\"\"

Karin abriu os olhos lentamente, ainda estava escuro, mesmo com a imagem embaçada do ambiente pode constatar que aquele não era seu quarto. Levantou lentamente, deu dois passos adiante da cama e voltou a desmaiar.

Subconsciente de Karin:

Seu mundo interior tinha um céu alaranjado, um mar de um tom vermelho que parecia queimar seu corpo só de olhá-lo. Fora o mar vermelho e o céu alaranjado, o que havia ali era areia. Era um imenso deserto.

_Ohayo, Karin-dono. – sorriu uma garota de cabelos vermelhos e vestes pretas.

_Yo, diga logo o que quer... – encarou-a longamente. – Hinoumi. (nota: Hinoumi: Hi no umi: Mar de fogo).

_Hai, hai, calma. Pra que tanto estresse?

_Já disse que não me sinto confortável no meu mundo interior. – suspirou. – Não me traz lembranças boas. Além disso, a noite inteira não foi suficiente para você?

_Hum... – pensou. – Não.

_Tsc, vamos direto ao assunto, o que você quer afinal? – perguntou.

_Ah, deixe de ser chata, só porque quero lhe apresentar ela.

_Então você resolveu apresenta-la para mim né? – perguntou sarcástica.

_Você... – olhou-a melhor. – Já havia notado?

_Mas é claro, como eu não iria notar que havia mais alguém no meu mundo interior?

_Você é incrível Karin-dono! – comemorou a baixinha.

_Yare, onde ela está? – perguntou sem paciência.

_Ali. – apontou para a sombra de uma árvore. – Você ainda não consegue ouvi-la não é?

_Não... – bufou. – Voltarei aqui amanhã.

_Está bem... Sayonara Karin-dono!

Toushiro acordou com dor nas costas por não ter dormido em sua cama, levantou e quando ia para o banheiro fazer sua higiene viu um corpo caído no chão. “Karin!”. Pegou a menina nos braços e depositou na cama novamente, sentiu a pele dela oscilar entre temperaturas altas e baixas.

_Mas o que raios está acontecendo com você Kurosaki? – pesou alto.

Suspirou pesadamente, não poderia ficar o dia inteiro cuidando da garota. Chamou Rangiku e disse que ia trabalhar, e como ela não fazia nada mesmo, deixou-a cuidando da morena. Toushiro foi até seu escritório e trabalhou o tanto que pode.

Mas sem alguém para ajudar, aquilo se tornava mais devagar, estava preocupado com a portadora dos olhos ônix. Terminou o trabalho o mais rápido que pode e voltou pra casa por volta das 15 horas. E ao invés de encontrar a Kurosaki na cama encontrou-a no pátio com a Zanpakutö em mãos, treinando.

_Kurosaki! – gritou, ela viu-o e sorriu abertamente. – Porque não está na cama?!

_... – pareceu pensar. – Porque estaria?

_Não estava passando mal?! – se aproximou para poder parar de gritar. – Você desmaiou hoje mais cedo.

_Ah, aquilo... – sorriu levemente. – Era a Hinoumi enchendo a paciência...

_Quem? – perguntou confuso.

_Minha Zanpakutö.

_E você já consegue ouvir o nome dela?

_Claro né Toushiro?! Achou que eu iria ao Hueco Mundo sem ao menos uma shikai? – perguntou sarcástica.

_Tsc, porque não me falou antes?

_Você não perguntou...

O garoto bufou, e ela riu.

_Quer treinar comigo? – perguntou sorrindo.

O garoto deu de ombros, sério, se afastou. Ficaram na posição de luta, e começaram. Karin fez a primeira investida, atacando-o em direção ao estomago. Ele defendeu com uma diferença de milésimos. Eles se afastaram e ela pode observar qualquer ameaça de ataque dele.

A distância era aceitável para uma defesa segura, uma hora ou outra alguém teria que atacar inutilmente. Então ela pensou em uma distração, usou o shunppo e apareceu ao seu lado, ele notou a presença da mesma e preparou a defesa, mas ela não atacou.

Desapareceu, aparecendo novamente atrás do grisalho, e atacou. Percebeu uma presença atrás de si e quando se deu conta, Toushiro não estava mais no lugar de antes, virou-se rapidamente para trás, mas estava com a guarda baixa, sentiu a Zanpakutö ser tirada de suas mãos.

Abaixou a cabeça, havia sido derrotada em menos de quinze minutos.

_Parabéns Kurosaki. – aprovou a voz rouca. – Normalmente ninguém que é shinigami há algumas semanas, consegue durar nem dez minutos comigo.

_E-eh?! – gaguejou encarando-o. – Então eu estou bem?

_Claro, sequer usou sua shikai...

_Não houve tempo... – comentou.

_Sim... – sorriu. – Vamos para casa?

_Não. – vendo a cara de confuso, gargalhou bem alto. – Vá você, tenho que falar com a Rukia-chan.

_Ah, sim. – respondeu.

_Eu faço feijões doces pra você quando voltar, o.k.? – sorriu.

_Está bem Kurosaki... – riu levemente.

_Mas com uma condição... – se aproximou dele o encarando. – Karin, não Kurosaki.

_Hã?

_Me chame de Karin sim? – sorriu novamente. – Jya ne Toushiro.

Foi pra casa tomar um banho e esfriar a cabeça, mais tarde teria que aturar a loira.

[...]

_Rukia-chan, eu não sei o que está acontecendo... – suspirou se não fosse uma garota forte estaria em prantos. – Eu tinha certeza sobre meus sentimentos, eu sabia o que sentia...

_Karin... – suspirou também, aquela era uma situação realmente delicada. - Eu sei o que você está sentindo... – murmurou.

Karin se despediu de Rukia e foi para casa, tinha prometidos feijões doces, e feijões doces teria que fazer. Chegou e escutou barulho de chuveiro, Matsumoto devia estar no banho. Foi direto para a cozinha e fez o jantar, já começando a preparar os feijões doces.

_Então vai cumprir a promessa? – perguntou o grisalho assustando-a.

_AHHH, você tem problema? Desde quando está ai? – perguntou sobressaltada.

_Tempo suficiente pra ouvir você cantarolar. – comentou.

_Teme... – bufou.

Ele soltou uma risada gostosa. Ela terminou o doce, e pôs o jantar.

_Vai chamar a Rangiku-san. – falou.

_Porque eu? – perguntou.

_Porque eu fiz o jantar! – justificou.

_Yare. – levantou e foi chamar a loira.

Karin suspirou e terminou de por a mesa. Toushiro desceu e disse que Rangiku capotou na cama e não ia comer nada. Então apenas os dois comeram.

_Né Toushiro, me desculpe por ontem, não queria fazer você dançar, ainda acho que a Rangiku-san conseguiu colocar algo no meu refrigerante... – desculpou-se.

_Ah, aquilo? Não tem problema...

[...]

Nos dias que se seguiram antes da partida para o Hueco Mundo, Karin treinou o tanto que pode, e falou o máximo com sua zanpakutö. No dia da partida, estavam todos em frente ao sekaimon.

_Soi Fong taichou, está no comando da missão. – disse Karin, a capitã assentiu.

_Vamos, não fiquem para trás. – disse.

Quando chegaram a terra, Urahara já estava pronto para ativar o portal para o Hueco Mundo, chegando lá simplesmente voltaram a partir, mas Karin pediu para Urahara ligar para Yuzu. Seguiram caminho pela garganta, não foi difícil, afinal, todos ali conheciam sobre reiatsu.

Quando chegaram ao Hueco Mundo deram de cara com a areia. A partir dali, Karin se concentrou para tentar achar a reiatsu de Roki, quando o fez, disse que estava na direção de Las Noches, mas não exatamente lá, sendo assim, Rukia os guiou.

_Apenas tomem cuidados, e Hitsugaya Taichou, como ambas nossas zanpakutös são do elemento gelo, neve, vamos precisar de esse poder. – aconselhou.