4 de março de 2014

Querido amigo,

Eu sei, eu sei de tudo o que eu disse. Mas não, não to aguentando. Ele é incrível demais. Chama mais minha atenção que som alto. Eu sonho com ele aparecendo na minha porta e dizendo que gosta de mim. Não consigo nem pensar em gostar de outra pessoa que minha mente insiste em me lembrar que só consigo pensar... nele. E isso já tá machucando, amigo. Machucando muito. Quando eu penso em ficar longe dele, é como se uma flecha me acertasse bem em cheio e espalhasse algum veneno para meu coração bombear para o resto do corpo. E o veneno dói, queima. E chega até a garganta, me sufocando, ardendo, queimando. Eu sinto meus ossos se quebrando, virando pó. Mas, por algum motivo, bem lá no fundo, eu sinto que vai valer a pena cada lágrima que eu derramar, cada olhar triste. Porque aí eu o encontro, ele me abraça, rimos e brincamos juntos... e ele me faz sorrir novamente.

Amigo, eu sei que não tenho escrito pra você todos os dias, mas acho que não tenho coisas para contar o tempo todo. Por mais que você pense que minha vida é meio agitada, não é.

Hoje meus amigos vieram aqui de novo. Antes de eles irem embora, ficamos conversando com minha avó. Meu pai veio brigar comigo porque a gente tava falando alto. Tá, os primos dele falam muito mais alto e ele nunca fala nada. E sim, to bem chateada com ele. Eu sei que é meu pai, mas ele não me trata como filha sempre que a namorada dele tá perto. E não adianta eu dizer isso a ele. Ele diz que está sempre ali, que me ama e essas coisas. Eu o amo, mas não tenho mais certeza do que ele diz. Não quando ele tá com a namorada e o filho. E eles sempre saem juntos. Todos. Até os vizinhos. E eu sempre fico em casa. Não por minha vontade, mas porque ninguém se importa em me chamar, sabe? Eles nem ao menos se lembram de mim. Amigo, às vezes eu penso em sair correndo pra algum lugar qualquer e ver se te encontro, sabe? Não importa quanto tempo demore mas, se eu ao menos pudesse te ver, te abraçar...

Não to aguentando mais, amigo. Sempre tem algo ou alguém pra me apontar o dedo, fazer algo pra me machucar. As pessoas vivem fazendo isso. Sempre. E eu to transbordando. Não quero sentir nada disso, amigo. Nada. E, se isso é por eu ser humana, não quero ser. Porque amar é lindo, mas quando se é correspondido. E, se não for pra ser correspondida, pra que vou querer amar? Como faço isso parar, amigo? Como faço passar? Onde aperta pra parar? Só quero que acabe. Não quero ser mais uma dessas pessoas que sofrem por um "amor" não correspondido pro resto da vida. Você acredita no amor, amigo? Pois é, eu ainda acredito, mas o não quero. Não quero mais sentir nada disso, sabe? Essa coisa de me machucar já encheu o saco. E minha garganta dói. A dor me sufoca. É como se... como se eu morresse um pouco... a cada dia. E eu não quero morrer. Não quero continuar morrendo. Não quero mais ser tirada de mim, amigo. Me ajuda, por favor, me ajuda.

Com amor,

Alguém.