Emily rasga o vestido da sudanesa que esta quase inconsciente, coloca um pano na boca dela, pega a faca e com uma coragem que não sabe de onde surgiu abre a barriga da mulher. Ela tira a criança. No começo a criança não chora e ela entra em pânico mas lembra de sopra a boca da criança que começa a chorar.

– Obrigada...- diz Ouda morrendo

Emily enrola o bebe no em uma toalha e em seguida, sai correndo mais depressa do que jamais correra em toda a sua vida, Emily alcançou o jardim e dirigiu-se para o muro sul. Enquanto corria, escutava tiros e explosões atrás dela.

Alcançou a muralha. Havia luz suficiente das estrelas. Em algum ponto visível nos fundos do kasbah, havia não uma corda, mas uma escada de cordas.

Lembrou-se, então, que já tivera medo de não conseguir subir por uma corda, embora pudesse descer por uma. O cinto de pedrarias pesava. Emily soltou-o da cintura, com impaciência, atirando-o entre as flores. Seus pés descalços pisavam sobre as cordas da escada. Ela subiu depressa.

Pareceu-lhe que a muralha era muito alta. Quando alcançou o cimo, olhou para o chão. Seu coração cessou de bater por um instante. Embaixo estava um vulto. Tinha uma capa branca, igual à que o Sultão usara quando ela o vira pela primeira vez! O capuz encobria o rosto ...

Quando se sentia no auge do pavor..., ouviu a voz de Spencer- Emily!

Ela soltou um pequeno grito de alegria. Desceu rapidamente em direção a sua amada. Com certeza, pulou os últimos centímetros, porque se encontrou nos braços dela.

Spencer apertou-a com tanta força, que estava quase sufocada.

Queria gritar de alívio, dizer a Spencer como a amava. Mas embora tentasse falar, nenhum som saía de sua garganta.

– Temos que ir embora- disse Spencer- Não há tempo a perder.

Spencer ajudou Emily a caminhar ate onde estava o cavalo, à sombra de algumas palmeiras. Colocou-a de lado sobre a sela. Emily viu Caleb e os corpos de dois soldados do Sultão caídos ali.

– Está salva!- falou Caleb

Ainda não podia responder ela escondeu o bebe em seus braços. Spencer saltou para a sela, atrás dela. Segurou as rédeas e, com um braço apertando-a contra o seu peito, esporeou a montaria.

Emily escondeu o rosto no ombro de Spencer. Era-lhe impossível pensar em outra coisa a não ser que ela estava tão perto dela! Nem mesmo se lembrava dos horrores dos quais ela acabara de passar. Sabia, apenas, que se encontrar nos braços de sua amada era como chegar ao Céu!

Os cavalos se moviam depressa sobre as areias do deserto. Minutos depois entravam na cidade. O rosto de Emily estava escondido. Ela se lembrava de que a distância entre a Embaixada e as muralhas era pequena. Ouviu Spencer dizer- Acho que deve informar Sua Excelência sobre o que aconteceu.

– Está bem, Milady?- disse um cavalariço

– Perfeitamente! E obrigado por tudo o que fez- diz Spencer

– Foi um prazer, Milady!- diz o cavalariço se despedindo

Emily soube, sem olhar, que o escudeiro se afastara. Ela não queria saber para onde Spencer estava levando-a. Para qualquer lugar que fosse, não tinha importância.

O que importava era que ela estava de novo segura novamente. Ela segura o bebe com segurança. Podia escutar o coração dela batendo sob sua face. Sentia que ela a segurava com

tanta facilidade e firmeza como se ela fosse uma criança.

Cavalgavam rapidamente. Afinal, Spencer colocou o cavalo a passo e perguntou- Está bem? Aquele louco não feriu você?

– Você... me salvou!- respondeu ela com um leve tremor na voz- Eu sabia!... Mas... tive medo... medo de que chegasse muito tarde!...

– Devia saber que eu não poderia decepcionar você!- diz Spencer

Emily tinha certeza, mesmo quando ela falava com confiança, que sentira o mesmo medo que ela. Spencer temera não chegar a tempo.

O cavalo parou. Ela ergueu o rosto e olhou à volta. Para assombro seu, estavam no porto. Viu as ondas e as luzes dos barcos pesqueiros. Spencer saltou da sela e ajudou Emily a descer. Bem perto, um barco com marinheiros ingleses esperava por eles.

Alguém levou o cavalo para longe. Spencer abraçou Perdita e deram alguns passos pelo cais. Então surgiram mãos para ajudá-las a entrar no barco. Em alguns segundos estavam navegando.

– Onde vamos? perguntou Emily.

– Para casa -retrucou Spencer- O navio de Sua Majestade, o Soberbo, nos levará durante a primeira parte da viagem. Eu lhe contarei tudo, mais tarde.

Sentou-se ao lado dela, contra a amurada. Passou o braço ao redor de seu corpo. Spencer olhou para as roupas de Emily e que sua aparência era estranha, vestida com o kaftan branco e coberta por uma profusão de jóias. E como se ela a entendesse sem palavras, tirou a capa de seus ombros e colocou-a sobre os dela. Passaram-se apenas alguns minutos, antes que o barco chegasse ao lado do navio. De novo, Emily se viu subindo por uma escada de cordas segurando com carinho seu embrulho. Desta vez, contudo, havia

muita gente para ajudá-la.

Quando subiu a bordo, o Capitão caminhou em sua direção com a mão estendida.

– Estou extremamente contente por lhe dar as boas-vindas, Lady Hastings- disse ele- Compreendo que viveu uma experiência muito desagradável. Mas está a salvo agora. E em solo inglês.

– Obrigada -respondeu Perdita, timidamente.

Caminhando à frente, para indicar o caminho, o Capitão conduziu o casal até a popa. A primeira coisa que Emily viu ao entrar no camarote foi sua bagagem. As malas quadradas e altas que ela trouxera da Inglaterra, e que deixara fechadas na Embaixada, estavam enfileiradas em um canto. Ocupando grande parte da cabine, do outro lado, encontrava-se a cama mais estranha que Emily já vira. De madeira escura, era esculpida com pássaros, frutas, animais e flores exóticas As colunas pesadas alcançavam o teto.

O capitão notou o ar surpreso de Emily. Então, lhe disse com um sorriso- Consegui essa cama há muitos anos, milady. De um navio pirata que capturei. Está comigo sempre que viajo. A tripulação a chama minha sorte.

– Então, este é seu camarote!- exclamou Emily- Quanta amabilidade sua em cedê-lo para nós!

– É o mais confortável do navio, Milady -falou o Capitão com um sorriso- Estamos sem acomodações. Temos fuzileiros navais a bordo, como a Marquesa sabe, que vamos levar até Gibraltar. E Miladys também nos deixarão lá, não é assim?

– Sim -respondeu Spencer- Meu iate estará no porto.

– Nesse caso, desejo a Miladys uma noite agradável -disse o Capitão- Vamos chegar a Gibraltar amanhã cedo.

– Espero, Capitão -falou Emily, cortesmente- que não vá ficar sem conforto.

– Vou permanecer na ponte de comando -disse o Capitão- E agora, vou mandar os camareiros trazerem comida e vinho. Deixaremos o porto assim que os fuzileiros embarcarem.

– Espero que eles não demorem- diz Spencer - Como deve imaginar, estou ansiosa para partir.

– Posso compreender, Milady- o Capitão sorriu- E não vou prendê-las com minha conversa. Milady, precisa de alimento, depois de tudo que passou.

O Capitão deixou o camarote.

–Amor o que traz neste embrulho?- perguntou Spencer

–Um presente de Deus- diz Emily colocando o embrulho na cama

Spencer fica sem reação ao ver aquela criança que dormia tranquilamente.

–Emily quem é este bebe?- pergunta Spencer

–A mãe dele salvou minha vida e eu vou cuidar dele- diz Emily

–Emily ele é filho de quem?- diz Spencer

–Do sultão- diz Emily tímida

Spencer ficou calada e se voltou para Emily. Ela parecia muito frágil. Por um instante tudo parou em seus pensamentos;

– Que é... que está acontecendo?- perguntou Emily

– Fale-me de você primeiro. Se soubesse como eu estava nervosa, pensando nas coisas terríveis que podiam estar acontecendo com você! Tive medo... como nunca tivera antes, de que não fosse capaz de libertá-la. De perder você meu amor- diz Spencer

– Eu sabia que você viria!- sussurrou Emily segurando a mão de Spencer -Seu plano foi inteligente, muito mesmo!... Como conseguiu as explosões?

Spencer riu- Tive sorte. Na noite em que você não voltou, o Soberbo ancorou no porto, com fuzileiros a bordo. Eu falei com o Capitão, e compreendi que tinha uma arma contra Natan Moulay el Zazat, que o Sultão de Marrocos não se negaria a usar.

– O Sultão de Marrocos?- perguntou Emily puxando Spencer para sentar na cama

– Foi outra sorte!-declarou Spencer- Sir Jack descobriu que ele estava visitando Tânger, secretamente. Parece que estava preocupado com notícias que tinham chegado a ele. Sobre a intenção de Natan Moulay el Zazat de derrubá-lo do trono.

– Você lhe ofereceu os fuzileiros?- perguntou Emily

– Eu sugeri que os fuzileiros ficassem à retaguarda de suas tropas- explicou Spencer- Tinham ordens de não tomar parte, exceto em uma emergência. Não me importaria de apostar que quando eles chegassem lá, decidiriam que se tratava de uma emergência

– Vão matar Moulay el Zazat?- perguntou Perdita, pensando no corpo que ela visualizara estendido na poeira.

– Eu não ficaria surpresa- disse Spencer- E não me incomodo com a sorte do Sultão, depois de ter você de volta.

O tom de sua voz fez o coração de Emily saltar ela encurta a distancia e beija Spencer.

–O que vamos fazer com este bebe?- pergunta Spencer

–Eu quero ele pra mim- diz Emily