Sua pele queimava onde a Marca Negra fora estabelecida. Quando entrou no Salão Comunal da Sonserina, após a primeira ronda no retorno do recesso de final de ano, ansiava por poder tomar um banho gelado, ainda que nevasse lá fora, apenas para conseguir aliviar um pouco aquela sensação quase insuportável.

Mas, quando achou que estava sozinha, afinal já se passava da meia noite, o que era bem depois do horário de recolher, encontrou um rosto bastante conhecido - e indesejável - próximo a lareira.

— Zaniah. – Ele logo a reparou, parecia nervoso.

— Lestrange. – Zaniah respondeu, sem esconder seu amargor. Era mais fácil sentir raiva do que saudade, ainda que ele não colaborasse com isso: O garoto estava sentado na frente da lareira, na poltrona que lhe era propriedade desde o início de seu relacionamento. Ao lado da de Zaniah. – O que faz aqui?

— Vi seu nome no mural de rondas hoje. – Ele falou, levantando-se. Apertava seus dedos enquanto a olhava com atenção. – Eu… Gostaria de conversar. Imagino que esteja cansada, mas não tinha outro momento.

— Não há nada para nós conversarmos. Achei que isso estava bastante claro. – Respondeu ríspida e se dirigiu às escadas da esquerda, para seu dormitório. Mas Rabastan a impediu, segurando seu braço. – Faça o favor de não tocar em mim. – Seu tom engrossou.

Rabastan logo a soltou, seu rosto visivelmente magoado.

— Você… Você não está usando o colar. – Sua mão foi em direção ao próprio pescoço, num gesto nervoso. Rabastan estava visivelmente abatido, ele que sempre fora um grande galã nada mais parecia além de qualquer outro garoto nervoso e inseguro daquela escola.

— Por que usaria? – Zaniah respondeu ríspida mais uma vez. Estava completamente irritada, com o braço queimando, em uma posição completamente vulnerável, ao conversar com o ex que ainda amava, e extremamente cansada. – Não sou mais sua noiva, não faço mais parte de sua família. Não sou mais nada sua.

O Lestrange parecia querer se afundar contra o chão a cada palavra da Black. Ele não se deu o trabalho de esconder as lágrimas que se formavam em seus olhos, ainda que não chegassem a cair. Zaniah respirou fundo, reprimindo a vontade de abraçar o garoto à sua frente.

— Eu o separei para devolvê-lo. – Zaniah falou, lembrando da pequena caixinha que colocara na mala, chorando. – É o símbolo da sua Família. É do direito da próxima senhora Lestrange usá-lo. – Dessa vez, foi Zaniah que sentiu as lágrimas se formarem. Ela engoliu o choro, pois não se permitiria derramar nem mais uma lágrima pelo ex noivado.

— Não há nada para ser devolvido. – Rabastan falou entre os dentes, parecendo muito ofendido além de magoado. – Foi um presente, não um empréstimo. – Disse, seco. Então seu rosto se suavizou. – Até porque, não desejo ver nenhuma outra pessoa usando-o.

Zaniah o olhou, querendo ter uma resposta para aquilo. No entanto, seu pensamento logo mudou de foco, com a queimação na sua pele.

Procurou pelo primeiro objeto gelado ao seu redor, achando uma cobra de ferro, arregaçando sua manga e encostando a superfície fria em sua pele marcada.

— Então você recebeu. – Rabastan disse, olhando ao símbolo. Ergueu sua própria manga, mostrando a exata mesma marca em seu antebraço direito.

— E você também. – Zaniah respondeu. Achou insultante que ela estivesse sofrendo com a queimação e o garoto parecesse tão tranquilo.

O Lorde das Trevas devia estar tirando com sua cara, torturando-a de uma maneira que um Cruciatus seria menos doloroso, principalmente ao seu orgulho.

— Quem mais? – O Lestrange indagou, parecia tentar ser indiferente à resposta da Black, desviando o olhar, mas sua curiosidade o traiu.

— Régulos e Darwin, por enquanto. – Zaniah respondeu. Jamais se esqueceria da feição frustrada de Juliet e da aliviada de Bartô, por não terem sido requisitados naquela noite. Ainda assim, Zan sabia que não demoraria para que seus melhores amigos recebessem a marca.

— E como está o Darwin? – Rabastan perguntou, sem jeito. – Sabe… Depois do mal-entendido com o Antony.

— Depois da tortura, você quis dizer. – Zaniah o corrigiu, entredentes. – Recuperou-se bem, nós, seus amigos, garantimos isso.

— Fico feliz. – Rabastan respondeu simplesmente. – Bem, vou lhe deixar ir, sei que está cansada. Ainda assim, obrigado por ter aceitado falar comigo. – Seus pés entraram em seu campo de visão, quando baixou a cabeça para não precisar dizer aquilo olhando para dentro dos olhos da ex namorada.

— Não agradeça. Não irá acontecer novamente. – Foi tudo o que Zaniah falou, antes de se dirigir à escada que a levaria ao seu dormitório, dessa vez sem ser impedida pelo Lestrange.

Quando chegou no seu dormitório, viu que a Avery e a Nott tinham os dosséis de suas camas fechados, indicando que dormiam. A queimação parecia se intensificar e Zaniah nem pensou muito antes de virar duas doses de poção analgésica pela garganta, despir-se, colocar um pijama quente e se afundar em suas cobertas, pegando no sono quase instantaneamente.

Acordou com a claridade, afinal, não havia nem fechado seus dosséis. Sua cabeça latejava a cada vez que tentava abrir os olhos. Sentia-se completamente nauseada e quase vomitou apenas em pensar ir tomar café da manhã, para ver se a dor de cabeça diminuia.

Agora, a pele já não queimava mais, mas Zaniah estava completamente indisposta.

Com muita dificuldade, ergueu-se, sentando na cama e sentindo tudo girar.

Escutou vozes ao fundo, mas não as distinguia muito bem.

— Zaniah! – Uma voz mais alta se fez presente. Sentiu duas mãos pegarem seu rosto e erguê-lo. Aquilo piorou sua náusea.

— B-banheiro. – Conseguiu murmurar e sentiu seu corpo ser levantado.

Quando conseguiu abrir os olhos novamente, estava no banheiro. Arrastou-se pelo cômodo, sendo apoiada por um par de mãos, e encontrou o vaso sanitário. Mesmo fraca conseguiu abri-lo e se apoiou em seus joelhos.

O vômito veio rápido e amargo. Zaniah sabia que vomitava toda a poção analgésica da noite anterior. Sentiu-se um pouco mais disposta assim que terminou de vomitar, mas seu estômago estava muito embrulhado e sua cabeça ainda latejava, ainda que a claridade não a incomodasse mais.

Visualizou Régulos e Juliet no banheiro. Juliet a olhava com compaixão, Régulos parecia extremamente preocupado.

Seu irmão lhe ajudou a levantar. Zaniah escovou os dentes enquanto era observada pela dupla que a acompanhava.

Olhou-se no espelho. Estava extremamente pálida, com olheiras e vasos sanguíneos visíveis. Estava horrível.

Saiu do banheiro e viu que Bartô, Darwin, Maddie e Theo estavam no quarto, esperando-a. Régulos passou rapidamente em direção ao seu armário, pegando um sobretudo escuro e bastante quente e um par de botas.

Sem falar nada, jogou o sobretudo por cima do corpo da irmã e a fez sentar na cama.

— O que está fazendo? – Zaniah perguntou, irritada e confusa, ao vê-lo encaixar as botas em seus pés.

— Vou levar você pra enfermaria agora mesmo. – Régulos disse, pegando-a de maneira firme e saindo do quarto.

Zaniah tentou protestar, tentou explicar o que havia acontecido, mas Régulos não a deixava falar. Ainda era cedo de terça-feira, poucos alunos circulavam no corredores e logo chegaram na enfermaria. Depois de ser interrompida tantas vezes, Zaniah desistiu de conversar com o irmão, então só se deixou ser arrastada pelos corredores.

A curandeira logo se aproximou deles quando abriram a porta, levitando uma cadeira para Zaniah sentar.

É, Zan estava visivelmente mal.

— Ela acordou visivelmente tonta, chegou a desmaiar, depois vomitou, é só olhar pro rosto dela pra perceber que não está bem. – Régulos falou de maneira veloz. Não escondia a preocupação pela irmã e teria continuado a falar se a curandeira não tivesse feito um sinal para que ele se calasse.

— Sabe me dizer se foi algo que você comeu, querida? Talvez fora da sua rotina alimentar, ou que estava com aspecto estranho…

Régulos ao seu lado parecia que iria furar o chão, de tanto que se remexia. Zaniah assentiu para a mulher.

— Sim, sei o que houve. – Zaniah lhe respondeu. – Ontem eu estava com uma dor de cabeça muito forte após a ronda, sou monitora. Quando cheguei no dormitório, não conseguia pegar no sono. Então, peguei duas poções analgésicas e virei de uma vez só. Acordei enjoada com a claridade. – Zaniah relatou, ocultando a razão real da dor, mas falando a verdade.

— É, senhorita Black, espero que isso sirva de lição para você não se automedicar sozinha novamente. Caso ocorra mais uma vez, venha diretamente para cá. – A bruxa mais velha falou e Zaniah assentiu, tentando passar a impressão que estava arrependida.

— Sim, senhora, pode deixar.

A medibruxa então lhe alcançou uma poção revigoradora, que fez efeito em poucos segundos. Entregou um segundo frasco para Zaniah tomar após o almoço e recomendou que se voltasse a se sentir mal a noite, que fosse até a enfermaria.

Zaniah e Régulos saíram da enfermaria e andavam no sentido contrário aos outros alunos, que iam ao Salão Principal, para tomar café da manhã. Eles se dirigiam à Sonserina.

Foi quando chegaram às masmorras e o movimento ao seu redor diminuiu, que Régulos enfagou a irmã.

— Você tem certeza de que foi a poção que você tomou, se é que realmente tomou?

— O que quer dizer? – Zaniah ficou confusa. – Sim, eu tomei as poções e tenho certeza que foi isso.

— Hm. – O irmão apenas resmungou.

— O que você achou que era? Levou-me desesperado até a enfermaria. – Zaniah perguntou irritada pelo comportamento do irmão.

— Nada, deixa para lá. – Régulos disse sem encará-la.

— Não! Agora você vai falar! – O irmão continuou a ignorá-la. – Régulos Arcturus Black! Responda-me. – Ela mandou.

O irmão a olhou, sem jeito, e pareceu procurar as palavras certas.

— Bem, ainda que você esteja solteira agora, estava com Rabastan até pouco tempo atrás. Eu só me preocupei…

Então a ficha de Zaniah caiu. E ela se sentiu irada.

— Você não pode estar me dizendo que achou que eu estava grávida. — Ela falou baixo, para que ninguém que passasse por eles os escutassem. Afinal, já estavam bastante perto da entrada do Salão Comunal. – Logo eu. — Ela falou não acreditando. Chegaram na entrada e falaram a senha. – Você é inacreditável. – Zaniah falou, completamente irritada antes de se separar do irmão e ir até seu quarto, para finalmente trocar de roupa.

Depois de devidamente vestida com o uniforme, dirigiu-se até o Salão Principal, encontrando os amigos já sentados à mesa. Bartô e Juliet sinalizaram para que ela se sentasse entre eles. Theo, Mad e Darwin estavam à sua frente, nessa ordem.

— Se você escrevesse na sua testa “estou de mau humor” seria menos óbvio. – Darwin disse quando ela terminou de se servir, sem ligar muito para a delicadeza. Dirigiu apenas um olhar irritado ao amigo que riu. – Viu só, provei meu ponto.

Juliet, na frente do garoto, deu-lhe um chute por debaixo da mesa.

— Sente-se melhor? – Theo perguntou carinhosamente.

— Sim, obrigada por perguntar. – Sorriu de maneira singela a ele.

— O que aconteceu? – Perguntou Bartolomeu, sendo curioso como sempre.

Mas quando Zaniah abriu a boca para responder, o som de milhares de corujas se fez presente.

Zaniah viu a coruja negra de seu pai, Morfeu, pousar próximo de Régulos, com duas cartas nas patas. Uma de pergaminho comum e outra de pergaminho negro. Quando Régulos tentou pegar a de pergaminho negro, Morfeu lhe impediu, bicando seu dedo.

Régulos reclamou e pegou a carta comum, endereçada a si.

Morfeu bateu as asas três vezes e já estava na frente de Zaniah. Estendendo-lhe a pata com a carta negra.

— Garoto esperto. – Zan riu, enquanto desamarrava o pergaminho da pata da ave. Estendeu-lhe um biscoito e acariciou suas penas na cabeça, o que o coruja aceitou de bom grado, fechando os olhos. – Vá descansar, mais tarde passo lá para deixar uma carta aos meus pais. – O grande pássaro a olhou e logo alçou vôo, indo em direção ao corujal.

Zaniah estava curiosa pelo pergaminho diferente e logo o abriu, um bilhete caiu da carta maior.

“Querida filha;

Sua presença está sendo requisitada pelo Lorde das Trevas no próximo final de semana.

A carta maior é uma requisição formal da permissão, a qual você deve apresentar ao Diretor da Sonserina.

Fique bem, lobinha.

Com carinho, Órion Black.”

Zaniah sentiu-se surpresa com a notícia, não conseguia imaginar a razão para sua presença ser requisitada tão logo da última vez que esteve na presença de Tom. Não havia completado nem duas semanas, afinal! Resolveu ler o pergaminho negro.

“Caro Diretor Dumbledore e Professor/Diretor da Sonserina Slughorn;

Por meio desta, peço a liberação da minha filha, Zaniah Lucretia Black, para retornar a Londres, Largo Grimmauld, 12, no próximo final de semana, dezesseis e dezessete de janeiro, retornando à Hogwarts ainda no domingo.

Grato pela compreensão,

Órion Black.”

E ao final, havia a assinatura mágica de seu pai, para comprovar que era ele que requisitava.

Zaniah suspirou e contou aos amigos que, assim como ela, não entendiam o que estava acontecendo.

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As duas aulas de poções passaram vagarosamente, como se para provocar Zaniah, que só queria conversar com o diretor de sua casa.

Quando sua poção ficou perfeitamente pronta e ela a embalou e etiquetou com "Black, Z.", sentiu seu coração disparar. Não era por Slughorn que estava nervosa, era pela ansiedade da chegada do final de semana. Só queria entender o que estava acontecendo.

Então, o sinal finalmente tocou, gerando barulho de cadeiras sendo arrastadas, livros sendo fechados, caldeirões sendo guardados e conversas surgindo. Zaniah se aproximou o mais rápido que conseguiu de Slughorn, que a recebeu com um grande sorriso.

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Falar com o professor foi fácil, ele parecia entusiasmado em saber o compromisso que Zaniah teria, ainda que nem ela soubesse. Assinou a autorização rapidamente e advertiu que Zaniah deveria ir até a sala do diretor para fazer o transporte pela rede de Flú.

Difícil, na verdade, foi dizer a senha da sala do diretor para a Gárgula que bloqueava a passagem. Não saberia dizer quanto tempo estava ali na frente, reunindo coragem para declarar as palavras.

— Dente de Javali. – Falou em um suspiro, quando decidiu que já estava há muito tempo ali na frente, e assistiu a Gárgula girar, revelando a escada que a levaria até a sala de Dumbledore.

Com sua pequena bolsa de viagem junto ao corpo, seguiu o caminho, pé ante pé, cautelosa.

Não precisou dar mais de duas leves batidas na porta para que esta se abrisse, revelando o gabinete pessoal do diretor.

A sala era circular e talvez poderia até mesmo ser ampla, caso não estivesse cheia de livros antigos. O diretor Dumbledore estava sentado em sua mesa, encarando-a por cima dos óculos de meia-lua. Zaniah sentiu seu coração disparar e percebeu que nunca havia estado tão próxima do professor, nem tão sozinha com ele.

— Senhorita Black. Bom vê-la. Fui avisado de sua saída neste final de semana. – Dumbledore lhe sorriu gentil.

— Zaniah? – Escutou uma voz conhecida e olhou para a direção que vinha. Era o quadro de seu tataravô, Phineas Nigellus Black, antigo diretor da escola.

— Olá, tata. – Falou, com um leve sorriso. O homem, sempre irritado como era, lhe direcionou um olhar de reprovação.

— Você deveria demonstrar sinal de respeito com os mais velhos, mocinha.

— Vejo que já se conhecem. – Dumbledore falou, parecendo achar graça daquela interação.

— Sim, claro. – Zaniah respondeu. – O outro quadro do antigo diretor Black fica na minha casa.

— A Mui Antiga e Nobre Casa Black. – Phineas disse, concordando.

— Irei para lá agora mesmo, tata. – Zaniah falou, apenas para incomodá-lo. Conseguiu.

— Acredito que já esteja mesmo na sua hora, senhorita Black. – Zaniah assentiu. – Faça uma boa viagem e retorne. Após o meio dia de domingo, deixarei a rede de flú aberta para você.

— Obrigada, senhor. – Zaniah dirigiu-se até a lareira e pegou um punhado de pó de flú.

— E não esqueça, criança, as nossas escolhas revelam quem realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades.

Zaniah não o respondeu, apenas murmurou “Largo Grimmauld, 12” enquanto soltava o pó de flú.

Quando piscou, estava em casa.

Ao focar sua visão, percebeu seus pais sentados no sofá em frente à lareira.

— Finalmente. Achei que demoraria o dia inteiro. – Walburga falou, ríspida. Zaniah segurou a língua e apenas ignorou a mãe, passando a olhar para seu pai. Órion se ergueu do sofá e caminhou gentilmente até a filha, arrumando seus cabelos e afastando um resto de fuligem que ficara em seu rosto.

— Vamos, Zaniah, ele nos espera. – Seu pai segurou sua mão gentilmente, ainda que firme, e a familiar e não tão incômoda sensação de aparatação se fez presente.

A paisagem era desconhecida para Zaniah. Seus pés bateram em um caminho de pedra no meio de um gramado bem cuidado.O caminho seguia em direção à colina, finalizando na porta de um casarão bonito e visivelmente antigo.

— Onde estamos? – Zaniah perguntou ao seu pai.

— Little Hangleton. – Órion Black disse, o olhar com uma leve sombra ao mirar a construção à sua frente. – Esta é a casa do Lorde das Trevas, Zaniah. Ele tem algo grandioso para você. Não me decepcione. – Seu pai terminou a fala de maneira firme e Zaniah sentiu-se novamente uma garotinha prestes a embarcar pela primeira vez no Expresso de Hogwarts.

Sua relação com o pai melhorara exponencialmente nos últimos anos, mas ele seguia sendo o homem exigente que sempre fora.

— Agora siga o caminho. Ele espera por você.

Ao dizer isso, Órion Black desaparatou e Zaniah seguiu sua recomendação.

Não demorou para chegar até a porta, subindo alguns degraus de pedra, e encontrar com uma cobra entalhada nela. Sua percepção foi de que aquela cobra não estava lá originalmente, pela decoração total da casa.

Usou o enfeite do réptil para bater na porta, a qual logo se abriu. Zaniah entrou e seguiu o caminho que considerava adequado.

Lorde Voldemort estava sentado em uma poltrona, de costas a uma lareira acesa.

— Zaniah. – Ele a cumprimentou com um suspiro de prazer. – Aguardei sua chegada.

— Peço perdão pelo meu atraso, Milorde. – Zaniah fez a habitual reverência. – Acabei me perdendo em alguns afazeres em Hogwarts.

— Não faz mal. – O homem sorria de uma maneira maliciosa. – Venha, acompanhe-me. – Ele se levantou, estendendo a mão para Zaniah, que entregou-lhe a dela.

Tom a guiou por um corredor e entraram em uma sala que era visivelmente o escritório do homem.

— Tenho um presente para você. – Ele falou, soltando a mão dela enquanto adentrava o cômodo e se dirigia até a mesa, pegando uma pequena caixa de veludo. – Essa casa era da família do meu pai, uma família nobre e antiga da Inglaterra. – Zaniah preferiu não tecer nenhum comentário sobre saber que a família Riddle não tinha um pingo de magia em seu sangue. – Da família da minha mãe não me sobrou muita herança material, ainda que o sangue de Salazar Slytherin e Cadmus Peverell venham dela. – Ele disse, retornando seu olhar para Zaniah. – Eu descendo de incontáveis bruxos que marcaram a história e você, você Zaniah, é a mulher puro-sangue mais perfeita de sua geração. – Ele falou enquanto se aproximava da garota.

Zaniah sentiu o ar ficar pesado ao seu redor e o corpo se curvar naturalmente diante do homem à sua frente, procurando diminuir a distância, como sempre acontecia.

— Perfeita para mim. Para ser a minha Lady. – Os olhos azuis de Lorde Voldemort brilhavam em malícia. – E, para representar isso, quero que fique com essa minha herança de família. – Ele disse, retirando da caixa um anel posto como pingente em um colar. – Este é o anel dos Gaunt, uma das minhas maiores relíquias.

Zaniah estava em choque com o pedido de Tom. Tentava ignorar que aquilo parecia um pedido de casamento, ainda que bastante informal, para focar no que ele falava: ele a desejava ao seu lado. Lutando, pensando, planejando, liderando.

— Você me honra, meu Lorde. – Zaniah fez uma reverência ao proferir aquilo que ela considerava mais adequado. – Ainda que não entenda o que me faz merecedora de tal posição.

— Você merece por ser você. Por isso lhe desejo, pois você é perfeita e eu não espero nada menos do que isso. – Ele disse aproximando-se. Sua aparência, sempre mais jovial que a idade que tinha, não ajudava a Black a se manter racional. Tom era um homem muito bonito. – Dias atrás, quando derrotou o Lestrange com apenas um golpe, seus olhos ficaram cinzas.

— Eu não sabia disso. – Zaniah franziu o cenho. – O que significa?

— Nunca havia visto, apenas lido, e muito pouco, pois não temos tantos registros. – Ele tocou sua bochecha com o polegar, olhando profundamente em seus olhos. Zaniah precisou de muito autocontrole para que suas pernas não virassem gelatina. – Significa que você tem um potencial mágico muito acima da média e que sabe explorá-lo. Moldar a magia ao seu desejo, não apenas proferir encantamentos. E eu prezo muito por isso. – O homem esclareceu. – Se eu já lhe observava antes, tal sinal foi o que eu precisei para saber que preciso de você ainda mais próxima de mim. – Ele disse, passando o polegar sobre os lábios de Zaniah que suspirou com o toque.

Riddle colou seus corpos, deliciando-se com a expressão de tensão que a Black exibia.

— Também me fez pensar que se eu quiser dar continuidade à linhagem de meus antepassados, só aceito você como a mãe de meus herdeiros.

Frio subiu pela espinha e se apoderou do estômago de Zaniah quando Tom roçou seus lábios contra os dela. Suas mãos rapidamente foram parar no braço do homem que a ergueu do chão sem esforço, colocando-a em cima da mesa do seu gabinete.

Ele não foi gentil, tampouco pediu permissão para invadir sua boca com a língua, que estava levemente gelada e com gosto de whiskey. Zaniah se apoiou com o braço esquerdo na mesa, permitindo que o corpo ficasse ligeiramente inclinado. Colocou a mão direita na nuca do homem, auxiliando na proximidade entre os dois.

Tom era firme e segurava sua cintura como se a impedisse de escapar, ainda que Zaniah nem imaginasse tal coisa. Quando seus lábios já estavam inchados, Tom desceu os beijos, mordidas, lambidas e chupões por todo pescoço e colo de Zan. A garota sabia que suspirava com aqueles toques e sabia que o homem desejava ainda mais. Suas pernas já estavam abertas e Tom se posicionava entre elas. Suas intimidades excitadas separadas pelas camadas de roupa de ambos. Tom rapidamente tirou a blusa da garota, deparando-se com a bonita lingerie preta que ela usava.

— Planejava me seduzir, senhorita Black? – Ele perguntou próximo ao ouvido da garota, sua respiração fazendo-a se arrepiar.

Zaniah só conseguiu dar uma leve risada e não foi capaz de formular uma resposta à brincadeira de Riddle, pois ele passava levemente seus dedos por cima de sua intimidade, molhada e aprisionada pelas peças de roupa.

— A partir de hoje, minha Zaniah, quando estiver na minha presença, usará apenas saias e vestidos, entendido? – Ele murmurava contra o pescoço dela, a mão no mesmo lugar, fazendo-a ter leves espasmos.

— Sim, Meu Lorde. – Zaniah respondeu, a urgência escancarada na sua voz.

— A cada pergunta que eu fizer agora você vai responder isso, entendido? – Tom falou, os olhos demonstrando toda luxúria que sentia.

— Sim, Meu Lorde. – Zaniah logo fez o solicitado.

— Sabe que a partir de hoje tu és minha, não sabe?

— Sim, Meu Lorde.

— E que estará disponível para mim sempre que eu precisar?

— Sim, Meu Lorde.

— E serás minha mais fiel soldado?

— Sim, Meu Lorde.

— E me dará filhos?

— Sim, Meu Lorde.

— Céus, Black. Eu nunca quis ter filhos e agora só penso em rechear Hogwarts com nossas proles. – Tom falou, esquivando-se da postura dominante que tinha até poucos segundos atrás. – Uma última pergunta, meu bem. – Tom sorriu malicioso. – É agora que eu vou fuder você?

— Sim, Meu Lorde. – Zaniah respondeu e sentiu um alívio instantâneo quando ele a deitou na mesa e puxou a calça que usava para seus pés, fazendo-as escorregar até o chão.

O homem se despiu tão rapidamente que Zaniah piscou e ele já estava completamente nu, com sua intimidade dura e pulsante.

Tom abriu suas pernas e passou dois dedos por toda sua intimidade, penetrando-a, acariciando-a, estimulando-a. Quando ele pareceu satisfeito com o nível de lubrificação de Zaniah, posicionou seu membro na entrada da garota e adentrou de uma só vez, fazendo-a soltar um gemido rouco.

Riddle penetrava-a com força, alternando a velocidade em que o fazia. Mudava as pernas de Zaniah de posição, aumentando seu espaço para movimentos ou conferindo uma penetração ainda mais apertada do que era a garota.

Uma de suas mãos segurava o quadril da Black com força enquanto a outra foi até os seios cobertos pela lingerie preta. Reparou que chegava ao seu limite, mas que Zaniah ainda não demonstrava estar muito próxima do seu.

Rapidamente saiu de dentro dela, agachando-se muito antes da Black ter tempo de reação. Logo encostou sua língua no ponto de máximo prazer da garota e, estimulando sua entrada com os dedos, escutou-a gemer alto.

— Ah, meu Lorde, por favor. Por favor. – Ela implorava.

— Diga o que quer, Zaniah.

— Eu quero gozar, meu Lorde.

E não precisou de muito mais tempo para que Zaniah soltasse um gemido mais alto do que os outros, enquanto seu corpo contraia e depois relaxava. Tom a penetrou novamente, colocando as pernas da garota ao redor de sua cintura, e ficou na mesma posição por mais alguns segundos, até que seu próprio ápice chegasse e ele se derramasse dentro e fora dela, sujando-a com seu sêmen.

Apoiou-se em sua mesa, esperando sua respiração e frequência cardíaca se regularizarem. Ajudou Zaniah a se sentar e colocou o colar temporariamente esquecido ao redor de seu pescoço. Deliciou-se com a visão do anel descer em direção ao vale entre seus seios. Segurou o rosto da garota em suas mãos e deixou um beijo leve em seus lábios inchados.

— Agora sempre terá uma parte minha junto a ti, minha Zaniah.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.