—você de novo? - perguntou o guarda sentado em uma poltrona acolchoada olhando surpreso para a garota arranhada e descabelada

—pois é – ela da de ombros revirando os olhos - tenho um dom para vir parar aqui n é? Estava com saudades?

— já é a terceira vez esse mês- ele suspira- vamos ao procedimento de sempre: nome?

—serio? Precisa mesmo disso tudo? Não é só pegar minha ficha da semana passada? – ela ergue uma sobrancelha

—apenas responda garota

—Luna Duvessa- ela fala suspirando

—idade

—dezesseis anos

—sexo

—masculino – ela fala o olhando com deboche

—certo...motivos para estar aqui

—quer a verdade certo?

—sim, a verdade

— Esta bem, eu estava voltando para casa em vi uma criança sendo encurralada por um ciclope, o ataquei antes que ele fizesse mal a ela, mas ele foi incrivelmente rápido e me jogou contra uma parede, devo estar com umas costelas quebradas. Ele me atacou antes de levantar e eu desviei a tempo antes de virar picadinho de ciclope. Ele quebrou a parede da joalheria e me jogou lá dentro como se eu fosse um boneco. Consegui acerta-lo com minha adaga pouco antes da poeirada abaixar, mas vocês já tinham chegado e a criança tinha sumido, então não deu para fugir.

O homem suspira e cruza os braços a olhando com desdém.

—eu pedi a verdade Luna...

—Arg! - a menina revira os olhos – arrumei uma briga com os traficantes, eles estavam em grupo, levei uma surra, eles me fizeram explodir uma parede por diversão com explosivos caseiros e me seguraram lá até vocês chegarem- ela fala olhando para o teto com voz de tedio

—obrigado, sabe que seus pais não gostam que você se meta em encrenca, não é?

—É, eu sei, mas é inevitável, a encrenca vai atrás de mim como cachorro atrás de biscoito

A menina se levanta e vai caminhando para a sala de espera. Aquilo já havia acontecido tantas vezes que ela já estava acostumada e todos na delegacia já a conheciam e a cumprimentaram normalmente, até mesmo alguns prisioneiros falavam com ela como se ela fosse uma velha amiga.

—está de castigo- fala uma voz atrás dela

—eu sei, sabe? estava com saudades daqui - ela responde o pai sem se virar para ele mexendo em alguns objetos confiscados como canivetes e brincos

—vamos sair logo, odeio esse lugar

Ela pega o que sobrou do casaco esfarrapado e volta para casa com o pai em um incomodo silencio, o qual ela não ousava intervir. A dor a incomodava, mas ela sabia que não era nada de demais, dois de noite ela seria curada e de manha já não teria mais nada dos arranhões e hematomas.

A cama a estava chamando tão alto que ela nem tomou banho, apenas se jogou nela por cima das cobertas de barriga para cima

—parabéns duvessa...-ela murmura olhando para o teto e jogando os sapatos na parede oposta - quando eles vão parar de duvidar de mim?

Ela tira o MP3 de debaixo do travesseiro e liga uma música qualquer no volume máximo fechando os olhos e absorvendo cada nota e vibração da música que a fazia ser levada para outra dimensão, de notas, vibrações rítmicas e muito barulho,

Tudo já estava começando a ficar menos solido quando batem na porta a trazendo de volta a horrível realidade a lembrando das dores no corpo e no quão cansada estava.

“droga”... Ela murmura se levantando e abrindo a porta, mas não havia ninguém lá, ou era o que parecia. Decidia a procurar quem estava de brincadeira, ela não encontrar ninguém pela casa. Estava sozinha, mas não se sentia sozinha, tinha alguma coisa lá dentro, alguma coisa que cheirava a esgoto e bicho morto.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.