A New Life in NY ll - We're the lucky ones

Cross my heart and I hope to die


Chuck’s POV

(Empire, NY- Manhattan)

Amy foi até o bar e pegou uma taça de vinho. Logo depois voltou e a estendeu para mim, peguei-a e ela se deitou em meu colo no sofá arrumando os longos cabelos castanhos avermelhados.

A observei por um breve instante, era realmente linda. Os cabelos passavam da metade das costas, os olhos eram azuis e sua pele clara parecia tão delicada... Era completamente o contrário... O contrário da Liz.

Podia fazer tempo, mas ainda me lembrava como ela era. Não em detalhes, com o decorrer do tempo a imagem dela passou a se desfazer em minha mente. Ainda assim me lembro de seus cabelos não tão longos, mas também não tão curtos, sua pele bronzeada, tão pequena como uma boneca e seus olhos, os olhos que eu gostava tanto.

– Chuck? – Amy me fez desviar dos meus pensamentos.

– Sim?

– Promete não me deixar?

– O quê?

– Promete? – ela insistiu me encarando.

Desviei o olhar:

– Por que está me pedindo isso?

– Por favor, só promete.

Respirei fundo mentalmente:

– Prometo.

Liz’s POV

(Sidney- Austrália)

Estava deitada ao lado de Peter na cama assistindo a qualquer coisa na TV.

– Quer mesmo continuar com isso? – perguntei desejando, por mais que fosse errado, que ele respondesse que não.

– Continuar com o quê?

– Quer ficar comigo mesmo cada um de nós estando em continentes diferentes daqui alguns dias?

– Claro que sim. Por que não iria querer?

– Porque pode não dar certo.

Não era que eu não quisesse estar com ele, eu só queria evitar ao máximo qualquer tipo de sofrimento.

– Por que não daria?

– Porque não deu com os meus pais. Ele foi para a capital e minha mãe ficou em Los Angeles, sabe como eles acabaram e... Essa é a regra, casais não dão certo quando estão longe um do outro.

– Regra? Você é uma Redford, não é o tipo de pessoa que segue regras.

Flashback on

– David, você ficou sete meses sem vir nos ver dessa vez. Não pode ficar tanto tempo longe.

Minha mãe disse baixo com medo que eu ouvisse, mas eu ouvi. Fiz questão de ouvir.

– Sinto muito, Penelope.

– A Liz só sem quatro anos! Ela é tão nova, tão frágil... Você precisa estar aqui, ela precisa que você esteja aqui.

– Já disse que sinto muito, o que mais eu posso fazer? Estou tentando dar o melhor para vocês duas, estou trabalhando no distrito e preciso estar lá, faz pouco tempo que fui eleito.

Tentei olhar através da parede:

–Não quero que peça desculpas, não quero que fique me dando explicações – sua voz falhou e achei que ela estava tentando não chorar. – David, você tem uma filha que pergunta toda noite por você, que senta ao lado do telefone todo domingo esperando você ligar e quando você o faz, que é quase nunca, conversa com ela por dois minutos. Não quero que fique mais rico, não quero dinheiro, não quero que você seja o melhor marido do mundo, nunca te cobrei nada disso. Na verdade, eu nunca te cobrei nada. Mas a única coisa que eu sempre te pedi foi para ser um bom pai, então por que a cada ano parece que você só piora?

– Já disse que estou muito ocupado em Washington.

– Ocupado demais para a sua família? Que tipo de homem você se tornou? Nós namoramos por tanto tempo e como eu nunca percebi que você era assim? Não dá, eu não posso mais continuar com isso.

– O que você quer dizer?

– Eu quero divórcio.

Flashback off

Eu tinha só quatro anos quando eles se separaram e eu ouvi a conversa, ouvi minha mãe chorar e vi meu pai saindo de casa aquela noite sem saber se ele voltaria. Ele voltou, muito tempo depois, mas voltou. A partir daí eu parei de esperar pelas suas ligações e parei de falar dele para qualquer pessoa.

Com o tempo eu comecei a ir para Washington, mas eu ficava na casa dele assistindo Buffy na TV e brincando com o Philip, mal o via.

Aquilo aconteceu quinze anos atrás e eu ainda conseguia me lembrar, por quê?

Balancei cabeça tentando voltar ao assunto. Respirei fundo:

– Então me promete uma coisa?

– Qualquer coisa.

– Quando for me visitar em NY não vai acreditar em nada do você ler ou ouvir sobre mim, a não ser que saia da minha boca.

Peter não entendeu muito bem, mas concordou.

– Prometo e você precisa me prometer que nós vamos fazer de tudo para dar certo.

Flashback on

– Promete que vai vir nos visitar sempre, certo? – minha mãe perguntou antes que eu pudesse entrar no elevador.

– Claro, eu prometo – respondi e desci até o térreo do prédio.

Não tinha a mínima vontade de voltar por mais que sentisse falta dela. Mas eu ligaria, ligaria toda noite antes dela dormir.

Eu havia acabado de voltar de Perth e já tive que viajar de novo.

Cheguei no aeroporto poucos minutos antes do horário marcado em que o avião partiria. Achei que teria que enfrentar alguns problemas por causa disso, mas estava errada. Uma chuva forte estava ameaçando chegar em Nova York e os aviões estavam proibidos de decolar.

Aquilo estava mesmo acontecendo? Eu só queria ir embora dali, voltar para o porto seguro que era Sidney.

Não que naquele momento eu odiasse NYC, era só que fazia apenas algumas semanas que havia ido embora e voltar para o lugar onde tantas coisas aconteceram não me fazia bem.

Minha mãe resolveu ficar noiva do então namorado dela, Julian. Claro, ela teve que dar uma festa, porque os Redford amam festas exceto a mim, porque toda festa algo de ruim acontece, mas talvez fosse só algo da minha cabeça.

Nunca fui muito normal, o Sr. McCord (meu psicólogo até eu me mudar) que o diga, ás vezes ele só ficava lá parado, olhando para mim um tanto boquiaberto e tentando entender tudo o que eu falava e então pedia para eu respirar um pouco e falar mais devagar pausando entre uma frase e outra, só que não dava, era apenas uma hora e meia de consulta, não era tempo o suficiente para dizer tudo o que eu precisava. Sei que isso o deixava um tanto atordoado, ele já tinha cabelos brancos e estava um pouco velho, minha loucura não ajudava em nada o Sr. McCord. Até que sentia saudades dele.

Respirei fundo e olhei em volta, poderia muito bem ir embora, do mesmo jeito que poderia sentar e esperar. O que eu faria? Sim, eu sentaria e esperaria, não importava se tivessem que ser horas e horas, eu esperaria. Sair daquele aeroporto correndo o risco de encontrar uma certa pessoa? Não, obrigada. Ter que me socializar com os outros? Não, obrigada.

Pois é, Liz Redford, a garota de sorte, a garota que tinha tudo o que qualquer outra poderia desejar odiando sua própria vida e evitando o resto do mundo o máximo que conseguia.

Peguei meu celular para tentar avisar meus avós que me atrasaria, mas estava sem sinal. Então resolvi ir em uma das lanchonetes que haviam ali perto e comer alguma coisa... Estava convivendo tempo demais com os meus primos para resolver comer em uma lanchonete, aquilo era tão... Normal! Eu nunca ia em lanchonetes, só em restaurantes em que com o preço de um prato eu poderia pedir metade do cardápio daqueles lugares. A que ponto eu havia chegado? Adeus Liz que eu costumava ser.

Depois de muito tempo ali esperando, já havia esfriado, chovido e anoitecido, quando finalmente os aviões foram liberados para descolarem. Mas naquele ponto na minha vida eu havia comido tantas batatas fritas em um único dia que eu poderia facilmente ter dobrado de peso e eu não ligaria muito se o avião caísse da ilha de Lost.

O avião pousou quase oito horas depois do previsto e, só para variar, estava calor na Austrália.

Desci e no portão de desembarque e vi uma das últimas que esperava ver. Sorri ao vê-lo, o por que eu não sei. Mas é que ele estava lá, todo largado em uma das cadeiras, segurando um buquê de peônias murchas e olhando para o nada.

Coloquei uma mecha do cabelo atrás da orelha e andei em sua direção, assim que me viu ele se levantou quase que em um pulo:

– Oi – falei parando em sua frente.

– Oi.

– Já são duas da tarde, era para eu ter chegado às seis da manhã.

– Eu sei, estou aqui desde as cinco e meia.

– O quê? Cinco e meia? Por quê?

– Só queria vir te buscar – olhei para as flores que ele segurava. – Ah, são para você – ele as estendeu para mim e peguei. – Desculpa. Elas meio que... morreram. Acho que não resistem muito tempo no calor.

Ri:

– Elas se quer nascem onde faz calor, Peter. Como as conseguiu?

– Eu conheço um cara.

– Do mesmo jeito que você conhece um cara caso alguém precise de veneno de cobra ou caso alguém precise de um camelo?

– Exatamente.

– Você por acaso faz parte de alguma gangue ou trabalha pro FBI?

Ele apenas riu e agradeci:

– Não importa, obrigada. Não precisava ter se dado o trabalho.

– É, não precisava.

Olhei para as flores, estavam murchas e mesmo assim queria segurá-las para sempre.

– Por que me esperou aqui por tanto tempo?

– Estava com saudades e...

– E?

– Liz, você quer namorar comigo?

Flashback off

Peter sempre foi a pessoa mais incrível comigo, mesmo quando fingia me odiar.

Olhei em seus olhos e sorri:

– Sim, eu prometo que vou fazer de tudo para darmos certo.

–x-

Chris e Walter com seus cabelos reluzentes e de uma cor indefinida por causa das mechas mais claras causadas pelo sol subiram as escadas para pegar minhas malas e o relógio na parede apontava que já era para eu estar no aeroporto.

Todos nós havíamos nos sentado na grande mesa da cozinha para o café da manhã que acabamos juntando com o almoço, o sol lá fora estava agradável e uma leve brisa soprava.

Pela última vez eu vi meu avô abrir seu jornal e ir direto para a sessão de esportes e pela última vez eu tomei meu chá gelado enquanto tentava ler a primeira folha do jornal que ele tampava grande parte dos títulos com os dedos. Hoje havia uma manchete acompanhado de uma foto bem grande de uma garota que aparentava ter mais ou menos minha idade, talvez um pouco mais velha, usava Chanel e sapatos Vivier, seus cabelos estavam perfeitamente penteados e cada fio em seu devido lugar enquanto descia de um voo particular. As grandes letras diziam: “VOSSA ALTEZA REAL, PRINCESA EMILY DE LEROINSTER, DESEMBARCA EM SYDNEY PARA VISITAR ENTIDADES CARENTES”.

Eu sei, famílias reais são apenas aparências e simbólicas, que existe um governo no comando e reconheço o old glam que príncipes e princesas trazem. Mas talvez isso já devesse ter passado por completo, talvez isso seja algo legal só para se estudar ou para se ver em filmes.

Minha avó se levantou para recolher a mesa e deu um beijo na cabeça de meu avô. Olhei para eles, tanto anos juntos, tantos momentos vividos, tantas memorias, companheiros de tédio e alegrias, inúmeras lágrimas e risadas compartilhadas. Estavam há tanto tempo seguindo aquela mesma estrada lado a lado, como conseguiam? Por que parecia ser tão fácil para eles? Eu queria ter um décimo do que eles tem, da alegria, do animo, da vontade de estarem juntos.

Nos dividimos em dois carros e fomos até o aeroporto de voos particulares, eu realmente não queria sofrer o risco do meu avião atrasar, porque eu poderia muito bem desistir de voltar para casa e minha mãe sabia disso também.

Chegamos e já estava tudo pronto, o piloto já me esperava e olhei o avião, não queria deixar tudo aquilo.

Vacilei por um momento e Peter me abraçou:

– Posso não ir? – cochichei em seu ouvido.

Ele riu:

– Já conversamos sobre isso. Precisa ir, sua mãe precisa de você lá, ela vai se casar em algumas semanas e a madrinha dela continua do outro lado do mundo.

– Posso pedir para ela transferir o casamento para cá ou pedir para ela adiar...

– Liz, vai ficar tudo bem. Acredite em mim, porque eu sei que vai.

Ele me soltou e beijou minha testa. Abracei cada um deles: meus primos, meus avós e minha tia Lindsay. Dois anos e eu finalmente estava partindo.

– Vê se se cuida – Walter falou junto com Chris.

– Não acredito que vou ter que arranjar outra pessoa para ir beber comigo segunda à noite – Amber sussurrou em meu ouvido e eu ri.

Olhei para todos eles:

– Vou sentir saudades.

Respirei fundo e entrei no pequeno avião. Olhei para baixo onde eles permaneceram parados:

– Eu realmente vou sentir falta de vocês – pronunciei para mim mesma enquanto uma lágrima teimava em querer cair.

–x-

Tudo ficaria bem. Eu ficaria bem. Pelo menos precisava acreditar nisso.

A viagem estava sendo longa, mais longa do que aquela há dois anos ou qualquer outra que eu houvesse feito para visitar meus pais e meus irmãos. Não que eu tivesse descoberto outro irmão, mas Megan não podia mais ser considerada uma prima. Passamos por muitas coisas juntas.

Não sabia ao certo qual era o motivo de ser tão torturante todo aquele tempo dentro do avião. Talvez fosse o fato de estar deixando Sydney, talvez a faculdade, ou estar me mudando de vez para Manhattan. Mas não parecia ser nada disso que me assustava, que me deixava com as mãos molhadas e me fazia querer correr para vomitar.

Essa última não era algo que me trazia boas lembranças. Balancei a cabeça, não queria pensar naquilo.

Olhei para meu pulso e entre outras duas pulseiras encarei a que ele havia me dado tanto tempo atrás. Não devolvi, foi a única coisa que não devolvi. Não sabia porque, mas eu gostava dela, não queria tirá-la e eu sentia como se já fizesse parte de mim.

Sorri, apesar de tudo também haviam boas memorias. Como quando ele cuidou de mim e prometeu que sempre iria cuidar, as vezes que fugimos da escola, a limo, os sorrisos, as loucuras, o dia do banheiro da Constance, a festa no Empire quando ele me defendeu... Odiava me pegar pensando coisas como essas, eu deveria esquecer assim como ele já havia esquecido.

Mas não conseguia... Como será que ele estava? Será que ele estava feliz com aquela garota? Será... Que ainda pensava em mim?

Não importava. Eu estava voltando e nada mudaria, eu continuaria com o Peter e faria com que aquilo desse certo, eu e Chuck seriamos amigos e nada além disso.

Chuck Bass” por muito tempo não me permiti pensar nesse nome.

–x-

O avião pousou e Michael me esperava, fiquei feliz por só ter ele ali. Não queria uma festa no aeroporto.

– Hey, irmãzinha – ele falou quando corri em sua direção e ele me deu um abraço de urso.

Ele me largou e consegui vê-lo melhor, estava com os cabelos mais curtos, parecia mais magro, não era muito forte, mas era alto, muito alto.

Fomos pegar minhas malas e uma nova limousine nos esperava do lado de fora com James encostado nela e sorri assim que o vi:

– James, senti saudades – o abracei.

Ele ficou surpreso e também sorriu retribuindo o abraço:

– Também senti, Srta. Liz.

Os dois colocaram todas as grandes bolsas dentro do veículo e pedi para irmos a qualquer lugar antes de precisar encontrar alguém.

Fomos até um café em Manhattan no qual nunca havia ido, não estava cheio, talvez fosse pelo horário, eram quatro horas da manhã e ele ainda estava abrindo. Michael disse que o dono era seu amigo e por isso nos deixou entrar, as pessoas que trabalhavam lá ainda tiravam as cadeiras das mesas e outros funcionários ainda chegavam.

Naquela mesma rua haviam clubs abertos com pessoas que não haviam ido embora desde o dia anterior:

– Não duvido ele estar em alguns desses lugares – foi um comentário aleatório que saiu pela minha boca sem que eu percebesse.

– Quem?

– Esquece – respondi rápido.

– O Chuck?

Abaixei meus olhos:

–Eu disse para esquecer.

Entramos no café, era bem aconchegante, a mobília era toda de madeira igual ao chão e flores enfeitavam todas as mesas, elas haviam acabado de serem postas ali. Nos sentamos em uma das mesas que ficavam perto da extensa janela de vidro e olhei para o céu, ainda estava escuro e demoraria algum tempo para eu me acostumar com o fuso horário.

De repente me arrepiei e Michael me emprestou a jaqueta que havia tirado quando saímos do carro, também levaria um tempo para voltar a me acostumar com a temperatura.

James se sentou na bancada e pediu um café puro enquanto conversava com o homem do caixa que ele pareceu conhecer.

Voltei a olhar para o meu irmão enquanto ele pedia dois expressos:

– Senti saudades – falei baixo quando a garçonete foi embora.

– Mentirosa, se realmente tivesse sentido teria vindo mais vezes me visitar.

– Sabe que é difícil voltar para cá.

– E sabe que é difícil ter você longe. Você era quem fazia todos nós nos darmos bem, não faz ideia de quanto as coisas desandaram logo depois de ter se mudado e todas as vezes que nos encontramos nesses dois anos você se quer perguntou como estávamos aqui.

– Eu estava tentando me recuperar.

– Dois anos foram o suficiente?

Tentei mentir, mas resolvi que tinha que parar com isso:

– Não, não foram.

– Ainda assim voltou.

– Porque ninguém pode fugir para sempre, sabe disso melhor do que ninguém, Michael. Você mesmo não conseguiu fugir dos Redford.

– E como você está?

– Não muito bem... Mas como vocês estão? Pode me contar tudo, preciso me atualizar. Dessa vez voltei para ficar e faz tempo que eu troquei aquele celular e desde então nunca mais ativei o alarme para o blog da Gossip Girl. Ela ainda existe?

– Está pior do que nunca. Hm... Blair e Serena brigaram feio depois que você foi embora, Nate e Chuck também, Megan e Philip terminaram, eu sai do Per Se, a coleção que a sua mãe lançou alguns meses depois foi um desastre, seu pai quase perdeu as eleições e... E você sabe que o pai do Chuck desapareceu, não sabe?

Eu sabia sobre os meus pais e sobre Megan e Philip, mas meu pai acabou vencendo, minha mãe se reergueu e minha prima voltou com o Phil e agora estão até morando juntos. Também sabia que B e S haviam se reconciliado assim como C e N... Só que aquele último item era desconhecido até então.

– O quê? Desapareceu? Como ele pode ter desaparecido?

– Ninguém sabe ao certo o motivo, foi algum tempo depois dele ter casado com a Lily, a mãe da Serena... Eles tem certeza que foi algo de errado que o Bart deve ter feito, alguma negociação que não deu certo, alguma ameaça... A única coisa que ele deixou foi uma carta dizendo que estava bem e que se algo acontecesse com ele, a família ficaria sabendo pelo advogado.

– Isso não faz sentido...

– E algo no Upper East Side faz?

– Como ele está?

– Chuck? Ficou arrasado, é óbvio. Já faz algum tempo, agora ele está tentando seguir em frente com sua vida e com o reinado Bass.

– Isso é horrível.

– Eu sei, mas foi quando todo mundo voltou a se falar.

– Sinto muito ter ido embora, mas você sabe que era difícil continuar aqui e... Ainda é.

– Ainda pensa no que aconteceu, não é?

– Pelo menos uma vez todos os dias... Penso em como teria sido, que rumo as coisas teriam tomado... Dá para imaginar eu hoje com uma criança de dois anos?

– Sinceramente? É quase impossível.

– Eu sei, tio Michael.

Ele abriu um pequeno sorriso:

– Achei que tivesse...

– Superado? É o que eu quero que todos acreditem e assim, talvez, algum dia eu também possa acreditar... Algo não desaparece só porque deixa de mencioná-lo, Michael.

– Eu sei e vou estar aqui para você, sempre.

– Eu também sei disso. Obrigada.

– É para isso que irmãos existem, para estar lá quando mais ninguém estiver... Então, o que vai querer fazer antes de nos encontrarmos com os outros hoje à noite?

– Você ainda pergunta? É claro que quero que leve para ver o seu bebê.

– The Red Reign está esperando.

Sorri:

– Sério que esse é o nome?

– Sério.

– Você é louco.

– Eu sou um Redford, tinha como ser normal?

– Não vai trocar seu sobrenome, vai? Quer dizer, eu adoro o seu nome... Michael Murray, parece um personagem que saiu de um filme em preto e branco.

Ele riu:

– Não, não vou mudar – Mick respondeu bocejando.

– Foi dormir tarde de novo?

– Estava assistindo Doctor Who e depois começou a passar Star Wars, então eu perdi o sono.

Bow ties are cool * - falei sem me importar, era uma frase que Walter falava sempre que usava gravatas borboletas assim como o Doctor. Ao menos essa foi a explicação que ele me deu quando perguntei.

– Elizabeth Victoria Redford, minha irmã barbie, agora assiste coisas de ficção cientifica?

Eu acho a sua falta de fé perturbadora*... E hey! Como sabe meu nome do meio?

– Meu Deus, o que fizeram com você?

– Eu morei dois anos na mesma casa que o Walter, lembra? Eu assisti todos filmes de Star Wars pelo menos umas três vezes e... Digamos que não é tão ruim assim. Agora não me jugue e pode ir dizendo como descobriu meu nome do meio, ninguém sabe meu nome do meio.

– Mentira, porque eu sei. Também sei que esse é o seu nome porque sua mãe quando adolescente era um tanto vidrada em Liz Taylor e em histórias sobre famílias reais, elas leu todos os livros, assistiu todos os filmes... E ela escolheu homenagear não só uma das maiores atrizes de Hollywood, como também e a Rainha Victoria e também sei que se ela tivesse um filho homem ele se chamaria Albert, por causa do príncipe consorte da casa de Saxe-Coburgo-Gota.

– Como pode saber de tudo isso?

– Dois anos, lembra? Aconteceram muitas coisas e... Ok, eu admito, andei investigando... Sabe, se eu não fosse um chef, eu seria um detetive.

– Você andou conversando com a minha mãe.

– Por que você tem que ser tão chata, Liz?

– Você é um idiota.

– Ainda assim ama conversar comigo.

– Só continuo conversando com porque você me dá comida.

– Você sabe que é muito pequena pro tanto que come, não sabe? Deveria ir ao médico.

– Já fui – respondi dando de ombros.

– Mesmo?

– Sim, quando eu era criança. Minha mãe também achava que eu comia demais.

– E?

– E eu não tenho nada, apenas gosto de comer.

– Mas – continuei – isso é segredo, assim como o meu nome do meio.

– O quê? Por quê?

– O que as pessoas pensariam se soubessem que minha mãe me levou no médico porque eu comia demais?

O relógio no pulso de Mick apontou seis da manhã, ainda era incrivelmente cedo... Ou tarde, dependia do ponto de vista.

– Então, vai me levar ou não? – perguntei.

Ele se levantou dizendo que pagaria a nossa conta e a do James. O café estava enchendo aos poucos e fomos embora.

James dirigiu por Manhattan cerca de meia hora, talvez um pouco mais, enfrentamos um pouco de transito, mas finalmente chegamos. A cidade continuava a mesma, mesmos prédios, mesmos lugares, exatamente iguais... Ainda assim continuava sendo encantadora.

Descemos do carro, o lugar era lindo, estava quase pronto, só faltavam alguns detalhes no interior e a decoração estava toda amontoada em um canto ainda em caixas junto com algumas mobílias. Ele ainda tinha muito trabalho a fazer.

– Um restaurante – falei enquanto admirava tudo o que ele havia feito naquele lugar que antes eram apenas ruinas. - Vinte e seis anos e dono de um restaurante, acho que já atingiu seu objetivo de vida.

Ele sorriu:

– Mas nunca conseguiria se não fosse o Chuck.

– Não interessa, ele só entrou com o dinheiro, tudo isso aqui, a ideia, o nome, o lugar, a responsabilidade, as preocupações, as noites sem dormir, o trabalho duro, as entrevistas de emprego, cada único detalhe... Foi você, Michael. Você merece, merece que tudo de bom aconteça na sua vida, nunca se esqueça disso.

– Você também merece, Liz. Me parte o coração você, em nenhum momento, se lembrar disso.

– Estou tentando mudar, tentando parar de mentir, tentando seguir em frente, tentando amadurecer... Mas não é fácil.

– Isso se chama crescer, ninguém disse que era fácil.

Respirei fundo:

– Então quero parar de crescer, porque dói.

Ele balançou a cabeça calmamente e olhou em meus olhos:

– Liz Redford, a garota de sorte... Quando ela vai perceber isso?

– Provavelmente vai demorar um bom tempo – respondi.

Olhei em seus olhos, ele estava tão orgulhoso do que conquistou, mas ainda havia tanta humildade ali.

– Michael Murray, o garoto de New Jersey que conquistou o mundo.

Ele mais uma vez sorriu:

– Não vai embora de novo, ok? Preciso de você aqui para a inauguração, é importante.

– Estarei aqui, prometo. Sempre estarei aqui pros grandes momentos.

– Vou me lembrar disso... Agora acho que a sua mãe está te esperando, ela está precisando muito de você.

Suspirei:

– Ela está enlouquecendo com o casamento, não é? – ele concordou. – Ok, vamos.

Demorou um pouco e a limousine parou, olhei para aquele prédio, o mesmo prédio, a mesma cobertura, o mesmo porteiro e respirei fundo. Mas respirei fundo de verdade, não era tão fácil voltar para casa e agora tudo parecia que seria tão diferente. Quer dizer, minha mãe iria casar com Julian e ele viria morar conosco.

Eu gostava dele, ele sempre me dava presentes, vivia sorrindo e era simpático. Tinha cabelos pretos, muito pretos e olhos verdes, era dono de uma das maiores imobiliárias do país e realmente fazia minha mãe feliz.

Peguei aquele velho elevador com Michael e James, implorei para que meu irmão não me deixasse sozinha ali e o nosso motorista queria ver uma certa pessoa.

As portas se abriram, não havia ninguém, ao menos não ali na sala.

– Anne? Mãe?

– Liz? É você? – uma voz dizia enquanto se aproximava.

Anne surgiu em um corredor um tanto escuro, pois o sol ainda não havia se mostrado o suficiente para iluminar a casa.

– Ah, Srta. Liz! Finalmente está de volta – a abracei.

Pelo menos alguém estava feliz com a minha volta.

– Senti saudades – falei baixo em seu ouvido.

– Também senti. Todos nós sentimos. – E ela se afastou.

– E então, posso ver seu anel? – falei e isso a fez corar.

Ela estendeu a mão e era lindo. Pequeno e delicado, mas perfeito.

– Estou tão feliz por você, Anne. Feliz por vocês dois – olhei para James ele sorria.

– Filha, por que chegou tão cedo? – minha mãe disse descendo as escadas com várias revistas na mão.

– Posso voltar mais tarde para a minha própria casa, caso você queira.

– Pare de ser estupida.

– Estava fazendo uma brincadeira, mãe.

– Ok, tanto faz. Venha aqui e me ajude com essas revistas – ela falava rápido, parecia estar um tanto perdida.

Caminhei até ela e peguei as revistas de sua mão e coloquei na mesa de centro da sala:

– Estou velha demais para isso. Na verdade, talvez eu esteja velha demais para casar.

– Não seja boba, Sra. Penelope.

Ela respirou fundo, tirou os óculos que estava usando e me olhou:

– Seu cabelo cresceu desde a última vez que te vi.

– Não tive tempo para ir ao salão.

– Então marque um horário, precisa fazer as unhas também.

Ri:

– Também senti saudades, mamãe.

Ela sorriu:

– Vem cá – e me puxou para um longo abraço.

Anne e James desceram e minha mãe nos obrigou a sentar para o café da manhã, por mais que já houvéssemos dito que fomos comer antes.

– Megan, onde ela está? – perguntei.

– A convidei para vir aqui para o café, mas a casa onde ela está morando com o Philip fica no Soho, vai demorar para um pouco para ela chegar e sabem o quanto a prima de vocês ama dormir, não é?

O celular de Mike tocou, ele pediu licença e se levantou para atender.

– Claro... Eu sei, eu sei... Eu fui buscar a minha irmã no aeroporto... Sim, ela chegou... Vamos sair hoje á noite, esqueceu? ... Estou na casa dela... Ok, vou esperar... Não, Chuck... Eu sei... Como se você não quisesse vê-la... Ok, tchau.

Eu estava dando tudo de mim para ouvir tudo e consegui, era errado ouvir as conversas dos outros ao telefone, eu sabia disso... Mas quem se importava? Aquilo era o Upper East Side.

Conversamos sobre a Austrália e a faculdade, sobre o restaurante e o novo apartamento de Mick, sobre o casamento e o Julian até Megan chegar. Dois anos e ela continuava sendo atrasada, mas não atrasada em termos aceitáveis, atrasada como só ela conseguia ser.

– Bom dia!

– Boa tarde! – respondi.

– Boa tarde? Ok, então... Boa tarde.

– Eu estava sendo irônica, Megan.

– Eu também.

Sorrimos uma para a outra:

– Achei que nunca mais ia voltar, Elizabeth. Estava muito bom lá na Austrália com os caras sarados e bronzeados saindo do mar, não é?

– Cala a boca. Eu tenho namorado, ok?

Ela suspirou:

– De novo? Para com isso logo e volta pro Chuck.

Eu estava a um passo de começar a xingar aquela intrometida, quando...

– Liz!

– Philip! – ele me abraçou e eu lancei um olhar para Meg como se aquilo pudesse fazê-la evaporar e sumir diante dos meus olhos.

O elevador logo em seguida se abriu:

– Michael? – aquela voz. – Alguém em casa? – dois anos sem ouvir aquela voz.

E eu fiquei sem reação, apenas abaixei o olhar, minha respiração diminuiu e meu coração dava batidas longas e pausadas.

Megan se ficou do meu lado:

– Liz? Liz, você está respirando? – ela me perguntou para que só eu pudesse ouvir.

– Sim, sim.

– Bom, tenho que ir. Nos vemos á noite,

Respirei fundo, eu precisava agir como se nada estivesse acontecendo. Seria falta de educação não dar um “oi”, então fui até a sala com meu irmão.

Ele estava lindo, mais do que a última vez. Os cabelos estavam maiores e formavam um topete perfeito.

– Chuck... Oi. – Era a primeira vez em muito tempo em que eu falava em voz alta o nome dele.

– Oi, Liz.

Mick entrou no elevador para esperar C e fiquei sozinha sala, que naquele momento me pareceu tão menor, com ele.

– Como você está?

Sorri:

– Bem – e não era mentira –, você como está?

– Bem.

– Faz tempo.

– Eu sei.

– Você está... Linda, mais do que era. Se é que isso era possível.

– Obrigada.

A porta do elevador ameaçou fechar, mas Michael a segurou. Isso desviou nossa atenção por alguns minutos e ele se voltou para mim:

– Preciso ir, Michael e eu temos muito o que fazer.

– Chuck Bass, agora um homem de negócios.

Ele sorriu com aquele sorriso que eu amava:

– Muita coisa aconteceu nesses dois anos.

– Como você me trocar pelo meu irmão?

– Bom, você sabe que eu tenho uma queda pelos Redford.

Ri:

– E o Nate sabe que está sendo traído?

– Temos um relacionamento aberto.

– Não estou gostando da conversa de vocês dois – Mick falou do elevador.

C riu:

– Calma, Michael. Só o Nate é uma das minhas vadias, eu e você ainda somos bros.

– E vamos parar nessa etapa – ouvi Megan rir dele enquanto se aproximava.

– Não acho que a Blair vá gostar de ouvir isso, Charles.

– Bom, conte para ela hoje á noite. Com alguma sorte ela não acredita em você e eu vou adorar ver vocês duas brigando.

– Continua o mesmo Bass de sempre.

– E você gosta disso, não é?

– Até hoje á noite.

– Tchau, Liz – ele beijou meu rosto. – Megan – eles se cumprimentaram com um olhar.

– Chuck.

O elevador se fechou e ela ficou na minha frente:

– Eu sei que eles estão abrindo e restaurante e tudo o mais, só que não acho que seja motivo suficiente para passarem tanto tempo juntos.

– Megan, por favor. Nós duas sabemos que eles só estão planejando como dominar o mundo ... Ou estão indo até um strip club.

Ela riu:

– Não vá mais embora, ok? Foi difícil aqui sem você.

– Dessa vez eu vou ficar.

– Promete?

– Prometo.

Me sentei no sofá e ela foi para a cozinha e logo em seguida voltou com um prato repleto de pãezinhos doces recheados.

Meg me estendeu, peguei um e ela se jogou no outro sofá que ficava a minha frente.

– Então, o que você vai vestir hoje à noite?

– Estou cansada, foram horas dentro de um avião. Não tive tempo para pensar nisso.

– O quê? Liz, como você disse foram horas em um avião, muito tempo para pensar, no mínimo você já devia ter decidido o que vai usar.

Revirei os olhos:

– Você está muito animada para sair.

– E você está muito desanimada.

Philip atravessou a porta:

– Preciso ir, marquei de jogar golfe com o Theo.

– Theo Cavanaugh? – perguntei e ele concordou. – Não sabia que vocês dois ainda eram amigos.

Theo era um filho de Don Cavanaugh, o dono da maior firma de construção de Nova York e talvez de todo o país. Era fácil encontrar uma placa em qualquer grande construção de prédios, empresas e industrias escrito: “Sob cuidados do Império D. Cavanaugh.”

– Ele continua sendo um babaca?

Phil riu:

– Theo nunca vai mudar, sempre vai ser o idiota de qualquer festa.

Ele se abaixou e deu um beijo em sua namorada:

– Vejo vocês mais tarde.

– Eu vejo você lá, já não sei a Liz – Meg falava com a boca cheia.

– Por quê? – ele perguntou rindo dela toda jogada no sofá enquanto abraçava um almofado e comia mais um pãozinho antes de engolir o que já estava mastigando.

– Eu vejo você lá – disse e nos despedimos.

– Então, como foi a Austrália?

– Foi bom.

– Bom até demais para você ter ficado dois anos.

Ri:

– É.

– Não queria ter voltado, não é?

– Uma parte de mim não, mas essa minha parte não é a que toma a maior parte das decisões.

– Olha, sei que você ainda sente algo pelo Chuck e que ele também sente, eu vi isso agora pouco. Mas faz tanto tempo, vocês dois decidiram seguir em frente e estão namorando outras pessoas. Agora, vocês só precisam voltar a serem amigos como eram e sem a tensão sexual, porque se tiver isso não irá dar certo.

– Eu sei. Eu realmente gosto do Peter e até onde eu sei ele está feliz com a... Amy, certo? A última coisa que quero é que alguém saia magoado dessa história, não existe mais nada entre nós além de amizade.

Eu disse que estava cansada da viajem e que iria para o meu quarto dormir um pouco. A verdade é que eu só coloquei meus fones o mais alto possível ouvindo minhas músicas preferidas enquanto pensava em como seria daqui para frente em todos os sentidos.

Como seria voltar a ser amiga do Chuck? Blair e Serena me tratariam da mesma forma? Nate me odiava por magoar o melhor amigo dele? Megan, lá no fundo, morria de raiva por eu ter ficado com o Philip antes dela? Philip tinha vontade de me matar por tudo o que eu fiz com ele? Dan e Jenny ainda falariam comigo? Minha mãe me esqueceria depois que casasse? E se ela decidisse ir morar em outro lugar sem mim e ainda levar a Anne? Já que é ela quem paga o salário dela...

Minha cabeça estava prestes a explodir quando eu me virei e o pequeno relógio em meu criado-mudo apontou cinco da tarde. Isso me fez pular da cama, eu precisava me arrumar.

Me levantei e conectei meu celular no amplificador e começou a tocar Body Party.

Entrei no banheiro para tomar banho, seria uma longa noite.

“Nos encontramos no The Boom Boom Room às 7h, ok?

P.S. B e eu sentimos saudades.

Serena.”

Respirei fundo, o lugar estaria cheio demais numa sexta-feira à noite. Havia me desacostumado com tudo aquilo.

Fiz meu cabelo, maquiagem, escolhi minhas roupas, sapatos, bolsa... Estava pronta, me olhei no espelho e Liz Redford está de volta.

Desci as escadas, me despedi de Anne, peguei o elevador e entrei na limousine.

Chuck’s POV

– Arthur? – chamei meu motorista.

– Sim, Sr. Chuck?

– Vamos agora, mas quero que pegue a outra limousine.

– Mas fazem dois anos que o Sr. não a usa.

– Eu sei, entretanto ela é limpa toda semana, certo? Então não tem porque eu não usá-la. Encontro você lá embaixo em cinco minutos.

Ele assentiu e se retirou.

Escovei meus dentes, não queria chegar lá já com bafo de álcool, coloquei meu paletó, arrumei o lenço no bolso, me certifiquei de como estava meu cabelo e ignorei a gravata, não estava com vontade de coloca-la.

Respirei fundo, peguei o elevador e entrei na limousine. Enquanto estava a caminho do The Boom Boom Room tentei me concentrar na ideia de que agora as coisas eram diferentes, ela tinha um namorado e eu tinha uma namorada, coisas foram ditas e decisões foram tomadas há dois anos, não éramos mais aqueles adolescente que não viam nada desabando a nossa volta.

Seriamos amigos, nada além de amigos para o bem de todos.

Mas por que estava me sentindo tão ansioso para chegar lá? Era só mais um lugar como outro qualquer, nunca ficava nervoso para ir a nenhum lugar. Na verdade, para mim lugares sempre foram só isso, lugares. Então só porque ela estaria lá eu precisava se sentir daquela forma? Odeio me sentir assim, sempre odiei e sempre irei odiar. Não acredito que ela ainda me fazia sentir assim depois de tanto tempo e como eu fui um completo idiota mais cedo.

Arthur estacionou e um amontoado de gente fazia barulho em frente ao local tentando entrar. Um segurança com uma recepcionista vieram até mim junto com vários flashs de paparazzi:

– Sr. Chuck Bass, é um enorme prazer tê-lo aqui mais uma noite. Irei te levar até sua mesa.

A segui passando na frente daquela multidão e indo para a aria vip.

– Sr. Archibald já o espera na mesa que o Sr. mais gosta.

– Obrigado.

– Vão ser só vocês dois hoje?

– Não, estamos esperando mais três pessoas.

Liz’s POV

James estacionou, respirei fundo novamente, ele deu a volta, abriu a porta para que eu descesse e flashs dispararam em minha direção que me cegaram por um instante.

– Liz Redford, olhe para cá.

– Liz!

– Srta. Liz!

– Redford! É da revista Seventeen, olhe aqui.

Us Weekly aqui, pode nos dar uma pequena entrevista?

– Liz, olhe aqui.

– Pode contar para os leitores da People como é voltar para Nova York?

Vozes gritavam um em cima da outra. Dois seguranças e James me protegeram das câmeras até eu finalmente entrar no The Boom Boom Room, mas os gritos ainda eram possíveis de ouvir. A recepcista que parecia mais uma modelo do que qualquer outra coisa veio me atender, a verdade é que a maioria das garotas que trabalham lá são aspirantes a atrizes e modelos tentando a sorte.

– Srta. Redford, é com enorme prazer que a casa a recebe hoje – abri um pequeno sorriso falso. – Está com o Sr. Bass, certo? – concordei e ela me conduziu até a mesa.

Enquanto a seguia vi quem me pareceu ser Lidsay Lohan se agarrando com um cara qualquer; Khloé Kardashian ria de algo que Kim havia dito; Marc Jacobs tomava um Bloody Mary enquanto conversava com alguns amigos; Paris Hilton parecia estar brigando com o namorada em uma mesa perto de onde Candice Swanepoel tirava uma foto com o celular junto com sua melhor amiga; vi Chuck com N, B, S, Lonely Boy, Phil e Meg e, em algumas mesas antes, Karlie kloss conversava animadamente com Miranda Kerr e Chiara Ferragni.

– Oi – disse um pouco tímida e B e S quase pularam em cima de mim.

Todos se levantaram para me abraçarem e eu realmente tentei não sentir nada enquanto abraçava Chuck, acho que consegui. Mas talvez ainda houvesse muito tecido envolvido. Tirei meu blazer e me sentei.

– E então, como você está? – Blair me perguntou.

– Estou ótima e como todos vocês estão?

Eles responderam quase em coro que estavam bem.

Uma garçonete com pernas enormes veio nos atender e pedimos um champgne. Ela logo voltou com a garrafa em um balde com gelo e taças.

Ela estava claramente tentando dar em cima de Nate e Chuck, então ela se virou e Blair bateu em N.

– Eu não fiz nada! – ele protestou.

– Cala a boca – ela falou brava enquanto Serena ria e mexia no cabelo de Dan.

Tantas garotas passando ao nosso lado, mas Chuck se quer ergueu os olhos de mim.

E eu realmente estava com saudades, saudades deles e de Manhattan. Saudades de toda aquela loucura, barulho, movimento, os lugares que só NY tem... Tudo.

Chuck’s POV

O que aconteceu com o mundo? Pelo menos, o que aconteceu com Manhattan? As mulheres se tornaram as mesmas, são todas iguais a modelos e isso já ficou entediante. Não havia mais graça nelas, não tanto quando eu tinha outra pessoa para olhar.

Liz’s POV

Bebemos duas garrafas do melhor champagne que eles tinham e decidimos ir. Michael estava cozinhando em seu mais novo apartamento e marcamos de estar lá ás nove horas.

– Quer ir ao banheiro? – Megan me pirraçou.

– Só se você ir.

Mas é claro que ninguém iria, o banheiro de The Boom Boom Room tem uma parede de vidro onde qualquer um pode te ver lá de baixo e o pior é que as pessoas realmente vão. Ok, fica no decimo oitavo andar, ainda assim é um banheiro aberto.

Nos levantamos e ele ficou bem ao meu lado enquanto andávamos.

– Liz, você quer ir comigo? – ele me perguntou.

– O quê? – ele realmente estava fazendo aquela pergunta?

Ele riu:

– Quer dizer, eu posso te dar uma carona até a casa do Michael?

– Ah, claro – concordei.

Alguns flashs dispararam em nossa direção e nos dividimos em quatro carros.

Arthur abriu a porta, ainda era o mesmo motorista, olhei em em volta; os bancos de couro bege, os adornos em marrom e preto, o pequeno bar... Era a mesma limousine.

– Não acredito que não trocou de carro.

– Eu troquei, mas não consigo me desfazer desse aqui.

O que ele quis dizer?

– ...

– ...

– ...

– ...

– Não vai embora de novo, não é?

Sorri:

– Não, dessa vez você vai me aguentar.

– Jura?

– Juro pelo meu coração.

–x-

“Hey, Upper East Siders...

L voltou, mas não preciso escrever isso, todos vocês já sabem. O que importa aqui não é quando ou o porquê disso, o que importa são as consequências que tudo isso trás em suas costas.

Como Chuck reagirá? Sua namorada precisa se preocupar? Vamos esperar para ver. Mas vocês sabem, ele foi o motiva dela ter ido embora.

Ah, querida L, vocês dois juntos era um sonho, um sonho que você precisou deixar ir. Mas todos nós precisamos de sonhos, são eles quem nos matem seguindo em frente e como é triste quando eles são exatamente o que nos destroem.

And who am I? That’s one secret that I’ll never tell.

You know you love me.

xoxo Gossip Girl.”