Jordan continuava a andar na direção oposta que o carro dos sequestradores ia. De dez em dez minutos olhava o celular, que encontrou em seu bolso, antes ele não tinha percebido que estava ali, para ver se conseguia algum sinal. Nada. Aquilo estava deixando-o nervoso, tinha medo que a advogada não fosse socorrida a tempo.

Ele ainda estava confuso. Um grupo de homens invadiu o prédio para matar ela? Por quê? Que motivos teriam? Vingança? Mais um trabalho sujo? E o porteiro, porque ele estava ajudando? Também fazia parte do grupo? Se for isso, tinha tudo sido friamente planejado.

O que mais martelava em sua mente era se a advogada estava viva. Antes de uma moradora chata e implicante, ela era um ser humano como outro qualquer. Jordan se perguntava por que o grupo não o matou quando teve chance. Muita coisa ali estava mal explicada. Será que a polícia já foi chamada? Será que já localizaram os bandidos? Impossível. Ele teria visto se o carro da polícia passasse por ali.

Aquela altura, alguém já deve ter sentido a sua falta no prédio. Com certeza alguém já deve ter visto Jéssica ferida na garagem. Nesse momento a polícia já deve estar atrás de Jordan. Devem estar pensando que Jordan foi sequestrado como refém, para a escapatória, assim ele pensava.

Sua caminhada parecia não ter fim. Até agora ele não sabia que diabos de estrada estava. Aos poucos ficava furioso com aquela situação. Era melhor se eles tivessem me matado! Pensou ele em fúria. Seus passos apertaram e pisavam mais firme. Nenhum sinal de automóvel na estrada. Jordan prometeu a si que se algum carro, ônibus, caminhão ou qualquer automóvel que passar ali, ele iria pegar carona. Nem que jogasse o motorista para fora.

Já era muito tarde. Eram quase 3h da manhã e Jordan estava muito cansado e com sono. Ele começou a se lamentar por ter tentado ajudar Jéssica, mas o seu instinto de salvar uma vida foi muito maior do que qualquer coisa naquele momento.

Ele diminuiu o ritmo dos passos. Sua cabeça estava girando de fome e de dor. Seu estomago gritava por comida. Seu corpo implorava por descanso. Andando de vagar e olhando para baixo, distraído, Jordan vê uma alteração na sua sombra.

Sua sombra estava projetada na sua frente, pela luz que a lua emitia. De repente a sua sombra começou a crescer gradativamente e a pista passou a ter uma coloração meio amarelada. Tomado por uma felicidade, Jordan olha para traz e constata que atrás vinha uma caminhonete. Minha chance! Reunindo toda coragem que tinha, Jordan passou a andar no meio da estrada.

Andou em direção à faixa que a caminhonete vinha. Ele ficou de frente para ela de modo que tentasse impedir a passagem. Abriu os braços e esperou que o motorista percebesse que havia alguém no meio do caminho.

A caminhonete saiu de uma pequena curva e vinha em sua direção em alta velocidade. Jordan manteve o seu posto. Não saiu dali nem um centímetro. Os faros vinham de contra aos seus olhos, segando-o.

A luz ficava mais forte a cada instante. O som do motor roncado ficava mais e mais claro. O motorista ainda não tinha baixado a velocidade. Parecia que queria atropelar Jordan.

Jordan estava ficando com medo. Mas agora que tinha começado o seu plano e, era sua única chance, não iria sair dali... Poderia ser atropelado, mas não sairia dali. Talvez ser atropelado não fosse, também, uma má ideia.

A caminhonete estava a 100 metros dele. Jordan não via mais nada. O moto arrotava forte agora. Ele fechou os olhos. Antes que pudesse sentir o impacto. Antes que pudesse sentir a dor. Antes que pudesse descobrir como era a vida após a morte. Ele ouviu o pinéu cantar e deslizar na pista.

Jordan esperou o impacto e... Ficou tudo em silêncio. Só ouvia o vento passando pelos galhos das árvores. Abriu os olhos e viu a caminhonete parada ao seu lado. Se o motorista não tivesse virado o volante para a esquerda, tinha o atingido em cheio. Agarrando a oportunidade, Jordan saiu correndo e abriu a porta do carona.

– Está indo para Nova York? – perguntou ele olhando fixamente para o motorista. O motorista não deu a mínima para a pergunta que ele fez. Estava muito chocado pela sua sorte de não ter atingido o rapaz.

– O senhor está bem? – perguntou ele tremulo.

– Estou! Está indo para Nova York? – perguntou ele pouco se importando se ele estava realmente bem ou não.

– Sim... Estou. De onde você é? – perguntou o motorista para tentar esconder o seu susto.

– Sou de lá mesmo. A viagem vai demorar?

– Acho que uma meia hora ou uma hora – Jordan processou a informação de lado positiva. Ele não tinha muita pressa para chegar à Nova York. Só queria saber se Jéssica estava viva.

Voltando ao normal, o motorista se ajeitou na cadeira e acelerou a caminhonete. Meia hora ou uma hora, não é? Pensou Jordan. Então vou descansar um pouco. Ele fechou os olhos e encostou a cabeça no banco. Pronto para dormir um pouco.