A Seleção do Herdeiro

23- A invasão- Everbody


Os rádios estavam ligados na mesma frequência. Todos escutavam. Guardas, funcionários, a família real e todos que estavam dentro do abrigo.

Kile, Rodríguez, Toby e Carter não tinham chego a mais de 10 minutos no abrigo onde a família real estava. Dois médicos e uma enfermeira trataram de socorrer os que tinham se machucado. Connor chorou ao ver o irmão, mas não a irmã. Tinha esperança que ela voltasse, ainda mais depois de saber que o ruivo que desde que acordou não parava de olha-lo é seu irmão.

Connor não era idiota. Tinha oito anos e tinha um QI enorme, uma informação dessa não iria passar despercebida tão fácil. Era um Lork, afinal.

— Você se parece com mamãe e papai.- ele soltou no silêncio, quando Amberllen terminou de falar. O menino mais velho sorriu.

— Eu sei.- murmurou.- Você se parece com ele. De aparência e de inteligência.- sorriu.

— Porque agora? Se você sabia de nós antes?- Connor perguntou confuso, mas algo os chamou atenção.

Helena riu notoriamente.Todos que escutavam através dos rádios se assombraram um pouco. Ela ria para valer.

Acha que eu tenho medo de você?— Helena perguntou seriamente.- Eu lido com pessoas como você todos os dias. Que ameaçam, que falam, falam, falam e no fim, não tem bolas grandes o suficiente para lidar com um olhar atravessado.

— Essa doeu até em mim.- Ahren cochichou enquanto ouvia.

Você está com a perna quebrada. Eu sou mais rápido que você. E mais forte que você. Além do mais, estou em mais números.- Amberllen disse irritado.- Eu sou o predador e você a presa, ratinho.

Números não combatem inteligência, Amberllen.- ela disse com humor.- Posso não ter sido treinada para ser uma mercenária assassina, que sabe lutar e não sentir nada, mas fui criada como uma Lork. A inteligência é meu ponto forte e a sua burrice é seu ponto fraco.- ela basicamente comemorou.- Acha que você é um bom gato? Pois bem, cansei de ser rato. Agora a presa vai encurralar o predador. Devia ter mais cuidado ao mexer com o filhote de uma leoa, geralmente elas começam a atacar pelos países baixos.- Com essa frase, Helena desligou o rádio dela. Isso preocupou sua seus amigos e família.

— Essa menina é muito louca.- Eadlyn disse de olhos arregalados..

— Louca?!- Kile perguntou assustado.- Pirada! Drogada! Maluca!- Kile disse segurando o braço da cadeira enquanto o médico costurava sua cintura.

— Ela vai acabar se matando.- Ashley disse preocupada.

— Ela está movida pela raiva, magestade. Nada disso vai acabar bem.- disse o guarda Iquelino preocupado, era amigo da Lork afinal.

— Nada disso já está bem.- Maxon disse seriamente.- Como está o menino?- perguntou a Lucy.

— Bem, magestade. Está dormindo agora.-Lucy disse acariciando as costas de Toby. Seu braço estava com uma atadura e ela estava um pouco manchada de sangue. Haviam o colocado para dormir para poderem fazer os pontos no machucado dele.

Longe dali, Helena andava de um lado para o outro na sala de troféus. Era uma sala bem arrumada e moderna. Continha todos os troféus da família real. Todos acadêmicos e bem poucos de atletismo.

Ela não tinha um plano. Seu objetivo era machucar Amberllen e pegar seu computador. E no momento, sua identidade de Diretora Fria e Calculista se escondeu dentro do um cofre no inferno e deixou a Helena Lork, fraca e com medo, sair. Sem planos, ela não tinha um plano!

— Pare de surtar, Helena!- mandou Celeste com raiva, aparecendo a sua frente. Lena pulou de susto, a mão sobre o coração.

— Credo, Celeste!- murmurou assustada. A morena revirou os ollhos.

— Credo uma ova!- exclamou ela.- Se meteu no meio de pessoas com armas, e agora quer ficar surtando?- repreendeu indigada.

— Hã, quero?- ela franziu a testa enquanto a olhava com dúvida. Celeste deu um tapa em seu rosto.

— Acorda! Vá chamar os guardas nos dormitórios. Faça uma emboscada. Seja Helena Lork, a diretora de uma grande multinacional. Você sabe que consegue fazer isso!- Celeste disse em um tom bravo e irritado. Helena assentiu. Pensou por uns minutos e finalmente decediu o que iria fazer.

Agarrou a arma e saiu pela porta. Com pressa e cuidado, desceu as escadas e foi em busca dos dormitórios dos funcionários. Sabia onde era mais ou menos. Bem mais ou menos.

Era complicado chegar lá. Tinha que passar pela cozinha e a escada ficava entre ela e o salão de beleza que as mulheres usavam. Helena só foi lá uma vez e para dar um jeito no cabelo gigante de Connor. Quando chegou na escada, a observou de cima. Eram muitos degraus.

Desceu o tanto que conseguiu e se esgueirou pelo corredor mal iluminado. Estava ficando cada vez mais difícil. Amarrou o robe direito no corpo e andou mais um pouco. O dormitório era em conjunto. Deu três toques e depois soltou um assobio.

— Helena!- murmurou um dos guardas quando a viu. Ela sorriu levemente e entrou. Os guardas a olhavam com seriedade e as mulheres assustadas. - Está tudo bem?- perguntou o mesmo guarda a avaliando. Assentiu.

— Eu trago algumas notícias.- murmurou. Em cinco minutos, os guardas estavam em volta de uma mesa com um mapa do palácio.

— Quantos homens no quarto andar?- perguntou um dos guardas.

— Não passa 30.

— E os outros estão seguros?

— Todos os moradores e visitantes estão em abrigos. Alguns guardas morreram.- murmurou ela triste. O General assentiu.

— Soube reconhecer alguém do outro lado?

— Schumacher. Ele traiu todos nós.- rosnou Helena triste, se lembrando de Toby. Queria o ter matado ao invés de apenas derruba-lo.

— Alguém se machucou?- perguntou o general sério, lançando um olhar avaliativo para o corpo de Helena.

— Kile e Toby tomaram um tiro.- contou e as mulheres arregalaram os olhos, enquanto os homens se indireitaram, a postura rígida.- Estão bem, mas eu ainda quero vingança.

— Terá sua vingança daqui, Srta. Agora, vamos aos fatos.

— Forças armadas que não passam de 30 pessoas no quarto andar. Estamos em 59, senhor. O resto dos guardas ficaram presos lá fora - um dos soldados disse para o General.

— Podemos atrai-los para baixo e depois, os eliminamos.- murmurou seriamente outro soldado, analisando o mapa.

— Tem um eletricista, aqui?- perguntou Helena com calma. Todos os guardas se viraram para um homem sentado e com a cabeça sangrando um pouco. Ela se aproximou dele. - Sabe redirecionar a eletricidade para apenas um ponto do palácio?- perguntou séria.

— Depende... qual o ponto?- ele perguntou e Helena olhou o elevador. Ele olhou também e fungou.- Acho que sim.

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O sol entrava bem pouco pela janela quando Miles Davis, o eletrecista e engenheiro mecânico conseguiu ligar apenas o elevador.

Enquanto isso, os guardas e soldados faziam sua parte e traçavam um plano. Helena o contou para Connor em códigos e recebeu uma mensagem positiva de Carter que eles iriam agir também.

Os guardas não sabiam, mas Helena iria subir primeiro. Ela iria sim matar Amberleen e iria o atrair para o sexto andar.

Quando quase todos estavam preparados, prontos para subirem em grupos de 8 para o quinto andar e terceiro andar, Helena entrou no elevador e subiu até o sexto carregando uma arma e uma espada.

Desceu no sexto andar e se escondeu em uma dalas salas. Havia deixado o rádio de um dos guardas em uma frequência não muito usada, já que era a dos jardineiros, e agora escutava tudo o que acontecia.

— ... Tem 32 guardas em posição no terceiro andar.- disse um deles.

— ... Ja se passou 10 minutos, Sr. Os guardas já estão posicionados.- outro disse.

Dê o sinal, Kelley e vamos tomar nosso palácio de volta.

Helena escutou a batalha começar e quando finalmente ouviu os gritos, os tiros e os Zás das espadas, trocou a frequência. Pigarreou e apertou o botão de se comunicar.

Amberllen...- a voz de Helena soou no rádio extremamente marota. - Está sentindo esse incomodo na nuca?— ela sussurrou. - É uma leoa bufando no seu pescoço. Cuidado, as garras dela vão cortar a sua jugular.- ela riu como uma bruxa.

Você acha que eu tenho medo de você, Helena Lork?— ele gritou no rádio.- Eu não tenho!- ele berrou descontrolado.

Deveria ter. Uma mulher em busca de vingança não é bom para ninguém.- ela disse friamente.- Se quiser meu computador, tera que vir pegar no sexto andar, sozinho. Estou o aguardando.- e desligou o rádio.

— Ele vai mata-la!- Berrou o ruivo amordaçado no abrigo.

— Droga!- Carter chutou a parede e pegou sua arma e sua espada. Ele não esperou muito para sair correndo de dentro do abrigo para ir salvar a garota.

Helena estava sentada atrás da mesa do escritório do rei. Tinha as pernas entrelaçadas e encarava a porta com calma. O notebook estava a sua frente.

Celeste apareceu de repente e começou a gritar com Helena.

— Você é maluca! Você está se entregando fácil assim para o inimigo, não é normal!- A ruiva apenas a encarou e ignorou os sermões gritados que sua tia fantasma dava.

Lá embaixo, no quarto andar, o exército de Amberleen se dava mal. O ataque foi inesperado e muitos já estavam ao chão quando finalmente conseguiram revidar. Amberleen por outro lado subia as escadas para o sexto andar rápido, sendo protegido por um de seus soldados.

Sua missão era pegar o maldito notebook e o faria, não importa o quanto custasse. Helena Lork poderia morrer, mas que ele teria esse maldito em mãos, teria sim.

Abriu todas as portas, escutando os gritos que vinham dos andares abaixo e entrou no escritório do rei assim que viu a garota jovem e ruiva do outro lado da mesa, o encarando com calma.

Ele quase riu. Helena Lork surpreendia muito. Tinha 17 anos, comandava uma empresa grande e conhecida, cuidava dos irmãos e agregados, e protegia sem nem pensar duas vezes quem amava. Não era a toa que matou 10 pessoas para chegar até esse escritório.

— Você é diferente.- murmurou ela o encarando e falando com tranquilidade. Deu de ombros e apertou a arma que segurava. - Não faria isso se fosse você. Minha senha é dificil.- ela sorriu com calma e ele negou com a cabeça.

— Você é louca. Completamente. Bateu a cabeça quando era criança. - ele rosnou. Ela apenas sorriu.

— Sim, acho que sou.- sorriu de canto e se levantou. Amberleen apontou a arma para a garota e ela fez o mesmo, para o computador.- A melhor parte é que eu sou a única que tem uma cópia do Acordo.

— Eu tenho minhas dúvidas.- ele retrucou e ela apenas o olhou.

— Quantas vezes você se perguntou quem eu era ou que impacto eu teria na sua vida nos últimos minutos?- ela perguntou com calma, o observando com o olhar intenso dela. Ele permaneceu quieto.- Eu geralmente não faria mal a ninguém, mas você, você fez com que atirassem em meu irmão. Um bebê.- ela murmurou, o brilho de insanidade a tornando mais velha e mais assustadora.- Eu não vou perdoar isso.

— Não espero que perdoe.- ele disse simplesmente. Então, inesperadamente, um barulho de tiro foi escutado.