Quando chegamos em casa os meus pais continuavam na mesma posição de quando nós saímos, aninhados um no outro assistindo filmes.

— Como foi lá?_ mamãe perguntou.

—Ótimo, Mary._ Regina respondeu sorridente.

—E sua testa, Emma?

— Nem lembrava mais... Nós vamos subir, dar uma estudada na matéria de química se não Regina tem um treco . Qualquer coisa me chama.

—Me explica os casais no seu grupo? _ de início não intendi nada de sua pergunta, depois caiu a fixa.

—Bem, o Eric e Ariel você já sabe da situação, o Philip e Ariel são loucos um pelo outro, Killian ainda nãos apresentou seu boy magia, a Mullan desconfiamos que ela tenha uma queda pelo Phillip ou Aurora e o August tem uma queda por ela, enquanto a Ruby gosta do Aug e...

—Sim, sim, já intendi. É que eu reparei como a Mullan ficou depois que o Phillip beijou a Aurora._ se jogou na minha cama._ Um que gosta do outro que gosta do outro. Parece um poema brasileiro que já li. Só falta alguém gostar de você e você gostar de alguém de fora do grupo.

—Se você está jogando o verde para colher o maduro... Esta perdendo sua chance. _ me joguei ao seu lado e ela abriu a boca em espanto._O quê?

—Então você gosta de alguém do grupo! É o August?_ ela ficou de lado me olhando.

—Não!_ continuei encarando o teto.

—Ah, qual é!_ me cutucou na barriga._ Eu te conheço a pouco tempo e sei que você está afim de alguém sim!

—Tá se eu estiver afim de alguém eu te conto quando estiver, okay?

—Sou paciente, sei que está afim de alguém.

—Vamos estudar para mudar de assunto?_ me levantei da cama e peguei nossos cadernos.

—É deve ser alguém bem...

—Regina! Você está passando muito tempo com o Killian!_ ela riu e se sentou em minha cama.

— Mas é serio? Você não vai me contar? Está ficando vermelha..._ eu fiz uma coisa muito maluca, maluca mesmo. Encaminhei a passos largos largando os cadernos na ponta da cama e peguei sua nuca e a puxei para mim, beijando-a.

Eu estava beijando Regina Mills, minha colega de classe que competia notas comigo e agora minha amiga. Eu estava beijando Regina e ela estava me beijando! Não estava acreditando.

Correntes elétricas pareciam que atravessavam meu corpo, borboletas faziam festa em meu estômago, beija-la era maravilhoso. Nossas línguas se tocavam e cada vez eu queria mais. Ainda estava com minha mão em sua nuca e senti suas mãos envolverem minha cintura. Tivemos que quebrar o beijo porque já estávamos sem fôlego.

Ficamos ali, meu rosto encostado no dela, continuava com os meus olhos fechados, minha mão agora em seu rosto. Ali soube que estava apaixonada por Regina Mills.

— Só não me diga que isso não deveria ter acontecido, por favor. _ Sussurrei e continuei na mesma posição. _ Não como da última vez porque eu quase endoidei. _ como resposta ela me beijou novamente.

Parecia que daquela vez era melhor ainda, eu ainda estava aprendendo, por assim dizer, a beijar, sua mão agora estava enroscada em meu cabelo me puxando mais para si e eu fazia o mesmo entrelaçando os meus dedos nos fios negros.

Ela parou o beijo do nada e saiu correndo sem dizer nada. Demorou um pouco mais para meu cérebro sair daquele estado de desentendimento, o que estava acontecendo? Num momento eu estava beijando-a e depois ela que me beijava até sair correndo e me deixar com uma cara de trouxa.

Me levantei e desci as escadas correndo, meus pais já haviam se levantado e olhavam assustados para mim.

—Emma, o que aconteceu para a Regina sair que nem um raio daqui?_ minha mãe me questionou com preocupação.

—Eu..._ eu estava tão confusa quanto eles. _ A... É...

—Desembucha filha! _ ela quase gritou.

—Nós nos beijamos e ela saiu... me deixando _arregalei os olhos._ O que diabos aconteceu?

—Eu que te pergunto, Emma._ meu pai tomou frente.

—David, agora não é hora para isso. Emma, o que você está esperando, vai atrás dela!

—Não vai não mocinha!_ meu pai agarrou o meu braço.

—Ela saiu sem rumo, pai!_ eu já estava começando a chorar.

— David! Solte a Emma.

—Você sabia disso Mary? Serio? Você aprova as duas?

—Elas se gostam muito, dá para perceber. Ou você é cego?

Eu assistia aos meus pais discutirem sobre a minha sexualidade.

—David, me escuta. _ minha mãe chegou com a voz mansa. _ Regina saiu atordoada, sem rumo, deixe Emma sair para resolver isso.

—Não._ ele respondeu firme.

—Eu me casei com um burro?_ minha mãe se alterou._ você não percebe a troca de olhares dela? Você não percebe como a Emma fica quando está ao lado da Regina? Abra sua cabeça! O que vale é o amor! O mesmo brilho que vejo em seus olhos quando me olha é o que vejo nos olhos da nossa filha! Agora, você vai deixar a Emma sair sim e nos vamos conversar._ disse de modo autoritário.

Eu nunca tinha visto minha mãe daquele jeito, principalmente com o meu pai. Ele olhava para ela sem reação nenhuma e ainda segurava o meu braço.

—Pai, por favor._ eu disse ainda chorando. Ele voltou sua atenção para mim e depois para a sua mão que apertava o meu braço. Olhou assustado e abriu sua mão.

Eu saí correndo e peguei as chaves do carro de minha mãe. Entrei no carro e dei partida. Merda, merda, merda. Por que motivo eu fui fazer aquilo? Estava tudo tão bom ela sendo a minha amiga. Estraguei tudo. Tínhamos passado horas maravilhosas hoje e eu agi por impulso. Sua casa ficava a dez minutos de carro, o tempo em que meu pai me impediu de sair pareceu uma eternidade, eu poderia acha-la no meio do caminho.

—Regina, cadê você? _ Perguntava baixo. Esmurrei o volante quando estava chegando perto de sua casa e não tinha visto sinal dela. As lágrimas voltaram. E se tivesse acontecido alguma coisa com ela? Estava já escuro e ela saiu sem rumo. Cheguei em sua casa. Toquei a campainha. Nada.

Rodeei a casa, estava toda fechada, sem sinal de vida. Bati na porta novamente. Foi então que me lembrei.

—Emma, sua burra!_ me estapeei na testa esquecendo-me do corte. _ Merda.

O único lugar que ela poderia estar seria a casa de Zelena. Voltei para o carro.

A casa de Zelena era mais perto que a dela, mas em sentido contrário. Entrei dentro do carro e manobrei correndo. Não imaginava que meu pai reagiria daquele jeito. Ainda bem que minha mãe estava lá. As lágrimas borravam a minha visão e eu as enxugava. O lugar do corte doía depois do tapa que me dei.

Aquilo era para eu aprender a não seguir o idiota do coração e os hormônios, deveria ter seguido meu cérebro e ter ficado de boca calada.

O tempo parecia prolongar a minha tortura. Quinze minutos pareciam uma eternidade.

Cheguei na casa de Zelana e bati na porta. Não demorou muito e a ruiva abriu a porta.

—Emma! O que aconteceu? O que faz aqui?

— Onde esta a Regina?

—Ela não está aqui._ disse me encarando.

—Zel, você é a minha amiga e prima dela, eu sei que ela está aqui porque já fui até a casa dela e não tinha ninguém lá. Você sabe de tudo, principalmente que sou um idiota. Me deixa entrar, por favor, eu sei que ela está ai.

—Emma, não posso.

—Zelena! Por favor! Deixa..._ eu chorava e percebia a dor na face de minha amiga. Permaneceu estática. Estava dando as costas e a ouvi chamar meu nome baixinho. Quando me virei a porta estava aberta. Passei por ela correndo e depois ouvi um “Emma” dito de modo assustado. Obrigada Zel.

Regina não estava na sala. Corri para os quartos ela estava deitada de costas para a porta na cama que imaginava ser da Zel.

—Regina...

—Emma eu não posso._ disse ainda sem se virar e eu senti o meu coração parar.

—Regina eu..._ eu não sabia como começar._ Eu acho que estou apaixonada por você._ ela nem se mexeu, senti que ela respirou fundo . _ Descobri quando você me beijou na festa. Você estava bêbeda e eu ia me desculpar, mas você me beijou. Foi o meu primeiro beijo, mas eu senti algo diferente._ Dei dois passos e meu joelho encostou no edredom branco da cama._ Eu sei que você sentiu alguma coisa também, se não você não teria me beijado de volta._ Respirei fundo, aquilo era uma tortura. _ Caramba Regina! Então por que me beijou?_ ela se virou para mim chorando e se levantou da cama.

—Porque eu estou apaixonada por você, droga!_ disse gritando, estava confusa. Esbocei um sorriso tímido. _ Mas eu não posso.

—Por que? Me diz o porque? Vai mudar de escola agora? De Cidade? Não se lembra que estamos em contrato do Dark One? Vai fugir que nem fez agora? Não estou te entendendo!

— Minha mãe, Emma! Ela me mataria! Ela é doida, poderia fazer algo contigo! Você não percebe?

Não estava mais importando se Zelena iria ouvir, ela já sabia de tudo mesmo.

—Eu te odiava, mas depois eu percebi que estava apaixonada por você. Você é má mesmo, Rainha Má cai bem em você. _ eu cuspi as palavras e vi que ela tinha sido atingida. Aquilo me doeu do mesmo tanto que nela._ Eu me apaixonei, você me deu esperanças e depois partiu meu coração por medo!

—Não diga isso Ems. _ disse num sussurro enquanto chorava.

—Agora... deixa pra lá... a culpa é minha, fui precipitada mesmo. Vou para casa, ouvir meu pai falar como eu estou errada. _ abria a porta do quarto que eu nem tinha percebido que tinha fechado. Engoli o choro. Respirei fundo e sai. Estava na esperança de que ela me chamasse. Sai. Zelena estava na sala assustada com tudo o que ouviu. Foi até mim e me abraçou.

Desabei nos braços de minha amiga. Ela não disse nada, apenas permaneceu me abraçando enquanto eu me acalmava.

—Emma. _ me virei e encontrei Regina na porta da sala. Esperava que ela me mandasse ir. Entretanto ela veio em minha direção e me beijou com mais urgência.

Seu rosto estava molhado de lágrimas como o meu. Sentia o gosto salgado delas enquanto nos beijávamos, aquele beijo era um beijo de entrega. Minhas mãos estavam em sua cintura. Suas mãos em meus cabelos me puxando para ela. Eu me sentia como se estivesse com se fogos de artifício estivessem explodindo dentro de mim. Minha mãe foi para as suas costas enquanto sua mão puxava minha jaqueta me puxando. Eu nem ligava mais para o que estava ao nosso redor. Nem lembrava mais da Zelena. O que valia era o que estava acontecendo.

Ela parou o beijo e continuou com os olhos fechados eu estava absorta naquela beleza.

—Não vai fugir agora vai?_ Zelena perguntou e eu me virei assustada._ Calma Emma!_ ela disse rindo_ Estou do seu lado. _ completou.

— O coração sempre sabe, não?_ Regina respondeu sorrindo e me abraçou. _ Me desculpa Emma, me desculpa._ eu a apartei como se eu não quisesse mais solta-la. _ Eu estou apavorada.

— Eu sei, eu também estou._ fechei meus olhos e respirei o seu perfume de maçã.

—Ah, só pra constar, Emma me empurrou para entrar viu?_ Zelena disse.

—Obrigada por deixar ela entrar Zel._ Regina disse e prima fingiu desentendimento.

—Vou deixa-las aí enquanto faço algo para comer.

—Emma...

—Pelo amor de Deus, não diga nada._ sorri tristemente lembrando de momentos atrás.

—Eu só ia dizer que vamos dar um jeito em relação a minha mãe.

—Vou ajuda-las com o que precisar_ Zelena gritou da cozinha. Rimos e Regina me arrastou até o sofá._ Regina, me diga como a Ems beija, já que você foi a primeira._ naquela hora eu me camuflei com minha jaqueta. Muito obrigada Zel, valeu mesmo.

Olhei para Regina que me olhava com um sorriso no rosto.

— Você nunca tinha beijado? Eu fui sua primeira mesmo bêbada?

—Eu jurava que você não se lembrava disso.

—Não tente mudar de assunto, Emma._ a ruiva gritou novamente.

—É claro que eu me lembrava, só que eu estava com medo._ disse rindo da situação_ mas eu não me lembrava muito do beijo em si já que estava bêbada e me desculpe por isso. E até que você beija bem!_ voltei a ficar vermelha. Naquele dia aquela cor era a minha oficial._ Teve uma boa professora..._ dei um tapa em seu braço.

—Isso não tem graça.

—É porque você não a viu quando me contou._ disse Zelena trazendo uma bandeja com três canecas de chocolate quente._ O seu está com canela Emma.

— Espera, você contou para a Zel? Eu também._ olhou para a prima._ Sua vaca! Por que não me disse antes?

—Dei tempo ao tempo e não me chame de vaca, sou sua professora.

—Aqui é minha prima.

—Rê, não precisa se preocupar com sua mãe, ela deverá intender tudo._ disse a ruiva sentada logo a nossa frente.

—Espero que sim._ ela disse olhando para a caneca em sua mão.

—Ai meu Deus! Eu estou surtando de alegria por vocês duas!_ Zelena gritou do nada._ E vocês ficam ai só uma do lado do outro. Façam algo! Querem que eu dê licença? Querem um quarto?_ perguntou com malicia.

—Zelena!_ eu a repreendi.

— A Emma perdeu o bv hoje._ disse Regina._ Muito fofo, não?

Que vergonha que eu estava passando, minhas bochechas queimavam.

—Emma, que corte é esse na sua testa? Foi a Rê?

—Não, essa cabeçuda tropeçou e bateu com tudo na mesinha e o médico pensou que éramos namoradas._ Regina disse entre risos.

—Qualquer um que olhasse para vocês duas poderia desconfiar_ Zelena disse. _ Quero ver a reação do Killian segunda._ riu

—É mesmo!_ me levantei. _ Ele vai surtar!

—Isso é bom, não?_ minha amiga perguntou preocupada.

—É! Claro que sim!