A Vida (caótica) De Uma Adolescente Em Crise.

Capítulo 39: O quê o medo me impedia de dizer.


– Tyler fez o quê? - gritou Carly com sua voz num fio.

– Shhhhhhhhhhhh!!! - murmurou Alison com o dedo indicador sobre os lábios

– Vai acordar a Cloe. - sussurrou. Ambas tinham levantado num pulo de gato e encaravam a figura de Laila sentada sobre os calcanhares num canto do sofá da casa dos Aster.

A garota havia tomado banho e usava roupas emprestadas da loirinha. Ficou tentada em se enrolar novamente nas roupas de Nico que trouxera, mas sabia que as amigas a olhariam torto.

Se bem que agora, depois de contar à prima e Ally, já que Cloe se encontrava desmaiada no quarto no andar de cima, as duas estavam praticamente colocando o Parker no pedestal.

Depois de encarar Ally por um instante, Carly suspirou e sentou-se ao lado de Laila. Seus olhos transbordavam uma preocupação angustiada mas com certo alívio. Afinal, aquilo já havia passado.

Como um ato protetor, Carly saltou sobre Laila com um abraço. Laila sorriu e suspirou ao sentir Alison juntar-se ao abraço. Meio segundo depois e ouviu um suloço, depois outro e logo as três estavam chorando.

– Eu me sinto tão... horrível! – gemeu Carly contra os cabelos castanhos de Laila. A garota levantou a cabeça e encarou-a com os olhos machados de lágrimas

– Tão inutil por não ter feito nada! Laila, me perdoe! Nos perdoe por sermos as piores amigas da Terra!

Laila tentou sorrir e, apesar das lágrimas, conseguiu.

– É claro que sim.

E mais um abraço.

– Mas o quê tá acontecendo aqui? - uma voz arrastada e rouca perguntou, tirando a atenção das três.

Parada na ponta da sala de estar estava uma figura mais decadente de Cloe. Vestida com um blusão cinza, calça de moletom xadrez e com os cabelos revoltos num ninho de ratos loiro. Ela encarou as três com o rosto numa carranca, ainda mais quando seus olhos azuis pousaram em Ally, que se encolheu.

Ela contornou a sala e jogou-se no sofá menor sem encarar as três.

– O quê fazem aqui tão cedo? - murmurou sem encará-las.

Ally pigarreou e, checando o pulso vazio com certa ironia, encarou Cloe.

– Bom, hora de ir – e se levantou – Vocês me ligam depois?

Carly encarou Alison por um momento e preparou-se para falar algo, mas Laila levantou-se furiosa. Estava tão cansada daquelas duas se tratando daquele jeito que nem pensou duas vezes.

– Senta aí – murmurou perigosamente para Alison. A garota pensou em protestar, mas Laila forçou seu olhar de “Eu não to pra brincadeira hoje, querida” que é, certamente, muito convincente. - Olhem, eu estou completamente exausta de tudo, mas, principalmente, disso! - exclamou.

– Laila... - começou Ally, mas a garota ergueu a mão mandando que se calasse e encarou Cloe.

– Cloe, isso já deu. Eu sei que tratar Alison do jeito que está tratando também está te corroendo. Eu consigo ver isso, na verdade, quem não?

Cloe parecia chocada. Levantou-se devagar e quando ia se pronunciar, Laila interviu.

– Não, não, não, não e não, Cloe! Nós duas sabemos que estou certa e sabemos o motivo disso tudo! Por isso, sugiro que resolva logo, e com logo digo agora, antes que eu resolva!

E Cloe calou-se, assim como todas na sala. A loira baixou a cabeça e suspirou alto.

– Se sabe o motivo, sabe porquê não quero falar nisso. – murmurou, erguendo os olhos magoados para mirar Laila.

– Mas tem que falar, Cloe. Mais cedo ou mais tarde. – Laila disse se aproximando da amiga.
– Então que seja mais tarde.
– Do que vocês estão falando? - Ally exclamou de repente.
Laila virou-se para a morena sentada na ponta do sofá e voltou-se para Cloe. Com um longo suspiro e mordendo os lábios, Laila se afastou alguns passos para encarar as duas.
– Vocês duas precisam conversar. – disse apontando de uma pra outra com um meneio de cabeça.
Alison soltou uma risada sem humor e olhou Cloe de esguelha.
– Conversar pra levar esporro? Não, obrigada. Realmente dispenso – e ela se levantou.
– Não, Ally! - murmurou com urgência Carly segurando a outra pelo cotovelo – Laila está certa. Isso tem que acabar.
– Sim, e vai. Agora – Laila disse cruzando os braços. Num acordo silencioso, Carly e Laila se retiraram da sala deixando as duas à sós.
Alison bufou e xingou baixinho, sentado novamente no sofá de braços cruzados. Começou a bater os pés e encarou Cloe em pé no meio da sala.
– Vai me dizer o quê eu fiz pra merecer tanto do seu desprezo? - murmurou Ally com um leve pigarreio e a voz carregada de ironia.
Cloe revirou os olhos e soprou os cabelos teimosos sobre os olhos.
“Como ela tinha a coragem de fingir que não sabia de nada?”, irritou-se sua mente.
– Como se você não tivesse nem um vislumbre do que é! - reclamou a loira.
Ally bufou, sentindo-se ofendida, e pulou para a frente de Cloe.
– Cloe, em que idioma devo explicar agora que não faço a mínima ideia do que você está falando? Que droga! - gritou.
– Porque você sabe sim mas é falsa demais pra admitir isso pra mim!
– Você é surda ou paranoica? Se eu disse que não sei, não faço a mínima ideia, naturalmente significa que realmente não faço ideia!
Cloe parou e a encarou perplexa. Ela parecia mesmo estar falando a verdade, afinal, conhecia Alison melhor que qualquer um.
Mas mesmo que falasse a verdade ou não, a lembrança daquela conversa que ouvira ainda ardia na ferida que formara.
Ela baixou a cabeça quando as palavras lhe voltaram claras na memória.
– Eu sei sobre você e o Valdez – murmurou.
– O quê?
– Eu sei sobre você e o Valdez, droga! - ela gritou sentindo as lágrimas que tanto ela se empenhou em esconder – Eu sei de tudo! Eu ouvi! Pode não mentir pra mim agora?
Cloe soluçou e encarou Alison, que a olhava como se fosse um ET.
Por incrível que pareça para Cloe, Ally riu e se aproximou.
– Cloe, você está louca ou quê? - perguntou numa risada.
– Oras, por favor! Estou te dando a chance de se desculpar e você faz isso comigo? - gritou com escárnio.
– Cloe, estou fazendo isso porque, de verdade, não sei do que está falando! Valdez e eu não temos nada, nadinha! Nunca tivemos e nunca teremos. O máximo que já rolou entre nós foi...
Cloe secou as lágrimas e a encarou praticamente espumando. Como que para tirar a loira ainda mais do sério, Ally abriu um larguíssimo sorriso.
– Foi o quê? - exclamou Cloe com as mãos no quadril.
– Uma conversa sobre – e ela expandiu o sorriso, se é que é possível – você.
Aquilo atingiu Cloe com uma lufada. Sentiu os neurônios se embolarem e darem um nó. Tudo o quê tinha pensado para falar a garota agora sumiu de sua mente. Ela não pensava mais em nada, só em uma belíssima interrogação.
– Como é? - disse num fio de voz.
Alison sorriu mais e se aproximou, apoiando as mãos nos ombros da amiga.
– Você, Cloe Marie Aster. Ele me procurou e se enrolou todo comigo por tua causa.
A loira arfou por mais, mas suas palavras lhe fugiram. Abria e fechava a boca mas não tinha o que falar.
Por fim murmurou a coisa mais brilhante que conseguiu:
– Hãn?
Ally gargalhou.
– Temos muito o quê esclarecer sobre isso. Afinal, você tá me dando um gelo há o quê? Quase uma semana?
Cloe sorriu nervosa e, sem esperar muito, pulou na amiga abraçando-a.
– Me perdoe! Senti tanto sua falta! - murmurou a loira num soluço.
– Eu também.
Elas se separaram depois de um minuto e sorriram abertamente uma pra outra. Como que se esperassem essa deixa, o quê é verdade, já que elas esperavam mesmo, Carly e Laila apareceram logo na entrada da sala.
– Tudo certo por aqui? - perguntou Carly e Cloe e Ally assentiram.
– Okay, chamem as outras pra cá. – disse Laila -Temos realmente muita coisa pra contar.
– O quê? Eu perdi alguma coisa? - perguntou Cloe sentando-se sobre os calcahares no sofá.
Foi um longo suspiro em grupo dado por Ally, Carly e Laila em seguida.
– Nem tem ideia do quanto – murmurou Laila.


XXX

Mesmo odiando reviver as lembranças do ocorrido com Tyler na noite anterior, Laila o fez assim que Clarie e Sam chegaram. Cloe surtou e xingou, mas no final se afogou na própria culpa. Afinal, enquanto Laila procurava por ela, estava muito ocupada enchendo a cara.
Outro assunto que se esclareceu foi cloe e sua mudança radical. A garota explicou, lançando zilhões de olhares de ajuda em Laila, que o quê fez nem ela entetendia. Meio sem jeito, citou o trecho da conversa que ouvira entre Chase e Leo no dia em que sumiu pela primeira vez, aquela que a machucava e fez Alison corar até a alma.
“- Foi isso que te fez perder a cabeça? - perguntou Sam e Cloe assentiu – Mas, por quê?
– Porque, - Cloe suspirou fundo, mais bem fundo mesmo, até alcançar sua coragem para prosseguir – mesmo que me odeie por isso, eu gosto do Valdez. E isso doeu muito. Doeu tanto que nem sequer pensei direito e joguei toda a culpa na Ally – e ela olhou pra garota. - Desculpe novamente, Ally.
Ela deu de ombros.
– Já pensou que pode ter ouvido tudo fora de contexto? - perguntou Carly.
– Eu disse isso a ela, só que foi cabeça dura demais – murmurou Laila.
– Olhem, estava muito confusa e magoada, okay? Mas, agora, já sei o quê fazer e não, não vou dizer o quê é.”

Depois de tudo e antes de anoitecer, todas se despediram e se foram. Pegando uma carona com Cloe em seu carro, Carly e Laila chegaram em casa.
– Eu devolvo depois que lavar. – disse Laila ao fechar a porta do carro da loira, apontando pras roupas dela que usava.
– Ai, Laila! Deixa disso, criatura! - brincou Cloe.
Laila acenou assim que a garota deixou o meio fio e se afastou buzinando. A garota suspirou e caminhou para dentro de casa.
Estava tudo à meia luz e com apenas os ruídos da televisão da sala de estar ao lado.
– Hey, garotas! Como foi? - perguntou Elizabeth sentada no sofá. Carly caminhou e se jogou ao lado da manhã.
A garota encarou Laila numa pergunta silenciosa que Laila entendeu.
“Contamos ou não?” , diziam seus olhos.
A cabeça de Laila disperou nesses segundos. Ela saberia que se contasse teia de explicar mais um monte de coisas que ela não queria e, depois de ser abraçada e amada, provavelmente estaria ferrada.
Por outro lado, não contar er aum erro. Ela era sua tia, o mais perto de uma mãe que tinha no momento e não queria mentir.
Por fim, Laila suspirou e caminhou até ela e estalou sua bochecha com um beijo
– Foi tudo bem, tia – murmurou abraçando-a por cima do encosto do sofá.
Carly a encarou e Laila balançou a cabeça negativamente num movimento quase imperceptível. Pretendia dar um jeito de contar para a família depois.

– Bom, moças estou exausta. Vou subir e dormir. Boa noite. – e Laila beijou novamente a bochecha da tia.
– O quê? Mas são 18:23hs. Não está com fome? - perguntou Lizy se empoilerando no encosto do sofá enquanto Laila se afastava para perto da escada.
– Eu estou bem, tia. Só muito cansada.
– Cansada do quê? De ser uma adolescente jovem com tudo pra se viver ainda? - brincou a mulher.
– Só cansada – suspirou Laila. Sabia que se contasse a tia, ela provavelmente surtaria.
Elizabeth virou-se sobre o encosto do sofá completamente e encarou a sobrinha. Só agora Laila pode dar uma boa olhada na tia. Seus cabelos ruivos e lisos caiam sobre os ombros cobertos por um hoby verde escuro que parecia ser de seu marido, Bob, pelo tamnaho em seu corpo fino.
Laila sorriu e sentiu a culpa assolando seu coração. Queria poder jogar-se no colo da tia e contar tudo o que aconteceu, mas sabia que não estava preparada pra isso ainda.
Sem dizer ou fazer mais nada além de lançar um sorriso de canto à tia, Laila e subiu as escadas. Pensando em piloto automático, caminhou até o quarto e jogou-se de costas na própria cama e soltou o ar dos pulmões. Num outro gesto automático, puxou as roupas de Nico que segurava dobradas junto ao corpo e inalou seu perfume.
Era necessário dizer que “lavar e depois devolver” fora uma das pior desculpas já usadas pela garota para sentir como se Nico ainda estivesse ali com ela.
Suspirando contra aquele tecido, Laila encolheu-se em posição fetal e abraçou as roupas. Deus, como ela queria ele ali, com ela, não apenas suas roupas como lembrança.
Seria muito acrescentar que ela durmiu com as roupas dele?
Pois é. Laila arrancou as próprias roupas e enfiou as de Nico novamente pelo corpo. Sentia-se tão confortável nelas e até soltou um riso satisfeito quando cobriu-se com as cobertas e abraçou o próprio corpo, inalando seu próprio perfume misturado ao de Nico. Ficou com a cabeça rodando ali e aqui até que adormeceu.


XXX

Okay, Laila estava definitivamente em pânico. Depois de acordar com uma mensagem de Nico pedindo pra que ela fosse até sua casa logo no começo da tarde congelou. Quase não conseguiu digerir o café-da-manhã de puro nervosismo e ansiedade. Queria mais que tudo descobrir logo o que era, mas também tinha uma mesma sensação de pavor e puro pânico para isso.
Vestiu-se sem prestar muita atenção. Só depois que parou diante o espelho do banheiro minutos antes de sair que reparou na manchinha marrom clara de café perto da gola da camisa branca.
Ótimo, grunhiu sua mente. Mais essa!
Mesmo sem ter tempo até para respirar, correu até o quarto e puxou uma camiseta preta com uma estampa qualquer na frente. Enfiando algumas coisas na bolsa, pegou o celular sobre a cômoda e correu descer as escadas quase tropeçando nos próprios pés.
Alcançou a porta logo depois de esbarrar em Derick no hall de entrada.
– Ei, garota! Onde você... Espere, sua camiseta tá do avesso? - o garoto falou.
– Droga! - Laila praticamente gritou ao se dar conta de que o primo falava a verdade.
Antes de abrir a porta e sem pensar muito a respeito, jogou a bolsa no chão e puxou a barra da camiseta pra cima, tirando-a. Com um suspiro, vestiu-a do lado certo e encarou o primo boquiaberto no primeiro degrau.
– Você não me viu fazer isso, Derick. – ela murmurou sorrindo e o primo assentiu como uma pateta.
Ela abriu a porta e saiu tropicando até a calçada.


Aquelas sete quadras nunca pareceram tão longas à Laila. A garota tentava revezar entre caminhar quase correndo e ofegar. Ansiava por chegar logo mas ao mesmo tempo queria estar bem longe dali.
Quando avistou a mansão dos Parker quase infartou.
Tão perto, tão perto, tão perto.
Mordendo os lábios e respirando loucamente, caminhou até lá. O portão estava destrancado então Laila só o empurrou um pouco para que passasse. Cada passo até a porta arfava mais e mais.
Ainda mais perto...
Bateu na porta torcendo para que ninguém ouvisse e ela pudesse ir embora dali.
Infelizmente, isso não aconteceu e foi Nico quem abriu. Ambos levaram um sincero susto, mas sorriram.
– Oi – disseram ao mesmo tempo. Laila sorriu e Nico coçou os cabelos da nuca.
– Bom, entra aí Laila – ele disse.

A garota sorriu meio acanhada e entrou. Nico, após fechar a porta, parou de frente com Laila e com um gesto de cabeça em direção a escada, eles subiram já percorrendo o caminho conhecido até o quarto do garoto.
Laila entrou na frente. Nico não notou, mas Laila não sabia onde deixar as mãos, então segurava a alça da bolsa como se sua vida dependesse disso. Mordia os lábios a cada três segundos e tentava inutilmente conter a respiração desordenada. Estava quase conseguindo fazer com que o coração parece de querer saltar do peito quando ouviu um leve pigarreio do garoto logo atrás dela, daí tudo desmoronou.
Dando um suspiro quase audível, Laila virou-se lentamente para o garoto.
– Então – ela começou procurando as palavras certas na mente. Mordeu o lábio inferior mais uma vez por puro impulso e o encarou. - Você que me chamou aqui. O quê foi?
Se soou duro demais ou não, Nico não expressou. Na verdade, estava tão nervoso quanto ela.
– Bem,- ele começou dando passos rápidos e sentando na cama – finalizei nosso trabalho.
Laila o encarou pegar o notebook e posicioná-lo no colo para abri-lo. Por um momento, seu nervosismo, até um pouco de suas expectativas, murchou e ela sentou ao seu lado. Na sua casa, havia cogitado todos os motivos possíveis para Nico chamá-la daquele jeito com certa urgência. Todos. Menos o trabalho de história.
Aquilo frustrou Laila de uma maneira inimaginável.
– Olhe, já mandei uma cópia ao e-mail do Checkifield e ela disse que iria providenciar nossa nota logo e comunicaria apenas em seu retorno – informou Nico mostrando a tela do notebook para Laila.
– E quando, para a nossa eterna infelicidade, esse homem pretende voltar? - perguntou Laila com seu tom casual de sarcásmo, uma tentativa quase perfeita de disfarçar que não estava tão contente.
Nico a olhou de esguelha e sorriu canto. Será que ele já disse o quanto adorava quando ela falava assim?
– Creio que em uma ou duas semanas. – disse dando de ombros enquanto passava o computador para o colo da garota. - Quer ler o final? - perguntou.
Laila deixou a bolsa escorregar do ombro pro chão enquanto seus olhos já estavam grudados na tela. Nico não pode deixar de observá-la ler. Sua consciência o cotucava dizendo que não era apenas sobre trabalho que ele a chamara ali, e ele sabia disso. Fico ensaiando o quê dizer quase a noite toda e agora precisava por em prática.
Tomando ar e coragem, esperou Laila terminar. A garota fez um som de aprovação e sorriu, deixando o notebook de lado.
Era sua deixa.
– Laila – chamou de uma vez, assustando a garota que se preparava para elogiar o trabalho. – Acho que sabemos que não foi apenas por esse motivo que está aqui – disse se sentindo um idiota.
Laila ficou boquiaberta e suas palavras lhe sumiram.Nico esforçou-se para achar um jeito menos estúpido de continuar.
– Na festa, antes de sair com... - ele continuou e pigarreou – Bom, antes de você sair, uma coisa aconteceu. Eu queria entender o porquê.
Laila definitivamente estava travada. De repente, toda aquela ansiedade retornou como um tsunami que a forçou a se colocar em pé.
– Nico, olha, aquilo foi... - ela tentou andando de lá pra cá.
Ele também se levantou e a seguiu.
– Muito bom? Maravilhoso? Inesquecível? Porque pra mim foram todos. – ele disse sem pensar mas sem se arrepender também.
– Confuso, muito confuso! - Laila continuou sua frase fazendo de tudo para não ficar tão vermelha que teria o risco de ser captada por uma câmera por satélite como um tomate gigante.
– Por que? - ele retrucou.
– Porque você me confude! Tudo isso me confude!
– Tudo isso o quê?
– Isso de estar apaixonada, droga! - ela gritou virando-se para encará-lo. - Isso de que cada vez que estamos perto demais, eu não sinto minha cabeça no lugar, ou nem sequer minhas pernas. Isso de me sentir estúpida quando você me encara demais ou de todas ás vezes que eu quis morrer porque você sorriu pra mim. Isso de – ela engoliu em seco – estar apaixonada por você.
Nico nem se preocupou se parecia um completo idiota boquiaberto sem saber o quê dizer. Seu coração batia tão rápido que ele se perguntou como Laila não conseguia ouvir.
Laila.
Deixou seus lábios boquiabertos formarem um sorriso e deu um passo em direção a garota. Era exatamente tudo que ele precisa ouvir.
A garota que respirava muito rápido cobriu a boca com os dedos e sacudiu a cabeça.
– Eu não devia ter dito isso – murmurou.
– Não, Laila. Espe...
– Eu não devia... Me desculpe, Nico – ela murmurou e, num movimento rápido, pegou a bolsa no chão. - Eu preciso... Eu tenho que ir.
E correu para a porta. Nico nem teve tempo de pensar em alguma coisa.
– Droga, Laila! Espera! - gritou e não hesitou em correr atrás da garota.
Saltou quantos degraus ao mesmo tempo pode e chegou ao hall.
– Laila! - gritou assim que abriu a porta e correu pra fora. A garota passava pelo portão e Nico correu até lá. - Laila! Laila, espera!
Ela atravessou a rua correndo, ganhando uma buzinada e alguns xingamentos de um motorista que passava e teve que desviar dela. A garota só parou por alguns instantes depois disso e continuou correndo.
Anda, Nico!, berrou sua mente. Pensa, pensa, pensa!
Nico correu para o meio da rua. Tinha que fazer alguma coisa. Não podia deixá-la escapar. Não sem dizer o quê pretendia a dias.
– Laila, você tem que me ouvir! - gritou e pode notar que a garota diminuiu os passos. Ele sorriu e caminhou mais alguns centímetros. - Eu não disse o quê pensava a respeito. Você tem que me ouvir! - berrou.
A garota parou e Nico pode imaginá-la suspirando fundo.
Deu mais um passo.
– E se eu dissesse que sei o que está sentindo, pois sinto o mesmo? - ele disse de uma vez. Viu o corpo de Laila se tensionar e ela foi virando aos pouquinhos. - Hein? O quê me diria? - continou dando mais um passo.
Ela virou-se por completo. Suas sobrancelhas estavam unidas com a desconfiança, até mesmo surpresa, estampados na cara. Nico sorriu e Laila pigarreou.
– Eu, provavelmente, te chamaria de mentiroso – ela disse dando um passo para longe do meio fio e perto de Nico. Nada mais que sete ou oito passos os separavam.
– E se eu argumentasse com coisas, do tipo, eu não sei o quê dizer ou fazer quando estou com você? E que tenho medo de fazer tudo errado por ser um toal idiota?
– Você é um total idiota.
– Eu sei, mas você me faz sentir um idiota melhor – ele riu e deu mais um passo. Laila cruzou os braços e deu um passo. - Um idiota melhor, uma pessoa melhor. Me faz querer ser gentil com todos, especialmente você. Me faz sentir aquilo que, em todos os anos, eu tentava provocar e evitava sentir, como se eu fosse um em um milhão. - mais um passo – Me sinto explosivo, completo, e isso só com você por perto. Imagina quando me lembrei que a garota misteriosa da festa do Valdez era você? Tem ideia disso?
Laila não pode evitar e corou violentamente e Nico gargalhou dando mais um passo.
– Você se lembra? - ela gaguejou e ele assentiu.
– Deus, você não sabe o quê eu sinto quando você cora assim! Sabia que é lindo e tentador? - ele murmurou dando mais um passo. Laila riu nervosa e mordeu os lábios – E quando você faz isso, então? É uma tentativa de me provocar, Wigon?
– Nico!
– Okay, deixe-me continuar – ele deu mais um passo. A distãncia entre eles era consideravelmente pequena agora. Ela respirou fundo – O quê diria se eu dissesse que eu sou um completo apaixonado por você a mais tempo do que me lembro?
Laila gargalhou e deixou a bolsa no chão. Deu um passo um pouco maior até estar tão perto de Nico que apenas o ar os separava.
– Eu provavelmente te beijaria – ela murmoru encarando seus olhos brilhantes.
– Bom, Wigon, sou um completo apaixonada por você.
– Eu também – ela riu.
Eles não se demoraram muito mais que dois segundos. Laila abraçou o pescoço de Nico e o garoto a agarrou pela cintura e eles celaram a distância com um beijo. Não foi urgente ou deseperado, mas sim tranquilo e cheio de sentimentos.
– Deus, quanto tempo esperei para fazer isso de novo. - ele murmurou ainda com os lábios sobre os dela.
Laila sorriu e puxou Nico mais um vários outros selinhos. Ela não se tocou que precisava tanto assim dele, mas agora que estava tudo esclarecido, ficava mais feliz de poder beijá-lo sem sentir-se culpada ou confusa consigo mesma.
A felicidade do garoto era notável. Ele agarrou Laila ainda mais contra si e a rodou sem desprender seus lábios dos dela. Não sabia descrever sua felicidade no momento.
Infelizmente, os beijos seguintes foram inteerrompidos quando um carro buzinou tão próximo deles que os dois se assustaram.
– Fico feliz pelo casal! – gritou a motorista cheia de sarcásmo pela janela – Mas se importam de não fazerem isso no meio da rua?
Laila pensou em responder a altura, mas estava ocupada corando e sendo puxada por Nico até a calçada.
– Tenha um ótimo dia! - gritou Nico quando o carro passou por eles. Laila o encarou sorrindo.
– Tenha um ótimo dia? - perguntou rindo.
– É. Estamos tendo um. Por que a mal humorada não pode ter? - perguntou inocentemente.
Laila gargalhou e o abraçou pela cintura. Ela pegou a bolsa do chão e eles atravessaram a rua em direção a casa de Nico para continuar o primeiro de muitos dias ótimos... juntos.