A Princesa Noiva

Capítulo 21


E o improviso veio, até porque vimos um dos guardas sutilmente surrar algo para Rumpel durante a cerimônia, fazendo-o olhar em volta um tanto curioso. Então sem pensar muito, Regina fez o que sabia fazer de melhor; interromper celebrações importantes.

Ding, dong. – Ela diz em um tom sarcástico após entrar pela enorme porta de forma nada sutil, fazendo ecoar o estrondo da madeira maciça contra a parede, começando a caminhar majestosamente pelo corredor – Acho que esqueceram do meu convite... de novo.

—Regina? – Bela franze a testa confusa e olha para Rumpel, que fuzila sua interrupção.

—Mas o que está acontecendo aqui?! – James, pai de Emma se pronuncia, irritado com a interrupção.

—Eu sei, parece estranho, mas só estou tentando... fazer o certo. – Regina dá um sorriso nervoso ao ver a minha demora em me aproximar da coroa.

No momento em que consigo chegar sorrateiramente por trás dos tronos e toco a coroa, Rumpel se vira e sente a fúria invadi-lo por inteiro. Ele se prepara para lançar algum feitiço na minha direção, mas Bela o interrompe e Zelena entra em ação. Sua magia faz todos os convidados, inclusive meus pais e os guardas dormirem imediatamente, para evitar mais intromissões no plano, enquanto Regina faz sinal a Robin para agir. Eu consigo erguer a coroa a tempo para que Robin lance sua flecha certeiramente por entre a coroa para que ela ficasse presa do outro lado do salão na parede, mas claro que Rumpel não gostou disso.

—Ninguém quebra acordos comigo!

Com sua raiva, Rumpel consegue dessa vez lançar um feitiço na minha direção, mas alguém grita um estrondoso “NÃO” e se joga à minha frente, fazendo com que o feitiço acabe atingindo-o. Gancho fica imóvel no chão, enquanto eu estava em estado de choque sem saber como reagir. O badalar das 18:00 faz com que eu volte a realidade, percebendo que ainda estávamos em conflito.

Zelena e Rumpel de repente estavam duelando com seus poderes em meio ao caos. Henry sai em dispara na direção do pai ao vê-lo caído, mas Regina é mais rápida e o pega nos braços, afastando-o da zona perigosa para que não fosse atingido por tabela. Ver toda aquela situação me deixou ainda mais enfurecida, então peguei a espada de um dos guardas desacordados e fui na direção de Rumpel que estava de costas para mim. Não podia deixa-lo impune por tudo o que ele fez comigo e com todas as pessoas que amo; não pensava em mim, mas nos meus pais e principalmente, em Gancho naquele momento. Porém, assim que eu estava prestes a golpeá-lo, Bela é quem o golpeia com um vaso de flor da decoração, derrubando-o inconscientemente no chão.

—Já era hora de alguém fazer alguma coisa! – Zelena reclama pela demora, notando seu cansaço após usar sua magia de forma intensa.

—Desculpe Emma, mas achei que te devia isso. – Bela tenta se explicar, enquanto larga o vaso novamente em seu lugar. – E... também não ia deixar você tentar matá-lo. Eu sei, pode parecer loucura e... e é! Mas eu o amo, apesar de ser...

—A fera indomável. – Regina diz com repulsa, mas então para seu olhar em Robin – Mas o amor é meio louco mesmo...

—Gancho... – Eu apenas murmuro, soltando a espada imediatamente e correndo até ele.

Zelena fez com que Rumpel e Bela se transportassem para outro lugar e Regina por fim havia soltado Henry, que estava chacoalhando seu pai enquanto eu apenas conseguia olhá-lo em desespero.

—O que fizeram com você? – Sussurro, colocando a mão em seu peito para sentir se seu coração batia, aliviada ao senti-lo vivo.

—Pai! Pai!

—Henry, vem... – Regina tenta afastá-lo novamente – Ele já vai acordar, só precisamos dar um tempo...

—Você não pode fazer nada?! – Robin apressa Zelena para que agisse rápido.

—Eu não sei o que ele fez com ele! Não é assim que as coisas funcionam.

—Todos estão acordando... E agora? – Regina olha em volta. – Será que deu certo?

Quando todos voltam a sua plena consciência, eles percebem que não lembravam do porquê estavam ali, como se o período em que Rumpel estava enganando-os não tivesse acontecido. Desnorteados, buscam por respostas com Regina e Robin por estarem em seu campo de visão, mas meus pais correm na minha direção ao me verem ajoelhada ao lado de Gancho e com manchas de sangue que precisariam ser explicadas mais tarde, porém apenas me abraçam sem dizer nada. De fato, eu precisava daquele abraço naquele momento.

Gancho estava desacordado em um dos quartos do castelo há quase dois dias, sem qualquer sinal de melhora no quadro e aquilo estava angustiando a todos, mas em especial, a mim. Sentava ao lado de sua cama durante praticamente o dia todo esperando algum movimento além da respiração, pensando se aquele feitiço duraria para sempre, o que me assustava, já que estava acostumada com sua companhia, seu péssimo humor para piadas e seu olhar penetrante; há dois dias que eu sentia falta dele.

Como forma de tentar distrair meus pensamentos, resolvo dar uma volta pelo jardim para buscar por alguma inspiração no que fazer. Regina e Henry também estavam ali, conversando a beira do lago enquanto lançavam pedrinhas, também para distrair Henry de toda a situação.

—Meu pai já acordou? – Henry pergunta animado, esperando que a resposta fosse diferente dessa vez.

—Ainda não...

—Você já tentou...

—Não, Regina. – Corto-a no mesmo instante, sabendo que iria propor a mesma coisa pela décima vez.

—Mas...

—Eu não consigo! – Meu corpo fica inquieto e sinto meus olhos começarem a lacrimejar – E... eu tenho medo.

—Medo do amor?

—De amar. – Desvio o olhar, tentando secar a lágrima que insistia em cair.

—Eu acho que já passou da hora. Você lembra quando eu ainda lia pensamentos, e te disse que ele gosta muito de você? Então... – Henry entra na conversa apenas para dar seu parecer e volta sua atenção para a lagoa.

—Por que isso é tão difícil?! – Tento respirar fundo ao sentir que meu peito iria explodir de inquietação. – Eu fugi disso até hoje, porque eu não queria me sentir vulnerável assim, eu ...

—A gente não fica vulnerável, pelo contrário. O amor nos fortalece. – Regina me olha nos olhos com uma expressão encorajadora.