A aposta

Sobre Merlin me odiar


Scorpius com toda a certeza do mundo, não tinha sorte. Ou então, a mesma decidiu o abandonar para fugir com a sorte de outro alguém azarado e viver um lindo romance. Ok, isso não faz sentindo, mas pensando bem, muita coisa ultimamente não tem feito sentido. O fato é que naquele exato momento, o loiro encarava um bilhete sob a mesa de seu salão comunal, enquanto lançava prós e contras. Havia recebido um pouco depois do jantar e imagine sua surpresa ao perceber que o bilhete era de Rose.

Passou-se uma semana desde que começaram seu último ano em Hogwarts e, durante aquela semana infeliz, ou nem tanto, o garoto fez de tudo para se aproximar de Rose. A primeira tentativa foi um fiasco completo, digamos que envolveu um pote de mel, palavrões e acusações. A segunda tentativa pelo menos foi mais bem sucedida, se é que podemos considerar os gritos como algo bem sucedido, pelo menos não houve hematomas envolvidos. Scorpius nunca se arrependeu tanto de algo com daquela maldita aposta, mas estava mais determinado do que nunca a vencê-la.

Ninguém resistiria ao charme de Malfoy. E aquilo havia tornado-se pessoal.

A terceira vez foi algo estranho, Scorpius já estava se preparando para os gritos estridentes, mas não aconteceu. Quer dizer, Rose não foi um amor com ele, isso seria pedir demais. Mas enquanto tentava conversar com a garota e aproximar-se durante uma das noites depois do jantar, ela conversou com ele. Com algumas ironias a parte, até que as coisas ocorreram próximas a bem.

Dois dias antes

Terceira tentativa na visão de Rose

Eu estava caminhando pelos corredores, tentando ajeitar meu cabelo que naquele dia em especial estava um fiasco, enquanto me dirigia para minha sala comunal. Podia dizer que estava tudo bem com minha cabeça, que estava tudo claro como céu azul... Mas seria uma mentira muito deslavada. Eu não tinha idéia do que estava acontecendo, quero dizer, desde quando Malfoy tentava ser legal comigo? E desde quando eu gostava? Aquilo era definitivamente estranho. Aquele maldito bilhete ainda estava fresco na minha cabeça, e cada atitude nova do idiota apontava para que aquilo fosse sério. Uma porcaria.

– Rose, espera - por falar na praga.

– O que você quer Malfoy?

Parei no corredor e me virei para encarar aquele ridículo loiro, Merlin, eu juro que queria esmurrá-lo, gritar com ele todos os possíveis nomes feios que conseguir, mas nada saia da minha boca naquele momento.

Por quê? Por que o veado do Malfoy estava simplesmente lindo!

Confesso que por um momento fiquei reparando nos músculos do seu braço. Mas que porra eu estava pensando? Desde quando eu me paralisava observando aquele idiota? Olha, Merlin, me diga o que fiz de errado para merecer isso e nós podemos negociar.

– Só queria conversar.

– Ah, claro, por que conversar com a Weasley é seu passatempo preferido.

Scorpius soltou um suspiro impaciente. Na minha mente estava tudo embaralhado e eu tentava mesmo entender esse interesse repentino em mim, aliás, eu tinha quase certeza que ele sabia que eu sabia - um pouco confuso, eu sei -, que foi ele que escreveu aquela carta de “admirador secreto”. Imagine, até algum tempo o cara me odiava ou, ao menos, era o que ele dizia.

– Rose, só uma conversa. Você não vai morrer.

Não, mas você vai. E não estou a fim de uma estadia em Askaban.

– Qual é Malfoy - suspirei irritada - Vai dizer que acha essa sua aproximação repentina normal? Quero dizer, há menos de um mês você mal mantinha uma conversa civilizada comigo.

– As coisas mudaram - o loiro disse, mas não pude perceber o que estava sentindo. Seus olhos estavam na tonalidade cinza, mudando novamente de cor.

– Mudaram? É só isso que tem a dizer? - bufei - E aquela maldita carta, por que caso não tenha percebido, eu reconheci o seu garrancho.

Malfoy por um momento pareceu sem graça e sem saber o que dizer e, se pudesse tirar fotografias de sentimentos e embaraços, juro que tiraria uma apenas para jogar na cara dele depois.

– Er... Hum... Aquilo - sorriu amarelo - Olha Rose, eu não sei exatamente nem quando nem por que, mas aconteceu.

– E você acha que vou simplesmente aceitar isso Malfoy? - perguntei um pouco atordoada, afinal, ele acabara de admitir que o que foi escrito na carta era real - Convenhamos que isso é no mínimo suspeito.

Malfoy murmurou algo sobre Merlin o odiar, enquanto eu seguia meu caminho para minha sala comunal, da qual já devia ter ido há muito tempo. A doninha me fez companhia, caminhando ao meu lado.

Aquilo era mesmo estranho. Meu cérebro ainda estava tentando assimilar tudo que acabara de acontecer. Não é todo dia que seu inimigo admite gostar de você. Ai você pergunta, e seu coração Rose? Prefiro nem comentar sobre esse traidor, que decidiu tamborilar no meu peito de forma assustadora. Aquilo mexia comigo e eu odiava esse fato. Era para minha pessoa ruiva ser indiferente, mas eu não conseguia simplesmente ignorar aqueles sentimentos estúpidos em mim. Droga, Rose! Droga!

– Ok, eu entendo sua reação - Malfoy disse, de forma cansada - Isso é completamente estranho.

– Pelo menos concordamos em algo - sorri. SIM, PRODUÇÃO. Eu sorri para Scorpius Malfoy e, até eu mesma me surpreendi com quão genuíno meu sorriso foi. E SIM, PRODUÇÃO. Scorpius Malfoy sorriu para mim, um sorriso tão sincero que até me assustei. Definitivamente, aquilo era estranho.

Mais estranho ainda era o cabelo dele que ainda estava rosa e, consequentemente, comecei a rir como uma retardada mental. Malfoy me olhou sem entender. Apontei em meio aos risos para seu cabelo rosa, agora quase sumindo, enquanto o loiro fazia um careta. Mas logo começou a rir também. E lá estava, para quem olhasse, Scorpius Malfoy e Rose Weasley soltando gargalhadas em pleno corredor. Não tinha como ficar mais estranho.

E sabe o que foi mais estranho ainda? Quando chegamos na porta do salão comunal, ficou uma tensão tão grande no ar que era quase palpável. E, EU, ROSE WEASLEY RUIVA E DIVA, dei um beijo na bochecha do Malfoy. UM BEIJO NA BOCHECHA DO MALFOY.

Após dizer a senha para a mulher gorda, que me encarava de forma estranha - estou dizendo, até os quadros desse castelo estão me achando louca -, dei uma olhada para trás, juro que vi Malfoy com a mão onde eu tinha beijado. E uma cara de tonto.

E a opção de me internar, citada anteriormente, parecia mais atraente do que nunca.

Scorpius

Scorpius meio que soltou um sorriso idiota ao lembrar-se de como terminou aquele dia e, como surpreendentemente, se sentiu bem ao lado da Weasley. Definitivamente, o controle daquilo já estava fugindo de suas mãos. E sem perceber, o garoto estava se envolvendo mais do que deveria com a maldita ruiva. Porém, na cabeça de Scorpius, tudo era pela aposta. O loiro pegou o bilhete que Rose mandara, curioso. E o abriu.

Caro Malfoy,

Sei que isso vai soar completamente estranho. Mas gostaria de esclarecer aquela história da carta. Ora, vai me dizer que se fosse no seu caso você não acharia esquisito? Até seres acéfalos como você, pensam de vez em quando. Enfim, que tal me dizer logo a verdade, por que se aquilo foi uma brincadeira, você estará morto Malfoy. Morto, enterrado e apodrecido.

Scorpius estremeceu ao ler essa parte, porque de fato aquilo começou com uma brincadeira, mas agora estava mais confuso que cego em duelo de feitiços.

E, não se esqueça de uma coisa, até garotas como eu têm sentimentos. Caso não percebeu.

Com ódio, Weasley.

E Scorpius não teria se chocado mais com um unicórnio preto vestido com saia de bailarina cantando músicas trouxas, do que se chocou com aquela última frase. O que ela estava querendo dizer, afinal? Que tinha sentimentos por ele? O garoto não pode deixar de sorrir, e aquele sorriso foi um tanto estranho para ele. Por que estava feliz pela possibilidade da Weasley sabe-tudo-irritante gostar dele? Ele pretendia despedaçar o coração dela. Não era isso que ele sempre fazia?

Droga de aposta. Droga. Agora aquilo parecia algo sujo e errado, machucar a Weasley parecia algo péssimo. Era para aquela garota ser sua inimiga, não provocar esse tipo de coisa nele. Maldito dia em que concordou com aquela aposta.

Rose,

Por mais que você desconfie disso, é verdade.

Malfoy

E surpreendeu-se ao perceber o quão verdadeiras foram suas palavras. Sacudiu a cabeça rapidamente, era tudo pela aposta. Tudo pela aposta.

Rose

Receber aquele pergaminho que a coruja de Malfoy acabou de me trazer, foi simplesmente estranho. Não só pelo fato da coruja parecer ter gostado mesmo de mim, quero dizer, ela mal desgrudava. Ficou o tempo todo empoleirada no meu ombro e de vez em quando me dava umas bicadas para que a acariciasse. No fim, acabei gostando da coruja e ignorando o fato da mesma já ter um nome, coloquei o nome de Pilt nessa. E, por mais estanho que pareça - por Merlin, essa palavra me persegue, acho que já foi citada umas 50 vezes -, não há nada normal neste dia ou nesta semana. Ou desde que recebi aquela carta na minha casa e quase morro quando cai da árvore.

É verdade que ele gosta de mim. É verdade. Nunca me senti tão diferente na minha vida. Havia algo no meu estômago, uma espécie de excitação. MORRE ROSE!

Minha amiga durante aquele noite foi à confusão. Pelo menos, até Lily me acordar quase de madrugada e me arrastar para sala precisa sem dizer uma palavra, como se estivesse desesperada.

E, quando cheguei, todos estavam lá. E sabe o que eu percebi, caros amigos? Que sim, Merlin com toda certeza me odeia. Todos estavam lá, com todos quero dizer, meus primos, alguns amigos de Albus, que reconheci como Tyler Jones e Andy Miller. O idiota do Malfoy e Zabine. Assim como eu, todos de pijama.

Hogwarts. Madrugada. Sala precisa. Pijama. Possível detenção. Merda.