Quando a cadeira voltou a se mover, Hyukie parou o beijo com um meigo selinho e se afastou sorrindo. Abri meus olhos lentamente voltando ao meu lugar e encarei ao chão constrangido. Novamente eu havia sido capturado por aqueles lábios, mas dessa vez havia sido tão melhor que levei afutomaticamente minha mão esquerda aos lábios. Tocando-os suavemente com as pontas dos dedos, eu ainda podia sentir a pressão que Hyukie havia exercido, mas aquilo não estava certo e fui logo tomar satisfação com o maior.

– Por que fez isso? - perguntei fitando ao hyung um tanto aéreo.

Hyukie sorria timidamente observando as pessoas no solo, e ao som da minha pergunta, seus olhos vasculharam minha face, indo parar exatamente sobre os meus. Engoli em seco, enquanto ele sorria.

– Eu precisava fazer isso – respondeu ele timidamente abaixando os olhos.

– Omo Hyukie, você não pode ficar me beijando sempre que tiver vontade – resmunguei.

– É melhor eu te levar para casa – foi tudo o que o mais velho respondeu.

Depois que a roda gigante parou, ele me levou até um lugar vazio e se teletransportou para o edifício Royal Princess. Depois que me despedi do mais velho com uma polida reverência, ele voltou a desaparecer e eu peguei o elevador para o apartamento do hyung. Enquanto o elevador seguia em seu ritmo demasiado vagaroso, minha mente se recordava de uma fala de Eunhyuk. “Eu precisava fazer isso” não saía de minha mente.

– Omo! Precisar é um verbo muito forte – pensei alto, entortando meus lábios.

Sendo qual fosse o motivo de Hyukie ter me beijado essa segunda vez, eu agiria normalmente, porque de início eu havia prometido a ele que não contaria a ninguém que éramos amigos, então eu cumpriria minha promessa, mas não posso negar que era estranho não poder comentar nada com ninguém, além do mais minha cabeça estava repleta de dúvidas, mas eu tentaria de todas as formas possíveis, ser discreto.

Como eu não possuía uma chave, assim que parei defronte com a lustrosa porta, cerrei o punho e o ergui, mas a porta se abriu sozinha. Recuei assustado, pensando estar em um filme de terror ou semelhante, mas ao ver a face sorridente de Heechul hyung soltei um baixo suspiro e entrei no apartamento.

– Como foi sua noite? – perguntou o mais velho me ajudando a tirar o blazer azul marinho, algo não muito comum, mas não me opus, simplesmente me livrei daquela peça e tirei meu tênis com os próprios pés para não sujar a casa impecável do hyung.

– Normal – respondi dando de ombros e abaixei para pegar meu all star vermelho. Assim que arrumei minha postura, pronto para seguir para o meu quarto, dei de cara com o hyung que exibia um sorriso sereno. Sem delongas ele segurou meus braços com suas mãos finas e fixou seus olhos nos meus.

– Olha Donghae, independente de suas escolhas, eu vou sempre te apoiar – falou Heechul abrindo um sorriso carinhoso em seus belos lábios, sorriso esse que se assemelhava ao sorriso que apenas as mães sabem dar, mas sua afirmação não fazia sentido algum, então pensei em palavras que não fossem ofender o mais velho.

– Obrigado hyung-nim.

– Vá dormir – completou o mais velho bagunçando meus cabelos energicamente e deixou o caminho livre para mim.

P.O.V – Pedro off


P.O.V – KyuHyun on

– Omo! Por que sua irmã não aparece de uma vez? – resmunguei impaciente para Sungmin hyung, que nada tinha a ver com aquilo, mas adiante da minha longa espera, eu precisava colocar a culpa em alguém ou pelo menos descontar um pouco da minha frustração, pois desde de manhã eu queria falar com JongWoon e JongJin, mas quando passamos na cafeteria Handel & Gretel, encontramos apenas a destruição.

Obviamente isso me deixou mais preocupado e afobado do que já estava e como não havia ninguém no local para me passar o número de um dos irmãos, acabei tendo que recorrer a única pessoa que eu sabia que os conhecia: Yuri, mas quando saímos para a cafeteria, ela estava dormindo e quando voltamos para a mansão ela havia saído, e como seu celular só dava na caixa postal, tudo o que nos restava era esperar.

Sungmin ainda tentou me animar ao longo do dia e me fez muitos questionamentos acerca de tudo o que havia acontecido. Ele estava crente que o homem de pele branca como a neve e cabelo azul claro era um ser mágico de outro mundo e que eu possuía conhecimento de tudo, já que ele estava me procurando.

– Ela deve estar chegando – retrucou o mais velho fazendo um enorme bico emburrado, mas ao mesmo tempo fofo e manhoso – Agora me diga de uma vez, quem era aquele homem? O que ele queria com você? E por que o JongJin te chamou de tecnólogo? Você nem terminou o ensino médio ainda, como pode ser um especialista em tecnologia? – questionou o mais velho tudo de uma vez, sem sair do sofá onde ele estava sentado e fazendo seu enorme bico.

– Eu já disse Sungmin, se eu soubesse responder metade das suas per... – me interrompi ao ouvir o barulho da porta ser aberta. Por maior que fosse a mansão de Sungmin, os moradores e funcionários eram poucos, tornando o local muito calmo e silencioso. Ao reconhecer Yuri, corri em sua direção completamente afoito – Yuri! Ajude-me por favor.

– O quê? Com o que? Quem é você? – perguntou a jovem recuando surpresa.

– Dongsaeng... – falou Sungmin parando ao meu lado – Esse é o Kyuhyun, um amigo muito especial que está procurando pelo Jongwoon da cafeteria, então você poderia me passar o número do celular dele? É algo urgente.

– Mas por que está o procurando rapaz? – perguntou a irmã do mais velho franzindo o cenho desconfiada.

– Não lhe devo explicações, quero apenas que me passe o seu número – retruquei completamente seco, assustando até mesmo ao Sungmin hyung.

A verdade, a doce e pura verdade. Eu havia demorado, mas quando Yuri franziu o cenho desconfiada, lembrei-me de tio Siwon afirmando que ela era uma incomum e que havia atacado o tio KangIn no dia que eles foram ao orfanato. Aquilo de certa forma fez meu sangue ferver pela raiva e frustração. Vagarosamente eu via uma relação naquilo tudo, afinal, as luzes da cafeteria com certeza não se apagaram por acaso e para o mais novo conseguir me definir daquela forma, dizendo que eu era um tecnólogo, eles todos eram incomuns, mas o que restava saber era porque aqueles dois irmãos haviam me ajudado e quem era aquele homem sinistro que estava procurando por mim.

– Olha como fala garoto – retrucou arrogante a irmã de Sungmin, que provavelmente era mais velha que eu, mas em altura ela perdia largamente – E para sua informação o Jongwoon saiu da cidade, nem eu sei como encontra-lo.

– Ah! Sério? – perguntei cheio de ironia – Pois eu não acredito em você.

– Kyuhyun! O que está acontecendo com você? – perguntou Sungmin hyung confuso.

– Então você não contou a ele não é mesmo? – questionei a jovem a espreitando com os olhos – Não contou para o seu querido irmão que é uma pessoa incomum, não é verdade?

Os olhos de Yuri se arregalaram.

– Saia da casa imediatamente! – esbravejou Yuri me apontando a porta com o indicador direito.

– Yuri! Acalme-se – pediu Sungmin completamente confuso em nosso diálogo.

– Eu vou encontrar o Jongwoon sozinho – respondi balançando a cabeça negativamente por não ter me recordado antes da pessoa fria que Yuri era e sai batendo a porta da mansão.

Antes de chegar à rua, escutei o barulho da porta, sendo seguida pela voz fina de Sungmin que chamou por meu nome.

– Onde está indo Kyuhyun? Por que está assim? – perguntou o mais velho aparecendo correndo em meu campo de visão.

– Aish Sungmin hyung! – falei com desdém – Peça para sua irmã lhe dê um choque de realidade – foi o que respondi sério e o empurrei para fora do meu caminho. O mais velho ainda ficou me observando confuso, enquanto eu ia embora.

P.O.V – KyuHyun off


P.O.V – Leeteuk on

Depois de uma boa noite de sono ao lado de Pedro, que parecia assustado e desconfortável como sempre, mas aceitara dormir comigo da mesma forma, eu me ergui para o café da manhã. Diferente do dia anterior, me levantei sozinho e segui para o banheiro tomando cuidado para não acordar o mais novo que dormia calmo e sereno como um anjo. Quando ele começasse a estudar, sua rotina mudaria, mas como isso provavelmente demoraria a acontecer, não me importei em deixá-lo dormindo.

Entrei na cozinha trajando uma camiseta social branca e uma calça social escura. Quando eu chegasse no hospital, eu mudaria de roupa, então pouco importava a cor da calça. Heechul estava de pé e entregava um pote de geleia de morango para KangIn, mas com minha entrada, olhou para trás e sorriu.

– Bom dia Jung-su hyung, e aproveitando que está de pé, vá abrir a porta para o Siwon.

– Abrir a porta? - perguntei franzindo o cenho.

Heechul simplesmente sorriu, sendo seguido pelo som da campainha. Fiz uma careta e caminhei até a entrada. Sendo o maknae, Siwon me cumprimentou formalmente assim que abri a porta e seguiu para a cozinha.

– Bom dia hyungs - disse ele com uma aceno cortês para os seus mais velhos e parou na ponta da bancada provavelmente escolhendo o que comeria – Onde está o Pedro? - perguntou ele sem dar grande importância a pergunta.

– Falando no Donghae, eu já contei a novidade para vocês? – perguntou Heechul com um sorriso incrivelmente animado, algo não muito normal para alguém como ele, principalmente quando ele se encontrava na presença de KangIn.

– Não – respondi parando ao lado de Siwon, enquanto KangIn, que levava seu copo de suco aos lábios, revirou os olhos com desdém.

– O Donghae é homossexual – respondeu ele sorrindo.

O susto foi tão grande que o meu ‘o quê?’ saiu como um pigarrear. KangIn cuspiu todo o suco que estava em sua boca em Heechul, enquanto Siwon começou a tossir fervorosamente.