A Senhora da Sorte

Podemos fazer isso juntas


Andrômeda andou até a praça, com vários pensamentos fluindo em sua mente, ela se sentia poderosa, mas sabia que Lana também era.

Chegando lá, viu Lana sentada em um banco da praça parecendo suada e desesperada, um sorriso de deboche apareceu em seu rosto e ela caminhou calmamente até Lana.

— Winters. - disse ela com desdém.

— Eu não tô com tempo pra papo. - Lana olhou ferozmente para os olhos de Andrômeda. - Vá embora.

Andrômeda não se mexeu, e só então se deu conta de que Lana usara o poder do anel, mas ela não queria obedecer.

— Acho que não vou não, Winters. - disse Andrômeda a encarando.

Lana se levantou.

— Eu mandei você dar o fora. - disse bem devagar.

— Não.

Lana piscou os olhos. Provavelmente tentando entender porque o anel não estava funcionando, e Andrômeda pensava o mesmo.

E então ela entendeu, era por causa do bracelete, ele emanava inteligência e dava a proteção e escolha para que sua dona não fizesse nada estúpido.

Andrômeda enfiou a mão no bolso e balançou a pulseira de Lana no ar.

— Procurando por isso?

Lana tentou pegar, mas Andrômeda puxou a mão.

— Você é a grande vadia. - disse Lana com raiva.

— Acertou. Não é muito inteligente escrever diários e jogá-los na rua.

— Você leu os meus diários? - Lana parecia em pânico.

— Sim, sei tudo sobre seu anel mágico.

Lana levou as mãos ao rosto e respirou fundo.

— Agora, - disse Andrômeda – você e eu vamos sentar nesse banco, e eu só devolvo a sua pulseirinha roubada depois que você me contar tudo sobre essa história da Senhora da Sorte.

Lana soluçou.

— Você abriu meu diário secreto? - disse ela trêmula.

— Não tive tempo, mas sei que você sabe, me conta logo e eu te devolvo seus diários também.

— E se eu não contar?

— Nada de diários e nem pulseira pra você.

— Está bem.

— Pode começar.

— Dizem que é uma lenda, essa história de Senhora da Sorte. Mas eu acredito que seja real.

— Quero detalhes, Lana. Detalhes.

— Existem várias joias como meu anel, cada uma com um poder. O anel da persuasão, o colar da sorte, o bracelete da super inteligência, e os brincos da telepatia. Elas foram dadas à 4 jovens há muitos anos atrás, e surgiu o boato de que se uma moça solteira e sem filhos juntasse as quatro joias ela se tornaria uma única joia, e a moça seria a Senhora da Sorte, a mais poderosa do mundo, capaz de conseguir tudo e qualquer coisa, as garotas que ganharam essas joias deveriam passá-las para suas filhas e assim por diante, mas começaram a roubar as joias umas das outras a fim de ter o poder da sorte.

— Esse anel é roubado também? - perguntou Andrômeda.

— Não, esse anel pertenceu à minha ancestral e nunca saiu da minha família. Minha família foi a única que não se envolveu nessa briga pela sorte. O seu colar, Andrômeda, eu sei que ele é o colar da sorte.

Andrômeda colocou o braço em que o bracelete estava por baixo do outro, a fim de escondê-lo de Lana. Ela parecia não ter percebido.

— É, o colar é da minha família.

— Você não percebeu? Nós juntas temos duas joias, se conseguirmos as outras nós podemos ser as donas da sorte. Deixa eu ver ele aqui.

— Acho que não, Lana. A lenda fala de uma Senhora da Sorte.

— Nós podemos revezar.

— Então me dá você o seu anel.

— Não!

— Sem chance de você pôr as mãos no meu colar.

— Se você queria meu anel, porque não o roubou junto com a corrente?

— Não sei, nunca quis o que não me pertence.

Andrômeda tirou a pulseira do bolso e devolveu para Lana.

— Vou te devolver seus diários amanhã.

— Andrômeda, pense bem, nós duas podemos ser donas da sorte, eu quero ser a Senhora da Sorte, mas preciso que você abra mão do seu colar, como sei que você não vai dar pra mim, eu divido a joia suprema com você.

— Acho que não vai rolar, Lana. - disse uma voz melodiosa e calma.

Andrômeda virou-se rapidamente e viu Lamína.

— Você estava ouvindo a nossa conversa? Fala a verdade! - ordenou Lana.

— Estava.

Lana arregalou os olhos para Andrômeda, e elas trocaram um olhar cauteloso.

— Eu acho mais inteligente as duas entregarem suas joias para mim. Todas. - disse ela olhando para Andrômeda.

— O que ela quer dizer com todas, Andrômeda? - perguntou Lana.

Andrômeda não tinha saída.

— Roubei a joia da família Hinostroza. - confessou Andrômeda.

— Você roubou o bracelete antes de mim, eu estava tentando chamar atenção de Lorenzo há meses para convencê-lo a me levar até a casa dele para eu roubá-la. - disse Lamína.

— Como você sabia? - perguntou Andrômeda.

— Ela está sempre um passo a frente. - disse Lana.

— Como? - perguntou Andrômeda.

— Os brincos, dã! - disse Lamína com ironia.

Andrômeda percebeu nas orelhas de Lamína, um par de brincos de ouro com pedras verdes contornadas por ouro branco

— Ok, isso está assustador. - disse Lana.

— Se você tivesse boas intenções com Lorenzo, a família dele faria questão de te dar o bracelete como me deram o colar. - disse Andrômeda.

— O colar já era seu, Andrômeda. Eles só não sabiam disso. E desde quando você tem boas intenções com Pablo? Você bateu nele e depois dopou o coitado.- disse Lamína.

— Como sabe disso? - disse Lana.

— Um milhão de pensamentos, cada segundo, o tempo todo. Eu sei de tudo que vocês pensam, sua boba. - disse Lamína. - Eu sou mais velha que vocês, mais experiente, me entreguem as joias e vocês voltam pro mundo dramático de vocês.

— Não! - disseram Lana e Andrômeda juntas.

— Então vai ser do jeito difícil? Vocês quem sabem, tenham cuidado. - disse Lamína e foi embora.

— Isso foi sinistro. - disse Lana.

— Ela não vai conseguir pegar as nossas joias. - disse Andrômeda.

— Vem aqui. - disse Lana.

Ela agarrou o braço de Andrômeda e correram para longe, e só pararam quando chegaram na rua de Lana.

— Ela é só uma, nós somos duas, podemos pegar os brincos dela. - disse Lana.

— Não, Lana, eu também quero ser a dona da sorte, e você aparenta querer mais que eu, isso não vai dar certo, é cada uma por si.

— Mas não vamos conseguir nunca desse jeito, se eu roubar os brincos terei duas das joias e você as outras duas.

— Não vai dar certo esse lance de dividir a joia suprema, não pode haver duas Senhoras da Sorte.

— E não vai haver suas, sua boba, apenas uma de cada vez.

— Você é trapaceira, Winters. Não vou negociar com você e fim de papo.

Irritada, Andrômeda foi para casa, Lana não tentou segui-la.

Quando chegou em casa, entrou e bateu forte a porta.

Sua mãe apareceu imediatamente.

— O que deu em você? Quer quebrar a porta?

— Porque não me contou sobre o colar da sorte da família? - disparou Andrômeda.

Ela arrancou o colar do pescoço e o atirou aos pés da mãe.

Enfurecida, ela subiu as escadas e se trancou no quarto.

Não podia confiar em ninguém.