Abri os olhos ao som do despertador. Com muita má vontade, bati a mão para desligar o mesmo e esfreguei os olhos. Assim que consegui enxergar alguma coisa, peguei e liguei o meu celular. Eram 6:25 da manhã. Esperei um pouco para ver se chegava alguma mensagem de "Bom Dia". Nada. Então levantei, deixando o meu celular em cima da cama e fui até o banheiro.

Após fazer a minha higiene matinal, vesti meu uniforme escolar e desci para tomar café da manhã.

- Bom dia mãe, bom dia pai - disse aos meus pais, que estavam sentados na mesa com suas xícaras de café. Eu, porém, abri a geladeira para pegar um iogurte e me juntei a eles na mesa.

- Bom dia, Mariana! - disse a minha mãe. Ela parecia meio tensa.

- Está tudo bem, mãe? - Perguntei.

Ela e meu pai se entreolharam.

- Mariana - disse o meu pai - Nós temos uma novidade.

Arqueei as sombrancelhas, esperando papai dizer qual era essa tal novidade.

- Bom - ele continou - Hoje é o meu último dia na empresa. A partir de segunda feira eu serei transferido para uma sede em Limeira, que é uma cidade so interior de São Paulo, que fica bem longe da capital, e como amanhã é sábado, nos mudaremos amanhã mesmo.

Fiquei encarando meu pai durante alguns segundos, até conseguir processar a informação - Então... Nós vamos nos mudar? - Ele assentiu - Mas nós já temos casa lá?

- Lembra do Edson, um amigo do papai que foi transferido para lá há dois anos? Ele nos ofereceu moradia. A casa dele é bem grande.

Edson... Eu lembrava dele. Tinha um filho... Giovanni? Aquele garoto era uma peste.

- Mari, querida - disse minha mãe - Eu sei que será difícil, mas será melhor para todos nós!

- Tudo bem, mãe - respondi.

Assim que terminei meu iogurte, eu subi até o banheiro para dar uma última olhada no meu cabelo. Sem querer, uma lágrima caiu pelo meu rosto, borrando minha maquiagem. Não que eu não estivesse feliz pelo meu pai, eu estava, mas é que teria que deixar toda a vida que construí aqui para trás e começar uma vida nova... E isso incluía deixar para trás minhas amigas e a minha paixão não correspondida. E doía demais.

Lavei meu rosto para tirar a maquiagem, e como já estava um pouco em cima da hora, fui direto para a escola.

Quando cheguei lá, minhas melhores amigas Marcela e Larissa vieram correndo até mim e me deram um abraço de sanduíche.

- O que foi, Mari? - perguntou Larissa quando percebeu que meus olhos estavam ficando molhados.

- Ai Lari, Má... Sentirei tanto a falta de vocês!

- Porquê? - perguntou Marcela - O que aconteceu, Mari?

Então contei tudo a elas, que começaram a chorar também. Até que Lucas chegou na escola e foi até nós, querendo saber o que havia acontecido.

Ah, o Lucas... O melhor amigo do mundo que também era o meu amor platônico. Ele tinha uma namorada, e não sabia que eu era apaixonada por ele. Aliás, ninguém sabia.

Então eu contei tudo para ele, que ficou chocado e me abraçou também. Ficamos um tempo assim, até que percebi que ele estava chorando.

- E a Mônica? - perguntei por sua namorada - Ela não chegou ainda?

Ah - disse Lucas, se afastando e enxugando as lágrimas - Não. Ela está mal porque nós terminamos nosso namoro ontem.

Uma chama de felicidade se acendeu no meu coração, mas aí me lembrei que eu estava indo embora da cidade e que talvez Lucas não tivesse acabado de chorar por minha causa.

- Porquê vocês terminaram? - perguntei.

- Ah, Mari, porquê... - de repente o sinal que indicava o início da primeira aula tocou e Lucas cortou o assunto - Vamos. A professora deve estar na sala.

As aulas passaram voando. Eu tentei aproveitar ao máximo o meu último dia com a Lari, a Má e o Lucas, e quando chegou a hora de irmos embora, nós não parávamos de chorar. Marcela me disse que nunca se esqueceria de mim, e que era para eu nunca me esquecer dela também. Larissa me disse que os momentos que passamos juntas iriam ficar para sempre em sua memória, e ela queria que eu fosse muito feliz na minha nova vida.

Por último, Lucas me deu um forte e demorado abraço. Ele estava chorando novamente. E então disse: - Mari, você é a melhor pessoa que eu já conheci na minha vida. Quero que você seja muito feliz e que nunca se esqueça do seu bobão aqui, certo?

Eu chorei ainda mais: - Você é o melhor do mundo, Lucas! Nunca vou me esquecer de você -Meu amor... Acrescentei mentalmente.

E por fim, nós quatro fomos embora, cada um seguindo o seu rumo. Quando cheguei em casa, antes de abrir o portão e entrar, eu respirei fundo e tentei disfarçar o choro.