A New Way

O Fim da Solidão


“Beep... Beep... Beep...” Fez o despertador. Com a cabeça ainda coberta com o travesseiro, Typh tenta apertar o snooze (soneca), mas erra, como sempre, e acaba derrubando o relógio. Tão logo o relógio caiu, ele se lembrou que dia era: “Dia da mudança!” Typh levantou num salto e se pôs em direção ao banheiro. Pensou em arrumar os cabelos azuis, escuros como o crepúsculo, que ao se mover imitavam gloriosamente o balanço das ondas do mar, mas gostou deles do jeito que estavam. Escovou os dentes com sua pasta Total White, passou um desodorante sem cheiro e se pôs a procurar roupas para a viagem. Logo achou uma bermuda jeans, seu Nike preto e vermelho favoritos e uma camisa preta, com um tribal de um lobo no peito direito.

Já estava quase saindo, quando se lembrou de voltar e arrumar os pelos de suas orelhas lupinas e cauda, ambos num tom azul bem escuro, porém de um brilho e vivacidade incomparáveis. Adorava essas partes de si, pois o tornavam diferente da maioria (humanos comuns), e aprendera desde cedo que as diferenças são o que pode te tornar melhor, por ser você. Por isso, dedicava um cuidado especial ali.

Ao terminar, seguiu para a casa da única pessoa conhecida em que confiaria sua vida sem pensar duas vezes, uma furry loba, porém com pelos por todo seu corpo e focinho, de um cinza médio nas costas e branco como neve na parte dianteira. Chegando na casa da vizinha-melhor amiga, se decepcionou muito ao saber que ela não estava. Tinha ido passar a tarde na casa da avó. Typh se despediu deixando uma carta, a qual dizia que independente da distância, viria correndo para ajuda-la caso algo acontecesse, como na ultima sexta. Nesse dia, um grupo furless (como homofóbicos, mas contra furries ao invés de gays) havia cercado-os na volta da escola. Typh nunca agradecera tanto às aulas de autodefesa que havia se obrigado a frequentar. Com apenas alguns roxos, um nariz sangrando e um pequeno corte na bochecha, havia posto todos no chão. Se ela não estivesse presente, sabe-se lá o que teria acontecido a mais com aqueles bullies que já os perseguia há semanas.

Após a triste notícia, o dia se resumiu em arrumar pesarosamente suas coisas e partir, em seu Honda Civic 2013 com pintura azul escuro perolizada.

A viagem em seu todo foi tranquila, para o alívio dele. Ao chegar à cidade nova, ligou seu GPS para encontrar a casa. Ficou satisfeito ao encontrar o local e perceber que fizera um bom negócio. A casa tinha dois andares, dois quartos, uma sala e uma varanda na parte superior e uma cozinha, sala de jantar e um escritório de tamanho razoável no inferior. O porão era bem espaçoso, e o tom marrom madeirado das paredes agradava. O local era pré-mobiliado, com móveis de madeira nobre (mogno, na maior parte) e vidro, dando um toque caseiro e sofisticado. Ao terminar de inspecionar a casa, foi se deitar, pois teria aula no dia seguinte num colégio próximo que havia aceito sua transferência.

Na manhã seguinte, acordou de sobressalto e se arrumou correndo, pois já eram 7h10min, e sua aula começava as 07h30min. Seu despertador quebrou quando caiu no chão e não queria tocar mais. “Maravilha, atrasado no primeiro dia...” Na pressa, colocou a mesma roupa do outro dia e correu para a escola. Não teve muito tempo para reparar no colégio, pois simplesmente entrou e perguntou onde ficava sua sala e saiu correndo até lá. Ao entrar, se sentiu mal novamente, com aquele tanto de desconhecidos o encarando.

Typh já estava meio pra baixo por não conhecer ninguém, e todos aqueles olhares sobre ele não melhoraram em nada a situação. Estava se sentindo horrível. Alguém que todos preferiam não ver ali. O início da aula foi um alivio, pois aqueles olhares saíram de cima dele. Na entrada, o professor lhe chamou e pediu para ele se apresentar. Typh se levantou e começou: “Bom dia, sou Typh Firetorn, acabei de chegar na cidade, tive contato desde cedo e gosto muito de natureza e atividades ao ar livre. Tinha vários animais por amigos, discordo do termo ‘de estimação’, na minha antiga cidade. Não, não moro em cavernas e sim, sei usar o banheiro. Não fico ‘marcando território’ por aí”. Após ganhar alguns risos com o fim da apresentação, voltou a seu lugar e a aula começou.

No intervalo, ao procurar uma mesa para comer, não haviam lugares. O único assento livre era numa mesa isolada, num canto. Havia ouvido falar para evitar essa mesa na sala, pois alguém estranho e com cara de poucos amigos chamado Ezio, já havia surrado 12 integrantes de uma gangue local de uma única vez, repelindo ainda mais as pessoas de si.

De repente, mãos abraçando: “Hey!” – disse Typh.

- Furry, yay! – disse uma voz masculina.

- Me solta! – entre rosnados. “Vem sentar com a gente, tem espaço pra mais um, do meu lado...” E foi levando/empurrando Typh até a cadeira vazia, no canto da mesa do Ezio, onde tinham mais quatro desconhecidos. Typh começou a alisá-los. Ezio vestia uma jaqueta/sobretudo branco com gorro e alguns detalhes em vermelho, um cinturão também vermelho, com detalhes em couto e metal, uma tira de couto em corte triangular entre os ombros, tinha cabelo curto, castanho escuro e usava óculos de armação fina. A pessoa que o estava empurrando usava botas de couro pretas com três tiras de couro para prender e ajustar na canela, uma calça jeans lisa, uma jaqueta cinza escura fechada, com gorro e que tinha bolsos na frente, usava luvas pretas com furos nos dedos, óculos com armação na parte de cima e tinha um cabelo preto, nem curto nem longo caído na testa. Na mesa ainda havia uma menina que usava uma camisa lilás, uma calça jeans branca e uma sandália bege com detalhes em metal. Seu cabelo róseo e expressão alegre lhe atraiu a atenção, mas logo começou a analisar os outros dois integrantes do grupo. Com cabelos meio compridos castanho-escuros, um óculos com armação preta completa e uma armadura vermelha com camisa preta, estava o outro garoto, conversando com um alguém com ar de cientista louco. Risos altos, palavras da mitologia nórdica e poses de luta vinham do “cientista”, que usava um jaleco, camiseta branca, calça marrom e um tênis Nike preto. Tinha cabelos curtos e pretos meio arrepiados.

Ao se aproximar da mesa, todos pararam e começaram a encarar Typh, que, em resposta abaixou as orelhas e o rabo azulados, temendo ser mais uma vez alvo de bullying, o que já o fizera mudar de cidade. Mas, ao invés de olhares amargos e de repulsa, eram olhares acolhedores.

“Ei, você é o aluno novo, Táife, é isso?” perguntou Ezio. Com uma voz calma. “O nome é Typh, e, pelo que ouvi você deve ser o Ezio, prazer. Posso sentar com vocês?”

A menina abriu um espaço a seu lado, o que deixou Typh relativamente aliviado, pois evitaria sentar perto do estranho que lhe abraçara e não queria soltar mais. “Meu nome é ?????, mas todos me chamam de Tsu. Aquele de jaleco se chama Rintarou – “Olá!” – o na ‘casca’ vermelha, Madara – “Oi.” – esse que estava te abraçando é o Dubas, (cochichando) cuidado, ele meio que exagera às vezes com toques, abraços e cantadas fail, mas tem um coração bom. – “Acham!” interrompe Ezio – a sim, e esse é meu ‘mô’, o Ezio. Ele pode ser bem recatado e quieto, mas tem um coração mole beeeeemmmmmm lá dentro.” “Prazer em conhecê-los.” Disse Typh, ao se sentar e conversar, com orelhas erguidas e rabo abanando, pois, após um longo período, finalmente havia achado pessoas que poderia chamar de amigos, além da loba. Finalmente, o fim da exclusão.