Na semana seguinte da nossa pequena briga eu tentei conversar com Regina quando ela entrou na sala.

—Hey, bom dia. _ a cumprimentei enquanto estava sentada na mesa do Killian. Ela mal sorriu para mim e passou direto, me virei para o meu amigo. _ Viu, eu tentei.

— Ela sorriu para você. Já é um começo e você não sabe o que aconteceu com ela ontem, vai que a mãe dela a colocou de castigo? _ Eu olhei bem para o meu amigo.

—Killian, você está usando delineador? Você está usando sim! E passa melhor que eu!

—Se você quiser, eu te ensino, amor. _ Ele sorriu.

—Mas é serio! Eu queria acabar com essa competição idiota, isso me custou um arranhão na testa e um puxão de orelha que nunca tinha levado.

— Ainda bem que você caiu na real. Você deveria achar um boy.

— cadê a lista de pretendentes que não estou vendo?

— Ai, você também é difícil. _ Ele disse se levantando. _ Você não sai para canto nenhum e ainda quer ter uma fila de boys aos seus pés?

— Você poderia me ajudar. _ Disse gargalhando na brincadeira.

—Vai ter uma festa, a Ursula vai dar. Acho que vai ser no dia da ultima prova. Você já passou então não tem nenhuma preocupação.

— Eu vou encontrar o meu boy nessa festa, mas se der eu te dou uma ajudinha. Vai que você beija alguém._ Ele riu. _Quero filmar, vai ser um momento histórico!

Eu fiquei vermelha porque ele disse aquilo muito alto na sala que estava se enchendo. Dei um tapa nele e saí para beber um pouco de água, só para ver se minha vergonha diminuía.

Quando estava entrando na sala, meu celular vibrou, era uma mensagem de Eric me dizendo o motivo de não poder ir na aula, estava doente. Eu estava com a minha cabeça baixa e não vi quando virei entrando na sala.

—Au! Minha cabeça._ Meu celular com o choque caiu com tudo. _ tomara que não tenha quebrado. Quando levantei o meu rosto vi em quem eu tinha trombado, Regina. _Desculpa?_ ela saiu furiosa da sala e logo depois o sino tocou. _ Esta vendo Killian? Não sou eu, é ela.

Fizemos as provas finais, graças aos céus não tivemos mais nenhum trabalho em grupo.

Chegou o dia da festa, eu iria com Killian ele me buscaria.

—Ah, não é atoa que eu te comparo com a Santana, sua gay._ ele disse logo quando me viu.

—O que? Eu já não te pedi para não me comparar?

—Mas amor, você não consegue esconder a sua gayzisse. Vamos vou escolher uma roupa melhor para você, eu sei que você tem.

—Olá Killian. _ Minha mãe disse

—Boa noite Mary, boa noite David. _ ele cumprimentou os meus pais e me arrastou escada acima. Entrou no meu quarto. Eu não sabia o que havia de errado com a roupa, estava de calça, blusa e jaqueta e botas, estava simples. _ Toma, veste esse daqui.

—Eu não vou de vestido Killian! Estou confortável assim.

— Então tá bom. _ Ele levantou as mãos. _Não sei o que faço com você_ analisou o meu rosto _ pelo menos passou uma maquiagem. Só tira essa jaqueta azul horrorosa e coloca aquela vermelha que eu amo.

—E eu não posso falar nada da sua roupa, seu chato._ Tirei a jaqueta e ele me entregou a outra. Ele estava com uma calça jeans preta, botas, uma camisa social roxa e uma jaqueta preta de couro e havia passado delineador. _ Quem vai estar lá?

— Emma, é uma festa! Deve ser a escola toda! Quem você quer que vá? O gato do August? Poderia te arrumar ele. Vou te arrumar ele.

— Não Killian. _ Já estávamos em seu carro e a caminho da festa. Quando chegamos eu percebi que ele estava falando a verdade, a escola deveria estar toda ali.

Entrei e havia pessoas beijando por todo o canto da mansão de Úrsula não posso negar que me sentia desconfortável.

—Vou ali e já volto, não faça bobagens Emma. _ Killian gritou no meu ouvido.

Passei os primeiros minutos procurando algo não alcoólico para beber, as pessoas só riam de mim me achando patética por não beber. Então peguei um copo apenas para enfeite, só que eu vi Neal beijando a namorada, ainda me sentia um pouco mal quando os via, eu me sentia como se ele estivesse se mostrando, eu havia criado toda uma historia na minha cabeça, então senti o copo na minha e dei um gole, era cerveja, larguei o copo na primeira mesa que achei, queria sair dali, eu estava fadada a terminar a minha vida sozinha mesmo, já estava aceitando.

Subi as escadas na tentativa inútil de fugir do som e das pessoas se engolindo e trocando baba, era pela saliva que a maioria das doenças são transmitidas e ainda achamos esse ato de compartilhamento de baba prazeroso?

A cada canto que olhava tinha um casal, independente do sexo, tentei algumas portas mas estavam fechadas, tinha apenas uma porta que eu não havia tentado, senti um alívio enorme quando a porta se abriu, contudo estava cheia de casacos, peguei o meu celular e entrei no pequeno cômodo e acabei tropeçando em algo, direcionei a luz naquela direção e vi uma perna que logo foi encolhida.

—Mas que porra! Eu quase morri. Pensei que era um corpo!_ Eu realmente havia tomado um susto, meu coração parecia que ia sair pela boca ou abrir um buraco no meu peito. _ Quem está ai?

—Só sai daqui, achei primeiro. _ Era uma voz chorosa que eu reconhecia, tirei os casacos de sua frente mostrando uma Regina com o rosto molhado, a maquiagem borrada e os olhos vermelhos.

—Regina, o que aconteceu?

— era o que me faltava, por que tinha que ser você Swan? Já estou de saída.

— Não, eu quero saber o que aconteceu, eu estou tentando ser legal.

—Olha, eu estou bêbada e acabei de saber que meu namorado me trai, então com licença. _ ela se levantou, em sua mão estava uma garrafa de vodca já no final. Segurei o seu braço impedindo que saísse.

— Pode me contar.

—O Daniel, ele me traiu na cara dura enquanto eu fui pegar nossas bebidas, quando eu voltei ele estava beijando outra. Eu sabia que tinha algo de errado com ele, ele já estava distante há muito tempo._ Eu realmente não sabia o que fazer. Abraça-la? Nunca tinha lido um manual de como ajudar uma pessoa bêbada que fora traída, depois disso eu poderia escrever o manual. Na verdade eu não me encaixava nessas coisas, não sabia como agir, então mudei de assunto.

—Me desculpa pelo outro dia, do futebol. Era isso que eu queria falar. Estou disposta a... _ fui interrompida por ela quando ela me beijou. Ela estava com seus lábios colados no meu, ela estava realmente bêbada. Eu não sabia com agir, nunca havia beijado ninguém! Não sei se foi por instinto, mas eu separei meus lábios e depois eu estava a beijando, sua boca estava, com toda a certeza do mundo, com o gosto da vodca. Ela se ajoelhou e se aproximou ainda mais de mim, colando os nossos corpos, ela segurava a minha nuca e eu parecia uma estátua, eu estava gostando daquela sensação, então coloquei um mão eu sua cintura e a segurei até que fomos separadas por uma batida na porta.

Eu estava sem intender o que havia acontecido, certo, ela estava com 90% do corpo tomado pelo álcool e seu coração estava partido e eu estava ali, só uma boca, ela não lembraria de nada no dia seguinte, eu tinha certeza disso, mas eu não.

—É eu estou muito bêbada, ninguém pode saber disso, tá Swan?_ Ela se levantou e saiu do pequeno armário de casacos. Será que ela estava torcendo que eu também estivesse bêbada? Por que diabos ela fez aquilo? Fiquei no pequeno armário iluminado apenas pela lanterna do meu celular. Eu estava disposta a esquecer o que tinha acabado de acontecer. Mandei uma mensagem para Killian dizendo que ia para casa, que não precisava se preocupar, ainda não tinha passado de meia noite e minha casa ficava a apenas meia hora de caminhada.

Fiz o trajeto da minha casa correndo depois que ouvi um barulho estranho, estava com medo de morrer.

Quando cheguei em casa os meus pais já estavam dormindo. Subi para o meu quarto fazendo o maior silencio possível. Quando me olhei no espelho eu vi que estava com o meu batom todo borrado, tirei minha roupa e coloquei o meu pijama, lavei meu rosto e me enfiei debaixo das cobertas . Quando coloquei cabeça no travesseiro que acordei para a vida. Eu havia beijado! Regina Mills havia me beijado! Mas ela estava bêbada e pediu segredo, ela nem se lembraria de nada e eu não poderia contar nem para o Killian.

O que me perturbava era o motivo de ela ter feito aquilo. Seria apenas efeito do álcool e coração partido ou... Não tinha “ou” Emma. Era apenas o álcool mesmo.

Acordei com o meu celular tocando, Killian.

—Menina, o que aconteceu para você sair aquele horário da festa?

—Nada, só não era o meu habitat natural.

—Tem alguma coisa aí.

—Nada Killian, pode ficar tranquilo.

—Você beijou alguém?_ eu não sabia que tinha demorado tanto tempo para responder até que eu ouvi um grito do outro lado da linha. _ Você beijou! Estou tão orgulhoso da minha menina! Quem foi? Quero que me conte tudo.

—Eu não beijei ninguém acalme-se. _ Eu não poderia falar que Regina Mills havia me beijado se não meu amigo teria um enfarte.

—Que pena! _ é que pena.

Encerrei a conversa com Killian e mandei uma mensagem para a única com quem eu poderia conversar sobre o a ocorrido, a única que teria maturidade suficiente: Zelena.

Oi Zel desculpe atrapalhar as férias mas eu acho que você sabe que além de professora e mentora você também é a minha amiga. Estou precisando conversar e Killian nem Eric ou Ariel são as pessoas certas.

Não passou muito tempo e recebi a resposta.

Claro, Emma. O que aconteceu? Tem como me encontrar às 16 horas no Granny’s?

Se ela marcasse na Lua eu iria.

Não aguentava mais ficar dentro de casa, meus pais estavam trabalhando e meus amigos de ressaca. Me arrumei e saí. Se eu só precisasse andar em linha reta para chegar ao Granny’s eu iria passear pela cidade toda.

Cheguei com meia hora de antecedência, pedi um chocolate quente com canela e fiquei esperando na ultima mesa. Imaginei diversas reações da minha professora/amiga, mas eu estava confiante que ela seria a pessoa mais matura com quem eu podia contar. Tentei ensaiar na minha cabecinha como eu iria contar para ela. Eu já estava ficando nervosa, talvez aquela não seria uma boa ideia. Quando me preparei para sair uma figura ruiva conhecida entrou.

Ela estava como semblante preocupado, qualquer um que soubesse do meu relacionamento com os meus amigos ficaria.

—Emma, tudo bem? Aconteceu alguma coisa?_ a mulher me abraçou.

—Aconteceu e não aconteceu. _ ela fez uma cara de confusa. _ Aconteceu, mas não poderia ter acontecido e ninguém pode saber disso.

— Vocês adolescentes, o que aconteceu? Desembucha.

— Primeiro você tem que prometer que não vai contar para ninguém. _ fui interrompida pela garçonete perguntando o que queríamos, eu pedi outro chocolate com canela e ela apenas um café. _ você tem que prometer, Zelena.

— Emma vocês esta ficando vermelha e está me preocupando. Aconteceu alguma coisa na festa ontem?

— Sim._ eu queria sumir dali.

— O quê?_ Ela gritou chamando a atenção das pessoas um pouco depois tornou a perguntar mais baixo e logo a garçonete chegou com os pedidos

—Eufuibeijada. _ Disse em um fôlego só e tentei esconder o meu rosto vermelho na caneca.

— Isso é ótimo!

— Não, não é. _ eu deveria estar me camuflando no estofado vermelho do banco.

— Quem foi que te beijou? _ ela dizia com um sorriso estampado no rosto. Eu respirei fundo e senti o meu rosto queimar ainda mais.

— Regina Mills._ disse quase em um sussurro. Ela abriu a boca em formato de um O e depois sorriu. _ Mas ela estava muito bêbada com o coração partido e disse que ninguém poderia saber. Pronto. Só precisava falar disso para alguém, só que se eu contasse para o Killian ele surtaria.

— Emma e qual é o problema? _ Ela perguntou chegando mais perto e segurando a minha mão

— Eu não sei!_ me afundei de vez no banco esperando pela reação da ruiva.

— Você gostou?_ não respondi, entretanto as cores em meu rosto me denunciaram _ E qual o problema de ter gostado? Só porque ela é uma menina ou porque é a Regina?

—Eu poderia usar apenas a segunda resposta. Ela nem olha na minha cara! Mas para me beijar eu sirvo, eu não gostei da situação. _ quando olhei para ela Zelena estava me encarando com um sorriso enorme.

— Que fofo. _ se ela estava pensando em mais coisas manteve para si.

— Para, não é fofo.

— Então qual é o problema? Ainda não estou entendendo toda essa atitude.

— Eu fiquei confusa. _ quando eu disse aquilo se tornou real.

—Querida isso é normal. Por que você não espera um pouco, esfria a cabeça, tenta conversar com ela ou dar um tempo e espera até o início das aulas?

— Esperar dois meses?

— Você vai tentar conversar com ela agora? Creio que não, só de olhar para você eu já sei que iria esperar até o próximo ano._ ela disse calmamente. _ E agora vocês estão no contrato do Mr. Gold! Vão passar mais tempo juntas fazendo seus projetos. Converse com ela.

— Ela nem deve se lembrar. _ eu disse tristemente.

—Ela seria uma boba de esquecer-se de você. E parece-me que você gostou e quer repetir a dose.

Eu a encarei e queria bater nela, gostar eu gostei, mas não teria de repetir a dose, como ela disse, com a Regina.

—É tão mais fácil conversar essas coisas com você do que com minha mãe._ dei um sorriso sincero _ Obrigada por estar sempre presente por mim.

— Claro sou sua mentora/amiga/psicóloga/conselheira/professora/treinadora.

A diferença de idade entre nós era de apenas oito anos, ela era uma amiga e tanta, no início eu tive uma quedinha um pouco esquisita por ela, mas depois ela se tornou minha melhor amiga na escola nova. Eu sabia que podia confiar nela já que estava entre meus amigos e pais.

— Eu te amo Zel.

—Eu também te amo sis.

No período das férias tudo ocorreu normalmente, não encontrei mais com Regina e sai com os meus amigos, Killian estava tendo um caso e só iria nos apresentar quando começassem a namorar serio, eu e ele já tínhamos notado a troca de olhares entre Eric e Ariel mas preferimos não comentar nada. Pensei muito no que aconteceu e na minha conversa com Zelena, resolvi esquecer tudo. Ela seria a minha professora de química novamente, era muita sorte.

Uma semana antes de começar as aulas minha mãe veio me informando que ela havia conseguido um emprego de psicóloga na escola onde eu estudava para auxiliar os alunos em vários aspectos.

Não sei dizer se é uma coisa boa ou ruim.