcanjo e fui designado para proteger você. Agora levante-se, aqueles demônios ainda estão por aqui e eles sentem o seu cheiro a mando do Leviatã que falou com você hoje mais cedo. Vou te levar para a sua casa.

Nara não conseguia ouvir nada . só prestou atenção nas expressões de Simiel. U homem alto, com cabelos castanhos, uma armadura que lhe cobria todo o peito, uma expressão serena e sua casca tinha uma enorme cicatriz que atravessava um dos braços.

Ela esstava inconsciente e desmaiou antes mesmo de Simiel dar a última palavra.