– Majestade! Majestade! – Airetauri tentava acordar o rei. Ele não dormira bem nos últimos dias, e agora finalmente tinha conseguido relaxar. Mas o guarda tinha certeza de que ele não se incomodaria de ser acordado por aquela razão.

Thranduil acordou e se preparou para sair. Alguns minutos depois, ele se juntava aos outros, que olhavam encantados as torres brancas que se recortavam no horizonte, não muito distantes agora.

– Valinor... – O elfo sorriu. O coração dele, como os de Bilbo, Frodo e Gandalf, batia mais forte em expectativa. Faltava pouco, tão pouco, depois de tantos anos...

Oropher, a esposa e a nora riam alegres ao fim da anedota contada por Fingolfin*. Elfos de todas as famílias e eras se reuniam e confraternizavam no maior dos amplos salões de Mandos. Apenas Fëanor e seus sete filhos não interagiam com os demais, e falavam baixo entre si, sozinhos a um canto.

De súbito, as portas principais do salão se abriram com grande estrondo e todos se calaram. Luindos, arauto de Mandos, surgiu e declarou:

– Amados Primogênitos, Filhos de Ilúvatar... É com grande alegria que venho lhes informar de que a embarcação de Círdan foi avistada, vinda do leste. Ela se aproxima cada vez mais e deve atracar no Reino Abençoado dentro em breve. A profecia se cumpriu! O sol se põe com o reinado dos eldar em Arda e se levanta para saudar os reis dos homens! Agora, os Primogênitos são bem-vindos para viver em eterna bem-aventurança na casa dos Valar, pois os nossos inimigos estão destruídos para sempre! – Ele se calou, dando tempo a todos para entenderem o que se passava, e as vozes dos elfos se ergueram em grande alegria, e suas canções inundaram os salões de Mandos, chegando, dizem, até aos ouvidos de Manwë e Varda** no alto da Taniquetil***.

Luindos esperou até que os ânimos se acalmassem e chamou a atenção para si:

– Portanto... Por ordem de meu senhor Mandos, vocês estão todos livres para deixarem estes salões agora e irem encontrar seus parentes e amigos de outrora! Não faz mais sentido que permaneçam aqui, já que a vida dos eldar na Terra-Média está encerrada! Partam, reencontrem os rostos que deixaram atrás de si, e sejam felizes! – Ele sorriu. – Talvez possamos reerguer a velha Tirion, trazê-la de volta ao esplendor de outros tempos?

A maior parte dos elfos começaram a se levantar imediatamente, mas alguns permaneciam sentados, mal podendo acreditar em seus próprios ouvidos. As canções voltaram a ecoar por toda a parte e muitos elfos se abraçavam e sorriam comemorando as boas-novas. Oropher olhava para a esposa, incrédulo, e Syndel parecia paralisada. Mil coisas se passavam em sua mente. Parecia-lhe que revia a própria história, tudo o que vivera na Terra-Média, mas tudo lhe parecia distante, muito distante... E de repente um pensamento lhe ocorreu:

– Legolas! – Ela se levantou, praticamente saltando do banco em que estava sentada. Ela se voltou para os sogros. – Legolas! E Thranduil! Eles devem estar chegando! – Ela se virou e saiu correndo, passando a toda velocidade por Luindos e ganhando as portas do salão. Oropher e a esposa foram logo atrás dela.

Luindos sorria, observando enquanto o salão se esvaziava rapidamente. Quando o grupo de elfos sentados no canto fez menção de se levantar, porém, ele sacou sua longa espada e a apontou para eles, ameaçadoramente.

– Vocês não. – O grupo se sentou novamente, e em seus olhos brilhava o ódio contra os Valar.

A embarcação se aproximava cada vez mais da costa de Aman.

– Gandalf? – Frodo chamou.

– Sim?

– O que nós vamos encontrar lá?

O mago sorriu.

– Paz, meu querido Frodo, paz.

Thranduil ouvia, parado ao lado dos dois, mas sentia-se incapaz de falar. O que ele iria encontrar...

Frodo viu aquele elfo ali e soube exatamente quem ele era. Não por causa da tiara que usava na cabeça ou das roupas. Mas porque ele era, como Syndel descrevera, igualzinho ao amigo do hobbit, Legolas, que ficara na Terra-Média. Desde que embarcaram, Frodo vinha querendo falar com ele, mas não sabia como se aproximar. Era estranho vê-lo. Como se uma personagem de um dos livros de seu tio Bilbo de repente tomasse vida e aparecesse diante de seus olhos.

– Ela vai estar lá, não vai? – Ele falou baixinho, mas sua experiência com elfos lhe deu a certeza de que Thranduil ouviria.

– Sim. – O elfo respondeu, com a voz um tanto embargada. Ele nem olhou para o hobbit, e não precisou perguntar. Ele tinha certeza de que sabia sobre o que ele falava. Ele vira a maneira como Frodo o observava.

Círdan virou o leme uma última vez, e a embarcação finalmente atracou no porto de Aman, construído especialmente para aquela ocasião. Os eldar desejavam desesperadamente pisar no Reino Abençoado, muitos deles pela primeira vez, mas se contiveram. A forma como conseguiam manter a ordem, mesmo com toda a ansiedade, era impressionante. Apenas os Primogênitos de Ilúvatar seriam capazes de tal feito.

Gandalf, Bilbo e Frodo estavam entre os primeiros a desembarcar, devido à fragilidade do velho hobbit, e Thranduil os perdeu de vista. Ele esperou pacientemente por sua vez de descer da embarcação. De certa forma, sentia-se grato por ter aquele momento para se preparar. Fazia tanto tempo... Sentia-se sem jeito, não sabia o que dizer ou como agir. Quando a vez dele chegou, ele ainda não tinha chegado a conclusão alguma.

Na praia, Syndel esperava em pé, ligeiramente atrás de Oropher e da rainha. Eles não conversavam, nervosos, olhando em expectativa para a enorme embarcação que se aproximava com velocidade, ajudada pelos ventos enviados pelos Valar. O coração dela parecia bater cada vez mais rápido conforme a barca se aproximava. Enquanto isso, ela se lembrava...

Ela sorria e sentia vontade de chorar ao mesmo tempo, lembrando-se de tudo o que vivera na Terra-Média. Foram milênios, mas pareceram passar tão rápido... Nenhum tempo é suficiente para viver ao lado daqueles que se ama. E agora a eternidade, verdadeiramente eterna, esperava por eles.

– De alguma forma... – Ela falou, quando as primeiras lágrimas já começavam a escorrer. – É estranho, mas de alguma forma viver nos salões de Mandos sempre me pareceu uma punição. Lá nós tínhamos tudo e todos estavam sempre alegres... E o próprio ar se encarregava de anuviar nossas lembranças, para evitar que sofrêssemos, mas... Mas eu jamais me esqueci por completo. E... Por mais que eu não dissesse e sorrisse sempre... Eu sempre soube que jamais seria plenamente feliz aqui. Não sem eles... Não até hoje.

Aurial pousou a mão no ombro dela suavemente. Ela também chorava.

– Falta pouco agora, Syndy.

– Nada vai nos separar deles agora. – Alässea completou, sentindo seu coração pulsar enquanto todas as lembranças de Airetauri voltavam à sua mente.

– O que será que aconteceu durante todo esse tempo em que estivemos longe? – Syndel tentava imaginar como eles estariam agora. Thranduil como rei e Legolas... Legolas devia ter crescido tanto...

A embarcação finalmente atracou, e muitos elfos correram em direção a ela. Syndel, as amigas e os sogros permaneceram em seus lugares, porém, aguardando. Alguns elfos que jamais haviam deixado Aman e sempre serviram aos Valar tentavam organizar tudo e acalmar os ânimos de todos para poderem dar início ao desembarque dos passageiros. Quando a desordem foi contida, finalmente, o desembarque teve início. E os reencontros também.

Thranduil respirou fundo antes de pisar pela primeira vez no solo do Reino Abençoado. A areia parecia exatamente igual à que ele conhecera na Terra-Média, apenas mais pura e branca. Ao seu lado, Airetauri parecia impaciente, mas permanecia em seu posto de guarda. Thranduil abriu um de seus sorrisos tortos, sem olhar para ele:

– Podem ir, todos vocês. Estão dispensados por enquanto. Nada irá me fazer mal aqui. – Os guardas se agitaram, começando a olhar em volta, procurando por rostos conhecidos. – Encontre Alässea. – Ele disse, só pelo prazer de ver Airetauri, o velho amigo, corar e se atrapalhar. Thranduil riu. Era bom ver alguém tão nervoso quanto ele.

Ele esperou até que todos os seus súditos tivessem desembarcado, conferindo para garantir que estavam todos bem e lhes dizendo para não se preocuparem, que eles se reagrupariam depois. Assim que todos os elfos de Greenwoods estavam seguros na praia de Aman, ele respirou fundo mais uma vez e ergueu a cabeça. Era sua vez de procurar na multidão.

Syndel começava a se impacientar. Ela via rostos conhecidos, elfos de Greenwoods e de Valfenda, mas não havia sinal do filho, nem do marido. Oropher e a esposa se entretinham abraçando velhos amigos e súditos. Aurial também reencontrara pessoas queridas, inclusive os pais, que choravam compulsivamente, abraçando-a. Em Aman, todas as lágrimas pareciam prateadas, puras, pois eram todas de felicidade. Alässea desaparecera à procura de Airetauri. Ninguém parecia notar Syndel, que, sozinha na multidão, começava a sentir o coração apertado. Será que eles não tinham vindo...?

Ele os viu primeiro. Seus pés começaram a correr antes que ele houvesse tomado qualquer decisão sobre o que fazer. Ele surpreendeu até a si próprio ao saltar sobre eles. E suas primeiras lágrimas finalmente começaram a escorrer:

– Pai! Mãe! – Ele os abraçou, aos dois ao mesmo tempo.

– Thranduil? – A rainha mal podia acreditar. Ela fez com que o filho se afastasse para olhar o rosto dele. – Thranduil! – Ela beijou a testa dele, que não conseguia parar de sorrir, e o abraçou com força.

– Meu filho... O rei de Greenwoods! – Mesmo o grande Oropher era incapaz de conter as lágrimas. Ele se juntou ao abraço.

– Eu senti tanto a sua falta, meu pai... Tantas vezes quis seus conselhos... Eu jamais... Eu jamais conseguiria ser um rei tão bom quanto o senhor, mas eu tentei, eu juro que...

– Eu tenho certeza de que você é ainda melhor do que eu jamais poderia ser! – Oropher segurava o rosto do filho entre as mãos, olhando nos olhos dele. Era difícil para ele acreditar que seu filho, o jovem rebelde que outrora lhe dera tanto trabalho, tinha mudado tanto e se tornado aquele rei que estava ali, bem à sua frente.

– Você está tão bonito... – A mãe passava as mãos pelos cabelos do filho, arrumando-os.

Thranduil a abraçou de novo.

– E a senhora é mais bela do que as minhas lembranças jamais foram capazes de registrar. – Ele passou o dedo pelo rosto dela, apanhando uma lágrima que caía. Sorriu levemente, e ela retribuiu.

– Meu senhor? – Uma voz tímida chamou de trás dele.

Ele se virou, e não reconheceu a elfa de olhos verde-claros. Mas ela soube instantaneamente quem ele era e o abraçou, não se importando se estava sendo insolente:

– Obrigada! – Ela não se preocupava em tentar disfarçar sua emoção. – Obrigada! Por proteger a minha filha, por tomar conta dela, por...

– Sra. Luz-lunar? – Ele praticamente sussurrou, afastando-a delicadamente para poder olhar o rosto dela. Era quase tão bela quanto Syndel. Ela sorriu para ele e o abraçou de novo. Ele retribuiu com carinho.

– Obrigada! – Desta vez, ela mesma se afastou, subitamente tomando consciência de que ele era, agora, o rei dela. Corou levemente, um tanto constrangida. Ele sorriu, buscando confortá-la.

– Não... Eu é quem devo te agradecer. E ao senhor também. – Ele ergueu os olhos para o elfo de olhos azuis, quase cinzas, que estivera parado ali, olhando aquela cena e parecendo também querer abraçá-lo. O próprio Thranduil se adiantou e o abraçou. – Obrigado! Não apenas por salvarem a minha vida. Mas principalmente...

– Thranduil? – Aquela voz fez o coração dele parar, e ele sentiu de novo o mesmo frio na barriga que ela costumava lhe provocar antes, no começo, há milhares e milhares de anos...

Syndel se cansou de esperar e decidiu sair à procura deles. Não se tratava apenas de “se cansar”, ela precisava encontrá-los. Não era possível, ela não queria acreditar que eles não tinham vindo. Ela esperara todo aquele tempo... Não era possível que eles tivessem se esquecido dela, era? Ela sempre ouvira falar que não existia dor nem tristeza no Reino Abençoado. Mas ela começava a sentir dor em seu coração, uma dor conhecida de coração partido, e lágrimas que ela era incapaz de derramar ali naquele solo se acumulavam em sua garganta, fechando-a.

Ela deu as costas a Oropher e à rainha, espremendo-se por entre a multidão de rostos alegres.

– Minha senhora Syndel! – Uma voz conhecida, de muito tempo atrás, a chamou, mas ela não deu ouvidos. Continuou andando, olhando mais para baixo do que para os rostos dos elfos a sua volta. Não tinha mais forças para manter a cabeça erguida.

– Por quê? – Ela parou e se sentou no chão. Tinha-se afastado da multidão e julgava já ter passado por todos os elfos na praia pelo menos duas vezes. Escondeu o rosto entre os joelhos, amaldiçoando aquelas forças desconhecidas que não lhe permitiam chorar em paz. – Por que ele me abandonou? Por que ele não veio?

Ficou ali por algum tempo, tentando respirar e não pensar. Começava a desejar ter de volta o torpor mental de que desfrutava no palácio de Mandos, aquele mesmo que sempre lhe parecera uma prisão. Ela não queria mais se lembrar, não queria mais sentir. Ela não queria mais nada. Ela não queria...

– Tire isso de mim! Por favor! – ela voltou o rosto em direção à Taniquetil, de onde sabia que Manwë, o senhor supremo dos Valar, observava tudo. Mas não houve resposta.

Ela voltou a olhar para a praia, onde vários grupos de elfos tinham começado a entoar canções. As diferentes vozes se misturavam a risadas e a suspiros apaixonados de casais que se reencontravam. Ela virou o rosto, não suportando mais olhar para aquilo. E foi aí que ela viu. Uma árvore, sozinha, no limiar da areia branca. Provavelmente era sagrada, ela pensou. Mas não lhe importava. Seria sua última tentativa desesperada. Com as energias subitamente renovadas, ela correu até lá e, com agilidade, subiu na árvore.

E foi do alto, se equilibrando num dos galhos mais finos, que ela o viu. Quase não o reconheceu. Ele era ainda mais perfeito do que ela se lembrava. Por um instante, ela ficou sem ar.

– Thranduil...!

Ela ficou olhando-o, sem conseguir se mover, até que um vento vindo “não se sabe de onde” a empurrou, derrubando-a na areia. Desperta, ela se levantou rapidamente e saiu correndo na direção em que o tinha visto com os pais. Não apenas os pais dele, mas com os dela também.

Chegou bem a tempo de vê-lo abraçando o pai dela, sorrindo. O sorriso dele trouxe borboletas ao estômago dela, como sempre fazia desde a primeira vez em que ela o vira. Quando o abraço terminou, ela chamou, querendo acreditar, mas não conseguindo. O coração dela pulsava desesperadamente, implorando por aquele abraço.

– Thanduil?

Ele se virou lentamente, como se estivesse meio paralisado. E estava. E então a viu. Ela era linda, muito mais do que ele se lembrava. Os cabelos anelados caindo em ondas em torno do rosto, os olhos prateados como a luz da lua... Tudo! Ela era perfeita, simplesmente. Os milênios passados em Aman pareciam ter ampliado ainda mais sua beleza. A pele dela, como a de todos os outros que estiveram vivendo nos palácios de Mandos, parecia emanar um brilho fraco, suave e encantador. Thranduil ficou sem reação.

Syndel ficou olhando para ele. Agora, de perto, ele lhe parecia ainda mais belo do que à distância. Tinha mudado tanto... Havia algo a mais nele, um tipo de majestade que ela nunca tinha visto. E não era apenas a tiara na cabeça dele que lhe provocava aquela sensação. Era como se algo nele, em suas feições, em sua postura, era como se algo nele tivesse mudado. Ele parecia mais forte. E mais sábio, talvez. Ela não sabia precisar o que era, mas havia algo a mais nele. Fosse o que fosse, ela tinha gostado. Ela suspirou baixinho. Timidamente, fez como se fosse dar um passo na direção dele, mas parou.

Para ele, aquilo foi mais que o bastante. Ele deu três passos rápidos para vencer a distância entre eles e a tomou nos braços.

– Syndel! – Ele recomeçou a chorar, sem se preocupar em sequer tentar conter as lágrimas.

Ela se afastou apenas o suficiente para olhar para ele. Ela precisava ver aqueles olhos azuis e profundos de novo. Ele olhou nos olhos dela por dois longos segundos antes de beijá-la. Ela retribuiu apaixonadamente. Para eles, parecia que estavam dando seu primeiro beijo de novo. Fazia tanto tempo... Eles nem se importaram por estarem sendo observados pelos pais de ambos. Naquele momento, só eles existiam.

– Thranduil... – Ela murmurou quando enfim se separaram para respirar, abraçando-o com toda a força. Mesmo aquilo não parecia ser o bastante para diminuir a saudade que sentia dele. Ele retribuiu o abraço com a mesma intensidade, tomando apenas o cuidado de não machucá-la.

– Eu senti tanto a sua falta, meu amor... Todos os dias, tanto e sempre... – Ele falava baixinho ao ouvido dela. Os pais deles tinham se afastado discretamente e conversavam a alguns metros de distância.

– Eu também. Eu nunca me esqueci. Nunca deixei de pensar em você, nunca! – Ela encostou o nariz ao dele, como costumavam fazer sempre. Ele riu baixinho, simplesmente porque estava feliz. O som fez o coração dela bater mais rápido, como se comemorasse. – Senti tanta saudade dessa risada!

Ele se afastou para olhá-la.

– Pelas estrelas... Olha só para você! – Ela corou sob o olhar dele e riu, dando uma voltinha.

– Eu? Você já se viu? – Ela pôs a mão no peito dele, onde o emblema de Greenwoods brilhava em dourado. – Rei Thranduil... – Ele abriu para ela um de seus melhores sorrisos tortos. – Ah, até desse seu sorriso idiota eu senti falta! – Ele riu e a beijou novamente.

Ela o abraçou de novo, encostou o rosto ao peito dele e fechou os olhos. Ele a envolveu em seus braços, fechando os olhos também. E ficaram assim por um tempo, quietos, apenas sentindo a presença um do outro. Ela podia sentir o coração dele batendo acelerado e sorriu. Para ela, aquela era a coisa mais preciosa do mundo. Ele beijou o alto da cabeça dela e deixou o rosto ficar ali, sentindo o perfume de seus cabelos. Não havia mudado nada, era o mesmo cheiro que ele se lembrava de amar tanto...

– Thranduil?

– Sim? – Ele sentira tanta falta de ouvir seu nome na voz dela...

– Onde está o Legolas?

Ela sentiu o corpo dele se enrijecer antes de ele se afastar para olhar para ela, sério. Isso não era bom. Ela olhou para ele, esperando. Ele desviou o olhar, parecendo constrangido.

– Thranduil...?

Ele olhou nos olhos dela, pedindo desculpas com o olhar e engoliu em seco antes de falar:

– Ele... Legolas... – Ele respirou fundo. – Legolas se afeiçoou muito aos amigos. Aragorn, herdeiro do trono de Gondor e... E Gimli, o anão de Durin, eu... – Ele estava nervoso. Até aquele momento, não estava certo de ter tomado a melhor decisão. Talvez fosse melhor ter se imposto, trazido Legolas mesmo à força. Ele temera a reação de Syndel durante toda a viagem. – Você me disse para deixá-lo livre, você se lembra? Eu... Eu não podia forçá-lo a vir, eu... Eu não quis...

– Shh... – Ela pôs o indicador sobre os lábios dele, calando-o. Já tinha ouvido o bastante. Ela olhou no fundo dos olhos do marido e sorriu para ele. – Eu te disse isso antes, e vou dizer novamente. Você é um pai maravilhoso, Thranduil.

Ela sorriu ainda mais ao ver os olhos dele se arregalando de surpresa. Ela pôs a mão no rosto dele, fazendo carinho com o polegar. Ele mal podia acreditar, mas sorriu para ela, sentindo-se aliviado:

– Você não vai acreditar no que o seu filho fez...

– Sendo seu filho? Eu acho que posso imaginar... – Ela provocou.

Ele deu língua para ela, como se fosse um jovem elfo ainda, e a puxou para outro beijo.

Ela suspirou, encostando o nariz ao dele de novo, de olhos fechados:

Melinyel...!

Ele se sentia prestes a chorar de novo:

– Diga isso de novo...

Ela sorriu:

– Eu te amo.

Ele abriu os olhos para vê-la novamente. Só assim para acreditar que ela era real. Uma lágrima dançava no canto do olho dela.

– Eu também te amo! – Ele a abraçou. – Para sempre!

Ela retribuiu o abraço.

– Para todo o sempre. – concordou, feliz, sabendo que era verdade.

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Editando rapidinho para incluir esta imagem compartilhada pela leitora Spencer, que tem tudo a ver com a fanfic. Lindíssima! Obrigada, Spencer! ^^

(Créditos ao artista! Seja você quem for, tem muito talento! De verdade!)

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.