Noite fria. A porta do apartamento de Christian Cortázar se abriu. Uma mão feminina acendeu a luz principal da sala de estar. Uma mão espectral, não humana. Sua dona vagou por todos os cômodos, ligando cada um dos vários aparelhos eletrônicos que povoavam a residência.

A criatura etérea pairava no ar. Fria e sem expressão. Esperava encontrar o dono do apartamento ali, mas era tarde. Algo acontecera. Algo que nem a própria criatura havia previsto.

Enfurecida pela frustração, ela ergueu ambas as mãos acima da cabeça e conjurou uma canção antiga, tão antiga que nenhum ser humano tivera o privilégio de ouvi-la até aquele momento. Era conhecida como A Canção da Lua Vermelha.

No entanto, no exato instante da sublime entoação, a criatura não podia imaginar que uma outra figura inusitada estivesse observando tudo. Uma figura cruel, capaz de qualquer coisa.