Karin abriu os olhos e esfregou um deles com uma das mãos tentando clarear a visão do ambiente. Estava no sofá da sala de Toushiro, ela devia ter dormido enquanto o observava. Sentou-se e olhou para o sofá em busca do grisalho, mas nada enxergou.

Decidiu não ir atrás dele, conhecia-o o bastante para saber que se ele quisesse ficar sozinho era melhor não perturbá-lo. Retirou as louças que tinha utilizado no dia anterior da mesa de centro e viu Rangiku entrar na sala um pouco deprimida.

_Karin-chan? – fez uma cara confusa. Karin sorriu tristemente.

_Eu vou passar um tempo aqui, vou tentar ajudar. Se precisar de algo é só falar comigo. – sorriu novamente e arrumou o sofá que tinha bagunçado enquanto dormia.

A morena sentiu dois braços em sua volta.

_Obrigada, Karin-chan. – Matsumoto derrubou algumas lágrimas e a soltou. – Eu não sou capaz de ajudar o capitão agora, então, por favor. – a morena apenas acenou com a cabeça silenciosamente.

–-------------------------------------------------

Hitsugaya voltou para sua sala depois de caminhar sem rumo por Rukongai como se fosse achar sua irmã correndo, brincando e dizendo o quanto era incrível a academia de shinigamis e como seria uma grande guerreira no futuro.

Abriu a porta enquanto encarava o chão e então ouviu uma voz chamar seu nome. Subiu o olhar e viu Karin fazendo chá e com uma sacola de feijões doces consigo. Quase sorriu com o esforço dela.

_O que foi? – perguntou cansado, não fisicamente, mas mentalmente.

_Eu pedi um recesso pra você para o comandante, ele aceitou, então não precisa vir trabalhar. – ele a encarou. – M-mas, se você quiser pode vir, quer dizer, eu só pensei que você queria um tempo pra esfriar a cabeça. – disse nervosa. Droga eu fiz um trocadilho.

_Está tudo bem, obrigada. – ele respondeu simplesmente e sentou no sofá e comeu alguns feijões doces.

Karin não pode evitar sorrir. Sentou do lado dele e comeu um feijão doce enquanto pensava nas palavras certas.

_Ne, Toushiro, se você quiser que eu vá embora, eu vou. Eu sei que pra você pode ser melhor se estiver sozinho. Mas eu já perdi alguém muito próximo a mim. – ela começou a tremer. – E eu não queria ter ficado sozinha, eu queria ter chorado mais e queria poder ter alguém que me desse apoio, mas todos à minha volta estavam piores que eu, então eu resolvi que eu devia ser a pessoa de apoio deles. – lágrimas pequenas e que não puderam ser seguradas caíram nas mãos da morena. – Por isso hoje eu não consigo ver ninguém sozinho e triste, porque eu acabo tentando ajudar. E então algumas pessoas não querem essa ajuda e eu acabo ferindo elas mesmo assim. Então se você não precisar de mim, apenas me mande embora, está bem?

As mãos onde havia lágrimas estavam tremendo enquanto apertavam sua roupa. A Kurosaki não queria que ele a mandasse embora, ela não queria deixa-lo agora, porque ela quase nunca pudera fazer nada por ele.

Toushiro segurou uma de suas mãos e segurou forte, a morena virou-se pra ele, parando de chorar e surpresa. Não faça isso, sou eu que tenho que te confortar. Voltou a chorar e então recebeu um abraço dele, algo que não esperava. Apertou o abraço, brava.

_Obrigada, Karin. – o grisalho enterrou o rosto no ombro da garota e ela sentiu sua roupa ser molhada por lágrimas. Estava feliz, ele chorou na sua frente, estava muito feliz. Passou uma das mãos pelos cabelos do garoto e então desfez o abraço.

_Obrigado, Toushiro. – sorriu e então limpou o rosto.