A Princesa Noiva

Capítulo 20


—Com licença, desculpe interrompe-los, mas... – diz uma voz familiar para chamar sua atenção e Emma fica pasma ao ver que era sua mãe quem estava bem a sua frente. – vocês são parentes do noivo? Acho que nunca vi vocês por aqui...

—Na verdade...

—Somo sim. – Gancho me corta, sabendo que eu poderia deixar escapar alguma coisa sem querer – Um pouco distantes, mas ficamos muito felizes em sermos convidados.

—Estranho, pois nem mesmo os parentes próximos a ele estão. – Ela visivelmente está desconfiando de algo e então se despede para voltar aos preparativos – Mas aproveitem a festa, com licença.

—Ela desconfiou, eu sei que ela... – Começo a ficar preocupada com o andar do plano e sigo-a com o olhar – Droga...

Ela estava sussurrando com um dos guardas na porta, então rapidamente Gancho e eu começamos a sair de fininho tentando não chamar muita atenção. Pois bem, fui escolher justamente um vestido tremendamente vermelho e chamativo, que não passou nada despercebido.

Os guardas começaram a nos chamar e não demorou muito para que estivéssemos sendo perseguidos. Por conhecer todo o castelo, puxo a frente da fuga e decido cruzar o castelo, mas aparentemente mais guardas já haviam sido avisados, encurralando-nos na passagem. E quando me dou conta, estou lutando contra meus próprios colegas guardiões enquanto Gancho cuida de quem se aproximava do lado oposto. Por sorte eu aprendi muitos golpes não mortais, mas eu estava extremamente nervosa e irritada com aquela situação porque nada disso precisava estar acontecendo.

Um deles não economiza esforços para tentar me atingir e me machucar pra valer e aquilo faz crescer algo dentro de mim que não sabia controlar. Eu só queria ir embora, queria acabar com aquela magia, queria a minha vida de volta! E assim, percebi que eu estava com a espada dele agora na minha mão e a lâmina havia perfurado seu pescoço, deixando um rastro de sangue no chão e em mim. Largo a espada no mesmo segundo sem acreditar no que havia acontecido e pude ver imediatamente as veias escuras crescendo pelos meus braços enquanto minha mão tremia sem cessar. Meu peito dói e por um momento não consigo respirar, muito menos ouvir o que acontecia em volta. Foi quando Gancho me puxou para um abraço forte e acolhedor, sentindo que poderia desabar a qualquer momento, mas não poderia ser agora e nem ali.

—Nós... precisamos continuar. – Digo ainda em choque, tentando voltar a focar no que estávamos fazendo, enquanto inutilmente tento esfregar minhas mãos no vestido para que aquelas veias escuras saíssem.

—Vamos precisar limpar isso antes... – Gancho murmura, olhando para os respingos de sangue que iam do meu rosto até meu decote e desvia rapidamente o olhar, constrangido.

—Conseguimos! Nós... – Regina nos encontra no corredor e chega às pressas para avisar sobre algo, mas ao ver a tremenda bagunça, fica boquiaberta. – O que aconteceu aqui?!

—Não temos tempo pra explicar. – Gancho dispara, nervoso para acabar logo com aquilo – Qual o próximo passo?

—O casamento vai começar, Zelena já está em posição, mas... – Regina fala tentando ignorar o sangue em mim – Bom, precisamos ir... Não podemos deixar que ele vença. Resolvemos... isso depois, eu acho.

—E Henry? Onde ele está? – Gancho olha em volta, confuso.

—Seguro. Ele fez a parte dele e agora não podemos envolvê-lo na parte mais perigosa do plano...

Pegamos um atalho até o salão principal onde o casamento está prestes a começar, mas permanecem escondidos nos fundos do salão apenas aguardando o momento certo para interromper a cerimônia. O que acontece, é que no badalar das 18:00, a coroação acontecerá e assim, a magia de Rumpel se completaria; e era isso que precisávamos evitar.

A coroa estava sob os tronos onde eles sentariam após a coroação e eu não tirava os olhos da coroa, pensando em como poderia evitar tal ação de modo ágil e calculado. Mas quando me dei conta, percebo que Gancho está colado em mim por conta do espaço, também analisando algum plano mentalmente. De alguma forma nos sentir ali em contato com o outro de forma tão próxima, me deixava inquieta de um jeito bom e isso era novo pra mim, porque talvez pela primeira vez, não me sentia desconfortável com aquela aproximação. Seus olhos param de correr o salão e param nos meus me fazendo perder o ar, então rapidamente desvio e tento focar em outra coisa.

—Tá tudo bem? – Ele sussurra, interessado no que eu diria e eu apenas afirmo com a cabeça sutilmente, evitando contato visual.

—Ele entrou! – Regina se aproxima sorrateiramente, sussurrando para nós dois e fazendo um sinal para Zelena e Robin que estavam do outro lado do salão.

—Ele vai ficar em pé bem a frente da coroa. – Henry de repente chega até nós ignorando todo o combinado.

—O que você tá fazendo aqui?! – Gancho o repreende no mais baixo tom possível, angustiado por estar correndo risco.

—Eu vou ser mais útil aqui. Posso ler os pensamentos deles de longe. – Henry diz, convencido de que realmente era a melhor opção.

—Eu vou matar aquele cara. – Digo sem prestar atenção no que acontecia, apenas focando meu olhar em Rumpel, que estava de costas para nós, mas visivelmente convincente.

—Hey... – Gancho segura minhas mãos ao ver que as veias estavam aparecendo novamente por conta da minha ira, colocando-as sob seu peito para que eu volte minha atenção a ele – Vai dar tudo certo, vai voltar ser a princesa de Storybrook.

Mais um segundo e eu podia jurar que o beijaria ali mesmo, mas nossa atenção foi desviada para a entrada de Bela, visivelmente desconfortável dentro daquele vestido de noiva; ela no fim não tinha muita escolha em negar a participação no plano e de alguma forma até parecia gostar da sensação de ser o centro das atenções. Logo, o relógio marcava 17:50 e rapidamente nos preparávamos para intervir.

—Eu não... que estranho... – Henry diz desnorteado – Eu não consigo ler os pensamentos de ninguém!

—O quê? – Regina o olha incrédula – Mas você lia até agora, o que... oh, céus!

—As injeções... – Digo ao lembrar do que fizeram com Henry na ilha – Ele não tomou mais as injeções, então...

—Tá tudo bem, tá tudo bem. – Gancho apenas consola-o ao vê-lo se sentir inútil – A gente consegue... não é?

—Eu espero que sim. – Regina responde aflita, trocando olhares com Robin do outro lado do salão na tentativa de alertá-los que teriam de lidar com um improviso.