"Durante o dia sou forte, mas, a noite meus piores medos veem a tona"

Estávamos todos acomodados, a mansão Kuchiki era de um tamanho incrível, e uma beleza maravilhosa. Cada um de nós ganhamos um quarto próprio, e os servos daquela casa nos serviam com tanto amor que eu me sentia mal em recusar qualquer coisa deles. Quando me preparei para dormir, respirei fundo e desejei que hoje fosse uma noite de paz... Olhei a lua pela minha janela, ela estava tão linda e majestosa, e como sempre, uma única lágrima deslizou por meu rosto, era nesses momentos em que eu me sentia a velha Sakura, a Sakura fraca e inútil.

"Você nunca foi inútil"

Minha deusa interior disse, eu apenas sorri agradecida e me deitei.

Infelizmente, a noite foi complicada... Meus sonhos eram uma mistura de escuridão e sangue... E aqueles olhos vermelhos com o Sharingan, me olhando sem nenhum sentimento, vazios.

Eu era tão dispensável que nem mesmo pena ou raiva eu merecia por parte dele? Fui golpeada como se fosse nada e jogada, até mesmo um animal receberia mais consideração.

Eu senti medo naquele pesadelo, revivi todas as visões que o maldito Sharingan me dera. Todas as cenas de sangue e morte, onde eu morria de inúmeras formas tortuosas e onde meus amigos eram torturados. Eu ainda me lembrava da dor em minha mente e do sentimento da espada perfurando meu coração. Foi uma grande tortura mental. Foram meses até que minha mente se recupera-se completamente. E meu coração nunca se curaria.

Aquela noite, acordei de madrugada, suada e nervosa, e quando olhei-me no espelho do banheiro (havia um pequeno no quarto) vi que havia me arranhado durante a noite. Geralmente acontecia de eu "coçar" a cicatriz em meu peito e acordar com ela avermelhada e dolorida. Tsunade dizia ser uma "reação fantasma" onde minha mente ainda revivia o momento e meu corpo tentava retirar a espada, mesmo que não houvesse nada lá.

Porém, algo estranho me chamou a atenção, retirei minha roupa e olhei minhas costas no espelho, havia uma marca avermelhada lá, parecia um arranhão, porém, parecia ser uma tinta, passei meus dedos e ela não saia.

"Não se preocupe, não é nada"

"Não me parece nada"

Ela não me respondeu...

*~*~*

Durante o café da manhã, eu estava muito quieta, a marca estranha e meu pesadelo me deixou muda, e percebi pelo olhar de Rukia-san que ela estava estranhando, céus, eu podia até mesmo sentir o olhar de Byakuya em mim.

— Sakura, está tudo bem? - Ino, que estava sentada a minha frente perguntou.

— Claro. - Falei com um falso sorriso.

— Sakura? - Neji me chamou e quando o olhei ele colocou a mão em seu peito.

Eu assenti com um sorriso triste. Esse era o jeito dele de confirmar se minha cicatriz me impedira de dormir, caramba, esse homem é meu irmão agora e me conhecia muito bem. Ino olhou espantada e pelo seu silêncio, percebi que ela entendeu.

— Após o café, Rukia levará cada um até a divisão ao qual irão treinar. - Byakuya falou quebrando o clima.

Eu assenti concordando e percebi que ele me olhava desconfiado.

— Senhorita Haruno, peço que, quando estiver pronta, venha ao meu escritório em minha divisão, enviarei um Shinigami para escoltá-la. Com licença. -Ele falou e se levantou.

— Só eu senti um favoritismo aqui? - Ino perguntou.

— Ou o contrário? Li num livro que quando se chama alguém ao escritório, ou é para brigar ou agarrar e ter relações sexuais. - Sai comentou descaradamente.

Rukia e eu cuspimos o suco que bebíamos ao mesmo tempo e na mesma pessoa, pobre Shikamaru.

— Desculpe! - Rukia e eu nos desculpamos com ele.

— Francamente Sai, pare de falar tanta asneira logo cedo! - Ino disse dando um soco na cabeça dele.

Eu ia ter uma longa estadia com eles aqui!