Acordo com minha Dama de Companhia batendo em minha porta. Ela avisa para me levantar o mais depressa possível para tomar café, pois hoje é a entrevista com Caesar Flickerman, o apresentador oficial da Capital e vamos passar o dia recebendo instruções sobre como se portar e o que falar diante das câmeras.

Obedeço-a e vou comer - o que eu espero que não seja o meu último - café da manhã. Hoje eles capricharam, tudo parece estar uma delícia. Mas parece que quanto mais próximo de entrar na arena estou, menos fome sinto. Não tenho vontade de comer muita coisa, por isso, pego apenas um pouco de pão, que passo geleia de amora, e tomo uma xícara de achocolatado.

O dia de treinamento para a entrevista é um dos dias mais tranquilos que passei desde que cheguei aqui. Calmo, só com o meu Mentor me ensinando algumas regras de etiqueta e frases de efeito. Entretanto, por mais calmo que possa parecer, por dentro estou arrasado, ansioso, confuso.

Chega a hora da entrevista. Me maquiaram, pentearam, vestiram, adornaram. Fui com a menina de meu Distrito para o perto do palco, esperar a nossa deixa. Os Tributos - principalmente os carreiristas - que foram antes de mim, demonstraram grande desenvoltura e certeza de vitória.

Quando sou chamado, recebo aplausos e o Caesar começa a conversar comigo. Não sou bom falando em público, mas Flickerman faz tudo parecer mais fácil com seu jeito espontâneo. Falo sobre minha família e sobre meu Distrito com ele.

O sino toca, saio do palco e aguardo as outras entrevistas. Elas vão passando e nenhuma me chama a atenção, até que o garoto do 12 revela estar apaixonado pela menina de seu Distrito. Penso como deve ser difícil para ele entrar na arena sendo "inimigo" até de seu Amor, onde apenas um sai vivo.

A minha situação não parece mais tão ruim assim. Nem ao menos me dei ao trabalho de conhecer minha parceira de Distrito.

Terminadas as entrevistas, vou para meu quarto ter o que provavelmente será minha última noite de sono.