Undyne sabia, mesmo sem nunca o ter visto em sua vida, que conhecia o humano em sua frente. Tinha a plena certeza que haviam se enfrentado antes e, principalmente, que havia o matado. Fez feito isso vezes o suficiente para perder a conta, e uma forma era mais cruel que a outra. Sua lança já havia perfurado aquele torso; a bota já havia pisoteado o rosto até que ele se afundasse no crânio; as mãos já haviam arremessado o corpo para o abismo que os cercavam. Uma vez atrás da outra, o olho viu a vida se esvair daquele ser.

Mas lá estava ele, vivo como nunca. Não entendia como isso era possível, e tão pouco se preocupava com o porquê. A única coisa que importava era o fato de que o pararia, e o massacre feito em seu lar teria seu fim tardio.

O pequeno demônio sorria confiante, intocável a cada magia e arremetida de sua lança. Tão enfurecedor quanto frustrante eram os movimentos de quem previa cada um de seus ataques com extrema antecedência. Undyne percebeu o modo que ele a lia com extrema facilidade, como se nada do que pudesse fazer fosse o surpreender de alguma forma. Ele também sabia que já haviam se enfrentado antes, podia se lembrar de ter sido morto impiedosamente, e mesmo assim continuava a sorrir descaradamente para ela.

Os olhos deixavam bem claro as suas intenções, não passava de um jogo para ele. A compostura era a de alguém que via a vitória como apenas uma questão de tempo para ser alcançada. Não seria, nunca deixaria que fosse, cada fibra da alma do monstro a impregnava com essa certeza. A dor imensurável que se alastrava pelo corpo, lentamente sucumbindo ao poder que não podia conter, era a prova de que estava viva, e não precisava de mais do que isso para parar o humano.

Como poderia se considerar Capitã da Guarda Real se fosse diferente? Tampouco poderia se considerar aluna de Asgore, que pacientemente esperava que ela cumprisse seu dever. A espera acabaria em breve e, com isso, todos os monstros que foram reduzidos à poeira seriam justiçados. O subsolo lamentariaa pelas enormes perdas ao mesmo tempo que bradaria com a conquista que destruiria a barreira.

Não importava os ferimentos e exaustão que tivesse que suportar, ou que se dissolvesse lentamente sem parar, não o deixaria sair com vida dali. Waterfall seria a tumba de uma criança genocida, da sete e última alma, e salvaria tanto os monstros quanto os humanos.

Logo veria aquele demônio morrer mais uma vez, e essa seria só mais uma em uma fila de milhares se fosse necessário. Undyne lutaria pelo tempo que seu corpo permitisse, e depois disso continuaria lutando.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.