A Promessa

Barulho Irritante.


Voltamos ao bar nos abraçando, eu o apertava pela cintura enquanto ele acariciava meu ombro com uma mão em minha volta. Nós ríamos baixo, fazendo piadas sobre o banheiro nunca mais ser o mesmo, sobre a covinha que ainda iria aparecer no meu rosto, sobre continuarmos em sua casa – na minha cama, no carro. Um bipe e eu enrijeci procurando de onde vinha aquele som, estávamos passando pela pista de dança e eu não sabia o que esperar não sabia se era o jogo demoníaco, se era um celular normal, se era um som normal. Maxon apertou sua mão em volta de minhas costas e sorri para ele, jogando a angustia, o nervosismo e os pensamentos de lado.

Eu estava com ele agora, estava segura.

Bipe.

E eu queria gritar.

Olhei para Maxon para checar se ele havia escutado o som assim como eu, para ao menos eu ter certeza de que não estava pirando. Neurótica. Louca. Ele segurava seu celular com a mão livre unindo as sobrancelhas enquanto encarava a tela acessa, eu queria perguntar qual o problema, mas lembrei da última vez que lemos nossas mensagens e preferi ignorar. Maxon desligou o celular e guardou no bolso, não olhou para mim, não falou sobre o que viu e não sorria mais. Fomos para a mesa um pouco tensos, porém, ainda abraçados e se eu estiver louca ouvindo esse barulho ridículo, estava louca com ele, nos braços dele, abraçando ele e ninguém mais.

Se eu estava louca, pelo menos tinha Maxon ao meu lado.

— Por onde vocês andavam? – Mari perguntou quando chegamos, mais a Maxon do que para mim. A mesa estava completamente vazia, havia apenas ela e Mylena.

— O que houve? – ele perguntou a ela. Óbvio! É claro que ele não diria que estava no banheiro comigo. Óbvio.

— Não sei bem. Robert apareceu aqui como um louco, disse que Lethicia estava brigando com ele quando, – ela parou, engoliu o nada e hesitou. Bipe. – Ele disse que ela caiu, de repente.

— Como assim caiu? – Maxon me libertou tenso e nervoso, eu estava travada e gelada.

— Eu não sei, ele disse que ela desmaiou, não sentiu o pulso e a respiração.

— Onde? – Maxon perguntou.

— No estacionamento. – Mari respondeu, mas ele já estava passando pela porta de entrada, já estava lá fora em um piscar de olhos.

— Você está ouvindo isso? – perguntei angustiada, fechando as mãos em punho para não tremer, pressionando meus lábios para não gritar, aguçando meus ouvidos para saber de onde vinha.

— Esse barulho irritante? – Mari perguntou irritada. – Ali. – ela apontou com o queixo para duas mesas depois da nossa, onde um grupo de homens se inclinavam para a mesa, conversando algo que não consegui entender.

— Onde minhas amigas estão?

— Todo mundo está lá fora, só estávamos esperando vocês.

— Tudo bem, estou indo. Só um minuto.

Mari concordou com a cabeça e voltou para a entrada do bar com My em seus calcanhares, a porta se fechou atrás delas e eu respirei fundo, procurando no fundo coragem para o primeiro passo, determinação para o segundo, o terceiro o quarto até que parei nas costas de um dos cinco rapazes que estavam sentados em volta da mesa. O bipe era irritante, mas eu não me importava. Limpei a garganta e respirei fundo, antes que eu pudesse perguntar o que era aquilo, perguntar que barulho chato era esse, antes que eu pudesse abrir a boca, um deles ergueu o olhar para mim, levantou uma sobrancelha e sorriu tão charmoso quanto poderia. Os outros perceberam seu olhar e em segundos todos me encaravam.

— Er... – sorri. – O que estão fazendo? Que barulho é esse?

— AH! – o primeiro que me viu falou. – É um jogo.

— Desculpe pelo som, nós tentamos colocar no mudo mas não funciona.

É claro que não funciona.

— Ah, tudo bem. Mas qual jogo? – me aproximei da mesa, havia um tablet sob ela com a tela para cima, estava parcialmente escuro como se desligado ou até mesmo travado, mas eu já sabia bem que não era nada disso.

— Game Of Hades. – um deles respondeu. – Conhece?

Respirei fundo e sorri.

— Um pouco. São fases não é? – eles concordaram com a cabeça. – Estão em qual fase?

— Quarta. – o primeiro respondeu.

— E o que precisa fazer?

— Bem, essa é um pouco ridícula. Precisávamos roubar um pote de ouro de um bar vazio. Parecia fácil até então, mas não falou nada sobre não beber esses copos de vida, a garota que me ajudava bebeu e assim que saímos do bar, ela caiu durinha no chão.

— Como assim? – perguntei tentando manter o tom de voz calmo, tentando não gaguejar, não tremer, não chorar e principalmente, tentando não fazer uma cena.

— Sabe que precisamos escolher, não é? – concordei com a cabeça. – Salvá-los ou seguir em frente. Eu sei que ela morreu, ninguém mandou ela beber aquilo. Então, eu segui em frente, acho que ela não volta mais.

— Deve ser jogador automático. – um deles disse e eu concordei com a cabeça, sorrindo com os lábios pressionados, piscando impedindo as lágrimas que embaçavam minha vista. – Hey, você está bem?

Concordei com a cabeça e corri em direção a porta.