A Princesa Noiva

Capítulo 12


Meu corpo todo dói, parece que estou pesando três vezes mais. Meus olhos demoram para abrir e ao encher a claridade, a minha visão demora longos segundos para voltar a ser nítida. Sei que alguém está me olhando de cima, mas não consigo ainda focar seu rosto.

—Pai, ela acordou! – Ouço a voz de Henry.

Agora então consigo ver Henry nitidamente e ele se levanta para chamar Gancho, que chega segundos depois. Apesar de alguns arranhões em seu rosto ele parece estar bem e isso me conforta.

—Você conseguiu. – Sorrio fracamente.

—Não. Você conseguiu. Henry não estaria aqui se não fosse por você. – Ele sorri e segura a minha mão.

—Foi fácil. – Digo sarcasticamente e tento levantar, mas uma terrível fisgada me faz voltar a deitar.

—É melhor ficar deitada, você levou pontos. – Gancho olha para Henry – Filho, deixa eu conversar com ela a sós? Vá ver como Bae está.

—Pontos? – Tento levar minha mão até onde me lembrava de ter sido o corte, mas Gancho segura minha mão.

—Seis, e é melhor não correr o risco de abri-los.

—Quem costurou?!

—O cozinheiro – Ele diz pleno e eu fico horrorizada – Calma, ele já fez isso antes.... em peixes.

—O quê?! Gancho! Isso pode infeccionar!

—Eu menti! – Ele ri, me vendo-o encara-lo – Ele já salvou minha vida algumas vezes também. E você não foi a única da fila...

—Bae?

—Enquanto estávamos nos nossos afazeres ontem, a tripulação que ficou no navio nos esperando teve que lutar também, pois queriam invadir o navio. Bae ficou com um ferimento feio na perna... – Ele diz, preocupado.

—O que acha que vai acontecer?

—No máximo irei perder o meu “baú de ouro”. – Ele sorri, preocupado.

—E você, está inteiro?

—Estou. – Ele sorri. – Vem, vamos ver se consegue andar.

Apesar de não acreditar muito na sua resposta, aceito sua ajuda para levantar, até porque ainda estava um pouco fraca pela perda de sangue e isso me fez também perder um pouco do equilíbrio, mas Gancho me segura. Percebo estarmos a centímetros de distância e apesar dos nossos olhos não se desgrudarem ele parecia relutar sobre algo.

—Pai! – Henry aparece – Eu.... estou interrompendo algo?

—O quê? – Gancho o olha e se distancia de mim – Ah, não. Nós....

—Rumpel está lá em cima. – Henry diz, e Gancho se cala imediatamente.

No convés, via-se a movimentação. Haviam duas mulheres a mais ali, uma delas, Cinderela vestida com uma roupa de montaria rasgada que nada se parecia com seu vestido rosa luxuoso e a outra, Bela, apaixonada pela fera... Rumpelstiltskin. Apesar do quão confuso isso parecia, o fato de finalmente estar de cara com Mr. Gold me chamava mais a atenção. Ouvi muitas lendas sobre ele e sobre como era poderoso, e até o momento eu não sabia dizer se aquilo era admirável ou repulsivo.

—Mas que prazer ter a sua visita por aqui. – Gancho toma a frente de braços abertos.

—O nosso combinado era você mantê-lo vivo. – Rumpel o encara, se referindo a Bae.

—Bom, ele está andando.... ainda. – Gancho olha para Bae, que está encostado em um mastro apoiando-se na perna boa e gemendo de dor.

—Mas pensando bem.... – Rumpel olha para mim – Podemos fazer outro acordo. Eu sempre quis ser um príncipe.

—Não, qual é! – Gancho diz – Você não vai leva-lo! E o meu ouro?

—Estou ansioso para vê-lo falir e morrer sozinho.

Ele dá uma risada sarcástica e se mostra agora totalmente empolgado com a proposta que estava planejando em fazer. Ali, percebi o quanto eu sentia repulsa por ele. Porém, ainda não entendia onde queria chegar.

—Aliás.... – Ele se vira para Gancho – Você escolhe com quem farei o acordo. Emma ou.... Henry?

—Pai, eu sei o que pedir! – Henry se posiciona.

—Não, Henry! – Gancho o repreende.

—Então Emma... Você prefere ser uma princesa ou ser livre? – Ele se direciona a mim.

—Rumpel! – Bela interfere finalmente. – Não aumente mais os problemas!

—Minha querida – Ele se dirige a ela – Não atrapalhe meus planos....

—Ela não... – Gancho começa a falar, porém Rumpel lança algo nele que o faz ficar mudo.

—E então? – Ele volta a me perguntar.

Vejo Gancho negando com a cabeça na tentativa de dizer algo.

—Eu não... se eu pudesse escolher, seria apenas que fosse diferente do que é. - Digo, confusa.

—Acordo feito. – Rumpel diz.

—O quê?! – Fico boquiaberta.

—Emma... – Gancho volta a falar, e num tom de desânimo.

—Levo Bae comigo e acordo feito... Emma sumirá em alguns dias.

—Não, espera! – Gancho o interrompe e Rumpel o dá a atenção. – Transfira isso já pra mim! Deixe eles fora disso!

—Tarde demais....

Rumpel segura Bae em seus braços enquanto ergue sua adaga, produzindo um clarão imediato e os fazendo sumir, assim como Bela logo em seguida.

—O que foi isso? – Pergunto a Gancho.

—Como é ingênua... – ouço Cinderela comentar.

—Você fez um acordo com ele. – Ele diz pra mim, nervoso. – Eu disse pra não dizer nada....

—Mas eu na verdade não disse nada.

—Ele altera as informações, ele capta o que você pensa e faz disso uma enorme bomba. – Gancho está visivelmente irritado. – Precisamos voltar rápido....

Gancho corre até o volante do navio e aciona o navio a todo vapor em direção ao Reino Storybrook. Por um momento penso no incrível desastre que posso ter arrumado para mim. O que ele quis dizer com “nova princesa”? Bela?

—Emma, - Henry me chama – eu sei o que está pensando. Mas tudo tem solução. E outra coisa... você não pode ignorar a dor que está sentindo dos seus pontos, é melhor ir ver isso.

Ele diz e vai até um dos marujos para ajuda-lo. Logo depois de suas palavras, percebo que estava o tempo todo sentindo a dor da cicatrização e que a adrenalina fez eu ignorar por um tempo. Fico confusa ao achar que ele mesmo podia saber o que eu estava pensando.

—Acho que eu não fui a única que perdi o posto da realeza. – Cinderela vem até mim.

—De onde você veio?

—Gancho me salvou da ilha.... eu estava presa lá com Barba Negra depois que minha madrasta me enviou para lá. Fui obrigada a ajudar o cretino a testar as crianças. Bela também....

—Testar?

—Como ele não estava achando o menino que voava para se vingar, ele começou a tentar “criar” um. Eu injetei em Henry várias vezes, não sei como ele não morreu.

—E por que você fez isso? Poderia ter burlado!

—Eu não quis. – Ela sorri e dá meia volta.