A Promessa

Passado VS. Futuro.


Eu estava prestes a fazer uma cena, estava pronta para gritar que me deixasse em paz e que não mexesse com Maxon, chutar Louis até sair do apartamento. Mas seria, novamente, todos contra mim. Da mesma forma que foi quando falei sobre o jogo idiota e ninguém acreditou. Todos, até minhas amigas, desconfiaram da minha sanidade e eu não poderia me passar por louca outra vez. Aaron entregou uma bebida a Louis, que tão íntimo voltou a sentar no sofá ao lado do Jordan, apreensivo que mal olhava para mim. Aaron sentou na poltrona – extremamente – confortável e fiquei em pé com os braços cruzados no peito encarando Louis. Maxon estava ao meu lado, apreensivo ou ameaçado.

— Então... – Louis disse. – O que ela está fazendo aqui? – perguntou a Aaron.

— Essa é uma boa pergunta. – falei desviando meu olhar a Maxon. – Mas o que você vai ajudar? E não venha me dizer que é muito para eu entender.

— Eu não iria. – ele disse com um sorriso ridículamente lindo. – Eu só não sei se você vai querer saber.

— É o seguinte Karlla – Aaron disse. – Maxon e eu recebemos mensagens de um número desconhecido e eu não faço ideia de quem seja. Nem Max.

— Está falando da tal “A”? – perguntei fazendo-o erguer as sobrancelhas, fazendo Louis virar para Aaron em choque e finalmente, fazendo Jordan erguer o olhar para mim. – Eu também recebi, se você não lembra.

— Não. Eu não lembrava. – Aaron respondeu surpreso. – Você sabia Max?

— Achei que você soubesse. – Maxon respondeu dando de ombros.

Aaron respirou fundo, mas não esperei que falasse novamente, aquilo estava confuso, estava mais louco do que minha mente e eu precisava entender porque Louis estava ali.

— Isso não importa. Eu sei. Então, eu quero saber!

— Eu vou ajudá-los a descobrir quem está mandando essas mensagens. – Louis disse. – E saber qual é a desse jogo idiota. – apontou para o notebook no colo do Jordan.

— Como você conheceu eles? – perguntei nervosa.

Louis era a última pessoa que eu desejaria ser amiga do Maxon, era a penúltima pessoa que eu desejaria ver nesse momento e a única pessoa que entende eletrônicos, eu precisava confessar.

— É até interessante, amor. Sou amigo do Thomas, irmão desses dois e quando perguntaram sobre como descobrir ID de uma pessoa eu me interessei. Você sabe como sou e como Thomas não podia sair do trabalho, pediu que eu viesse. E faz tempo que eu queria te ver, sabia que você estava aqui.

— Vocês eram namorados por acaso? – Jake perguntou desviando seu olhar de mim para Louis.

Eu poderia sumir naquele instante, poderia simplesmente evaporar com o olhar dele para mim talvez esperando minha resposta, talvez esperando minha reação. E quando permaneci em silêncio, Louis sorriu e concordou com a cabeça.

— É um mundo muito pequeno esse. Vocês deviam aprender isso.

— O que você vai fazer, afinal? – Maxon perguntou áspero, desconfortável e irritado.

— Bem, como vocês estão jogando agora, posso apagar seus id’s, assim será mais seguro. Quanto as mensagens, vamos sincronizar seus celular no notebook em um programa de rastreamento e quando receberem a mensagem, saberemos de onde está sendo enviada. Até mesmo o que a pessoa está fazendo enquanto envia.

Mesmo depois da explicação – ou metade dela – eu ainda estava confusa, havia tantas perguntas em minha cabeça, tantos palavrões passando em minha língua que forcei a não soltá-los. Esse era de longe o momento mais tenso da minha vida, Louis – quem esteve presente em meu passado – na mesma sala que Maxon, quem provavelmente eu queria no meu futuro. Eu sabia que Louis poderia está arriscando deduzir que somos namorados e tinha certeza que Maxon estava tenso por saber que Louis era meu ex. Era tanto para pensar, tanto para me preocupar, tanto para adivinhar o que estavam pensando que eu poderia explodir.

E poderia ser um alívio para mim sair dali.

Jake levou o notebook até a bancada entre a sala e a cozinha, Louis o seguiu tirando o seu da mochila e colocou ao lado, digitando e clicando em várias coisas ao mesmo tempo, falando o que Jake teria de fazer e o que estava fazendo em tal programa. Eu mesma estava muito distraída para ouvir tudo aquilo, mas sabia que tanto Maxon, ao meu lado, como Aaron estavam ouvindo muito bem. E eu queria poder pedir licença e sair dali, correr o mais rápido que podia, me trancar no quarto e só sair quando Louis for embora ou quando Louis estiver velho nos últimos dias de sua vida.

— Kar. – a voz do Maxon me trouxe de volta a sala, ele pegou minha mão e me puxou para seu quarto.

Queria ter evitado olhar para trás, queria não ter visto Louis erguer a cabeça e nos ver saindo.

Maxon abriu a porta de seu quarto e fechou quando passei, virando-se para mim com o olhar confuso que eu já reconhecia, o olhar de quem está incerto sobre perguntar e sobre ouvir.

— Karlla... – ele sussurrou.

— Eu não quero ficar aqui. – falei determinada o suficiente para não tremer a voz, cruzando os braços no peito para que ele não visse minhas mãos nervosas.

— Eu não sabia que você conhecia ele.

— Você não sabe de muita coisa. – respondi fazendo-o me encarar sério, firme e tenso.

Era visível seus ombros, era visível suas mãos suando, era claro a reação dele, a confusão e principalmente, a frustração.

— Porque você está assim? – Maxon perguntou dez tons mais baixo, me deixando desconfortável e só um pouco arrependida.

Queria poder abraçá-lo, ter suas mãos em minha volta, me protegendo. Queria ter seus beijos em meu pescoço, em meus lábios. Queria ter sua mão, seus dedos entrelaçados aos meus.

— Eu não devia ter aceitado vir. Eu não entendo porque você me trouxe. Parece que estava me trazendo para ele.

— Não! – exclamou se aproximando em desespero, as mãos erguidas prestes a me tocar, mas eu não poderia dando um passo para trás sem tirar os olhos dele. – Eu nunca faria isso. Nunca! Eu nem sabia sobre ele, só sabia que meu irmão havia mandado alguém que poderia nos ajudar. E eu só queria que você estivesse aqui comigo.

— Ah. Você queria que Louis soubesse que sou sua? – perguntei tão irritada, mas também muito arrependida.

Maxon fechou a boca e me observou por um instante, estava repassando a frase em sua cabeça do mesmo modo que eu estava. Limpei a garganta antes que ele pudesse voltar a falar, mas já era tarde demais.

— Kar. – ele sussurrou se aproximando de mim, parando perto o bastante para me deixar nervosa, apreensiva em como meu corpo iria reagir, com medo de ceder. – Eu não quero te perder. Eu não vou te perder, Karlla.