Raiva,nojo,repulsa eram o que fluía dentro de mim,eu não podia crer na tamanha cara de pau daquele individuo,era óbvio que ele queria brincar comigo,talvez como um tipo de vingança por minhas mentiras,a verdade é que,minha cabeça não está funcionando corretamente,não consigo pensar em nada além da raiva que estou sentindo.

– O que faz aqui? - indaguei entredentes

– Eu te vi no parque e...-ele pausou. - Violetta,a verdade é que precisamos conversar. - ele disse sentando-se na mesa onde eu estava.

– Creio que não temos nenhum assunto para se falar. - falei me levantando,no entanto fui impedida por mãos fortes rodeando meu braço. - Já falei que não temos nada para falar.

– Como assim não temos nada para falar?E nós Violetta? - ele indagou me olhando com aqueles lindos olhos verdes e naquele instante lembranças vieram a todo momento em minha mente.

– Onde você vai León? - perguntei temendo a resposta.

– Vou embora Violetta. - respondeu ele sem olhar nos meus olhos.

– E nós? - perguntei com lágrimas rolando a todo instante por minha face.

– Não existe nós Violetta,e graças a você nunca haverá "nós".

– Engraçado que você mesmo tem a resposta para essa sua pergunta. - disse. - Quê?Não me diga que não se lembra. - perguntei irônica. - Não existe nós León e segundo você graças a mim,nunca haverá nós. - disse soltando meu braço de sua mão.

– Violetta,me entenda por favor.Naquele momento eu não sabia o que fazer,o ódio por ter sido enganado fez com que meu coração se calasse,aquele não era eu,estava com raiva e não conseguia raciocinar.

–Hum hum,é...já acabou? - perguntei e sem ao menos esperar uma resposta disse. - Que bom,pois tenho que ir. - disse e sai daquele lugar.

Minhas mãos tremiam,na verdade todo o meu corpo tremia,desde o dia que o León descobriu toda a verdade eu não fazia outra coisa além de imaginar o dia em que teria a chance de conversar com ele sem o calor da discussão,mas tudo mudou quando eu vi os lábios dele encostarem nos daquela mulher,lábios que antes eram meus.Foi necessário muito sangue frio para trata-lo daquela maneira.

Estava perdida nos meus pensamentos,lágrimas embaçavam minha visão,mas foi possível enxergar uma pequena garrafa plástica surgi na minha frente.

– Você esqueceu da água. - disse uma voz irônica atrás de mim.

– Você não cansa de me incomodar? - indaguei irritada limpando algumas lágrimas que rolaram.

– Só quero conversar Violetta,somente isso. - ele disse e eu o ignorei e continuei caminhando. - Tá já está na cara de você não quer conversar comigo,então pelo menos deixe-me acompanha-la até sua casa,afinal já é tarde para uma mulher grávida andar sozinha e também se você não lembra eu moro perto de você. - resolvi continuar ignorando,a melhor resposta é o silêncio. - Vou considerar como um sim. - ele disse e como antes fiquei calada e continuei caminhando.

Não estávamos muito longe de casa e creio que para me ver irritada León assoviava a todo instante,mas não vou mentir era música para meus ouvidos,no entanto parei um instante de caminhar e o encarei.

– É sério que você vai ficar o tempo todo assoviando? - indaguei.

– Você resolveu ficar num completo silêncio e isso me incomoda e não pensei em outra coisa para amenizar o tédio. - ele respondeu.

– Mas eu tenho uma solução para seu problema. - eu disse.

– Hum,e qual seria essa solução? - ele perguntou.

– Você segue por um caminho e eu sigo por outro e assim nem eu te incomodo com meu silêncio nem você me incomoda com sua presença. - eu disse e continuei caminhando.

– Não gostei da sua solução. - ele disse e continuou me seguindo.

Resolvi desistir de tentar convence-lo de me deixar em paz,minha casa não estava tão longe e logo aquele tormento terminaria,respirei fundo e seguir meu caminho.

Logo chegamos na porta de minha casa,abri minha bolsa e pus a mão dentro dela a revirando em busca da chave,no entanto não a encontrei.

– Ai meu Deus,não acredito. - disse espantada.

– O que aconteceu? - perguntou o León visivelmente preocupado.

– Acho que perdi a chave. - respondi.

– Ah,ufa. - ele respirou aliviado. - Pensei que a bolsa havia estourado.

– Quê?Ainda não completei nove meses de gravidez León. - eu disse. - E você vai ficar aí parado?

– E o que eu posso fazer se você é desatenta? - ele disse e eu senti algo gelado pingar em minha cabeça.

– Não acredito que vai chover.

– Na verdade já está chovendo. - ele disse e eu respirei fundo tentando me acalmar. - Violetta,pelo jeito essa chuva vai ficar bem forte e pela hora é pouco provável que você encontre algum chaveiro por aí.

– Você tem razão,acho que vou pra casa da Francesca.

– Pelo o que eu sei a casa da Francesca não é muito perto daqui,por que você não dorme em minha casa? - ele indagou e eu o mirei incrédula. - Prometo que o covite é livre de segundas intenções.

– Muito obrigada,agradeço pela gentileza no entanto prefiro ir para casa da Fran. - respondi e percebi que a chuva engrossou e começava a trovejar.

– Não seja teimosa,você esta grávida e se pegar essa chuva fará mal a você.

– Não acredito que vou fazer isso,mas tá bom. - eu disse e pude ver um enorme sorriso de satisfação surgir em sua face. - Mas você vai me prometer que vai manter distância de mim.

– Tudo bem. - ele disse se afastando alguns centímetros de perto de mim.