Capítulo 4

Ao subir a colina, os olhos de Cecília se voltam para a capela à procura de alguma presença humana e pelas frechas da capelinha dava para ver luzes que pareciam ser de velas, Cecí então se aproximou um pouco da capela, seu coração batia acelerado, o ar ficava cada vez mais pesado a cada passo que ela dava, um vento frio batia no ar o que fazia Cecília bater os dentes e se esfregar com as mãos para ver se esquentava, mas parece que nada disso adiantava, havia chegado à hora. Sua mão foi na maçaneta velha da porta da capela, quando ela se preparava pra abrir a porta uma mão gelada tocava em seus ombros, ela fechou os olhos e virou para ver quem era mesmo tendo a certeza de que era a noiva.

“Ceci” sussurrou a voz suave de Pedro

Cecília suspirou aliviada.

“Porra, Pedro você quer me matar, infeliz?” esbravejou Cecília.

“Não foi minha intenção, Cecí. Agora me diz o que nós vamos fazer aqui!?”

“Cala a boca e olha pela frecha da capela...tem gente lá dentro!” sussurrou Cecí.

Pedro: “Claro que tem sua boba! Isso é uma capela, pessoas podem vir para rezar!”

Cecí: “ Ah é seu bobo? Quem é que reza uma hora dessas? E ainda no dia 27”

Pedro: “ Não são todas as pessoas que tem essa sua superstição, Cecília”

De repente um vento forte e frio apaga as luzes dentro da capela, Cecília se agarra ao braço de Pedro e começa a ter calafrios.

“Vamos sair daqui, Pedro “ sussurrou Cecí.

Pedro concordou com a cabeça, mas antes que os dois se virassem para irem embora, uma mão aparece na janela da capela e uma voz baixa do que parecia ser uma mulher falava: “ Me ajudem, por favor!”

Pedro: “ Tem mesmo alguém lá dentro, ta pedindo ajuda, espera aqui Cecí!”

Cecília: “ Não vai Pedro! Não é uma pessoa!”

Pedro: “ Claro que é sua boba, deve ter escorregado lá dentro quando apagou a luz, vou tentar puxá-la para fora!”

Cecília segurou na mão de Pedro tentando impedi-lo de ir: “ Pedro não, não vai!”

Ele olhou para Cecí com um sorriso de quem não acredita que seja uma assombração, e solta a sua mão. “ eu já volto”

Ao chegar na janela Pedro se aproxima e estende sua mão, ao segurar na mão da suposta moça ele tenta puxá-la mas em vez disso, ele sente sua mão ser puxada pra dentro da capela, ele tenta mais uma vez se curvando para trás colocando toda força, mas a força imposta contra ele era maior, Cecília Gritava desesperada para Pedro soltar a mão que agora parecia mais uma mão de um esqueleto, não havia pele nem músculos apenas ossos. Pedro ao olhar para a mão que segurava sua mão ficou ainda mais desesperado ao perceber o que acontecia ali, que a moça não era um humano e que todas as teorias de Cecília estavam corretas e seu ceticismo não o deixou ver o que estava debaixo de seu nariz. Cecí correu para ajudar o amigo, pegou em seu corpo e o puxava pra trás até que os dois caíram sob a terra fofa, Pedro tremia da cabeça aos pés, ainda olhava para janela, horrorizado, mas já não havia mais nada lá. Ele Levantou prontamente e gritava para Cecília “você viu aquilo? Você viu? Vamos sair daqui!”

Cecí estava paralisada no chão, ainda não entendia como ela teve coragem de ajudar o amigo e não conseguia acreditar no que havia visto.

“Cecília! Vamos sair daqui, por favor!” gritava Pedro

Cecí segurou na terra para tentar levantar, mas sua mão agarrou uma coisa, um colar, igual ao que ela havia visto dentro da capela da primeira vez, ela o segurou com força e foi puxada por seu amigo para sair dali, os dois saíram ofegantes, corriam colina à abaixo como se literalmente tivessem visto uma assombração, ao chegar na estrada principal os dois pararam um pouco para respirar, Cecília olhava para Pedro assustada ele retribuía o mesmo olhar para ela, alguns minutos em silêncio e um barulho se ouvia ao longe, provavelmente um carro.

“Cecí, eu ainda não consigo acreditar no que eu vi!”

“Eu te disse Pedro! Eu te falei milhares de vezes para não ir!”

Pedro: “ Eu sei, mas o que me revolta é que desde o início eu não acreditei em você e agora eu vi com meus próprios olhos! “ Pedro falava isso esfregando o punho onde ele havia sido agarrado pela assombração.

Cecília se aproximou e pegou sua mão e perguntou : “ Dói?”

Pedro: “ Tá queimando como se fosse fogo! “

Cecí: “ Precisamos ir antes que nossas mães descubram que não estamos dormindo!”

Pedro: “ ok, mas Cecí... me perdoa?”

Cecí: “ Pelo que, seu bobo?”

Pedro: “ Por não ouvir nem acreditar em você!”

Cecí: “ ta, só que dá próxima quando eu mandar você correr, por favor corra, não tente ser o herói, P-O-R F-A-V-O-R!”

Pedro: “ que próxima?”

Cecí: “ Você acha que acabou aqui?” ela pega no bolso o colar e o levanta para que Pedro olhasse.

Pedro “ O que é isso?”

Cecí: “ Uma pista, somente mais uma de muitas que virão até desvendarmos esse mistério!”

Pedro: “ Eu não estou tão certo que irei desvendar isso com você!”

Cecí: “ Ih Pedro seu mariquinha, deixa de ser borra botas!”

Pedro: “ Você fala isso por que não foi você quem ela pegou!”

Cecí: “ Ainda não, ainda!”

Pedro: “Aff Cecí, Você fala isso como se quisesse que ela te machucasse!”

Cecí: “ Não, ela não quer nos machucar, ela quer nos dizer alguma coisa, não percebe?”

Pedro: “ acho que não! Não é isso que o meu pulso ta dizendo!”

Cecí: “ Se ela quisesse mesmo nos machucar, você acha mesmo que a gente ia ta aqui vivo? Conversando nesta estrada escura? Se ela quisesse, você teria ido junto com ela pra dentro daquela Capela e só Deus sabe o que faria com você lá dentro!”

Pedro: “ Cruz Credo, Cecília, agora quem está me dando medo é você!”

Cecí: “ Ai Pedro, você é muito medroso! Vai dormir e tentar esquecer isso por hoje, boa noite!” Disse Cecília já na frente da sua casa, ao abrir o portão ela escuta Pedro sussurando : “ Não tem lugar pra mim dormir aí não? Tenho medo!”

Cecília faz um gesto obsceno com os dedos e entra em casa, por dentro aquele susto tinha feito algo crescer ainda mais dentro de Cecília, ela sabia que o sonho, o colar tudo era um sinal que ela estava no caminho certo, e esse mistério ia ter um fim.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.